Título: Atos dos Apóstolos — Até aos confins da Terra
Comentarista: Claudionor Corrêa de Andrade
Lição 8: Quando a Igreja de Cristo é perseguida
Data: 20 de Fevereiro de 2011
“Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa” (Mt 5.11).
Apesar das perseguições contra a Igreja de Cristo, o evangelho torna-se, a cada dia, mais universal e influente. Nenhuma perseguição haverá de deter o avanço da Igreja.
Segunda - 1 Co 10.13
Deus dá o escape para sua igreja
Terça - Tg 1.2-4
Deus prova a fé da igreja
Quarta - Sl 46.1-3
Deus é o refúgio da sua igreja
Quinta - Sl 54.7
Deus livra a sua igreja da angústia
Sexta - Is 43.2
Deus conforta sua igreja em meio a perseguição
Sábado - Sl 126.6
Os molhos da vitória
Atos 8.1-8.
1 - E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos.
2 - E uns varões piedosos foram enterrar Estêvão e fizeram sobre ele grande pranto,
3 - E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.
4 - Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra.
5 - E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo.
6 - E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia,
7 - pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados.
8 - E havia grande alegria naquela cidade.
Professor, nessa lição veremos que os crentes da Igreja Primitiva enfrentaram forte oposição por parte das autoridades, todavia, aqueles irmãos não deixaram de testemunhar e proclamar o evangelho de Cristo. Eles não tinham suas vidas por preciosas, por isso, não temiam testemunhar de Jesus. Os crentes demonstravam, por intermédio do testemunho pessoal, o que Jesus havia feito em suas vidas. Não podemos nos esquecer de que fomos chamados para sermos testemunhas de Cristo. Muitas são as oportunidades que o Senhor tem nos dado para proclamarmos sua Palavra. Que não venhamos a ficar intimidados, deixando de testemunhar de Cristo, mesmo diante das críticas, maus exemplos de alguns ou qualquer tipo de perseguição. Sigamos de perto a postura dos primeiros crentes.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, reproduza no quadro-de-giz a tabela abaixo. Utilizando este recurso, explique aos alunos que a perseguição iniciada com a morte de Estêvão não foi em vão. A perseguição trouxe para a Igreja do Senhor alguns resultados positivos. Leia com a classe as referências bíblicas.
CONSEQUÊNCIAS DO MARTÍRIO DE ESTÊVÃO
Jornada evangelística de Filipe (8.4-40);
A conversão de Saulo (9.1-30);
A viagem missionária de Pedro (9.32—11.18);
A fundação da Igreja em Antioquia da Síria (11.19).
introdução
Palavra Chave
Perseguição: Tratamento injusto e cruel infligido aos cristãos da Igreja Primitiva.
Semeado em Jerusalém, o sangue de Estêvão frutifica a vocação universal da Igreja de Cristo. O que parecia mais uma seita judaica extrapola as fronteiras de Israel como Reino para conquistar o império. Nesse processo, Saulo de Tarso antagoniza um importante papel. Perseguindo, espalha a chama do evangelho. Mais tarde, já converso e perseguido, leva esta mesma flama até aos extremos da terra.
O martírio de Estêvão não foi em vão. Mais tarde, testemunharia Tertuliano (155-222), um dos mais importantes apologetas eclesiásticos: “Quanto mais nos esmagardes, tanto mais cresceremos, que é semente o sangue dos cristãos”.
Neste momento, a Igreja de Cristo é perseguida em todo o mundo. Sim, perseguem-nos não apenas física, mas cultural e institucionalmente. À semelhança dos cristãos primitivos, quanto mais tentam reprimir-nos localmente, mais universalmente nos espalhamos.
I. OS EFEITOS DA MORTE DE ESTÊVÃO
O teólogo inglês Matthew Henry (1662-1714), um dos maiores comentaristas das Sagradas Escrituras, escreve mui sábia e apropriadamente: “Algumas vezes Deus levanta muitos ministros fiéis sobre as cinzas de um deles”. Haja vista o martírio de Estêvão. Se aos olhos humanos era uma simples execução, à vista divina aquela morte foi o caminho que conduziu muitos à vida, inclusive um homem fero e irreconciliável como Saulo de Tarso. Somente a história haveria de avaliar os efeitos do assassinato daquele justo.
1. Sobre Paulo. Como ouvir um discurso como o de Estêvão e não curvar-se às evidências do evangelho? Embora teimasse em não reconhecer a Jesus como o Messias de Israel, Saulo de Tarso não pôde ficar indiferente às palavras e ao martírio daquele santo. É o que depreendemos destas palavras do próprio Senhor: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões” (At 26.14). Aliás, o mesmo Saulo o confessa: “E, quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também eu estava presente, e consentia na sua morte, e guardava as vestes dos que o matavam” (At 22.20).
A evangelização de Saulo teve início com o sermão de Estêvão, em Jerusalém, sendo complementada, em Damasco, por Ananias. Muito em breve o que localmente perseguira a Igreja, universalmente haveria de expandi-la de Antioquia a Roma.
2. Sobre a Igreja. Com os termos da Grande Comissão a ecoar-lhes nos ouvidos, sabiam os santos apóstolos que a Igreja não poderia circunscrever-se a Jerusalém (Mt 28.19,20). Mas quando sair à Judeia? Quando alcançar Samaria? E quando atingir os mais distantes lugares da terra? Estando ainda estas perguntas por se responder, eis que o martírio de Estêvão precipita a dispersão da Igreja de Jerusalém.
Ao relatar o evento, escreve Lucas: “Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra” (At 8.4). Por conseguinte, quando aqueles piedosos varões puseram-se a sepultar o corpo de Estêvão, não sabiam eles estarem, na verdade, semeando uma semente que, de imediato, multiplicar-se-ia dentro e fora dos termos de Jacó. Não foi exatamente isto o que ensinara o Senhor: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12.24). Mais tarde, confirmaria o doutíssimo Tertuliano as palavras do Cristo: “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”.
As perseguições à Igreja não ficaram no passado. Este sistema, que jaz no maligno, tudo faz por sufocar a Noiva do Cordeiro. Está você preparado a defender a sua fé? Morreria por amor a Cristo? Não podemos fugir a essa pergunta. Que a nossa confissão seja tão firme quanto à de Jan Hus (1369-1415), reformador protestante da antiga Boémia: “Com a maior alegria confirmarei com meu sangue a verdade que tenho escrito e pregado”.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A perseguição na Igreja Primitiva teve inicio com o martírio de Estêvão, fiel testemunha de Cristo.
II. QUANDO A IGREJA É PERSEGUIDA
Quem ainda não leu o excelente livro Torturado por Amor a Cristo? Escrito pelo pastor romeno Richard Wurmbrand (1909-2001), mostra-nos o quanto a Igreja de Cristo sofreu nos países comunistas. Atrás da cortina de ferro, eram os cristãos perseguidos física, cultural e institucionalmente.
1. Perseguição física. Neste exato momento, muitos são os missionários, pastores e leigos que, torturados e até mortos por causa da santíssima fé, fazem boa e ousada confissão ante o verdugo (1 Tm 6.13). Se pudéssemos ouvir-lhes o clamor! Oremos por nossos irmãos na China, na Coreia do Norte, em Cuba e nos países muçulmanos. Em cada uma dessas nações, há uma igreja de Esmirna (Ap 2.8-11). Deixemos, pois, o conforto de Laodiceia e saíamos a espalhar a boa semente do Evangelho.
2. Perseguição cultural. Embora vivamos num contexto cultural, não podemos nos conformar, sob hipótese alguma, com a cultura do presente século (Rm 12.1,2). Então, como devemos agir? Se, de fato, somos o sal da terra e a luz do mundo, transformemos a cultura que nos busca envolver através da proclamação da Palavra de Deus (Mt 5.13).
As manifestações culturais deste mundo apregoam sutil e quase que, imperceptivelmente, o relativismo moral, a substituição dos valores bíblicos por uma ética leniente e permissiva e a entronização do homem no lugar que pertence exclusivamente a Deus. Como não podemos nos conformar com tais coisas, somos alijados da vida cultural da sociedade. Não agiam assim os gregos em relação ao Evangelho (1 Co 1.22-24). O que os inquisidores deste mundo não sabem é que a loucura de Deus é mais sábia do que os homens (1 Co 1.25).
3. Perseguição institucional. Os interesses do Reino de Deus jamais se coadunarão com os deste mundo. Por isso, levantam-se alguns potentados, buscando amordaçar a Igreja de Cristo. Tentam eles, sob o apanágio de um humanitarismo falso e aparatoso, impedi-la de protestar, por exemplo, contra o homossexualismo. Outros buscam descriminalizar práticas como o aborto e o uso de drogas. E outros ainda afadigam-se em varrer das escolas qualquer vestígio do criacionismo bíblico.
Diante de todos esses ataques institucionais, lembremo-nos da exortação do pastor batista norte-americano, William S. Plumer (1759-1850). Alerta-nos ele: “Perseguição não é novidade... a ofensa da cruz jamais cessará”.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A Igreja de Cristo tem sido perseguida ao longo dos tempos, porém, a Noiva do Cordeiro segue vitoriosa.
III. COMO ENFRENTAR A PERSEGUIÇÃO
Assim devemos, portanto, enfrentar a perseguição:
1. Evangelizando e fazendo missões. Se bem atentarmos, constataremos: a Igreja só começou a evangelizar e a fazer missões depois da perseguição que lhe moveram as autoridades judaicas após a morte de Estêvão (At 8.4,5; 13.1-3). O que estamos esperando? É hora de atravessarmos as fronteiras com o Evangelho de Cristo.
2. Apresentando uma apologia de nossa fé. Contra a perseguição cultural e institucional, a recomendação de Pedro é clara e urgente: “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15 — ARA).
3. Conservando nossa identidade como povo de Deus. Somos perseguidos, porque somos um povo especial, zeloso e de boas obras (Tt 2.14). Enfim, representamos tudo o que o mundo odeia. Nós, luz; eles, ainda em trevas. Porfiemos por uma vida santa e justa.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A igreja deve enfrentar a perseguição evangelizando, fazendo missões, apresentando uma apologia da fé e conservando a identidade como povo de Deus.
CONCLUSÃO
O Diabo tudo fez por matar a Igreja em seu nascedouro. O que ele não sabia, ou fingiu esquecer, é que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja de Cristo. O Diabo não pôde emudecer a Filipe nem a Paulo. Como diria o teólogo A. W. Tozer (1897-1963): “O fogo de Deus não pode ser apagado pelas águas da perseguição dos homens”.
Sem ocorrências.
CRESPINI, J. A Tragédia da Guanabara.
A História dos Primeiros Mártires do Cristianismo no Brasil.
1.ed. RJ: CPAD, 2006.
REILLY, A. J. Os Mártires do Coliseu.
O Sofrimento dos Cristãos no Grande Anfiteatro Romano. 1.ed.
RJ: CPAD, 2005.
1. O que motivou a perseguição à igreja em Jerusalém?
R. A morte de Estêvão.
2. O que fizeram os crentes quando perseguidos?
R. Saíram a proclamar a Palavra de Deus a todas as cidades.
3. Que tipo de perseguição passa a Igreja?
R. Perseguição física, cultural e institucional.
4. O que as manifestações culturais, de modo sutil, apregoam?
R. Apregoam o relativismo moral, a substituição dos valores bíblicos e a entronização do homem.
5. Como devemos enfrentara perseguição?
R. Evangelizando e fazendo missões, apresentando uma apologia da fé e conservando a identidade como povo de Deus.
Auxílio Histórico
“Os escritos de Basílio sobre a perseguição de Deoclécio dão uma ideia geral do que foram as crueldades e os horrores daqueles dias: ‘As casas dos cristãos eram deixadas em ruínas; seus bens, pilhados. Seus corpos caíam nas mãos dos ferozes lictores, que os dilaceravam como bestas selvagens, e arrastavam as matronas pelos cabelos através das ruas, insensíveis às súplicas por clemência, viessem elas dos idosos ou daqueles de tenra idade. Os inocentes eram submetidos a tormentos reservados apenas aos mais vis criminosos; os calabouços eram lotados com habitantes dos lares cristãos, que agora jaziam desolados; os desertos sem caminhos e as cavernas das florestas enchiam-se de fugitivos, cujo único crime fora a adoração a Jesus Cristo’” (REILLY, A. J. Os Mártires do Coliseu. 1.ed. RJ: CPAD, 2005, p.38).