Título: Atos dos Apóstolos — Até aos confins da Terra
Comentarista: Claudionor Corrêa de Andrade
Lição 11: O primeiro Concílio da Igreja de Cristo
Data: 13 de Março de 2011
“Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue [...] e das relações sexuais ilícitas [...]” (At 15.28,29 — ARA).
O objetivo de um concílio eclesiástico, convocado sob orientação divina, é preservar a unidade da Igreja no Espírito Santo e conservar a sã doutrina.
Segunda - Êx 4.29
O primeiro concílio de Israel
Terça - Nm 11.16-30
Um concílio de homens sábios e santos
Quarta - Js 7.6
Um concílio prostrado ante o Senhor
Quinta - Ed 5.6
Um concílio sob o olhar do Senhor
Sexta - At 1.12-26
A primeira reunião dos apóstolos
Sábado - At 6.1,2
A segunda reunião dos apóstolos
Atos 15.6-12.
6 - Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto.
7 - E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Varões irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho e cressem.
8 - E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós;
9 - e não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando o seu coração pela fé.
10 - Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar?
11 - Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também.
12 - Então, toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quão grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios.
A igreja de Jerusalém corria o risco de se transformar num movimento religioso como outro qualquer da Judeia. Se não fosse a sábia decisão dos Apóstolos, dos líderes e da comunidade palestínica, a Igreja de Cristo estaria fadada a um fortuito fracasso já em seus primórdios. Porém, o Espírito Santo conduziu o Concílio de Jerusalém, abalizando-o por uma sábia decisão: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde” (At 15.28,28 — ARA).
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, explique aos alunos a importância do Concílio de Jerusalém para a igreja local palestínica e, consequentemente, à Igreja de Cristo nos dias atuais. Para introduzir o tópico II, reproduza, conforme suas condições, o esquema abaixo. Esclareça o fato de que, se a igreja de Jerusalém não desse uma resposta autêntica aos judaizantes, o cristianismo se tornaria apenas uma facção judaica ou uma mera religião ascética, que não sairia da Judeia. Conclua que, na força do Espírito Santo, a liberdade em Cristo é garantida pelas Escrituras!
O CONCÍLIO DE JERUSALÉM
Contexto
A conversão dos gentios; a tensão entre judeus e gentios; a insistência dos crentes judaizantes tradicionalistas para que os gentios adotassem o estilo de vida judaico; o combate violento de Paulo contra o evangelho judaizante; a necessidade de uma resolução que legislasse sobre o tema.
A questão levantada
Para os gentios serem salvos, era necessário se tornar um judeu? Atualmente, é necessário alguma outra coisa, fora de confessar a Cristo, para ser salvo?
O debate
De um lado os fariseus cristãos apoiavam a visão dos judaizantes; do outro, Paulo e Barnabé enfatizavam que Cornélio e sua família foram aceitos por Deus como gentios.
Conclusão
Em harmonia com as Escrituras, a contribuição do apóstolo Tiago foi preponderante para a resolução apostólica em conjunto com a igreja: 1) não se devia pedir aos gentios que adotassem a “cultura” judaica, pois isto “perturbaria” (15.19) a liberdade em Cristo; 2) As recomendações estabelecidas foram: não comer carne sacrificada a ídolos; não ingerir sangue e não comer carne sufocada; não praticar relação sexual ilícita. Estas resoluções deixam patentes a verdadeira liberdade que há em Cristo Jesus e o verdadeiro princípio de respeito à vida que Deus exige de nós!
introdução
Palavra Chave
Concílio: Reunião em que se trata de assuntos dogmáticos, doutrinários ou disciplinares.
Sob as instâncias de Paulo e Barnabé, os apóstolos convocam o Concílio de Jerusalém, para tratar de uma questão que vinha perturbando os crentes gentios: Deveriam estes também observar os costumes e ritos judaicos? Isto porque, “alguns que tinham descido da Judeia ensinavam assim os irmãos: Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos” (At 15.1).
As decisões desse concílio, realizado no ano 48, foram mais do que vitais à expansão do Cristianismo até aos confins da terra.
I. O QUE É UM CONCÍLIO
1. Definição. Originária do vocábulo latino concilium, a palavra concílio significa conselho, assembleia. O concílio, por conseguinte, é uma reunião de representantes da Igreja, cujo objetivo é deliberar acerca da fé, doutrina, costumes e disciplina eclesiástica.
2. Os concílios no Antigo Testamento. O primeiro concílio da velha aliança deu-se quando Moisés congregou os anciãos de Israel para declarar-lhes o plano de Deus para libertar os hebreus do Egito (Êx 4.29). A partir daí, muitos foram os concílios convocados quer pelos reis, quer pelos profetas, para tratar das urgências nacionais e das crises que surgiram ao longo da história de Israel no Antigo Testamento (2 Cr 34.29: Ed 10.14; Ez 8.1).
3. Os concílios em o Novo Testamento. Os apóstolos reuniram-se em três ocasiões distintas, para decidir sobre pendências na comunidade cristã. A primeira vez para eleger Matias em lugar de Judas Iscariotes e aguardar a chegada do Consolador; a segunda para instituir o diaconato; e a terceira, para discutir as imposições que os judaizantes buscavam impor sobre os cristãos gentios (At 1.12-26; 6.1-15; 15.6-30).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
O concílio é uma reunião de representantes da Igreja, com o objetivo de deliberar acerca da fé, doutrinas e costumes eclesiásticos.
II. A IMPORTÂNCIA DO CONCÍLIO DE JERUSALÉM
A terceira reunião dos apóstolos, que viria a ser conhecida como o Concílio de Jerusalém, foi tão importante e vital à Igreja de Cristo que dela dependia o futuro do Cristianismo. Se os apóstolos houvessem cedido à pressão dos judaizantes, a religião do Nazareno extinguir-se-ia em mera seita judaica. Mas os dirigentes da Igreja, instrumentalizados pelo Espírito Santo, houveram-se com sabedoria e firmeza, possibilitando que o Reino de Deus, transcendendo as fronteiras de Israel, se universalizasse até aos confins da terra.
O Concílio de Jerusalém foi modelar desde a convocação até as suas derradeiras decisões.
1. Convocação. O Concílio de Jerusalém foi convocado pelos apóstolos sob as instâncias de Paulo e Barnabé. Enviados pelas igrejas de Antioquia, Síria e Cilícia, requeriam eles fosse tomada uma resolução urgente quanto a este problema: deveriam os gentios observar também os costumes e ritos judaicos, incluindo a circuncisão?
2. Presidência. Sendo a figura de Pedro preponderante entre os santos da circuncisão, conclui-se tenha ele presidido o Concílio de Jerusalém. Em todos aqueles acalorados debates, o apóstolo agiu com sabedoria, moderação. Tudo fez por preservar a unidade da Igreja no Espírito Santo.
3. Debates. As discussões são acaloradas. Extremados na defesa do farisaísmo, exigiam os judaizantes: “É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés” (At 15.5 — ARA).
Em seguida, Pedro levanta-se e põe-se a historiar como os gentios, por seu intermédio, vieram a converter-se a Cristo. Para calar a boca aos adversários, indaga o apóstolo: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós? Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram” (At 15.10,11 — ARA).
Depois da exposição de Pedro, os também apóstolos Paulo e Barnabé tomam a palavra. Faz Lucas esta observação: “Então toda a multidão silenciou, passando a ouvir a Barnabé e a Paulo, que contavam quantos sinais e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios” (At 15.12 — ARA).
4. O pronunciamento decisivo de Tiago. Apesar de sua reputação conservadora, sai Tiago irmão do Senhor, em defesa dos santos gentios e da universalidade da igreja de Cristo: “Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue” (At 15.19,20 — ARA).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A importância do Concílio de Jerusalém, instrumentalizado pelo Espírito Santo, foi universalizar o Reino de Deus, levando-o até aos confins da terra.
III. A CARTA DE JERUSALÉM
Encerrados os debates, decidem os apóstolos enviar uma encíclica às igrejas de Antioquia, Síria e Cilícia, por intermédio de Paulo, Barnabé, Judas e Silas, expondo as resoluções tomadas no Concílio de Jerusalém (At 15.27-30). Resoluções estas, aliás, que se fizeram universais tanto em relação ao tempo quanto ao espaço; tornaram-se contemporâneas dos cristãos de todas as eras. Em resumo, o documento trata dos seguintes temas:
1. Da salvação pela graça. Deixam os apóstolos bem patente o seu apoio ao evangelho que Paulo proclamava aos gentios: a salvação pela graça (At 15.11).
2. Da comida sacrificada aos ídolos. A carta circular dos apóstolos é bem clara: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos” (At 15.29). Terá essa recomendação alguma serventia para nós hoje? Além das festas juninas e dos doces distribuídos no dia de Cosme e Damião, há muitos banquetes consagrados aos deuses das riquezas, às divindades do poder corrupto e corruptor, e aos demônios da permissividade moral e do relativismo ético. Outrossim, cuidado com os restaurantes que, logo na entrada, expõem a sua divindade como se fora um mero folclore. Não é folclore; é demônio mesmo.
3. Da ingestão de sangue e de carne sufocada. Parece uma recomendação banal? Nada na Bíblia pode ser banalizado. Ouçamos e obedeçamos à encíclica apostólica: “Que vos abstenhais [...] do sangue, da carne de animais sufocados” (At 15.29 — ARA). Receitas culinárias que empregam o sangue como um de seus ingredientes contrariam as leis divinas. Leia Gênesis 9.4.
4. Das relações sexuais ilícitas. Num século tão promíscuo e leniente como este, a recomendação dos santos apóstolos não haverá de ser esquecida: “[...] que vos abstenhais das relações sexuais ilícitas” (At 15.29). O que é uma relação sexual lícita? É a praticada no âmbito do casamento entre um homem e uma mulher. Logo, o sexo antes e fora do casamento é ilícito e pecaminoso (Êx 20.14; Ap 22.15). Pecado também é o homossexualismo tanto masculino quanto feminino (Lv 18.22; Rm 1.26-27; 1 Co 6.9).
A voz dos apóstolos não pode ser calada pela “lei da mordaça”.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
As resoluções do Concílio de Jerusalém consistiram dos seguintes temas: Salvação pela graça; Comida sacrificada aos ídolos; Ingestão de sangue e de carne sufocada; Relações sexuais ilícitas.
CONCLUSÃO
Que o exemplo dos santos apóstolos mova a Igreja de Cristo a livrar-se de toda briga local, a fim de mostrar a sua vocação universal e eterna. O mesmo Espírito que dirigiu o Concílio de Jerusalém faz-se presente no meio de seu povo, inspirando os ministros do Evangelho a tomarem decisões de conformidade com a Bíblia Sagrada. Interessante, o concílio convocado para combater o legalismo judaizante tornou a Igreja de Cristo mais santa e pura.
Encíclica: carta circular abordando algum tema de doutrina.
Quizília: desavença, rixa, pendência.
Transcender: elevar-se sobre ou ir além dos limites de; situar-se para lá de.
RICHARDS, L. O. Comentário Histórico Cultural do Novo Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2007.
1. O que é um concílio?
R. O concílio é uma reunião de representantes da Igreja, cujo objetivo é deliberar acerca da fé, doutrina, costumes e disciplina eclesiástica.
2. Por que o Concílio de Jerusalém foi convocado?
R. Para tomar uma resolução quanto ao problema dos gentios observarem os costumes e ritos judaicos.
3. O que buscavam os judaizantes?
R. A determinação aos gentios à circuncisão e à observação da lei de Moisés.
4. Discorra sobre o discurso de Tiago.
R. Livre.
5. Quais as resoluções tomadas pelo Concílio?
R. Os apóstolos recomendam não comer carne sacrificada a ídolos, não ingerir sangue e carne sufocada, e não praticar relações sexuais ilícitas.
Subsídio Bibliográfico
“A decisão do Espírito Santo
‘Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo, e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação [relações sexuais ilícitas — ARA]; das quais coisas fazeis bem se vos guardares’ (At 15.28,29). A expressão ‘pareceu bem ao Espírito Santo’ significa: O Espírito Santo, na sua atuação entre os gentios já testemunhara que estes foram libertos do jugo da Lei mosaica (At 10.44-48). O Espírito Santo, cuja orientação foi prometida aos apóstolos e outros líderes [e à Igreja], já testemunhara ao coração deles que os gentios deviam ser livres do fardo (Mt 18.20; Jo 16.13). [Ou seja] Os gentios foram isentos da obrigação de observar os costumes judaicos. [...] Estes convertidos já possuíam a vida e a liberdade espiritual. Por que enterrar esta vida com formulários mortos?” (PEARLMAN, M. Atos. E a Igreja se fez Missões. 1.ed. RJ: CPAD, 1995, pp. 169-70).