Título: Os Doze Profetas Menores — Advertências e consolações para a santificação da Igreja de Cristo
Comentarista: Esequias Soares
Lição 11: Ageu — O compromisso do povo da aliança
Data: 16 de Dezembro de 2012
“Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).
A verdadeira profecia liberta o povo da indiferença e do comodismo espiritual.
111, 394, 406.
Segunda - 2 Cr 36.23
O rei da Pérsia e o Templo
Terça - Ed 3.10
Lançam-se os alicerces do Templo
Quarta - Ed 4.3
A edificação do Templo
Quinta - Ed 4.23,24
O embargo da construção
Sexta - Ed 5.1,2
Reinicia-se a construção do Templo
Sábado - Ed 6.14
A nação prospera pela profecia
Ageu 1.1-9.
1 - No ano segundo do rei Dario, no sexto mês, no primeiro dia do mês, veio a palavra do SENHOR, pelo ministério do profeta Ageu, a Zorobabel, filho de Sealtiel, príncipe de Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, dizendo:
2 - Assim fala o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a Casa do SENHOR deve ser edificada.
3 - Veio, pois, a palavra do SENHOR, pelo ministério do profeta Ageu, dizendo:
4 - É para vós tempo de habitardes nas vossas casas estucadas, e esta casa há de ficar deserta?
5 - Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos.
6 - Semeais muito e recolheis pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário recebe salário num saquitel furado.
7 - Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos.
8 - Subi o monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei e eu serei glorificado, diz o SENHOR.
9 - Olhastes para muito, mas eis que alcançastes pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu lhe assoprei. Por quê? — disse o SENHOR dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre à sua própria casa.
O Templo era o símbolo visível da aliança de Deus com o seu povo. Nesse contexto é que aparece Ageu, o primeiro profeta a exercer o ministério no período pós-exílio. Sua mensagem central não poderia ser outra: “Israel, reconstrua o Templo para o Senhor!”. Os judeus estavam indiferentes em relação à obra de Deus, porém através do ministério de Ageu e Zacarias, o Templo foi reconstruído, e conforme a palavra do Senhor, “a glória da segunda Casa será maior que a da primeira”. Como servos do Altíssimo precisamos estar atentos, pois como os israelitas, também podemos negligenciar a obra de Deus e o cuidado com a Casa do Senhor. Que sejamos servos compromissados com o Reino, trabalhando para o seu crescimento aqui na Terra. Coloque suas prioridades em ordem correta, segundo as Escrituras Sagradas.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Reproduza o esboço abaixo conforme as suas possibilidades. Utilize-o para introduzir a lição. Explique que o livro do profeta Ageu pode ser divido em duas partes principais: a primeira, “a reconstrução do Templo”; a segunda, “o esplendor futuro do Templo”. Dê ênfase à palavra-chave, pois a profecia de Ageu gira em torno deste tema. Conclua dizendo que devemos encarar a nossa responsabilidade na obra de Deus não como um fardo pesado, mas como um grande privilégio.
ESBOÇO DO LIVRO DE AGEU
Parte I — Reconstrução do Templo (1.1-15)
(1.1) ................................. Introdução.
(1.2-11) ........................... Primeiro oráculo: exortação para a reconstrução do Templo.
(1.12-15) ......................... Segundo oráculo: resposta e compromisso.
Parte II — Esplendor Futuro do Templo (2.1-23)
(2.1-9).............................Terceiro oráculo: compromisso e promessas.
(2.10-23).........................Quarto oráculo: decisões e bênçãos futuras.
introdução
Palavra Chave
Templo: Espaço ou edifício destinado a culto religioso.
De Joel até Ageu passaram-se mais de 300 anos. A hegemonia política e militar, nessa fase da história mundial, estava com os persas, pois os assírios e babilônios não existiam mais como impérios. Quanto ao pecado de Judá, este não era a idolatria, pois o cativeiro erradicara de vez essa prática. O problema agora, igualmente grave, era a indiferença, a mornidão e o comodismo espiritual dos judeus em relação à obra de Deus.
I. O LIVRO DE AGEU
1. Contexto histórico. No livro de Esdras, encontra-se o relato das primeiras décadas do período pós-exílio. Por isso, é fundamental ler os seis primeiros capítulos do referido livro, para compreendermos o profeta Ageu. O rei Ciro, da Pérsia, baixou o decreto que pôs fim ao cativeiro de Judá em 539 a.C. Pouco tempo depois, a primeira leva dos hebreus partiu da Babilônia de volta para Judá.
a) Cambises. Ciro reinou até 530 a.C, ano em que faleceu. Cambises, identificado na Bíblia como Artaxerxes (Ed 4.7-23), reinou em seu lugar até 522 a.C. Este, por dar ouvidos a uma denúncia dos vizinhos invejosos e hostis a Judá, decidiu embargar a construção da Casa de Deus em Jerusalém (Ed 4.23).
b) Dario Histaspes. Após a morte de Cambises, Dario Histaspes assumiu o trono da Pérsia (reinando até 486 a.C), e autorizou a continuação da obra do Templo. Ele é citado nas Escrituras Sagradas simplesmente como “Dario” (Ed 6.1,12,13).
2. Vida pessoal. Não há, além do profeta, outro Ageu no Antigo Testamento. O seu nome aparece nove vezes na profecia e duas no livro de Esdras (Ed 5.1; 6.14). Ageu foi o primeiro profeta a atuar no pós-exílio. Seu chamado ocorreu cerca de dois meses antes de Zacarias receber o primeiro oráculo: “no ano segundo do rei Dario” em 520 a.C (1.1; Zc 1.1). O fato de Ageu apresentar-se como “profeta” (vv.1,3,12; 2.1,10) demonstra que os contemporâneos reconheciam-lhe o ofício sagrado. Além dele, apenas Habacuque e Zacarias mencionam o ofício profético em suas apresentações (Hc 1.1; Zc 1.1).
3. Zorobabel. A profecia de Ageu foi dirigida “a Zorobabel, filho de Sealtiel, príncipe de Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote” (v.1). Sob a sua liderança e a do sacerdote Josué, ou Jesua, filho de Jozadaque, os remanescentes judeus retornaram da Babilônia para Jerusalém (Ed 2.2; Ne 7.6,7; 12.1). A promessa divina dirigida a Zorobabel é messiânica (2.21-23), sendo que a própria linhagem messiânica passa por ele (Mt 1.12; Lc 3.27). Dessa forma, Jesus é o “Filho de Davi”, mas também de Zorobabel.
4. Estrutura e mensagem. O livro consiste de quatro curtos oráculos. O primeiro foi entregue “no sexto mês, no primeiro dia do mês” (v.1) [mês hebraico de elul, 29 de agosto]; o segundo, “no sétimo mês, ao vigésimo primeiro do mês” (2.1) [mês de tisrei, 17 de outubro]; o terceiro e o quarto oráculos vieram no mesmo dia, o “vigésimo quarto dia do mês nono” (2.10,20) [mês de quisleu, 18 de dezembro]. A revelação foi dada diretamente por Deus (vv.1,3). Apenas Ageu apresenta com tamanha precisão as datas do recebimento dos oráculos. O tema do livro é reconstrução do Templo. Dos a 38 versículos divididos em dois capítulos, dez falam da Casa de Deus, em Jerusalém (vv.2,4,8,9,14; 2.3,7,9,15,18). Em o Novo Testamento, Ageu é citado uma única vez (2.6; Hb 12.26,27).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
O tema do livro de Ageu é a reconstrução do Templo. Dos trinta e oito versículos, dez falam da Casa de Deus em Jerusalém.
II. RESPONSABILIDADE E OBRIGAÇÕES
1. A desculpa do povo. Ageu inicia a mensagem com a fórmula profética que aponta para a autoridade divina (v.2). O povo, em débito que estava com o Eterno (v.2b), em vez de reivindicar o decreto de Ciro para continuar a construção do Templo, usou a desculpa de que não era tempo de construir. Por isso, o Senhor evita chamar Judá de “meu povo”, referindo-se a eles como “este povo”. Em outras palavras, Deus não gostou da desculpa da nação (Jr 14.10,11).
2. Inversão de prioridades (vv.3,4). O oráculo volta a dizer que a Palavra de Deus veio a Ageu (v.3). Ênfase que demonstra ser o discurso do profeta uma mensagem advinda diretamente do Senhor que, inclusive, trouxera Judá de volta a Jerusalém para construir a sua Casa. Mas o povo preocupou-se mais em morar nas casas forradas, enquanto que o Templo, cujo embargo havia ocorrido há 15 anos, continuava em total abandono (v.4). Era uma opção insensata. Os judeus negligenciaram uma responsabilidade que, através do rei Ciro, o Altíssimo lhes atribuíra (Ed 1.8-11; 5.14-16). O desprezo pela Casa do Altíssimo representa o gesto de ingratidão do povo judeu (veja o reverso em Davi: 2 Sm 7.2).
3. Um convite à reflexão. No versículo cinco, vemos um apelo à consciência e ao bom senso, pois é o próprio Deus quem fala. Tal exemplo mostra que devemos parar e refletir, avaliando a situação à nossa volta, percebendo, inclusive, o agir do Senhor.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A responsabilidade e as obrigações devem ser precedidas por uma reflexão cujo bom senso e a consciência permite-nos conhecer o agir do Senhor em nossa volta.
III. A EXORTAÇÃO DIVINA
1. Crise econômica. O profeta fala sobre o trabalhar, o comer, o beber e o vestir como necessidades básicas, pois garantem a dignidade do ser humano. Mas temos aqui um quadro deplorável da economia do país. A abundante semeadura produzia muito pouco. A quantidade de víveres não era suficiente para saciar a fome de todos. A bebida era escassa, a roupa de baixa qualidade e o salário não tinha a bênção de Deus (v.6). Tudo isso “por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre à sua própria casa” (v.9). Era o castigo pela desobediência (Dt 28.38-40). Era o resultado da ingratidão do povo. Por isso, o profeta convida a todos a refletir (v.7).
2. A solução. Nem tudo estava perdido! Deus enviou Ageu para apresentar uma saída ao povo. O Profeta deveria levar adiante o compromisso assumido com Deus: subir ao monte, cortar madeira e construir a Casa de Deus. Fazendo isso, o Senhor se agradaria de Israel e o nome do Eterno seria glorificado (v.8). Não era comum o povo e as autoridades acatarem a mensagem dos profetas naqueles tempos. Oseias e Jeremias são exemplos clássicos disso, mas aqui foi diferente. O Espírito Santo atuou de maneira tão maravilhosa, que ocorreu um verdadeiro avivamento e a construção do Templo prosseguiu sob a liderança de Zorobabel e do sumo sacerdote Josué (v.14).
3. O Segundo Templo. Enquanto isso, na Pérsia, o novo rei Dario Histaspes pôs fim ao embargo. Ele colheu ofertas para a construção e deu ordens para não faltar nada durante o andamento da obra. Ele ainda pediu oração ao povo de Deus em seu favor (Ed 6.7-10). Finalmente, o Templo foi inaugurado em 516 a.C, “no sexto ano de Dario” (Ed 6.15). Esse é o segundo e o último Templo de Jerusalém na história dos judeus. E assim, a presença de Deus no Templo fez da glória da segunda Casa maior que a da primeira (2.9).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A presença de Deus no Templo fez a glória da segunda Casa maior que a da primeira.
CONCLUSÃO
A lição de Ageu tem muito a ensinar-nos. Não devemos encarar a nossa responsabilidade e compromisso como fardos pesados, mas recebê-los como algo sublime. É honra e privilégio fazer parte do projeto e do plano divinos, mesmo em situação adversa (At 5.41). Assim, somos encorajados por Jesus a atuar na seara do Mestre a fim de que a nossa luz brilhe diante dos homens e Deus seja glorificado (Mt 5.16).
Hegemonia: Supremacia, superioridade.
Embargo: Impedimento, obstáculo.
Sobrepujar: Exceder, ultrapassar.
Inóspito: Lugar em que não se pode viver.
HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento:
Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD,
2010.
MERRIL, E. H. História de Israel no Antigo Testamento:
O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6 ed.,
RJ: CPAD, 2007.
1. Quem embargou a construção do Templo de Jerusalém, e quem depois vetou esse embargo?
R. Cambises, identificado na Bíblia como Artaxerxes (Ed 4.7-23).
2. Quem liderou os remanescentes de Judá no retorno de Babilônia para Jerusalém?
R. Zorobabel e Josué, filho de Jozadaque.
3. Qual o tema do livro de Ageu?
R. A reconstrução do Templo.
4. O que representa o gesto de desprezo peia Casa de Deus?
R. Representa o gesto de ingratidão do povo judeu.
5. O que fez a glória da segunda Casa ser maior do que a da primeira?
R. A presença de Deus.
Subsídio Teológico
“Ageu [...]
Ageu censurou os judeus por sua indiferença, e os repreendeu por construírem as suas próprias casas enquanto a casa de Deus era negligenciada. Ele assegurou aos habitantes de Jerusalém que as adversidades que vinham sofrendo eram castigos por sua apatia. Zorobabel foi estimulado a dar a supervisão apropriada à obra que tinham em mãos, e quando parecia que as revoltas na Babilônia podiam ainda ser bem sucedidas, ele parece ter sido considerado como o homem divinamente ungido, que deveria conduzir Judá à independência.
[...] O livro de Esdras passa em silêncio pelo período de cinquenta e sete anos que se seguiram à conclusão do segundo Templo. No império persa, a morte de Dario I, em 486 a.C, foi seguida pela ascensão de seu filho Xerxes (486 - 465 a.C).
[...] Durante este período, a comunidade judaica lutou, com coragem, para sobrepujar a pobreza com que a terra fora assaltada, e esforçou-se duramente para arrancar alguma prosperidade do solo inóspito. Em outro tempo, porém, a orgulhosa capital ainda carregava os sinais de sua humilhação, e embora o Templo estivesse concluído, a cidade ainda permanecia sem muros” (HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, pp.285-86).
Ageu: O compromisso do povo da aliança
O nome Ageu significa “festivo”. É possível entender que o profeta tenha nascido em um dia de festa. Pouco se sabe sobre esse profeta, mas acredita-se que por ter esse ministério, era uma pessoa distinta em seus dias. A tradição judaica crê que ele nasceu no cativeiro babilônico, mas que fora orientado na fé a Jeová pelo profeta Ezequiel. Tendo nascido na Babilônia, deve ter retornado a Jerusalém depois do primeiro grupo de exilados, já que seu nome não consta na primeira lista apresentada em Esdras 2.
Passados setenta anos de cativeiro babilônico, os judeus começaram a retomar com o apoio de um decreto que permitia e incentivava seu retorno, sob o governo de Ciro. O templo do Senhor precisava ser reconstruído, e quatorze anos depois, sem que o povo tomasse a iniciativa de reconstruir o local de adoração, Deus advertiu o povo por meio de uma seca e de uma colheita ruim, mostrando que o problema econômico pelo qual os israelitas passavam era fruto do descuido para com as coisas de Deus: “Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado” (Ag 1.6). Era Ele quem dava a chuva e impedia que ela caísse, e Ele também abençoava as plantações, mas também impedia que elas frutificassem.
A profecia de Ageu tem por objetivo motivar os líderes e liderados a não pararem de cuidas das coisas de Deus. Isso seria visto por Deus quando o povo tornasse a contribuir com seus próprios recursos (enviados por Deus, é claro!) para que a Casa do Senhor fosse reparada e tornasse a ser um local de encontro para a adoração do Deus vivo e verdadeiro. Não importa as desculpas que venhamos a dar para atrasar a obra de Deus. Ele espera que seus trabalhos não sejam esquecidos.
Felizmente, o povo ao qual Ageu profetizou aprendeu rápido com aquela profecia. Três semanas depois, eles estavam de volta aos labores para que o templo do Senhor fosse terminado. Ocorre que um mês depois do reinicio dos trabalhos, logo foi perceptível que o novo templo não seria tão grandioso quanto o templo de Salomão. Era um templo menor, e sem dúvida, desprovido dos adornos preciosos dos quais o antigo templo era dotado. Mas isso não deveria servir de elemento para desanimar os israelitas, pois Deus os estava abençoando pela sua obediência. “A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos; e, neste lugar, darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.9).