Título: Jeremias, esperança em tempos de crise
Comentarista: Claudionor de Andrade
Lição 10: O valor da temperança
Data: 06 de Junho de 2010
“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).
A Igreja de Cristo sempre primou pela temperança. A vida de seus membros tem de ser um eloquente protesto contra as inconsequências e vícios.
Segunda - Dn 1.5-9; 6.4
Como deve o servo de Deus andar
Terça - Gn 9.20-22
O vício traz a vergonha
Quarta - Gn 19.31-38
O vício leva à devassidão
Quinta - Pv 31.4,5
O vício não convém aos nobres
Sexta - Dn 5.23
O vício leva a blasfêmia
Sábado - Rm 14.21
O vício leva ao escândalo
Jeremias 35.1-5,8,18,19.
1 - Palavra que do SENHOR veio a Jeremias, nos dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo:
2 - Vai à casa dos recabitas, e fala com eles, e leva-os à Casa do SENHOR, a uma das câmaras, e dá-lhes vinho a beber.
3 - Então, tomei a Jazanias, filho de Jeremias, filho de Habazinias, e a seus irmãos, e a todos os seus filhos, e a toda a casa dos recabitas;
4 - e os levei à Casa do SENHOR, à câmara dos filhos de Hanã, filho de Jigdalias, homem de Deus, que está junto à câmara dos príncipes, que está sobre a câmara de Maaséias, filho de Salum, guarda do vestíbulo;
5 - e pus diante dos filhos da casa dos recabitas taças cheias de vinho e copos e disse-lhes: Bebei vinho.
8 - Obedecemos, pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas;
18 - E à casa dos recabitas disse Jeremias: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Visto que obedecestes ao mandamento de Jonadabe, vosso pai, e guardastes todos os seus mandamentos, e fizestes conforme tudo quanto vos ordenou,
19 - assim diz o SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel: Nunca faltará varão a Jonadabe, filho de Recabe, que assista perante a minha face todos os dias.
Jeremias utilizou vários métodos para apresentar a Palavra de Deus ao povo de Judá. Na lição de hoje veremos que ele usou uma tribo inteira para ensinar aos israelitas acerca da importância de se respeitar às ordenanças divinas. Os recabitas se recusavam a beber vinho, porque o patriarca da família havia determinado que seus descendentes não bebessem vinho de forma alguma (35.1-11). Os recabitas foram obedientes e demonstraram respeito às tradições de seus pais. Deus queria que o povo de Judá compreendesse que eles não estavam respeitando suas leis e ordenanças. Eles desobedeciam a Deus persistentemente e, por isso, seriam disciplinados. Se quisermos agradar ao Senhor, precisamos obedecer-Lhe. A obediência é uma prova do nosso amor ao Pai.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, sugerimos que você utilize o esquema abaixo para enfatizar aos seus alunos o contraste existente entre os recabitas e os israelitas. Destaque que a obediência aos preceitos divinos deve ser eterna.
introdução
Palavra Chave
Fidelidade: Constância e firmeza em observar os princípios bíblicos.
Legaram-nos os recabitas um exemplo tão marcante que, passados vinte e seis séculos, ainda nos inspiramos em seu equilíbrio e temperança. E Deus levou-lhes em conta a piedade. Quando da destruição de Jerusalém, o Senhor deu-lhes suas almas como despojo; foram preservados do mal enquanto os intemperantes e viciosos eram entregues à ruína.
O mundo está sendo destruído. Como estamos a nos comportar? Agimos como os recabitas? Ou nos chafurdamos nos vícios e prazeres mundanos? Neste domingo, ordena-nos o Senhor que visitemos a casa dos recabitas.
I. A ORIGEM DOS RECABITAS
1. Sua origem. Quando o Senhor ordenou a Jeremias que visitasse os recabitas, tinham estes já uma história de aproximadamente 250 anos. De uma tribo nômade e dedicada ao pastoreio, foram pouco a pouco aparentando-se com os queneus e com os descendentes de Jetro, sogro de Moisés (1 Cr 2.55), até se constituírem num expressivo e piedoso clã.
2. Seu relacionamento com Israel. Os recabitas entram na história do povo de Deus de maneira heróica. Jonadabe, um de seus patriarcas, é convidado pelo rei Jeú a extirpar os profetas de Baal do Reino do Norte. Nesta ocasião, o recabita identifica-se como tendo um coração reto diante de Deus (2 Rs 10.15-27). Apesar dos desvios de Jeú e de outros líderes em Israel, mantiveram-se os recabitas fiéis à Lei de Deus, embora não passassem de forasteiros entre os hebreus.
3. O encontro dos recabitas com Jeremias. Os recabitas achavam-se em Jerusalém para escapar às forças babilônicas que, dentro em breve, haveriam de destruir a Cidade Santa. Na periferia desta, armaram eles suas tendas. E, agora, recebem o inesperado convite do profeta para se dirigirem à Casa de Deus. Aqui, seria encenado mais um duro sermão aos descendentes de Jacó, visando demovê-los de sua rebelião contra o Senhor.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Deus utiliza o exemplo dos recabitas para ensinar seu povo a respeito da fidelidade aos seus mandamentos.
II. O ESTILO DE VIDA DOS RECABITAS
Foi exatamente entre as trevas e as apostasias de Israel, que Jonadabe sentiu-se impulsionado a fundar uma sociedade que tinha por base a temperança, a modéstia, a frugalidade e, principalmente, o temor a Deus. Vejamos, pois, qual o seu estilo de vida.
1. Abstinência de bebidas fortes. Resolveram eles absterem-se totalmente das bebidas fortes, pois sabiam muito bem serem estas nocivas à moral e aos bons costumes (Gn 9.20-23; 19.32-38). Além disso, estava o vinho intimamente associado às festas dos ímpios cananeus. Ora, se queriam os recabitas viver como povo de Deus, deveriam primar por uma conduta sóbria e recatada.
Tem você vivido de maneira sóbria? Ou tem-se entregado aos vícios? Lembre-se: Deus há de julgar também nossa intemperança.
2. Peregrinações. Vistos de nosso contexto cultural, os recabitas pareciam os mais estranhos dos homens. Além de se absterem das bebidas alcoólicas, faziam questão de viver como peregrinos (Hb 11.13), a fim de protestar contra a intemperança, a injustiça e a idolatria que já dominavam Israel e Judá.
Ainda nos consideramos peregrinos do Senhor? Não podemos assimilar a cultura pecaminosa do presente século (Rm 12.1,2; Hb 11.13).
3. Honravam a tradição de seus antepassados. Ao contrário dos judeus que já se haviam esquecido da Lei de Moisés e do exemplo dos patriarcas, levavam os recabitas em consideração o que lhes havia recomendado Jonadabe filho de Recabe: “Assim, ouvimos e fizemos conforme tudo quanto nos mandou Jonadabe, nosso pai” (Jr 35.10). Como haviam eles honrado seus pais, tinha-lhes o Senhor, agora, uma gloriosa promessa (Jr 35.18,19).
Eles se houveram com denodo e zelo em relação às tradições dos ancestrais. E, quantas vezes, nós, ignorante e tolamente, não buscamos destruir tudo o que nos legaram os antigos? As tradições que têm como alvo a pureza do corpo de Cristo e a integridade moral dos filhos de Deus têm de ser mantidas: “Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa” (2 Ts 2.15). Sobre o assunto, pronuncia-se o conceituadíssimo comentarista Warren W. Wiersbe: “A tradição humana não é necessariamente má, a não ser que contradiga ou se arvore para substituir a Palavra de Deus”.
Tem você guardado as recomendações de seus pais? Ou acha que o conselho dos antigos é algo que pode ser descartado em nome de uma modernidade duvidosa e perversa?
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Os recabitas honravam a tradição de seus antepassados, ao contrário dos judeus, que já haviam se esquecido da Lei de Moisés.
III. O EXEMPLO DOS RECABITAS
A fim de realçar a fidelidade dos recabitas, o profeta os conduz ao Santo Templo. E, aqui, na câmara de Hanã, oferece-lhes taças cheias de vinho, e ordena-lhes que o bebam. Mas o chefe do clã de Recabe, recusa-se a fazê-lo. Com esta demonstração de indômita coragem, Jazanias, o maioral dos recabitas, deixa bem patente a todos, principalmente aos ministros do altar, porque eles não se davam ao vinho.
O interessante é que o vinho fora posto diante dos recabitas exatamente no interior da Casa de Deus. E os sacerdotes, pelo que inferimos do texto, achavam-se tão presos aos vícios quanto o povo. Os levitas não mais primavam pela temperança! Sem o perceber, estavam comprometendo todo o seu ministério.
Você é conhecido pela temperança? Pelo autocontrole? Ou já não liga mais para a sobriedade? Não são poucos os que se acham destruídos pelas bebidas alcoólicas e por outros vícios, hábitos e costumes igualmente nocivos. Não abra nenhum precedente. Não se deixe contaminar seja pelo ambiente social seja pela herança cultural. Lembre-se: Noé e Ló eram muito mais piedosos e firmes do que nós. Todavia, induzidos pelo vinho, portaram-se inconvenientemente.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Em um momento de apostasia, os recabitas tornaram-se um singular exemplo de moderação, prudência e fidelidade a todo o povo de Deus.
CONCLUSÃO
Estamos nos últimos dias. O momento requer sobriedade e vigilância. À semelhança dos recabitas, primemos pela excelência das virtudes cristãs. Caso contrário: seremos tidos como profanos quando da volta do Senhor Jesus.
E que jamais nos esqueçamos: a Igreja de Cristo tem um forte compromisso com a temperança, com a sobriedade, com a prudência, com os bons costumes e com a excelência moral tanto de seus membros quanto dos que a cercam. Afinal, somos a luz do mundo e o sal da terra (Mt 5.13-16; Ef 5.8-13).
Chafurdar: Atolar-se em vícios.
Frugal: Sóbrio.
Denodo: Coragem.
Clã: Unidade social formada por indivíduos ligados a um
ancestral comum por laços de descendência.
Comentário Bíblico Beacon. Vol.4: Isaías a Daniel. 1.ed.
RJ: CPAD, 2005.
RICHARDS, L. O. Guia do Leitor da Bíblia. 1.ed. RJ: CPAD,
2005.
1. Quem eram os recabitas?
R. Eram nômades, mas foram aparentando-se com os queneus e com os descendentes de Jetro, sogro de Moisés, até se constituírem num expressivo e piedoso clã.
2. Como se associaram a Israel?
R. Jonadabe, um de seus patriarcas, foi convidado pelo rei Jeú a extirpar os profetas de Baal do Reino de Norte.
3. Como era seu estilo de vida?
R. Viviam como os primeiros patriarcas hebreus (Hb 11.13); não consumiam bebidas alcoólicas, não construíam casas, não tocavam lavoura e não faziam qualquer outra coisa que os fixasse a terra.
4. Por que não edificavam casas nem plantavam vinhas?
R. A fim de não se conformarem com as culturas pagãs, como havia acontecido com os reinos de Israel e Judá.
5. O que podemos aprender com eles?
R. Que devemos permanecer fiéis ao Senhor, não nos contaminando com o ambiente social.
Subsídio Bibliológico
“O pai de Jonadabe e fundador da família dos recabitas
Recabe pode ter sido de uma das famílias de queneus que entraram na Palestina com os israelitas (1 Cr 2.55). Nos dias do reino dividido, Recabe determinou que a causa da apostasia e da imoralidade do povo era a cultura palestina, e comandou seus filhos a voltarem ao seu antigo modo nômade de vida com toda sua simplicidade. Nos dias de Jeú, Jonadabe, o líder dos recabitas, auxiliou aquele rei em sua destruição ao culto a Baal (2 Rs 10.15,23). Nos dias de Jeremias, o profeta usou os recabitas como uma lição objetiva. Ele os levou até a Casa do Senhor, e lhes ofereceu vinho. Eles recusaram por causa de sua lealdade para com o seu ancestral. Jeremias usou a fidelidade deles como uma censura à infidelidade de Israel para com o Senhor. Por causa de sua fidelidade, o Senhor lhes prometeu: ‘Nunca faltará varão... que assista perante a minha face todos os dias’ (Jr 35.19). Diz-se que Rab Judah registrou que as filhas recabitas se casaram com os levitas, e assim esta linda promessa foi cumprida. Hegessippus disse que ‘sacerdotes recabitas’ intercederam por Tiago, o irmão do Senhor Jesus Cristo, mas não conseguiram salvar sua vida.
Malquias, o ‘filho de Recabe’, reparou a Porta do Monturo de Jerusalém sob o governo de Neemias (Ne 3.14). Ele pode ter sido o líder dos recabitas depois do exílio”.
(Wycliffe Dicionário Bíblico. 1.ed. RJ: CPAD, 2006, p.1653)
Subsídio Devocional
• Um triste espetáculo — “A embriaguez é um pecado que jamais caminha sozinho, porque leva os homens a outros males; é um pecado que provoca muito a Deus. O ébrio dá à sua própria família e a todo o mundo o triste espetáculo de um pecador endurecido, além do que seria comum, e que se precipita à perdição. Procuremos então, pela oração, evitarmos tudo aquilo que possa entristecer ao nosso benigno Consolador” (HENRY, M. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 1.ed. RJ: CPAD, 2002, p.997).
Subsídio Bibliológico
• Embriaguez — “As Escrituras Sagradas relatam muitos casos individuais de embriaguez, como o de Noé (Gn 9.20-24), Ló (Gn 19.30-35), Nabal (1 Sm 25.36), Urias (2 Sm 11.12,13). A embriaguez está implícita no relato do banquete de Belsazar (Dn 5.1-4,23). Deve ter sido comum na época dos juízes, visto que Eli rapidamente suspeitou que Ana estivesse embriagada (1 Sm 1.13,14).
O Senhor Jesus advertiu seus discípulos contra a embriaguez, a fim de que não fossem considerados despreparados para se encontrar com Ele na ocasião de sua volta (Lc 21.34). Paulo repreendeu severamente os cristãos coríntios por beberem em excesso na Ceia do Senhor (1 Co 11.20,21), e advertiu os crentes de Roma em relação à embriaguez (Rm 13.13). Ele ensinou sem rodeios que a continuidade no alcoolismo impede as pessoas de entrarem no reino de Deus (1 Co 6.9-11; Gl 5.21). Sua advertência é clara e direta. ‘Não vos embriagueis com vinho, em que há contenda [ou dissolução]’ (Ef 5.18)” (Wycliffe Dicionário Bíblico. 1.ed. RJ: CPAD, 2006, p.638).