Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

 

1º Trimestre de 2011

 

Título: Atos dos Apóstolos — Até aos confins da Terra

Comentarista: Claudionor Corrêa de Andrade

 

 

Lição 10: O Evangelho propaga-se entre os gentios

Data: 06 de Março de 2011

 

TEXTO ÁUREO

 

E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios(At 10.45).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Deus não faz acepção de pessoas, de nações ou de raças. É da vontade do Senhor que o Evangelho de Jesus Cristo, seu Filho, seja anunciado a todos os povos.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda - At 13.1-3

Saulo e Barnabé são enviados aos gentios

 

 

Terça - At 10.34,35

Deus não faz acepção de pessoas

 

 

Quarta - At 11.15

O dom do Espírito sobre os gentios

 

 

Quinta - At 15

O concílio de Jerusalém e os gentios

 

 

Sexta - At 15.19,20,28,29

Recomendações aos crentes gentios

 

 

Sábado - Gl 2.7,8

O evangelho da incircuncisão

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Atos 10.44-48; 11.15-18.

 

Atos 10

44 - E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.

45 - E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios.

46 - Porque os ouviam falarem línguas e magnificar a Deus.

47 - Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo?

48 - E mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então, rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias.

 

Atos 11

15 - E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio.

16 - E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo.

17 - Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era, então, eu, para que pudesse resistir a Deus?

18 - E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade, até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida.

 

INTERAÇÃO

 

Deus seja louvado pela sua iniciativa em prover, quer da perspectiva passada, presente ou futura, graciosamente a salvação. Deus tem de ser louvado, porque nEle surge uma nova comunidade que essencialmente derruba a antiga barreira racial existente entre judeus e gentios. Esse acontecimento ocorre no contexto cuja vontade soberana de Deus é exercida. Busquemos em Deus, no exemplo de seu Filho Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, uma vida autenticamente cristã onde não haja barreira para os relacionamentos com os irmãos em Cristo, que são “a Igreja de Deus”. Uma excelente e abençoada aula!

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Conhecer a origem dos gentios no Antigo Testamento.
  • Explicar a missão e a salvação entre os gentios nos Evangelhos e nos Atos dos apóstolos.
  • Conscientizar-se que judeus e gentios formam a Igreja mediante a cruz.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor, sugerimos que você utilize o quadro abaixo ao introduzir o terceiro tópico. Procure abordar a divisão da humanidade entre judeus e gentios antes do evento vicário de Jesus. Destaque que após o acontecimento do sacrifício de Cristo Jesus, a barreira entre judeus e gentios foi demolida. Conclua explicando que a constituição natural da Igreja prevê a reunião de judeus e gentios. Boa aula!

 

 

COMENTÁRIO

 

introdução

 

Palavra Chave

Gentio: Todo aquele nascido fora da comunidade de Israel, e estranho às alianças que o Senhor Deus estabeleceu com o seu povo.

 

Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34). Criador de tudo quanto existe, a todos preserva pela sua bondade e justiça (At 17.25-28). Ele ama a todos indistintamente e deseja a salvação de toda a humanidade (Jo 3.16) através de Jesus Cristo (Mt 1.21; At 4.12). Esta é a mensagem que os apóstolos de Nosso Senhor proclamaram aos gentios. No Filho, todos somos amados pelo Pai, sem quaisquer distinções. Está você também disposto a anunciar o evangelho até aos confins da terra? Há muita terra ainda a ser conquistada.

 

I. OS GENTIOS NO ANTIGO TESTAMENTO

 

Toda a humanidade descende de um único casal a quem Deus formara segundo a sua imagem e semelhança (Gn 1.27; 5.2). Embora criado santo, justo e bom para a glória do Senhor (Gn 5.1; Sl 115.1), o homem desobedeceu-lhe as ordens e veio a conhecer experimentalmente o pecado. Com a sua apostasia, fez com que a maldade tomasse conta do mundo (Gn 4.8,23). A Deus, então, não restou outra alternativa senão destruir a primeira civilização através de um dilúvio universal (Gn 6-9).

1. Um novo começo com Noé. Apenas Noé e a sua família salvaram-se daquele cataclismo. Por intermédio dos filhos do piedoso e santo patriarca: Jafé (Gn 10.2-5), Cam (Gn 10.6-20) e Sem (Gn 10.21-31), vieram a formarem-se as nações com as suas respectivas geografias (Gn 10 - 11). Infelizmente, a humanidade porfiou em desobedecer a Deus (Gn 11.1-9). Em meio a essa desolação espiritual e moral, Deus santifica um descendente de Sem, Abraão, para que dele uma nova nação fosse formada (Gn 12.1-3). Em Abraão, fomos todos abençoados.

2. A exclusividade dos descendentes de Abraão (Gn 15.5,6). Ao chamar Abraão, o Senhor dá início à história de Israel (Gn 12.1-3). Seu propósito à nação judaica (Gn 18.18; 22.18) era torná-la uma propriedade peculiar, um reino sacerdotal e um povo santo (Êx 19.5,6). Ele a constituiu para que esta lhe fosse uma possessão distinta e particular (Is 44.1-2), a fim de que, por seu intermédio, alcançasse os gentios.

A partir de então, todas as demais etnias passaram a ser conhecidas como gôyim — gentios (Gn 15.18-21). Isso não significa, porém, que Deus não ame as demais nações. Ele as ama, sim! E de tal maneira amou-as, que deu o seu Único Filho, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Além do mais, em Abraão foram benditas todas as nações da terra (Gn 12.3).

 

 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

 

A partir da eleição de Abraão, e sua descendência, as demais nações passaram a chamar-se gôyim — gentios.

 

 

II. OS GENTIOS EM O NOVO TESTAMENTO

 

O Novo Testamento faz questão de realçar o amor de Deus não somente por Israel, mas por todos os povos. João 3.16 deixa isso bem claro. Não resta dúvida: a salvação vem dos judeus, mas não se restringe aos judeus, mas através dos judeus deve alcançar a todos os não-judeus.

1. Nos Evangelhos. Nos evangelhos há várias referências aos gentios (Mt 6.7,32: Mc 10.33; Lc 12.30; 18.32). Descritos às vezes com certa reserva (Mt 20.19; Mc 10.33), são eles vistos como a grande seara a ser alcançada pelos apóstolos que, no cumprimento da Grande Comissão, deixariam Jerusalém e a Judeia para evangelizar e ensinar todas as nações (Mt 28.18-20). Aliás, Isaías já destacava a missão do Cristo entre os gentios (Is 42.1-4). Durante o seu ministério terreno, o Senhor Jesus agraciou alguns destes como a mulher cananeia (Mt 15.21-28) e o centurião (Lc 7.1-10).

2. Nos Atos dos Apóstolos. Embora Atos 1.8 estabeleça a obrigatoriedade da missão entre os gentios, somente no capítulo 9 e versículo 15, após a conversão de Paulo, é que se declara aberta e enfaticamente a evangelização das nações (ver At 13.44-47). A resistência inicial dos apóstolos em discipulá-Ios (At 10.9-16) é vencida quando Cornélio, sua família e demais assistentes, recebem o batismo com o Espírito Santo (At 10.44-48). O fato trouxe perplexidade no colégio apostólico (At 11.1-3,18), mas após a apologia de Pedro (At 11.4-17 ver 15.7-11), a Igreja glorificou a Deus pelo fato de os gentios serem também objeto do amor de Deus (At 10.45).

3. Missão e Salvação entre os Gentios. Se Pedro, com o evangelho da circuncisão, é proeminente nos capítulos de 1 a 12 de Atos, nos capítulos de 13 a 28, destaca-se Paulo com o evangelho da incircuncisão (Gl 1.7). O primeiro diz respeito aos judeus, o segundo aos gentios (At 13.44-47). Trata-se, porém, de um só evangelho — o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Paulo estava consciente de que fora chamado por Deus para anunciar o evangelho aos gentios (At 9.15), sem os entraves da lei (At 15.19,28,29; Rm 4.9-16). Em suas viagens missionárias, não foram poucos os gentios que se converteram ao Senhor (At 11.1,18) e de bom grado ouviram a exposição da graça divina (At 13.42).

Você se preocupa com a evangelização transcultural? Se você não foi chamado ao campo, coopere financeiramente com a Obra Missionária e ore pelos que se acham além-fronteira falando do amor de Deus. A responsabilidade pelo “Ide” também é sua.

 

 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

 

O Novo Testamento, através dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos, realça o amor de Deus não somente por Israel, mas por todos os povos.

 

 

III. JUDEUS E GENTIOS UNIDOS POR DEUS MEDIANTE A CRUZ

 

1. A Igreja de Deus. Ao defender a difusão do Evangelho entre as nações, afirmou Pedro: “[...] Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome” (At 15.14). Esse povo é a Igreja formada por judeus e gentios em Cristo (Rm 9.24-33). De ambos, fez Ele um só povo, derribando a parede de separação que estava no meio, e, pela cruz, reconciliou ambos com Deus em um corpo (Ef 2.14-16).

Dessa maneira, o Espírito Santo revela a Paulo (Ef 3.4,5) que os gentios não são mais estrangeiros (gôyim) e nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos, da família de Deus (Ef 2.11-22; 1 Pe 2.5), co-herdeiros e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho (Ef 3.6).

2. Expansão da Igreja entre os gentios. Através de suas viagens missionárias, Paulo propagou o evangelho entre os povos e culturas conhecidos naqueles dias (Rm 15.19,20). Em várias regiões, estabeleceu ele igrejas constituídas notadamente por gentios (Rm 16.4).

 

 

SINOPSE DO TÓPICO (III)

 

Mediante a cruz, judeus e gentios foram feitos um, dando assim origem à Igreja.

 

 

CONCLUSÃO

 

A evangelização dos povos é o maior desafio da igreja moderna. A responsabilidade é nossa. O Senhor confiou-nos a Grande Comissão para que, sem remissões, alcancemos os confins da terra. Ele deseja que todos os gentios sejam salvos. Você sabia que muitos povos ainda não ouviram falar de Jesus? Como responderá você a esse grande desafio? Se o Senhor o chama à Obra Missionária, responda prontamente: “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me a mim”.

 

VOCABULÁRIO

 

Cataclismo: Grande Inundação; dilúvio.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

ZUCK, R. B., et al. Teologia do Novo Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2008.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. RJ: CPAD, 2004.
RICHARDS, L. O. Comentário Histórico Cultural do Novo Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2007.

 

EXERCÍCIOS

 

1. Quais são os descendentes de Noé e qual a importância deles para esta lição?

R. Jafé (Gn 10.2-5), Cam (Gn 10.6-20) e Sem (Gn 10.21-31). Eles formaram as nações com as suas respectivas geografias (Gn 10-11).

 

2. Quem são os gôyim?

R. Gentios, ou seja, todos aqueles que não eram descendentes de Abraão ou israelitas.

 

3. Cite três gentios que foram alcançados pela misericórdia de Deus.

R. Livre.

 

4. Quem foi o escolhido de Deus para anunciar o evangelho entre os gentios?

R. Apóstolo Paulo.

 

5. Com a obra salvífica de Cristo, como ficou a situação dos judeus e gentios?

R. De ambos os povos, Deus fez apenas um, a Igreja.

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I

 

Subsídio Bibliográfico

 

“Israel e a Igreja

Nos capítulos iniciais de Atos dos Apóstolos, a recepção judaica à mensagem do evangelho foi poderosa e inquietou os líderes judaicos. Mas, depois, iniciou-se a reação e a perseguição judaicas para que a Igreja se dispersasse. Em alguns locais, a mensagem foi tirada da sinagoga e oferecida diretamente aos gentios que responderam de forma favorável (At 13.46; 18.6; 28.28). Esse padrão híbrido de recepção judaica, perseguição e busca dos gentios foi comum, em especial, no ministério de Paulo. Os apóstolos iniciaram na sinagoga, pois criam que a mensagem de Cristo era também para os de Israel. As igrejas locais desenvolveram-se por necessidade de sobreviver em face da rejeição. Essas realidades fizeram com que Lucas, em Atos dos Apóstolos, falasse de forma reiterada sobre os mensageiros da Igreja ‘se voltarem para os gentios’ e ‘advertirem Israel’. Esses temas, com frequência, aparecem lado a lado e dominam o último terço do livro de Atos dos Apóstolos. Eles mostram que a Igreja não era Israel e que essa distinção tornou-se uma realidade do ponto de vista histórico” (ZUCK, R. B., et al. Teologia do Novo Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2008, pp. 160-61).

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II

 

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

 

“A inclusão dos Gentios na Única e Nova Humanidade em Cristo (Ef 2.13-18)

Paulo continua a descrever como a obra da redenção torna as pessoas um só povo em Cristo. O verso 13 começa com duas frases importantes: ‘Mas, agora’ que aparece em contraste com ‘antes’ (v.11) e ‘naquele tempo’ (v.12); e ‘em Cristo Jesus’, que aparece em contraste com ‘sem Cristo’ (v.12). Essas duas expressões enfatizam como a situação dos gentios seria drasticamente modificada, de estarem ‘longe’ para chegarem ‘perto’. Essa nova aproximação de Deus é tanto ‘em Cristo Jesus’ como ‘pelo sangue de Cristo’. Essa última se refere ao evento histórico da morte de Jesus na cruz; e a primeira está relacionada à conversão dos infiéis e sua presente união com Cristo. Os cinco versos seguintes explicam o que foi alcançado pela morte redentora de Cristo na cruz.

Os versos 14-18 revelam o âmago da mensagem de reconciliação de Paulo, e como Deus deu início ao ser eterno plano de reconciliação cósmica (embora não universal) (1.10). A palavra principal nessa passagem é paz, e ela aparece quatro vezes (vv.14,15, e duas vezes no verso 17).

O verso 14 começa com uma declaração enfática: ‘Porque ele [Cristo] é a nossa paz’. Cristo, e somente Cristo, nos deu a solução para esse problema que infesta a raça humana, isto é, a separação de Deus e de outras pessoas. Ele é a Reconciliação do povo com Deus e a Reconciliação das pessoas, umas com as outras. Assim, o evangelho torna-se uma mensagem de reconciliação (2 Co 5.17-21). Por causa de seu sangue redentor (2.14), nesse ponto de Efésios Paulo anuncia, em dois sentidos, o próprio Cristo Jesus como sendo a ‘nossa paz’:

1) Como pecadores, Ele nos reconcilia com Deus pela cruz (v.16) e

2) Reconcilia grupos mutuamente hostis entre si (tais como judeus e gentios) e ‘de ambos os povos faz um’ (v.14b; também vv.15-18).

A reconciliação é o tema central desta passagem. Nada, a não ser o evangelho, poderá nos oferecer, genuinamente, a paz com Deus (Rm 5.1), ‘e nada, a não ser o evangelho, poderá remover as barreiras que dividem a humanidade em grupos hostis em sua própria época’ (Bruce, 1961, 54). A paz entre judeus e gentios exigia a destruição da ‘parede de separação que estava no meio’ (v.14c). Nenhuma distinção de cor, conflito étnico, separação por classes ou divisão política era mais absoluta que a barreira entre judeus e gentios no primeiro século d.C. Bruce acrescenta: ‘O maior triunfo do evangelho na era apostólica foi que ele venceu essa antiga e longa desavença e permitiu que judeus e gentios se tornassem verdadeiramente um único povo em Cristo’” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. RJ: CPAD, 2004, pp.1219-20).