Título: O Ministério Profético na Bíblia — a voz de Deus na Terra
Comentarista: Esequias Soares
Lição 8: João Batista — O último profeta do Antigo Pacto
Data: 22 de Agosto de 2010
“A Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado o Reino de Deus, e todo homem emprega força para entrar nele” (Lc 16.16).
João Batista convocou o povo ao arrependimento, confissão de pecados e retorno a Deus, bem como foi o precursor de Jesus, o Messias.
Segunda - Is 40.3-5
O ministério de João Batista anunciado
Terça - Lc 1.15
João Batista, cheio do Espírito Santo
Quarta - Jo 1.20-23
João Batista, consciente de sua identidade
Quinta - Mt 14.5
João Batista, reconhecido como profeta de Deus
Sexta - Mc 1.9-11
João Batista batizou Jesus nas águas
Sábado - Jo 1.19
João Batista despertou a atenção das autoridades
Mateus 11.7-15.
7 - E, partindo eles, começou Jesus a dizer às turbas a respeito de João: Que fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento?
8 - Sim, que fostes ver? Um homem ricamente vestido? Os que se trajam ricamente estão nas casas dos reis.
9 - Mas, então, que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta;
10 - porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o teu caminho.
11 - Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no Reino dos céus é maior do que ele.
12 - E, desde os dias de João Batista até agora, se faz violência ao Reino dos céus, e pela força se apoderam dele.
13 - Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João.
14 - E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.
15 - Quem tem ouvidos para ouvir ouça.
Nesta lição, estudaremos a respeito de João Batista: sua origem, papel profético e personalidade. João Batista foi o último profeta veterotestamentário e o precursor de Jesus Cristo — a “Voz do que clama no deserto” — cuja missão era preparar o caminho do Senhor (Lc 1.76). João desempenhou um ministério árduo, porquanto, como profeta, denunciava o estado pecaminoso do povo e de autoridades (Lc 3.4,19). Nesse contexto, brota o caráter íntegro de João Batista, que, mesmo diante da morte, não renegou o padrão da Ética Cristã. Sua vida nos instrui a resistir às concessões éticas e permanecer firmes e alicerçados nos valores do Reino de Deus.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, reproduza o quadro a respeito dos “Aspectos do Reino dos Céus” em data show, retroprojetor ou lousa e faça cópias para os alunos. Leia o texto bíblico de Mateus 5.1-12,20. Explique que o Reino dos Céus tem aspectos presentes e futuros. Nós, como Igreja, precisamos viver os valores do Reino de maneira intrínseca em nosso dia a dia. Enfatize que é preciso entender e desenvolver, à luz do Sermão do Monte (Mt 5), um comportamento embasado em Cristo, a ponto de a nossa justiça superar a do mundo. Boa Aula!
OS ASPECTOS DO REINO DOS CEUS
Presente:
Eficaz somente para os libertos em Cristo (Cl 1.13); Sujeição a Deus (1 Co 4.20); Conduta íntegra, paz, harmonia com o próximo e alegria no Espírito Santo (Rm 14.17).
Futuro:
Quando o Messias reinar sobre a terra a partir de Jerusalém (Dt 30.1-10; Sl 89.19-29; Zc 14.9-17); Será manifesto a todos (Mt 24.27); Virá no tempo determinado por Deus (At 1.6,7).
introdução
Palavra Chave
Personalidade: Qualidade do que é pessoal; individualidade moral da pessoa.
João Batista é o personagem que demarca a transição da Amiga para a Nova Aliança e serve de ponte entre o Antigo e o Novo Testamento. Além disso, foi o precursor do Messias e tinha como uma de suas principais atividades o batismo em água. De certa forma, acabou introduzindo o rito, que veio a tornar-se a primeira ordenança da Igreja. Nesta oportunidade, trataremos da origem, ministério e mensagem de João Batista, o último profeta veterotestamentário.
I. A ORIGEM DE JOÃO BATISTA
1. Sua família. João Batista veio de uma piedosa família, formada pelo sacerdote Zacarias e Isabel, sua esposa. Seu pai era “da ordem de Abias” e sua mãe “das filhas de Arão” (Lc 1.5). Na época de Davi, o número de sacerdotes havia se multiplicado de tal modo que o segundo rei de Israel resolveu estabelecer o sistema de serviço, do qual a ordem de Abias era a oitava (1 Cr 24.3-6,10). Os descendentes de Arão continuaram a se multiplicar tanto que, nos anos que precederam o nascimento de Jesus, o sacerdote só tinha uma oportunidade na vida de servir no altar (Lc 1.8-10). E foi nesse contexto que o anjo Gabriel anunciou a Zacarias o nascimento de João Batista (Lc 1.13).
2. Seu nome e seu nascimento. O anúncio, a escolha do nome e a concepção de João Batista demonstram que ele teria uma importante missão a cumprir. Tudo aconteceu em razão de uma intervenção direta de Deus, pois Isabel, sua mãe era estéril e, além disso, ela e Zacarias “eram avançados em idade” (Lc 1.7), à semelhança de Abraão e Sara (Gn 11.30; 21.2). Isso prova que algo incomum estava acontecendo. Até mesmo o nome da criança foi uma escolha divina, pois o anjo ordenara a Zacarias que pusesse no menino “o nome de João” (Lc 1.13).
Apesar de ser um nome comum naquela época, não o era na família de Zacarias (Lc 1.59-63). A alcunha de “Batista” foi dado em função de o seu ministério consistir em grande parte na prática de batizar. Literalmente, João Batista significa João, o Batizador. Conforme o anjo ainda comunicara a Zacarias, “muitos” se alegrariam com o nascimento de João (Lc 1.14,58), pois tal acontecimento era prova inequívoca de que o Senhor ainda amava Israel (Lc 1.65-80).
3. Sua estatura espiritual e sua missão. O anjo Gabriel discorre sobre a estatura espiritual de João Batista, declarando que ele seria “grande diante do Senhor” e “cheio do Espírito Santo, desde o ventre de sua mãe” (Lc 1.15). Sua missão era converter os filhos de Israel a Deus e “preparar ao Senhor um povo bem disposto” (Lc 1.16,17). “Bem disposto” para o quê? Sem dúvida alguma, para o que o próprio pai, Zacarias, profetizou por ocasião da circuncisão do menino, afirmando que a criança seria profeta do Altíssimo e precursor do Messias (Lc 1.76).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
João Batista foi oriundo de uma família piedosa, teve um nascimento miraculoso e sua missão foi converter os israelitas a Deus e preparar o caminho do Messias.
II. A PERSONALIDADE DE JOÃO BATISTA
1. O testemunho de Jesus (v.7a). Pouco tempo após batizar o Senhor Jesus, João Batista foi preso. Ao ouvir acerca das realizações de Cristo, ele mandou que dois de seus discípulos fossem até ao Senhor e o inquirisse acerca do cumprimento de sua missão messiânica (Mt 11.3). Jesus mandou então que contassem a Batista, na prisão, “as coisas que ouvis e vedes: Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mt 11.4,5). Isto é, não havia apenas sinais no ministério do Senhor Jesus Cristo, mas também e, principalmente, a mensagem do evangelho.
2. Sua espiritualidade e devoção (v.7b). Após essa resposta, o Senhor Jesus passa a falar sobre a grandiosidade do ministério de João Batista. O Filho de Deus revela que o povo não saiu ao deserto para ouvir qualquer pessoa, mas um homem destemido e cheio do Espírito Santo; um homem que falava a verdade divina, exortando os pecadores ao arrependimento; um homem que não temia as ameaças dos poderosos. Era inconcebível pensar que João Batista havia fraquejado por estar preso, pois ele não era “uma cana agitada pelo vento”, mas um vigoroso cedro capaz de resistir a fortes tempestades. Ele estava na masmorra de Herodes (Mt 14.10-12), porém, demonstrava um forte compromisso e preocupação com a obra de Deus.
3. Sua personalidade (v.8). Com as perguntas retóricas — “Que fostes ver no deserto? [...] Um homem ricamente vestido?” — Jesus estava dizendo que esse tipo de personalidade não caracterizava João. Pois, os que o ouviram no deserto podiam estar certos de que, mesmo encarcerado, o Batista continuaria sendo o mesmo João: um homem santo e destemido que, por opção própria, usava vestes de pelos de camelo e cinto de couro.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A personalidade de João Batista destemida e sensível ao Santo Espírito foi testificada por Jesus.
III. JOÃO BATISTA, O ÚLTIMO PROFETA
1. “Muito mais que profeta” (v.9). O testemunho público de Jesus confirma o que o Espírito Santo havia falado por boca de Zacarias: João seria “profeta do Altíssimo” (Lc 1.76). Cristo foi além; afirmou que João era “muito mais do que profeta”. Ele declarou ser o Batista um mensageiro enviado por Deus como o precursor do Messias (v. 10), cumprindo assim a profecia de Malaquias (Ml 3.1). Jesus acrescentou que dentre os mortais, não houve ninguém maior do que João (v.11). E isso, por algumas razões: a) Porque os profetas falaram a respeito de João (Is 40.3; Ml 3.1); b) porque João teve o privilégio de ver o cumprimento principal dos oráculos proféticos do Antigo Testamento: O Senhor Jesus; c) por ter sido o precursor do Messias; d) porque batizou o Senhor Jesus nas águas; e) porque pode participar da salvação que os profetas apenas predisseram; e finalmente f) porque chegou ao clímax do ministério profético, tal como havia no Antigo Testamento (Lc 16.16).
2. O término da dispensação da Lei (v.13). Pelas razões acima apresentadas, João é o mais excelente de todos os profetas; com ele se encerra a Antiga Aliança. João Batista é o único personagem do Novo Testamento com quem Deus se comunicava da mesma maneira que Ele falava aos profetas do Antigo Testamento: “[...] veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias” (Lc 3.2 — ARA; cf. Jr 1.2).
3. “O Elias que havia de vir” (v.14). Ao comparar o ministério de João Batista ao de Elias, Jesus confirma o oráculo de Malaquias (4.5,6). Em outras palavras, João veio na virtude e no espírito de Elias (Lc 1.17), ou seja: exercendo um ministério igual ao de Elias. E o Senhor Jesus o reafirma em outra ocasião (Mt 17.12,13). Isso, porém, não deve levar ninguém a pensar que João era Elias reencarnado por duas razões básicas: Elias foi arrebatado vivo para o céu, portanto, não morreu (2 Rs 2.11). Além disso, reencarnação é algo que não existe e nem é permitido por Deus (2 Sm 12.23; Sl 78.39; Hb 9.27).
Elias e João Batista tinham as mesmas características: ambos vestiam-se de pelos e usavam cinto de couro (2 Rs 1.8; Mt 3.4), ministravam no deserto (1 Rs 19.9,10,15; Lc 1.80), e eram incisivos ao pregarem contra reis ímpios (1 Rs 21.20-27; Mt 14.1-4).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
João Batista não somente encerrou o Profetismo em Israel, mas também foi o arauto de Cristo.
CONCLUSÃO
João continua sendo um exemplo de coragem e humildade que devemos seguir. Essa voz no deserto precisa ser mantida contra o pecado e contra a corrupção. Oremos para que Deus continue a levantar homens e mulheres santos, destemidos e cheios do Espírito Santo para a expansão do Reino de Deus.
Veterotestamentário: Relativo ao Antigo Testamento.
BOYER, O. Espada Cortante 2. RJ: CPAD, 2006.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. 2a.ed. RJ:
CPAD, 2004.
1. Por que João é chamado de Batista?
R. O nome de “Batista” foi dado em função de o seu ministério consistir na prática de batizar.
2. O que Jesus revela ao povo acerca da estatura espiritual de João?
R. Que ele era um homem destemido e cheio do Espírito Santo.
3. Cite duas razões apresentadas por Jesus para demonstrar ser João muito mais que um profeta.
R. Os profetas falaram a respeito dele (Is 40.3; Ml 3.1), e ele teve o privilégio de ver o cumprimento dos oráculos proféticos do Antigo Testamento.
4. Em que se assemelham os profetas João e Elias?
R. Ambos se vestiam de vestes de pelos e cinto de couro; ambos ministraram no deserto; ambos eram incisivos e sem rodeios em suas palavras e pregaram contra reis ímpios.
5. O que significa a expressão: “Veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias”?
R. A expressão significa que João Batista é o único personagem do NT com quem Deus falava da mesma maneira que falava aos profetas do AT.
Subsídio Bibliológico
João Batista como precursor do Messias; e a comparação com o profeta Elias
O papel de João Batista como um precursor do Messias o colocou numa posição de grande privilégio, descrito como “muito mais do que profeta” (11.9), como não havendo ninguém maior do que ele. Nenhum homem jamais cumpriu este objetivo dado por Deus melhor do que João. Ainda assim, no Reino de Deus que está chegando, o menor terá uma herança espiritual maior do que João, porque ele viu e conheceu a Cristo e a sua obra concluída na Cruz. João morreria antes que Jesus morresse e ressuscitasse para inaugurar o seu Reino. Como seguidores de Jesus testemunharão a realidade do Reino, eles terão privilégios e um lugar maior do que João Batista. Todos os profetas das Escrituras tinham profetizado a respeito da vinda do Reino de Deus. João cumpriu a profecia, pois ele mesmo era o Elias que havia de vir (Ml 4.5). João não era Elias ressuscitado, mas ele assumiu o papel profético de Elias — o de confrontar corajosamente o pecado e mostrar Deus às pessoas (Ml 3.1).
(Comentário do Novo Testamento, Aplicação Pessoal. Vol.1. RJ: CPAD, 2009, p.76-7)