Título: Fé e Obras — Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica
Comentarista: Eliezer de Lira e Silva
Lição 7: A Fé se manifesta em obras
Data: 17 de Agosto de 2014
“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).
Uma vez salvos em Cristo, o amor, materializado por meio das boas obras, torna-se a nossa identidade cristã.
17, 75, 79.
Segunda - 1Ts 1.3
A fé e as obras são inseparáveis
Terça - 2Ts 1.11
A oração precede a ação
Quarta - Hb 11.17
As obras da fé abrangem a ação
Quinta - Ap 2.19
O Senhor conhece as nossas obras
Sexta - 2Tm 4.6-8
A esperança fortalecida pelas obras
Sábado - At 7.60
Uma fé a toda prova
Tiago 2.14-26.
14 - Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?
15 - E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano,
16 - e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentar-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá dai?
17 - Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.
18 - Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
19 - Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem.
20 - Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta?
21 - Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho lsaque?
22 - Bem vês que a fé cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada,
23 - e cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
24 - Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.
25 - Ede igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários e os despediu por outro caminho?
26 - Porque, assim como o corpo sem o espirito está morto, assim também a fé sem obras é morta.
Imagine um presidente que não governa? Um juiz que não julga? Um advogado que não advoga? Um médico que não clinica? Um policial que não protege? Um professor que não ensina? Um cientista que não pesquisa? Um arquiteto que não desenha? Um filósofo que não filosofa? Imaginou? Assim é o crente que não produz boas obras. Que não ama! E como estudamos na epístola de Tiago, as boas obras são obras de misericórdia, isto é, ações encharcadas no amor. A carta de Paulo aos Romanos nos diz que “quem ama aos outros cumpriu a lei”, pois “o amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (13.8,10).
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Prezado professor, para concluir a aula desta semana sugerimos que você reproduza o esquema abaixo de acordo com as suas possibilidades. Peça aos alunos que dê exemplos de atitudes que retratam a “Fé sem as obras” e a “Fé com as obras”, de acordo com a coluna sugerida. Em seguida releia com a classe Tiago 2.14-17; leia também Romanos 13.8-10 e Marcos 12.30,31. Então, afirme que o ensino de Tiago está em harmonia com o de Paulo em Romanos e no Evangelho de Marcos. Nas Escrituras, subentende-se que amar é agir pelo bem do próximo. Conclua a lição dizendo que a fé sem as obras demonstram que o crente não conhece o Evangelho. Tal fé é morta!
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Manifestação: Ato de dar a conhecer; revelação, expressão.
A lição de hoje trata da fé manifestada através das obras (Tg 2.14-26). Além de tal assunto ser imprescindível à vida cristã —, pois, sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6) —, é preciso reafirmar que o crente é salvo pela graça, por meio da fé (Ef 2.8,9). Devendo o cristão andar por ela (2Co 5.7), tendo em vista de que tudo aquilo que não é de fé, culmina em pecado (Rm 14.23). Entretanto, a fé não é uma fuga da realidade. Por isso, Jesus ensinou que a fé deve ser praticada (Mt 5.22-48). Nesta lição, igualmente, Tiago mostra que uma fé viva é autenticada pela produção de boas obras, pois não há antagonismo algum entre ambas — fé e obras. Conforme aprenderemos, na vida cristã, fé e obras não são distintas, mas complementares.
I. DIANTE DO NECESSITADO, A NOSSA FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tg 2.14-17)
1. Fé e obras. Ao ler desavisadamente a Epístola de Tiago o leitor pode afirmar que ela contradiz os ensinamentos do apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação pela fé (Rm 4.1-6). Todavia, ao estudarmos cuidadosamente o tema em questão, veremos que os ensinos paulinos e os de Tiago em hipótese alguma se contradizem. Quando Paulo escreve sobre as obras, ele se refere à Lei — o orgulho nos rituais judaicos e na obediência a um sistema de regras religiosas — equanto que Tiago, às obras de misericórdia ao próximo necessitado. O meio-irmão do Senhor não se opôs ao apóstolo dos gentios. Enquanto Paulo anunciava ao pecador a salvação pela graça mediante a fé (Ef. 2.8), Tiago doutrinava os crentes sobre a impossibilidade de vivermos a fé de Cristo sem manifestar os frutos de arrependimento (Mt 3.8). O primeiro preocupou-se com a causa da salvação e o segundo, com o efeito dela.
2. O cristão e a caridade. “A fé não acompanhada de ação é morta”, declara Tiago. “Fazer”, “realizar” e “agir” são atitudes que integram a religião pura e imaculada: ajudar os necessitados nas suas necessidades. A fé, quando não produz tais frutos, é morta. A fim de ilustrar tal verdade, Tiago inquire retoricamente os servos de Deus dizendo que se oferecermos, a um irmão ou a uma irmã, que estejam padecendo necessidade, apenas uma palavra de “incentivo” e não lhes dermos as coisas de que eles necessitam, isso não resolverá o problema. Diante de alguém necessitado, o que precisa ser feito? Orar e despedi-lo sem nada? Se assim procedermos, nossa oração não servirá para nada. Aliás, como ensina João, a pessoa que não se compadece dos necessitados não tem o amor de Deus em sua vida (1Jo 3.17,18). Tal aspecto já havia sido ensinado por Jesus ao dizer que, no socorro àqueles que precisam de ajuda, acolhemos o próprio Senhor (Mt 25.40).
3. A “morte” da fé. A concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago é a confiança em Deus: “Tu crês que há um só Deus?” (v.19). Logo, as obras de que Tiago fala, consistem na expressão da vontade de Deus, ou seja, amar o próximo, visitar os enfermos, defender os direitos dos pobres, praticar a justiça, etc. Esta é a fé viva em Deus! A epístola nos ensina que se amamos o outro, não amamos segundo as nossas concupiscências, mas segundo o amor de Deus por nós. Este amor nos estimula a amar o ser humano independentemente de quem ele seja. Ame o próximo e mostrará uma fé viva. Não ame, e se confirmará: a tua é fé está morta.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Tiago nos mostra que diante de uma necessidade do próximo, o crente não pode espiritualizar a sua necessidade material, antes deve supri-la. Do contrário, não há fé.
II. EXEMPLOS VETEROTESTAMENTÁRIOS DE FÉ COM OBRAS (Tg 2.18-25)
1. Não basta “crer”. Tiago afirma que a crença teórica em Deus não significa muita coisa. Os demônios, igualmente, creem e estremecem diante do Altíssimo (Lc 8.26-33; Mc 5.1-10). Em outras palavras, eles “creem”, ou sabem, que Jesus é o Filho de Deus. Entretanto, a confissão dos demônios não implica um compromisso de obediência a Deus. A verdadeira fé, porém, manifesta-se na prática coerente do servo de Deus com tudo aquilo em que ele diz crer. O autor da epístola demonstra que a fé não consiste em um discurso, mas em convicção autêntica, seguida da prática de obras de amor, pois é justamente isso que Jesus fez e ainda faz (At 10.38; Hb 13.8). Exemplificando esse ensino da fé compromissada com a ação, Tiago utiliza dois ricos exemplos do Antigo Testamento.
2. Abraão. O patriarca Abraão, conhecido como “pai da fé”, obedeceu a Deus quando o Senhor lhe pediu seu amado filho, Isaque. O patriarca de Israel já havia demonstrado confiança em Deus quando decidiu, por um ato de fé e obediência, partir para uma terra desconhecida (Hb 11.8,9). Agora, Abraão estava diante de uma prova de fé ainda mais dura: imolar o seu filho amado e oferecê-lo em sacrifício a Deus. Uma fé levada até as últimas consequências! A obra de Abraão demonstrou a sua confiança em Deus independente das circunstâncias. E nós, como estamos diante de Deus? Cremos quando vai tudo bem, e está tudo certo ou cremos apesar das circunstâncias?
3. Raabe. Outro exemplo apresentado por Tiago é o de Raabe, uma mulher gentia e prostituta que vivia em Jericó durante a conquista da terra de Canaã pelos judeus. Quando Josué enviou os espias para olharem a terra, Raabe os escondeu e, mais tarde, os ajudou a escapar dos guardas de Jericó. A atitude de Raabe levou os espias a prometerem que nenhum mal aconteceria a ela quando os israelitas tomassem a cidade (Js 2.1-24). Raabe teve fé no Deus de Israel! Na certeza de que Deus daria aquela cidade ao seu povo, ela agiu para proteger os espias enviados por Josué. Por isso, Raabe, a prostituta de Jericó, foi justificada e constituída na linhagem do nosso Salvador, Jesus Cristo (Mt 1.5). É uma grande mulher que consta como a heroína da fé (Hb 11.31).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
As ações de Abraão e Raabe são dois grandes exemplos do Antigo Testamento quanto à fé compromissada com as obras.
III. A METÁFORA DO CORPO SEM O ESPÍRITO PARA EXEMPLIFICAR A FÉ SEM OBRAS (Tg 2.26)
1. Uma analogia do corpo sem espírito. Para os que conhecem a Palavra de Deus, é inconcebível a ideia de um corpo vivo sem o espírito e a alma (At 20.9,10; 1Ts 5.23). O teólogo britânico, John Stott, escreveu: “O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como ‘um corpo-alma em sociedade’” (Cristianismo Equilibrado, CPAD). Sem o espírito, o fôlego de vida, o ser humano não é nada. Só podemos ser considerados humanos quando as esferas espiritual, física e social estão inseparáveis. Qual a relação desse assunto com a fé?
2. Da mesma maneira: fé sem obras é morta. “Assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta” (v.26). Tiago nos ensina que não faz sentido expressarmos uma fé verbalmente se ela não tem ação concreta. Como as pessoas constatarão que eu creio de todo coração em Deus? À medida que os meus atos em relação a elas revelarem o amor do Criador. Se não houver obras de misericórdia, amor, honestidade e carinho ao próximo, a nossa fé estará morta, sepultada. Podemos citar de cor e salteado o Credo Apostólico, o credo da nossa demominação e milhares de versículos da Bíblia. Mas se não houver ação, tudo não passará de argumentos sem vida. Deus nos livre dessa ignomínia!
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Assim como o corpo sem o espírito não tem vida, a fé sem as obras é morta.
CONCLUSÃO
Sabemos que o ser humano está vivo porque ele tem atividade cerebral intacta, os pulmões funcionam rotineiramente, o coração bombeia o sangue, irrigando todo o corpo. Isto é, o corpo humano está se movimentando naturalmente. Da mesma forma é a fé. Uma fé viva em Deus através do seu Filho, Jesus Cristo, justifica o homem de todo o pecado (Rm 5.1; Tg 2.18-25). Mas uma fé sem obras está morta! É como um corpo humano que não tem vida. Não respira mais. Que possamos viver todas as implicações reais de nossa crença em Deus.
Antagonismo: Princípio ou tendência contrária; oposição.
Distinta: Que não é igual; diferente.
Imolar: Matar em sacrifício a Deus.
Ignomínia: Grande desonra infligida por um julgamento público;
degradação social; opróbrio.
STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.)
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2ª Edição. RJ:
CPAD, 2004.
STOTT, John. Cristianismo Equilibrado. RJ: CPAD, 2009.
1. O que ocorre com a fé se não for acompanhada de ação?
R. Ela se achará morta.
2. Como é a concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago?
R. A concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago é a confiança em Deus: “Tu crês que há um só Deus?” (v.19).
3. Segundo a lição, como se manifesta a verdadeira fé?
R. A verdadeira fé, porém, manifesta-se na prática coerente do servo de Deus com tudo aquilo em que ele diz crer.
4. Quais os dois ricos exemplos de fé do Antigo Testamento utilizados por Tiago?
R. A disposição de Abraão em entregar o seu filho a Deus e de Raabe em esconder e proteger os espias.
5. Segundo a lição, como as pessoas poderão constatar que cremos em Deus de todo coração?
R. À medida que os meus atos em relação a elas revelarem o amor do Criador.
Subsídio Teológico
“Somos ensinados a considerar a fé constituída de mera especulação e conhecimento como sendo de demônios: ‘Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem’ (v.19). O exemplo de fé que o apóstolo aqui escolhe mencionar é o primeiro princípio de toda religião: ‘Tu crês que há um só Deus, contra os ateus; e que há somente um Deus, contra os idólatras; fazes bem: até aqui está tudo bem. Mas se descansares aqui, e assumires uma boa opinião de ti mesmo, ou do teu estado diante de Deus, meramente por conta do teu crer nele, isso vai te tornar miserável no final: os demônios o creem e estremecem. Se tu te contentas com um mero consentimento com os artigos de fé, e algumas especulações sobre eles, até esse ponto os demônios vão. E como a fé e o conhecimento que eles têm só serve para excitar o horror, assim em pouco tempo o fará a tua fé’. A palavra estremecer é geralmente considerada como tendo um bom efeito sobre a fé; mas aqui deve ser entendida como um efeito negativo, quando é aplicada à fé dos demônios. Eles estremecem, não por reverência, mas por ódio e oposição àquele Deus em quem eles creem. Recitar aquele artigo da confissão de fé: Creio no Deus Pai e Todo-Poderoso não vai nos distinguir dos demônios no final, a não ser que nos entreguemos a Deus agora como o evangelho nos orienta, e o amemos, e tenhamos prazer nele, e o sirvamos, o que os demônios não fazem e não podem fazer” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.836).
Subsídio Bibliológico
“Neste sermão [do Monte] — que Lord Acton definiu como a verdadeira revelação de uma sociedade moralmente nova — o Senhor Jesus contrasta ideias espirituais que sustentam a conduta moral adequada, com as exigências meramente exteriores da lei. Ele ensina que a ira que traz como fruto o assassinato é errada; que a reconciliação com um irmão é mais essencial do que o desempenho de atos exteriores de adoração; que o cultivo de pensamentos lascivos tornam as pessoas tão culpadas quanto à prática do próprio adultério; que seus seguidores devem ser extremamente comprometidos com a verdade, a ponto de os juramentos tornarem-se desnecessários; que a vingança é maligna; que os inimigos, assim como os amigos e benfeitores, devem receber nosso amor; que destacar os defeitos da vida dos outros, e tentar remodelar a vida destes de forma intrometida, e tudo isto através de uma atitude de censura, são repreensíveis; que o exercício da piedade como a doação de esmolas, as orações, e o jejum devem ser destituídos de ostentação; que o cristão só pode ter um Senhor.
Muitas passagens notáveis podem ser destacadas neste sermão. Existem as parábolas que falam da luz interior (Mt 6.22,23), e das duas casas (Mt 7.24-27). A oração do Senhor, citada por Mateus, em sua primeira seção trata dos deveres para com Deus, e, na sua segunda, trata dos deveres para com o próximo. O Senhor Jesus preparou este modelo a partir de um contexto judaico, dando um exemplo de como a alma, mesmo com poucas palavras, pode falar com Deus [...].
A ‘regra áurea’ (Mt 7.12) foi assim chamada no século XVIII por Richard Godfrey e Isaac Watts. Willian Dean Howells em seu romance Silas Lapham (1985) usou esta frase que agora nos é familiar. Este princípio de reciprocidade, que de acordo com Wesley é recomendado pela própria consciência humana, tornou-se a base do sistema ético de John Stuart Mill. Este princípio também é refletido na afirmação de Kant de que a pessoa deve agir como se sua regra de conduta estivesse destinada — pela força de sua vontade — a se tornar uma lei universal da natureza. A diferença entre a ordem categórica de Kant e a ‘regra áurea’ de Cristo é que a ordem de Kant não tem conteúdo, enquanto Cristo resume o conteúdo da segunda tábua da lei moral de Deus. O Senhor Jesus Cristo exemplificou a ‘regra áurea’na parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25ss.)” (PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.1803-04).
A Fé se manifesta em obras
Como chegar ao lar de uma pessoa que se encontra em necessidades materiais e apenas orarmos por ela dizendo “Deus está no controle de tudo”? Tal atitude é a que Tiago chama de fé sem obras. A fé vivida apenas no campo da mera especularização espiritual é uma fé sem vida, encanto e compromisso com o outro. A verdadeira fé consiste em amar a Deus acima de todas as coisas, com toda a nossa força, de todo o nosso entendimento, de toda a nossa alma e de todo o nosso coração (Mc 12.30,31). Uma fé simples, entretanto, de uma implicação inimaginável.
A fé do Evangelho está diametralmente entrelaçada ao amor. Não a toa ela aparece como uma das três virtudes teologais, juntamente com o amor (1Co 13.13). Deste, o apóstolo Paulo diz: “porque quem ama aos outros cumpriu a lei [...] e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.8-10). Contra o amor não há lei. A vontade de Deus é que o ser humano viva a vida sem que a determine, pois quem ama não pode fazer outra coisa senão o bem (Jr 31.33).
Quando Tiago fala de boas obras sabemos que ele se refere às ações concretas de misericórdias. Então, remetemo-nos logo ao tema da salvação pelas boas obras. Talvez pelo medo de relacionar boas obras à salvação, muitos em nossas igrejas vêm ignorando o mandamento de Jesus para fazermos alguma coisa em favor dos pobres. Além disso, precisamos ponderar com os nossos alunos que não são as obras que salvam, mas, por outro lado, são elas que revelam se de fato somos salvos ou não (Ef. 2.8-10). E um dia, todos seremos julgados, pelas obras que realizamos em relação a outro ser humano cujo Senhor, Jesus, pode ser encontrado em cada estado de necessidade (Mt 25.31-46).
Use o espaço desta lição, professor, para ensinar que não se pode fazer dicotomia entre a fé e a ação. Do contrário, a fé se mostrará morta como um corpo que sem o fôlego de vida. Dê uma olhada em volta da sua igreja local. Talvez ela se situe em meio a uma comunidade carente. Uma pergunta pode ser feita à sua classe: o que podemos fazer de ação social pela nossa comunidade?
Elaboração: Escriba Digital
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Manifestação: Ação de tornar público; evidência, exibição, exposição, revelação, prova.
Você acreditaria em alguém que diz ser cozinheiro, mas não sabe fazer nenhuma comida? Você creria em alguém que diz ser mecânico, no entanto não sabe mexer em carros? Você confiaria em um matemático que não sabe fazer uma conta de multiplicar? O apóstolo também quer saber como pode alguém dizer que tem fé, porém isso não pode ser demonstrada através de suas obras?
Os religiosos de um modo geral tomam o efeito pela causa ou a causa pelo efeito no tocante à prática das boas obras. O que quero dizer é alguns acreditam que ao praticarem boas obras podem assim alcançar graça e perdão diante do Eterno. Enquanto que outros acreditam que depois de salvos não há necessidade de praticarem boas obras, pois a sua fé em Deus é suficiente para salvá-los. Afinal de contas quem está certo? Estes ou aqueles? Esta lição nos trará valiosos esclarecimentos sobre o assunto.
I. DIANTE DO NECESSITADO, A NOSSA FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tg 2.14-17)
1. Fé e obras. Tiago inicia o assunto de forma questionativa: “... que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras?”. Ele usa em sua epístola o termo “fé” em três sentidos em sua carta:
(1) fé pessoal no Senhor Jesus Cristo, que é provada pelas tribulações (Ver 1.3);
(2) confiança na revelação de Deus e de Jesus Cristo, suas promessas, poder e disposição para atender o crente (Ver 1.6);
(3) aderência às doutrinas do Cristianismo, uma profissão de fé em Deus e em Jesus Cristo (Ver 2.1). Parece que esse último sentido é o usado aqui.
Se a sua profissão de fé não é acompanhada de obras, revela-se como meras palavras (veja o contraste entre o ouvinte negligente e o operoso praticante em 1.15; veja ainda Jr 7.8). Lembramo-nos das palavras de Paulo em 1 Coríntios 13.1-3, texto no qual o apóstolo declara, em termos fortes, que manifestações espirituais, sacrifícios, conhecimento e revelações são inúteis se não forem acompanhados de amor. Aqui temos mais um ponto que Tiago aprendeu com o Senhor Jesus (Mt 5.20; 7.21-26, etc.).
“Obras” ocorre em Tiago quase exclusivamente em 2.14-26 (a exceção é 3.13). O termo deve ser entendido além dos atos de obediência à vontade de Deus , mas também, como atos de misericórdia para com os necessitados (2.15,16).
Desde o princípio da Igreja, no capítulo 6 de Atos, está registrado que havia necessidade de cuidar das viúvas da igreja de Jerusalém. Compreendemos, assim, que esse princípio de partilha de bens era bastante comum nos primórdios da igreja (At. 2.44,45, 4.34,35). Essa, entretanto, não era uma prática apenas dos crentes de Jerusalém. Os cristãos de Antioquia compartilharam suas bênçãos materiais com os de Jerusalém (At; 11.27-30). Por causa da perseguição romana, os crentes judeus ficaram em situação de pobreza extrema. Isso mostra que nem sempre a prosperidade é resultante de pecado ou desobediência à Palavra de Deus. A contribuição aos necessitados era, sobretudo, um ato de amor e prova de genuína espiritualidade.
Uma profissão de fé cristã que não for acompanhada das obras correspondentes que atestam sua genuinidade não é de proveito algum: Porventura a fé pode salvá-lo? A pergunta de Tiago foi elaborada gramaticalmente para obter uma resposta negativa. O “proveito” da fé é a salvação. Uma fé sem obras não tem proveito algum porque é falsa. Portanto, não pode salvar. A lógica de Tiago é esta: a salvação é mediante a fé; a fé produz obras; onde não há obras, a fé não existe; logo, profissão de fé sem obras que a acompanham não tem qualquer proveito. A fé é a seiva que corre invisivelmente dentro da árvore e a mantém viva; o fruto é a manifestação externa, a prova incontestável de que a árvore está viva. Fé e obras são dois lados da mesma moeda. Onde está uma, está a outra. E, onde falta uma, certamente também falta a outra.
O Concílio de Jerusalém, presidido por Tiago, e realizado em torno de 49 d.C., reuniu-se para tratar da inclusão dos gentios na Igreja (At 15). Na ocasião, Tiago, junto com os apóstolos e presbíteros, foi confrontado com a questão da salvação pela fé sem as obras da lei. A decisão do concílio, após reconhecer que o coração é purificado pela fé (At 15.9), foi de não exigir obras da lei para a salvação. Conforme vimos na Introdução, Tiago pode ter escrito esta carta em meados da década de 40. De qualquer forma, fica claro que Tiago nunca defendeu salvação por obras, mas sim salvação pela fé em Jesus Cristo, a qual se manifesta mediante obras de amor e obediência.
2. O cristão e a caridade. O que Tiago não pode tolerar é a profissão de fé sem a prática, as palavras sem obras. E para esclarecer seu pensamento escolhe uma vívida ilustração. Suponhamos que alguém não tem nem roupas para cobrir-se nem comida para alimentar-se; suponhamos também que um assim chamado amigo expressa-lhe sua mais sincera simpatia pela triste condição em que se acha; e suponhamos, além disso, que tal simpatia não vai além das palavras e que não faz esforço algum para aliviar a situação do desafortunado. Do que serve isso? Que valor tem a simpatia se não for acompanhada de algum intento de traduzi-la em efeitos práticos? Por isso — assinala Tiago — a fé sem obras é morta.
Se formos analisar, veremos que Tiago ao enfocar este assunto está perfeitamente correto. Nada há tão perigoso como experimentar repetidamente uma bela emoção sem fazer intento algum de transformá-lo em ação. É um fato comprovado que cada vez que alguém experimenta um elevado sentimento sem transformá-lo em ação, é menos provável que algum dia o faça. Num sentido é justo dizer que ninguém tem direito de sentir piedade e simpatia a não ser que ao menos busque transformar essa piedade e essa simpatia em ação. Uma emoção não é algo em que gloriar-se; é algo que, à custa de esforços, lutas, disciplina e sacrifício, a pessoa precisa converter em substância da vida.
3. A “morte” da fé. É preciso estar claro que a fé a que Tiago se refere é a profissão de fé ao Cristianismo, o ato de declarar-se cristão, crente em Jesus Cristo. Qualquer pessoa pode declarar-se cristã, e na verdade muitas o fazem. Contudo, dada à natureza do Cristianismo — especialmente seu poder regenerador e renovador mediante o Espírito Santo —, adeptos verdadeiros não somente professarão a coisa certa, mas agirão da forma certa. Fé e obras andam juntas. Não podemos, em reação ao erro do Espiritismo e do Catolicismo romano, negligenciar ou menosprezar as obras como parte integrante da fé salvadora.
As principais características da morte da fé são apontadas por Tiago:
(1) É uma fé que não desemboca em vida santa. A fé morta está divorciada da prática da piedade. Há um hiato, um abismo entre o que a pessoa professa e o que a pessoa vive. Ela crê na verdade, mas não é transformada por essa verdade.
(2) É uma fé meramente intelectual. A pessoa consente com certas verdades, mas não é transformada por elas.
(3) É uma fé que não produz frutos dignos de arrependimento. Essa fé é ineficiente, inoperante e não produz nenhum resultado. Ela tem sentimento, mas não ação.
(4) É uma fé sem nenhum valor. Ela é inútil. A fé sem obras é inoperante (2.20). Se, de forma geral a fé é inútil, ela também o é no caso da salvação.
(5) É uma fé incompleta. Tiago diz que a fé sem as obras está incompleta (2.22), visto que são as obras que consumam a fé. As obras são a evidência da fé. Somos salvos pela fé para as obras (Ef 2.8-10). Se não tem obras, não tem fé!
(6) É uma fé morta. Tiago é claro em afirmar que a fé sem as obras está morta (2.17; 2.26), e uma fé morta não salva ninguém. Essa fé intelectual, inútil, incompleta e morta não salva ninguém. Ortodoxia sem piedade produz morte.
II. EXEMPLOS VETEROTESTAMENTÁRIOS DE FÉ COM OBRAS (Tg 2.18-25)
1. Não basta “crer”. Como já vimos, a fé morta é uma fé que atinge apenas o intelecto. A fé dos demônios atinge o intelecto e também as emoções. Os demônios têm um estágio mais avançado de fé que muitos crentes. A fé dos demônios não é apenas intelectual, mas também emocional. Eles creem e tremem!
Crer e tremer não é uma experiência salvadora. Você não conhece uma pessoa salva pelo conhecimento que adquire nem pelas emoções que demonstra, mas pela vida que vive (Tg 2.18).
No que os demônios creem? Warren Wiersbe responde a essa pergunta, dizendo: em primeiro lugar, os demônios creem que Deus é um só. Os demônios creem na existência de Deus. Eles não são nem ateístas nem agnósticos. Eles creem na “shemma” judaica: “Ouve ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Mas essa crença dos demônios não pode salvá-los.
Em segundo lugar, os demônios creem na divindade de Cristo. Os demônios corriam para ajoelhar-se diante de Cristo para adorá-lo (Mc 3.11,12). Eles sabiam quem era Jesus. Eles se prostravam aos pés do Senhor Jesus.
Em terceiro lugar, os demônios creem na existência de um lugar de penalidades eternas. Eles sabem que o inferno foi criado para o diabo e seus anjos. Eles sabem que o inferno é destinado para todos aqueles cujos nomes não forem encontrados no Livro da Vida. Eles não negam a existência do inferno (Lc 8.31). Eles creem nas penalidades eternas.
Em quarto lugar, os demônios creem que Cristo é o supremo Juiz que os julgará. Os demônios sabem que terão de comparecer diante de Cristo, o supremo juiz. Eles creem no julgamento final. Eles creem que todo joelho se dobrará diante de Cristo. Entretanto, os demônios estão perdidos, eternamente perdidos. Uma fé meramente intelectual e emocional coloca-nos apenas no patamar dos demônios.
2. Abraão. Deus o chamou por liberdade e graça, e não porque Abraão tivesse sido uma “categoria especial” em termos morais ou religiosos. Abraão creu nessa escolha misericordiosa de Deus para um serviço especial, também por meio do povo que descenderia dele (a despeito de todas as evidências). Em virtude dessa fé Deus justificou Abraão (Gn 15.6; Rm 4.3; Gl 3.6).
Contudo, ao mesmo tempo a fé de Abraão também foi ação. Isso se evidencia particularmente no começo e no final de sua trajetória de fé: na partida (Gn 12.4) e ao se dirigir ao monte Moriá, onde deveria sacrificar o filho (Gn 22). Do contrário Deus não o teria usado para seus objetivos, e sua fé não teria sido aprovada. A fé de Abraão, portanto, foi também um renovado ato de fé. Não teria bastado se Abraão tivesse permanecido em sua tenda, imerso em reflexões devotas. Constantemente tinha de pôr-se a caminho. Também hoje a fé, para ser genuína, precisa pôr-se a caminho regularmente, rumo à terra desconhecida, a tarefas complexas e a sacrifícios.
Abraão não retornou do Monte Moriá da forma como foi para lá: experimentara um grande fortalecimento e incremento em sua fé. Não os teria obtido se tivesse permanecido em casa e se negado a obedecer. Atualmente é frequente a busca por fórmulas para estimular as pessoas na fé, e chega-se às mais exóticas respostas. Aqui nos é dito singelamente: viva a obediência da fé, dê passos de fé, sirva com fé, sofra pela fé, e ela se fortalecerá e será aperfeiçoada! Obediência e conhecimento estão interligados.
3. Raabe. Raabe, uma mulher de má fama, acolheu em sua casa os espiões de Israel e os ajudou a fugir da Jericó vigiada. A Bíblia diz que ela “creu” (Hb 11.31). Declarou aos homens de Israel: “Eu sei que o Senhor vos deu a terra. O Senhor, vosso Deus, é Deus no alto dos céus e aqui sobre a terra” (Js 2.9,11). Mais tarde veio até mesmo a ser a matriarca da dinastia de Davi e, consequentemente, também de Jesus (Mt 1.5s). Não teria obtido nem sua preservação quando a cidade foi tomada, nem sua posição na história da salvação se não tivesse aceitado as consequências práticas dessa sua percepção de sua fé, comportando-se em conformidade com ela diante dos espiões de Israel.
Fé e obras são proeminentes na vida de Raabe, e são de natureza tal que Tiago pergunta: “Não foi também justificada pelas suas obras?”. Sim, é permitido a Raabe ter um lugar ao lado de Abraão, pois ela também demonstrou sua fé no Deus de Israel e agiu pela fé. Por essa razão, ela é considerada justificada. Assim como Abraão, Raabe colocou sua fé em prática no cotidiano e sob condições precárias. Deus a justificou por causa de sua fé, que é demonstrada por meio de suas obras.
III. A METÁFORA DO CORPO SEM O ESPÍRITO PARA EXEMPLIFICAR A FÉ SEM OBRAS (Tg 2.26)
1. Uma analogia do corpo sem espírito. Agora Tiago usa a ilustração do corpo (v.26) que sem espírito está morto, para mostrar a conclusão que deseja confirmar. Um corpo sem sua parte espiritual (alma e espírito) não passa de um cadáver, inerte, sem possibilidade de se movimentar, pensar agir ou mostrar qualquer sinal de vida. Boas obras não podem ser realizadas por pedras; nem um corpo morto pode produzir ações. Igualmente impossível seria que a fé transformadora deixasse de produzir manifestações dessa fé. A fé como a própria vida mostra que existe por suas ações.
O corpo precisa da parte espiritual para permanecer vivo, pois ela é a depositária da vida; ela figura em tudo que pertence ao sustento, ao risco, e à perda da vida. A vida é o entrosamento do corpo com a sua parte espiritual. Quando o espiritual e o corpo se separam, o corpo não existe mais; o que resta é apenas um grupo de partículas materiais num estado de rápida decomposição. Desta forma podemos entender o porquê de Tiago ter feito esta analogia.
2. Da mesma maneira: fé sem obras é morta. “Assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta” (v.26). O que Tiago faz questão de mostrar é que uma ortodoxia morta não tem valor. A “fé”, e não o que “fazemos”, estabelece o nosso relacionamento com Deus. No entanto, essa fé precisa de conteúdo, ou seja, uma fé genuína sempre produz uma vida justa na prática. Uma fé bíblica não existe separada da obediência a Deus. Isso é um corretivo para aqueles que acham que fé significa simplesmente concordar intelectualmente com algumas afirmações sobre Deus.
Muitos mencionam Tiago simplesmente pela sua aparente contradição com os ensinos de Paulo da justificação pela fé somente. O que precisamos entender é que Paulo e Tiago falam para audiências em situações diferentes e utilizam alguns termos de maneiras levemente distintos. Estes precisam ser entendidos, para que não entendamos de maneira errada o que estão querendo ensinar. Em Paulo, o termo justificação é usado tanto para o início da vida cristã, no qual Deus nos aceita com base na obra de Cristo, como também para a nossa absolvição da ira de Deus no julgamento. Por havermos sido justificados, (no passado) isso antevê a nossa absolvição no julgamento final. Tiago está falando para pessoas que já se consideravam cristãs e que estavam se desviando do caminho certo. Ele as lembra de que a fé delas precisa ser evidenciada por obras [o que Paulo também afirma (Gl 5.2-23; 6.7-10)]. É possível que Tiago estivesse escrevendo para pessoas que haviam interpretado Paulo erroneamente, dizendo que a graça de Deus nos salva e que não há implicações éticas. Isso é totalmente contrário ao que Paulo fala, pois ele insiste que as pessoas precisam viver de modo digno do evangelho (Fp 1.27). Nesse caso, Tiago não está indo contra Paulo, todavia contra uma interpretação errada de Paulo. Tiago está falando para pessoas que achavam que concordar intelectualmente com o evangelho era suficiente. Mas até os demônios fazem isso. Para Tiago, a pessoa depende da graça para se tornar um cristão, o que exige uma fé que envolve a pessoa toda (não apenas o intelecto). A prova dessa fé são as obras. Quem não tem obras, não tem perseverança e tem a mente dividida [joga nos dois times] — logo não tem fé. Tiago luta contra as pessoas que achavam que estavam justas diante de Deus por causa de sua ortodoxia, enquanto que Paulo está falando que os gentios não precisavam se tornar judeus para serem aceitos por Deus.
CONCLUSÃO
Se a Igreja, hoje, pode crer que “tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito... para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (Rm 15.4; 2Tm 3.17), ela não pode desprezar o ensino de Tiago quanto à fé e às obras. A Igreja não deve olvidar que Jesus é o melhor modelo da prática das boas obras. Jesus tinha a consciência de que o Espírito do Senhor o havia ungido para evangelizar os pobres, curar os de corações dilacerados, soltar as algemas aos cativos, restaurar a visão aos cegos, libertar os oprimidos e anunciar aos homens que a oportunidade da salvação já havia chegado (Lc 4.18,19). Anos depois Lucas registra que “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38). Neste, assim como nos demais aspectos, o ideal divino é que tal qual foi Jesus, sejamos nós também neste mundo (1Jo 4.17).
A Igreja não deve esperar que o governo cuide das viúvas, órfãos e demais necessitados que a compõem, tampouco deve depender de verbas do Município, do Estado ou da Federação para levar a efeito uma obra de assistência aos seus pobres. Esta obra tem que ser uma obra de fé, e a obra do cristão que não é resultante da fé, é pecado (Rm 14.23).
A Igreja precisa mais do que ortodoxia, ela precisa de ortopraxia. Ortodoxia significa “doutrina correta”. Ter doutrina correta é muito importante e necessária. Mas, a palavra que expressa a necessidade da Igreja hoje é ortopracia, que significa “conduta correta”. A conduta condizente com a fé, eis o de que a Igreja necessita hoje. A eficácia do discurso da Igreja só alcança até onde vai a sua ação. O ensino do Espírito Santo através de Tiago é: “Assim falai, e assim procedei...” (Tg 2.12).
O cristão que tem fé, mas não age demonstrando essa fé, dificilmente está em melhor situação que o espírita, que crê no aperfeiçoamento através das obras independente da fé.
BIBLIOGRAFIA
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de Oliveira, Raimundo. Lições Bíblicas Maturidade Cristã. 1º Trimestre de 1989. CPAD;
Dück, Arthur Wesley - Epístola de Tiago - Apostila;
Grünzweig, Fritz - Cartas de Tiago, Pedro, João e Judas - Comentário Esperança - Editora Evangélica Esperança;
Lopes, Hernandes Dias. Tiago: Transformando provas em triunfo. Hagnos;
Nicodemus, Augustus. Interpretando a Carta de Tiago. Editora Cultura Cristã;
Wiersbe, Warren W.. Comentário Bíblico expositivo - Novo Testamento. Vol.2. Geográfica Editora.