Título: O Ministério Profético na Bíblia — a voz de Deus na Terra
Comentarista: Esequias Soares
Lição 13: A missão profética da Igreja
Data: 26 de Setembro de 2010
“Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15).
A missão profética da Igreja é levar o conhecimento e a vontade de Deus até aos confins da terra, cumprindo assim a Grande Comissão.
Segunda - Mt 16.18
As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja do Senhor
Terça - At 20.28
A Igreja comprada com o sangue de Cristo
Quarta - 1 Co 14.25
A presença de Deus na Igreja
Quinta - Ef 3.10
A Igreja e a multiforme sabedoria de Deus
Sexta - Ef 3.21
A Igreja está presente na terra em todas as gerações
Sábado - Ap 22.3-5
O final glorioso da jornada da Igreja
Atos 8.4-8,12-17.
4 - Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra.
5 - E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo.
6 - E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia,
7 - pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados.
8 - E havia grande alegria naquela cidade.
12 - Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres.
13 - E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou, de contínuo, com Filipe e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito.
14 - Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João,
15 - os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo.
16 - (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus).
17 - Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.
Prezado professor, estamos encerrando mais um trimestre. Analisamos de forma detalhada a profecia e seus desdobramentos. Hoje, trataremos o tema da Missão da Igreja. Assim como Deus falava por meio dos profetas no Antigo Testamento, denunciando o erro e a mentira e proclamando a verdade, Ele deseja falar por meio de sua Igreja através de Cristo. Aproveite esta oportunidade para conscientizar seus alunos de que a missão da Igreja não está relacionada apenas à salvação da alma do homem, mas inclui todas as dimensões humanas (física, espiritual, psicológica e social). Basta observar o texto em Atos 2.42-47.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, reproduza o quadro abaixo, na lousa ou faça cópias para os alunos. Leia o texto de Mateus 28.19,20. Nesses versículos, o termo “Ide”, no original grego, é representado pelo gerúndio [Indo], a fim de traduzir uma ação permanente. Com o auxílio do esquema abaixo, explique aos seus alunos o processo dinâmico e crescente que a igreja Primitiva desenvolveu para anunciar o evangelho. Conscientize-os de que o nosso compromisso na proclamação do evangelho é mais do que a demarcação física do templo em que cultuamos a Deus. Ele envolve o nosso caráter, oratória e sociabilidade. O verdadeiro templo somos nós (2 Co 6.16)! Boa aula!
introdução
Palavra Chave
Missão: [do lat. missio] Transmissão consciente e planejada das Boas Novas.
No período do Antigo Testamento, a voz de Deus na terra era manifesta através dos profetas, sendo a nação de Israel o seu receptáculo. Em o Novo Testamento, o Senhor continua a falar com e por meio de seus mensageiros. Essa percepção indica-nos que a missão profética da Igreja consiste em levar o evangelho de Jesus Cristo a todos os povos, pois é através desta que Deus ainda fala.
I. A PERSEGUIÇÃO
1. Os primórdios da igreja em uma cidade. A missão da Igreja é proclamar de modo persistente e incessante a obra redentora do Calvário a todos os povos. Jesus disse: “[...] e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra” (At 1.8). Entretanto, apesar dessa ordem e de já haver recebido o Espírito Santo no Pentecostes, a Igreja permaneceu limitada a Jerusalém, pelo menos até ao martírio de Estevão.
2. A dispersão dos discípulos (v.4). Após a morte de Estevão (primeiro mártir da Igreja), houve “uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém” (8.1), de tal modo que os crentes tiveram que se dispersar. Os que “andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra” (v.4).
A expressão “por toda parte” incluía regiões como a Fenícia, Chipre e Antioquia, muito além dos termos de Israel (At 11.19). Isso indica que a determinação do Mestre começou a ser cumprida segundo os termos da Grande Comissão. Certamente Deus permitiu tal perseguição com o intuito de retirar os discípulos do seu comodismo e inércia.
3. Deus pode tornar o mal em bem. Assim como a diáspora judaica serviu para propagar o judaísmo, a dispersão dos discípulos contribuiu para uma ampla e contínua disseminação do evangelho. Como afirma a Palavra de Deus: “[...] todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
O martírio de Estevão, nos primórdios da Igreja, resultou na dispersão dos discípulos e, por conseguinte, numa maior propagação do evangelho.
II. OS SAMARITANOS
1. A ordem de Jesus derruba barreiras étnicas. Após a sua ressurreição dentre os mortos, o Senhor Jesus Cristo mandou seus discípulos pregar o evangelho em todas as partes, inclusive em Samaria (At 1.8).
2. Samaria (v.5). Inicialmente, tratava-se do monte de Israel que Onri, pai do rei Acabe, comprara de Semer, de onde vem o nome “Samaria” ou “Samária” (1 Rs 16.24). No período romano, a cidade era conhecida pelo nome de Sebaste (venerável), nome dado por Herodes, o Grande. A mistura étnico-religiosa dos moradores da região começou a se dar a partir de 722 a.C, quando os assírios levaram as dez tribos do Norte para o cativeiro (2 Rs 17.26,29,33).
3. Judeus e samaritanos. A animosidade no relacionamento entre judeus e samaritanos nos dias de Jesus era algo muito marcante (Lc 9.52,53; Jo 4.9). No entanto, o motivo para as desavenças era mais uma questão religiosa (Jo 4.20) do que política, pois, na verdade, ambos tiveram uma origem comum. Apesar desse clima tenso, Jesus amava-os, e seu encontro com a mulher samaritana resultou na conversão de toda aquela aldeia para o Reino de Deus (Jo 4.39-42).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A ordem evangelística de Jesus derrubou barreiras étnicas entre judeus e samaritanos.
III. O EVANGELHO EM SAMARIA
1. “Descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo” (v.5). Filipe era um dos sete homens escolhidos para servir como diácono. Não demorou muito para que ele tornasse pública a sua vocação de evangelista (At 21.8). Seu companheiro Estevão, também um dos sete (At 6.5), fora assassinado, sucedendo-se uma perseguição feroz liderada por Saulo (8.3). Naquela ocasião, Filipe obedeceu ao ensino de Jesus Cristo, seguindo para outra cidade (Mt 10.23), a saber: Samaria.
2. A presença divina (vv.6,7). Os milagres que os discípulos realizavam em nome de Jesus evidenciavam a presença de Deus entre os crentes. Não há como fugir: religião sem o sobrenatural é mera filosofia. O próprio ministério de Jesus era baseado na trilogia: pregação, ensino e milagres (Mt 4.23). Ele conferiu essa autoridade à sua Igreja (Mt 10.7,8), e reiterou essa verdade diversas vezes em Atos (8.15,17-19,39) e também em Marcos 16.17-20.
3. Nasce a igreja dos samaritanos (v.12), e os apóstolos Pedro e João dão sequência ao trabalho (vv.14,15). O tema central do evangelho é Jesus Cristo. E Filipe foi fiel a isso, pois “pregava acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo” (v.12). Como a mensagem genuinamente evangelística e cristocêntrica resulta em bênçãos divinas e conversões, havia muita alegria na cidade (v.8). A pregação de Filipe era acompanhada de cura e libertação, por isso, atraiu toda a população de Samaria. Muitos se converteram ao evangelho e, como aconteceu em Jerusalém no Dia de Pentecostes, foi realizado um batismo em água, que marcou o início da igreja naquela localidade.
Ora, a pregação da Palavra e a “colheita de almas”, se não forem seguidas pelo ensino da Palavra (Mc 16.15; Mt 28.19,20), produzem crentes anêmicos. Portanto, quando a igreja de Jerusalém tomou conhecimento da evangelização de Samaria, enviou de imediato Pedro e João para discipular os novos irmãos. O mesmo João que desejava fazer cair fogo do céu para consumi-los (Lc 9.54), é um dos enviados para ajudá-los (At 8.14). A ajuda foi fundamental, uma vez que, além de encorajar os novos convertidos com o ensino da Palavra, os apóstolos foram usados por Deus para levar os irmãos a receberem o batismo no Espírito Santo: “[...] tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo” (At 8.15,17).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
O Evangelho em Samaria foi proclamado por meio da pregação cristocêntrica, resultando em conversões e manifestações sobrenaturais.
CONCLUSÃO
A missão da Igreja é levar as boas-novas de salvação e, justamente, por essa razão, o evangelho contempla todas as etnias; desconhece fronteiras. Onde quer que ele chega, os preconceitos são removidos e o Espírito Santo começa a operar. O Senhor Jesus eliminou as barreiras entre judeus e samaritanos e entre judeus e gentios. A Bíblia classifica a humanidade em três grupos de povos: os judeus, os gentios e a Igreja (1 Co 10.32,33). Temos o grande privilégio de fazer parte do último, porém, temos o dever de anunciar aos demais a Palavra do Senhor. Cumpramos, pois, integralmente, a missão profética da Igreja de Cristo.
Diáspora: Processo de exílio disciplinar que acabou por
desalojar os filhos de Israel de sua terra.
Trilogia: Tríade. Conjunto de três pessoas ou de três
coisas.
HORTON, S. M. Teologia Sistemática:
Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: 12.ed. CPAD, 2009.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. RJ: 2.ed.
CPAD, 2004.
1. Como estavam os crentes em Jerusalém antes da morte de Estevão?
R. Limitados a pregar o evangelho somente em Jerusalém.
2. Como era o relacionamento entre judeus e samaritanos?
R. A animosidade no relacionamento era muito marcante entre ambos, principalmente na questão religiosa.
3. O que atestavam os milagres operados por meio dos discípulos?
R. A presença de Deus entre os crentes.
4. O que resulta da pregação de uma mensagem cristocêntrica?
R. Em bênçãos divinas e conversões.
5. Qual é a missão da igreja?
R. Levar as Boas-Novas de salvação a toda criatura.
Subsídio Bibliológico
“Tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo (8.15).
Lucas acrescenta uma nota de explicação porque este é um evento extraordinário, e não um padrão do século I ou de hoje. Eles oraram e impuseram as mãos sobre eles ‘porque sobre nenhum deles [o Espírito Santo] havia ainda descido’ (8.16,17). Por que aqui, e somente aqui, a oração e a imposição de mãos estão associadas com a descida do Espírito Santo sobre os crentes em Jesus?
Devemos nos lembrar de que a hostilidade profundamente enraizada e a competição religiosa haviam existido entre os judeus e os samaritanos durante muitas gerações. Ao dar o Espírito Santo por intermédio de Pedro e João, o Senhor deixou claro (1) que a igreja era uma só, e (2) que os apóstolos eram seus líderes autorizados. Sem esta evidência de unidade e autoridade, os samaritanos poderiam perfeitamente bem ter iniciado um movimento dissidente. E sem ela, os cristãos judeus poderiam não estar dispostos a aceitar os samaritanos como membros, juntamente com eles, do Corpo de Cristo”.
(RICHARDS, O. L. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. RJ: CPAD, 2007, p.262)
Subsídio Teológico
O Ministério da Igreja
“A Igreja é o estandarte da reconciliação entre a humanidade e Deus, e dos seres humanos entre si. [...] O ministério à Igreja inclui o compartilhar da vida divina. Só temos a dinâmica daquela vida à medida que permanecermos nEle e continuarmos repassando a sua vida uns aos outros dentro do Corpo. Esse processo de edificação é descrito por Paulo como relacionamentos de mútua confiança: pertencermos uns aos outros, precisamos uns dos outros, afetamos uns aos outros (Ef 4.13-16). Essa mútua confiança inclui abnegação para ajudarmos a suprir as necessidades uns dos outros. Não somos um clube social, mas sim, um exército que exige mútua cooperação e solicitude ao enfrentarmos o mundo, negarmos a carne e resistirmos ao diabo” (HORTON, S. M. (ed). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: 12.ed. CPAD, 2009, pp.600-1).