Título: Atos dos Apóstolos — Até aos confins da Terra
Comentarista: Claudionor Corrêa de Andrade
Lição 1: Atos — A ação do Espírito Santo através da Igreja
Data: 02 de Janeiro de 2011
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8).
Apesar de suas limitações locais, a Igreja de Cristo, sob o poder do Espírito Santo, universaliza-se em suas conquistas e faz-se irresistível como Reino de Deus.
Segunda - At 1.4
Jesus confirma a promessa do Pai
Terça - At 1.9
A ascensão de Jesus
Quarta - At 1.15-26
A primeira reunião da Igreja
Quinta - At 1.8
A missão da Igreja
Sexta - At 6.7
A expansão da Igreja
Sábado - Ef 4.3
Conservando a unidade da Igreja pelo Espírito Santo
Atos 1.1-5.
1 - Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar,
2 - até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera;
3 - aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus.
4 - E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes.
5 - Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.
Prezado professor, em virtude das comemorações do centenário das Assembléias de Deus no Brasil, a revista Lições Bíblicas, ao longo desse trimestre, buscará, baseada no Livro de Atos dos Apóstolos, refletir a razão e as ações da Igreja de Cristo em seus primórdios, comparando-as com a Igreja dos nossos dias. O comentarista das lições é o pastor Claudionor de Andrade, conferencista, autor de várias obras e gerente de Publicações da CPAD. Como poderá ser verificado, o término abrupto do livro de Atos sugere que os dons e as manifestações espirituais, como promessa do Senhor ressurreto, acompanharão a Igreja pelos séculos. Que esse ano seja de profundas reflexões para a compreensão da razão da nossa existência como Igreja de Cristo.
Professor, reproduza o esquema abaixo para introduzir o Tópico I. Faça a exposição panorâmica do livro de Atos, informando suas principais divisões (conteúdo, versículo-chave e o propósito do livro). Explique que “Atos dos Apóstolos” fragmenta-se em três principais momentos: 1) o derramamento do Espírito Santo; 2) a vida comunitária da Igreja Primitiva em Jerusalém; 3) e a expansão da Igreja entre os gentios. No desenvolvimento desse processo, o Espírito Santo protagoniza o papel de condutor essencial do caminho missionário da Igreja. Sob Sua ação, a Igreja caminha poderosa, testemunhando acerca de Jesus Cristo de Nazaré. Boa Aula!
CONTEÚDO GERAL DE ATOS
Autor: Lucas
Tema: A propagação triunfal do Evangelho pelo poder do Espírito Santo
Data: cerca de 63 d.C.
I. Introdução (1.1-11).
II. O derramamento do Espírito Santo (1.12 — 2.41).
III. A comunidade cristã em Jerusalém (2.42 — 8.1).
IV. A perseguição (8.1b — 9.31).
V. A Igreja entre os Gentios (9.32 — 12.25).
VI. O concílio de Jerusalém e as viagens missionárias (13.1 — 21.16).
VII. A prisão de Paulo e seu ministério em Roma (21.17 — 28.31).
Versículo-Chave: 1.8.
Propósito: Relatar o avanço do evangelho, saindo, do Judaísmo para o mundo gentio. Revelando a missão do Espírito Santo na vida e no papel da Igreja na sociedade, bem como a continuidade do ministério de Cristo na propagação do evangelho.
introdução
Palavra Chave
Ação: Ato ou efeito de atuar, agir obrar, operar.
Neste trimestre, estudaremos o livro de Atos dos Apóstolos. Certamente haveremos de nos convencer de que, à semelhança daqueles dias, o Espírito Santo vem agindo na Igreja e através da Igreja, levando-a a ser o sal de um século insípido e a luz de um mundo em trevas. Mas não espere encontrar uma igreja sem problemas, conforme adverte-nos o pastor inglês John Stott: “A leitura de Atos não deve levar-nos a uma idealização da Igreja Primitiva, como se ela não possuísse nenhum defeito. Como veremos adiante, ela tinha muitos”.
Sim, não encontraremos uma igreja perfeita, mas uma igreja poderosa e militante que espalha o Evangelho de Cristo sem impedimento algum.
I. AUTORIA, DATA E TEMA
Em seu Evangelho, Lucas fez um relato fidedigno e metódico pondo “em ordem a narração dos fatos”, diz ele, “que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio” (Lc 1.1,2). Já em Atos dos Apóstolos, pôs-se ele a narrar a expansão da Igreja de Cristo. Neste livro, Lucas atua também como o personagem que, de forma modesta, oculta-se na humildade do pronome da primeira pessoa do plural (At 20.6,13,15; 21.16; 27.8).
Conheçamos, pois, mais alguns detalhes dos Atos dos Apóstolos que devem ser conhecidos ainda, segundo F.B. Meyer, como “os Atos do Espírito do Cristo que ascendeu ao céu”.
1. Autoria. Não possuímos muitas informações acerca do autor de Atos dos Apóstolos. Sabemos apenas tratar-se de um homem excepcional, culto e possuidor de um estilo literário de impressionante grandeza. Haja vista o prólogo de seu evangelho escrito num grego que se aproxima do clássico (Lc 1.1-4).
Lucas também era médico (Cl 4.14). E mui amado por todos.
Pelo que depreendemos de sua obra, veio ele a converter-se depois da ascensão do Senhor Jesus. A partir da segunda viagem missionária de Paulo, encontramo-lo a participar ativamente da evangelização dos gentios (At 16.10).
2. Data de composição. Lucas concluiu os Atos dos Apóstolos entre os anos 61-63. Portanto, antes da execução de Paulo e bem antes da destruição de Jerusalém pelos romanos. Historiador consciencioso que era, jamais deixaria de mencionar ambos os fatos, houvesse ele escrito o livro após o ano 70. Acerca da historiografia lucana, manifesta-se A. N. Sherwin-White, emérito professor de história da Universidade de Oxford: “Para o autor de Atos, a confirmação da historicidade dos fatos é fundamental”.
3. Tema. Podemos resumir assim o tema central dos Atos dos Apóstolos: A expansão triunfal do Evangelho de Cristo através da Igreja no poder do Espírito Santo.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Lucas participa da história da Igreja Primitiva, não somente como autor, mas como um personagem presente e ativo.
II. O CONTEÚDO DE ATOS DOS APÓSTOLOS
Assim podemos dividir o conteúdo de Atos dos Apóstolos: Eventos Pré-pentecostais (At 1); Evento Pentecostal (At 2); A expansão do Evangelho em Jerusalém (At 3-7); A expansão do Evangelho na Judeia e Samaria (At 8-12); A expansão do Evangelho entre os gentios (At 13-28). As divisões de Atos dos Apóstolos acompanham a ordem de Jesus em Atos 1.8.
1. Eventos pré-pentecostais. Dois foram os principais eventos que precederam a descida do Espírito Santo no Dia de Pentecostes: a ascensão de Cristo e a escolha de Matias como ocupante do posto desprezado por Judas Iscariotes.
a) A ascensão de Cristo. A subida do Cristo ressurreto e glorioso ao céu, como veremos na próxima lição, não foi um artifício mitológico criado por Lucas, mas um fato histórico comprovado e testemunhado por centenas de pessoas (At 1.15; 1 Co 15.6).
b) A eleição de Matias. A escolha do substituto do Iscariotes tem de ser encarada como um capítulo importantíssimo da História da Igreja Cristã. Além do mais, foi o próprio Espírito Santo quem constrangeu a Pedro a presidir a reunião que culminou com a designação de Matias. A Igreja não poderia ser inaugurada com o colégio apostólico incompleto (At 1.15-20).
2. Evento Pentecostal. Estando o Cristo já à destra do Pai e a vacância de Judas preenchida por Matias, só faltava mesmo a efusão do Espírito Santo sobre os discípulos, para que a Igreja fosse inaugurada como a agência por excelência do Reino de Deus. O fato está registrado em Atos capítulo dois. Na terceira lição, estaremos a discorrer com mais vagar sobre o evento.
3. Eventos missionários. Lucas narra, com precisão, seis eventos missionários que mostram como a Igreja de Cristo expande-se de Jerusalém aos confins da terra: a expansão em Jerusalém, a expansão na Judeia e Samaria e a expansão entre os gentios, compreendendo as quatro viagens missionárias de Paulo.
a) A expansão em Jerusalém. Nenhum líder judeu poderia imaginar que, logo após a morte do Senhor Jesus, a Igreja Cristã, inaugurada no Pentecostes, esparramar-se-ia tão celeremente por toda Jerusalém. No Sermão do Pentecostes, quase três mil almas agregaram-se aos fiéis (At 2.41). Mais adiante, o número já sobe para quase cinco mil (At 4.4). Daí em diante, multiplicou-se tanto o número de conversos que até mesmo não poucos sacerdotes obedeciam a fé (At 6.7).
b) A expansão da Igreja na Judeia e Samaria. A morte de Estêvão foi apenas o início de uma perseguição que culminaria com a diáspora da igreja hebreia. Os irmãos, espalhados que foram pela arbitrariedade das autoridades judaicas, iam semeando a Palavra de Deus por toda a Judeia até chegar a desprezada Samaria (At 8.1-25). Nessa fase, destaca-se como evangelista o que fora escolhido como diácono: Filipe (At 8.5).
c) A expansão da Igreja entre os gentios. Se na parte inicial de Atos, a figura proeminente é Pedro, na segunda parte destacar-se-á Saulo de Tarso como o grande campeão de Cristo que, em três viagens missionárias, levou o Evangelho ao extremo ocidental do mundo então conhecido sem impedimento algum (At 13-28).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A ascensão de Cristo e a eleição apostólica de Matias foram os eventos que antecederam o Pentecostes.
III. O PROPÓSITO DE ATOS DOS APÓSTOLOS
O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito com o propósito de narrar e justificar a expansão universal da Igreja de Cristo no poder do Espírito Santo. É o seu intento também estimular os crentes de todas as gerações a prosseguir na universalização do Reino de Deus até a volta de Cristo.
1. Narrar a expansão da Igreja. Como a Igreja de Cristo, inaugurada pelo Espírito Santo em Jerusalém, veio a tornar-se na universal e invisível assembléia dos santos? Foi justamente para responder a esta pergunta que Lucas escreveu os Atos dos Apóstolos. Metódica e sistematicamente, mostra ele como a Igreja transcendeu as fronteiras da Judeia para universalizar-se nos confins da terra (At 1.1-15).
2. A justificar os Atos dos Apóstolos. De maneira sutil, porém bastante evidente, Lucas destaca o mandamento do Cristo que justifica não apenas a expansão da Igreja como a sua universalização: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Evangelizar e fazer missões é a nossa obrigação.
3. Estimular aos crentes. Ao encerrar os Atos dos Apóstolos, deixa Lucas bem patente a todos nós que aqueles atos não foram encerrados com a prisão de Paulo em Roma, mas acham-se abertos e livres para que evangelizemos e façamos missões até a volta de Jesus sem impedimento algum.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A expansão da Igreja deu-se em duas etapas: de Jerusalém à Samaria, de forma espontânea; de Antioquia à Roma, de forma planejada e intencional.
CONCLUSÃO
Neste trimestre, por conseguinte, veremos o que pode fazer a Igreja de Cristo no poder do Espírito Santo. Tendo como ensejo o Centenário das Assembléias de Deus no Brasil, busquemos um poderoso avivamento, a fim de que o Evangelho de Cristo seja levado aos mais distantes rincões, quer de nosso país, quer do mundo, sem quaisquer impedimentos. Ore. Rogue a Deus um avivamento autenticamente pentecostal.
Escatologia: Estudo sistemático e lógico das doutrinas
concernente às últimas coisas.
Paracleto: “Aquele que é chamado ao lado de...”;
defensor, advogado.
Parousia: Presença, vinda ou chegado do Rei.
Vacância: Condição ou estado do que não se acha preenchido ou
ocupado.
PEARMAN, M. Atos: E a Igreja se fez Missões. 2.ed. RJ:
CPAD, 1999.
ZUCK, R. et al. Teologia do Novo Testamento. 1.ed. RJ:
CPAD, 2008.
1. O que é o Livro de Atos dos Apóstolos?
R. Uma narrativa teológica da expansão da Igreja de Cristo.
2. Lucas pode ser considerado um historiador?
R. Sim. Em seu evangelho, Lucas fez um relato fidedigno e metódico (Lc 1.1,2).
3. Como a Igreja de Cristo expandiu-se?
R. No Sermão do Pentecostes, quase três mil almas agregaram-se aos fiéis (At 2.41). Mais adiante, o número já sobe para quase cinco mil (At 4.4).
4. Ao todo, quantas viagens missionárias foram realizadas por Paulo?
R. Quatro viagens missionárias.
5. De que forma, poderemos alcançar os extremos do Brasil e do mundo?
R. Por um poderoso avivamento.
Subsídio Bibliológico
Atos dos Apóstolos
“Os capítulos iniciais do Livro de Atos definem os alicerces do explosivo crescimento da jovem igreja. Por cerca de quarenta dias os discípulos foram ensinados, por Jesus, sobre ‘o Reino de Deus’ e sua responsabilidade de difundir a mensagem de Jesus ‘até aos confins da terra’ (1.1-8). A ascensão visível de Cristo ao céu foi seguida por um breve período de espera, durante o qual os discípulos escolheram um fiel seguidor de Jesus para assumir o lugar de Judas Iscariotes (1.9-26). Esta espera terminou no dia de Pentecostes.
[Os] primeiros capítulos de Atos apresentam os temas que percorrem todas as epístolas do Novo Testamento, e são vitais para nós hoje. O primeiro tema é o Espírito Santo. Sua vinda inaugura a igreja [...]. O segundo tema é a evangelização. Os primeiros cristãos são levados a proclamarem o Senhor [...]. O terceiro motivo é a comunhão. Os membros da jovem igreja são unidos por comprometimento compartilhado com Jesus. Eles adoram, estudam, repartem e oram juntos, em unidade que inspira profundo carinho de uns pelos outros. Embora devamos encarar o Livro de Atos como documento descritivo que retrata o que aconteceu no século I, em lugar de encará-lo como um documento prescritivo que nos instrui sobre como devemos viver hoje, estes três temas nos lembram de como dependência do Espírito, paixão pela evangelização e comprometimento com a comunhão são vitais para qualquer pessoa que procure seguir a Jesus Cristo em nossa época”.
(RICHARDS, L. O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2007, pp.251-2)
Subsídio Teológico
A Eclesiologia em Lucas
“No pensamento de Lucas, a Igreja relaciona-se com algumas coisas antigas e novas. Ela está ligada às coisas antigas porque compartilha as promessas feitas e entrega essa mensagem ao mundo. Ela está ligada às coisas novas porque é uma estrutura totalmente nova por meio da qual, agora, Deus opera. Os apóstolos proclamavam nas sinagogas que Jesus é o cumprimento da Lei do Antigo Testamento, portanto, todo judeu que respondia as promessas devia vir a Jesus. A argumentação dos apóstolos era que o fim natural do judaísmo encontrava-se em Jesus. No início de Atos dos Apóstolos, os apóstolos não parecem considerar que foram chamados a se separar de Israel. Eles iam ao Templo e se reuniam lá (At 3.1-10; 4.1,2; 5.12). A prática deles era sensível em relação às preocupações judaicas (15.1-35; 21.17-26). [...] Até mesmo quando Paulo deixou os judeus para ir aos gentios, ele ainda ia à sinagoga, ou ao Templo, das cidades que viajava (13.46 — 14.1; 18.6 com 21.26) [...] Os judeus que ouviam Paulo ficavam informados que eles, para seguir até o fim seu compromisso com Deus, tinham de abraçar a mensagem da promessa inaugurada e se tornar membros da nova comunidade. Entretanto, os eventos forçaram a Igreja a se separar do Judaísmo, por causa da rejeição judaica. Como resultado disso, a Igreja emergiu como uma comunidade independente da sinagoga.
Lucas via essa comunidade que surgia como algo novo. Por isso, em At 11.15, Pedro, ao se referir aos eventos de 2.1-4, usa a expressão ‘ao princípio’. Agora, nos termos lucanos, ela é o início da realização da promessa, conforme as declarações de Pedro relacionadas com a primeira distribuição do Espírito (At 2.14-36) [...]. Assim, o surgimento da Igreja teve sua origem na vinda do Espírito Santo. Atos 11.15-18 torna a concessão do Espírito o marco inicial dessa nova era e desse novo grupo de fiéis. Lucas explica como esse grupo torna-se distinto do judaísmo e, mesmo assim, tem o direito de proclamar as promessas que costumam pertencer exclusivamente às sinagogas. Deus está presente nessa nova comunidade. Em Atos 11, o ponto adicional a respeito desse novo grupo é que Deus incluiu os gentios nesse círculo de bênçãos com sua intervenção direta (vv.11-18). Em Atos 2, os eventos da fundação da igreja fazem paralelo com os eventos da casa de Cornélio, registrados em Atos 10.1 – 11.18, mostrando, sem deixar a menor sombra de dúvida, que Deus agiu para incluir os gentios”.
(ZUCK, R. et al. Teologia do Novo Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2008, pp.156-57)