Título: Fé e Obras — Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica
Comentarista: Eliezer de Lira e Silva
Lição 10: O perigo da busca pela Autorrealização Humana
Data: 7 de Setembro de 2014
“Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4.10).
A realização humana, à parte de Deus, é impossível de acontecer, pois a criatura não pode viver longe do Criador.
60, 77, 201.
Segunda - Jó 30.15
A felicidade passageira
Terça - Cl 2.20-23
A frustração advinda dos preceitos humanos
Quarta - 2Tm 3.1-5
A dissimulação humana
Quinta - Lc 12.13-21
A insensatez do materialista
Sexta - 1Tm 6.17
A esperança na incerteza das riquezas
Sábado - Ap 3.17
A tragédia da autoconfiança humana
Tiago 4.1-10.
1 - Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?
2 - Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis.
3 - Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.
4 - Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
5 - Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?
6 - Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes.
7 - Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
8 - Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração.
9 - Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza.
10 - Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.
Todo ser humano almeja se realizar profissionalmente, no ministério, em família e nas diversas áreas da vida. Esta busca é normal e legítima. Ela faz com que venhamos a trabalhar, estudar, casar, ter filhos, nos leva a correr em busca dos nossos sonhos e projetos. Todavia, a realização pessoal se torna pecado quando ela é colocada acima de Deus. A Palavra de Deus é bem clara quanto a isto: “Mas buscai o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). Deus deseja que venhamos ter uma vida abundante, de realizações, mas não podemos deixar de levar e apresentar a Ele todos os nossos projetos. Se nossos alvos são alcançados, não é por merecimento próprio, mas porque Deus assim permitiu pela sua graça e bondade infinitas. Não seja arrogante ou autossuficiente, mas se humilhe perante o Senhor e Ele o exaltará.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, para iniciar o primeiro tópico da lição, escreva no quadro a primeira parte do versículo um do capítulo quatro de Tiago: “Donde vêm as guerras e pelejas entre vós?”. Peça que os alunos discutam e respondam esta indagação. Em seguida explique que as disputas entre crentes são sempre prejudiciais. Nestas contendas não existem vencedores. Toda a igreja sofre, pois em geral as discussões e disputas são resultado de desejos egoístas e perversos. Explique que a cura para os desejos egoístas e malignos é a humildade. Encerre lendo com os alunos 1 Pedro 5.5,6.
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Autorrealização: Ato ou efeito de realizar a si próprio.
Realização profissional, pessoal e o desejo de uma melhor qualidade de vida são anseios legítimos do ser humano. Entretanto, o problema existe quando esse anseio torna-se uma obsessão, um desejo cego, colocando o Senhor nosso Deus à margem da vida para eleger um ídolo: o sonho pessoal. Ao concluirmos o estudo dessa semana veremos que não se pode abrir mão de Deus para realizarmos os nossos sonhos, pois os dEle devem estar em primeiro lugar!
I. A ORIGEM DOS CONFLITOS E DAS DISCÓRDIAS (Tg 4.1-3)
1. Que sentimentos são esses? Tiago abre o capítulo 4 perguntando: “Donde vêm as guerras e pelejas entre vós?”. Em seguida, responde retoricamente: “Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?” (v.1). Aqui, o líder da igreja de Jerusalém denuncia o tipo de sabedoria que estava predominando na igreja: a terrena, animal e diabólica. Por quê? Ora, entre aqueles crentes havia “guerras e pelejas” e “interesses dos próprios deleites”, enquanto os menos favorecidos estavam à margem dessas ambições. Estava nítido que eles não semeavam a paz.
2. A origem dos males (Tg 4.2). “Combateis e guerreais” (v.2), é a afirmação do meio-irmão do Senhor em relação àquelas igrejas. Tiago não mascara o que está no coração humano: a cobiça e a inveja. Estas são as predisposições básicas da nossa natureza para desenvolver uma atitude combativa e de guerra contra as pessoas, até mesmo em nome de Deus (Jo 16.2). Quem procede assim ainda não entendeu o Evangelho e nem mesmo atina para a verdade de que Deus não tem compromisso algum com os desejos egoístas, mas atenta à pureza e a verdadeira motivação do coração (1Sm 16.7; Lc 18.9-14).
3. O porquê de não recebermos bênçãos (Tg 1.3). O texto sagrado mostra o porquê de as pessoas que agem assim não receberem as bênçãos de Deus, apesar de muitas vezes aparecerem “profetas” profetizando o contrário. Em primeiro lugar, Deus não é um garçom que está diuturnamente ao nosso serviço. Segundo, como vimos, Ele não têm compromisso com os nossos interesses mundanos. E, finalmente, quando pedimos, o pedimos mal, pois não é a vontade divina que está em nosso coração, mas o desejo egoístico da natureza humana pedindo a Deus para chancelá-lo.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
As guerras e pelejas entre os crentes são frutos dos desejos egoístas e carnais que carregamos em nosso interior.
II. A BUSCA EGOÍSTA (Tg 4.4,5)
1. Adúlteros e amigos do sistema mundano (Tg 4.4). Tiago chama de “adúlteros e adúlteras” os crentes que flertaram com o sistema do mundo. Mas a qual sistema mundano o escritor da epístola se refere? Olhando para o contexto anterior da passagem em apreço, veremos que Tiago se refere às más atitudes (a inveja, a cobiça, o deleite carnal, as pelejas e as guerras, isto é, o egoísmo do coração humano) que caracterizam o sistema presente deste mundo. Os que flertaram com tal sistema fizeram-se inimigos de Deus.
2. “Inimigos de Deus”. O líder da igreja de Jerusalém faz esta afirmação baseado nas duas imagens linguísticas usadas por ele para configurar a amizade dos crentes com o sistema mundano: “adúlteros e adúlteras”. Quando Tiago usa essas duas imagens, ele quer mostrar que da mesma forma que Israel procurou estabelecer acordos não só com o Deus de Abraão, mas também com Baal, Asera e outras divindades de Canaã, os leitores de Tiago também procuraram estabelecer tanto a amizade com o mundo, quanto com Deus. Todavia, Tiago mostra que a amizade com Deus e com o mundo, transformará as pessoas em “inimigas de Deus”.
3. O Espírito tem “ciúmes” (Tg 4.5). O Espírito Santo que em nós habita é zeloso. Ele é o selo que marca-nos como propriedade exclusiva de Deus (2Co 1.21,22; 1Pe 2.9). No versículo cinco do capítulo quatro, os leitores de Tiago aparecem como o objeto dos “ciúmes do Espírito”. Por isso, o autor sagrado os confronta chamando-os de “adúlteros e adúlteras”. Tal advertência é a admoestação de Deus para o seu povo. Aqui, também cabe lembrar-nos de uma promessa registrada na Primeira Epístola Universal de João: temos um advogado à destra de Deus (2.1,2).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Os crentes que estão divididos entre a igreja e o mundo são denominados por Tiago de “adúlteros e adúlteras”. O crente jamais deve flertar com o sistema do mundo.
III. A BUSCA DA AUTORREALIZAÇÃO (Tg 4.6-10)
1. Humilhando-se perante Deus (Tg 4.6,7). Uma vez admoestados pelo Espírito Santo, temos a promessa de que Ele nos dará “maior graça”. Tal maior graça é o fato de que “Deus resiste aos soberbos”, mas “dá, porém, graça aos humildes”. Se acolhermos a advertência do Senhor, a tão almejada realização humana acontecerá de maneira completa em Deus. Humilharmo-nos diante do Senhor é reconhecermos quem somos à luz da sua admoestação. É acolher com humildade o confronto do Senhor. O arrogante, o soberbo e o ganancioso nunca terão esta atitude e, por isso, serão abatidos. E ainda, à luz do ensino de Tiago, resistir ao Diabo significa não desejar as mesmas coisas que a falsa sabedoria nos oferece: egoísmo, orgulho, soberba etc. É não almejarmos a posição dos mestres orgulhosos e soberbos, mas contentarmo-nos com a vocação de servirmos ao Senhor, voluntária e espontaneamente, em espírito e em verdade (Jo 4.23).
2. Convertendo a soberba em humildade (Tg 4.8,9). Se o orgulhoso e o soberbo decidirem-se por se achegarem a Deus, o Senhor lhes será propício. A mão de Deus “não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir” (Is 59.1). O que precisa acontecer é um verdadeiro arrependimento! A exortação bíblica de Tiago a essas pessoas é que o “riso” e a “aparente felicidade” delas, produzidos pela amizade do mundo, convertam-se em “choro”, “lamento” e “miséria” (v.9; cf. 2Co 7.10), assim que elas perceberem-se como “inimigas de Deus”. Esta é a atitude genuína de um verdadeiro arrependimento.
3. “Humilhai-vos perante o Senhor” (Tg 4.10). Ao abrir mão de nossa autorrealização sob as perspectivas mundanas do egoísmo, do individualismo, da soberba e da inveja, seremos pessoas satisfeitas e realizadas com o Dono da vida. Como poderemos ser felizes sem a presença do Doador da vida (Jo 12.25)? A exaltação do Senhor ser-nos-á dada mediante a sua graça e bondade infinitas. Humilhemo-nos, portanto, debaixo da potente mão de Deus (1Pe 5.6)!
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Como criaturas, precisamos nos humilhar diante do nosso Criador, reconhecendo que sem Ele nada somos e nada podemos fazer.
CONCLUSÃO
A partir dos ensinamentos do Senhor Jesus, desfrutaremos da verdadeira felicidade em Deus. Que venhamos atentar para o ensinamento desta lição, humilhando-nos na presença de Deus através de Cristo Jesus.
RICHARDS, Lawrence O.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição.
RJ: CPAD, 2007.
ARRINGTON, French L; STRONSTD (Eds.).
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. 4ª
Edição. RJ: CPAD, 2009.
1. Tiago abre o capítulo 4 fazendo qual pergunta?
R. “Donde vêm as guerras e pelejas entre vós?”.
2. Como Tiago denomina os crentes que flertaram com o sistema do mundo?
R. Tiago os chama de “adúlteros e adúlteras”.
3. Segundo a lição, o que significa “humilharmo-nos diante do Senhor”?
R. Humilharmo-nos diante do Senhor é reconhecermos quem somos à luz da sua admoestação. É acolher com humildade o confronto do Senhor.
4. De acordo com o ensino de Tiago, o que significa resistir ao diabo?
R. Resistir ao diabo significa não desejar as mesmas coisas que a falsa sabedoria nos oferece.
5. A exaltação do Senhor ser-nos-á dada mediante a quê?
R. A exaltação do Senhor ser-nos-á dada mediante a sua graça e bondade infinitas.
Subsídio Teológico
“Guerras e pelejas
Essas ‘guerras e pelejas’ dentro do indivíduo, que levam à ‘guerras e pelejas’ dentro da comunidade, poderiam ser evitados se as pessoas simplesmente pedissem a Deus as coisas que necessitam, particularmente a ‘sabedoria’ ou a ‘palavra’, que conformaria seus desejos à vontade de Deus. Pois, mesmo quando realmente pedem, seus motivos divinos e pecaminosos (manifestado aqui pelo desejo de ‘gastar em vossos deleites’) representam a certeza de que não ‘receberão do Senhor alguma coisa’.
Existem entre os comentaristas uma acentuada tendência para interpretar a exortação de Tiago ‘combateis e guerreais’ (4.2), como uma simples figura de retórica. De acordo com estes estudiosos, Tiago está acompanhando a precedência de Jesus quando se referiu ao ódio como assassinato (veja Mt 5.21,22). Porém, pode existir um aspecto pelo qual Tiago acredita que essa alegação seja apropriada dentro de um sentido mais literal” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. 4ª Edição. RJ, CPAD: 2009, p. 877).
Subsídio Bibliológico
“A expressão que Tiago usa para chamar a audiência de ‘adúlteros e adúlteras’ (v.4), provavelmente se originou não só de uma anterior associação com os mandamentos que condenam o assassinato e o adultério (2.11), como também da associação usual de ‘deleites’ (4.3) com o desejo sexual. Isso lembra duas poderosas imagens do Antigo Testamento: uma delas é a descrição do ‘caminho da mulher adúltera’ que ‘come’ (um eufemismo para as relações sexuais) e depois diz, ‘não cometi maldade’ (Pv 30.20). Sua declaração está de acordo com aquela atitude de impunidade e de vulgaridade, à qual Tiago acusa de levar seus leitores a cometer pecados.
Outra imagem é a tradição profética que considerava Israel como a esposa infiel de Deus (Jr 3.20; Ez 16; Os 2.2-5; 3.1). Da mesma forma como Israel procurou estabelecer acordos não só com o Deus de Abraão, mas também com Baal, Asera e outras divindades de Canaã, os leitores de Tiago também procuraram estabelecer tanto a ‘amizade com o mundo’, quanto com Deus. Mas tão certo como o adultério destrói o relacionamento entre os casais, o desejo ambivalente pelo bem e pelo mal — amizade com Deus e com o mundo — ao final transformará as pessoas em ‘inimigos de Deus’” (ARRINGTON, French L; STRONSTD (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. 4ª Edição. RJ, CPAD: 2009, p.877).
O perigo da busca pela Autorrealização Humana
Por que existem conflitos, discórdias e males entre as pessoas cristãs? Tiago, o meio-irmão do Senhor, retoricamente, pergunta: “Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos deleites que nos vossos membros guerreiam?” (v.1). Esta é a origem dos conflitos e das discórdias que o autor da epístola descreve na seção bíblica 3.1-3. Quão enganoso e destrutivo é o coração humano!
No terceiro capítulo, Tiago demonstra que a maioria das nossas desavenças e tramas perversas é fruto da ambição, ignomínia e sede de vermos o nosso desejo realizado. E qual o objetivo desta realização? O deleite! O líder da igreja de Jerusalém expõe a nudez da alma humana. Daí é que surgem muitas frustrações espirituais e da própria alma. O indivíduo tem uma relação com Deus não segundo a vontade divina, mas a sua própria, pois colocaram em sua cabeça que as bênçãos de Deus são para os seus deleites e prazeres. Neste ponto, Tiago é taxativo: “Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites” (4.2,3).
“Porque não pedis”, Tiago destaca esta expressão para compará-la, logo em seguida, com a outra posterior: “Pedis e não recebeis”. Porque alguém pede a Deus e não recebe, já que o nosso Senhor prometeu dar-nos tudo o que pedíssemos em seu nome? Esta é uma pergunta que só pode ser respondida à luz de um autoexame sincero, pois a Palavra responde com clareza: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”. Temos de ter o cuidado, para não confundirmos a vontade de Deus com a nossa própria. Não podemos usar o nome de Deus para realizar as vontades e os prazeres particulares. Deus não se usa!
Portanto, desafie a classe para um autoexame honesto, sincero e transparente à luz da Palavra de Deus. Nada é melhor que o homem desnudar-se na presença do Altíssimo. O nosso Pai sabe o que está em nosso coração e qual a nossa verdadeira motivação de vida diante dEle. Num tempo dominado pelas ambições e prazeres humanos, a palavra ensinada por Tiago chega a uma ótima hora e desafia-nos a olharmos para nós e perguntarmo-nos: o que há em meu coração?
Elaboração: Escriba Digital
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Autorrealização: Desenvolvimento pleno das nossas habilidades a ponto de nos sentirmos realizados como pessoa.
A grande potencialidade da mente humana deve fazer com que ele não se conforme nem se acomode com a vida que leva, levando-o a compreender que existe sempre a possibilidade de crescimento interior, aperfeiçoamento e realizações pessoais, profissionais ou ministeriais. Definitivamente, o ser humano não é um produto existirá sempre a possibilidade de crescimento. Quem não gostaria de se destacar na atividade que executa? De ter o devido reconhecimento. Uma citação de seu nome em público, um elogio, uma aparição, mesmo que momentânea? Isso irá adular seu ego e alimentar sua auto-estima. Na vida profissional ou ministerial, essa pessoa esforça-se para ser a melhor em sua especialidade. Isso chama atenção do público para si e reforça sua auto-estima. O problema nessa fase é a facilidade que o sucesso pessoal tem em inchar o ego. A pessoa pode tornar-se um ególatra. Isso a impede de ir para frente em seu desenvolvimento espiritual, pois Deus e os irmãos começam a ficar de lado, e ele em seu objetivo cego passa a valorizar mais a coisas do que a pessoas. O fato é que quem não estiver preparado para resolver essas questões existenciais e espirituais entrará num estado de queda, e com o passar do tempo sua vida de cristão estará em um profundo colapso. Por isso se faz necessário o estudo desta lição.
I. A ORIGEM DOS CONFLITOS E DAS DISCÓRDIAS (Tg 4.1-3)
1. Que sentimentos são esses? (v.1). Tiago inicia esse ponto com uma pergunta: De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? O objetivo dele é levá-los a refletir sobre a origem dos conflitos que aconteciam entre os que aspiravam ser mestres. Muito embora a expressão “que há” não esteja no original, é requerida pela construção da frase e aponta para a realidade dos conflitos. Tiago havia tomado conhecimento de tais conflitos e desejava ajudar seus leitores a cessá-los. Mas, para isso, era necessário identificar a sua origem. Nosso autor menciona “guerras” e “contendas”. O termo guerras significa literalmente “conflito armado” (cf. Mt 24.6). Não devemos pensar, contudo, que a situação havia chegado a esse ponto naquelas igrejas. O termo é usado aqui como um estado geral de hostilidade e antagonismo entre pessoas. O outro termo é contendas, que literalmente significa uma “luta corpo a corpo” ou mesmo uma “peleja com armas”. Mais uma vez, não pensemos que a situação havia degenerado a tal ponto; contudo, havia combate de palavras entre eles. Eles se opunham uns aos outros como se estivessem lutando uns contra os outros. Os termos fortes do questionamento de Tiago despertam as igrejas para a seriedade da atitude de hostilidade que havia eles. A unidade da igreja deveria ser o fator que mais deveríamos valorizar. Deus abençoa uma igreja unida. A maioria das igrejas têm um enorme potencial, mas nunca alcançam o que Deus deseja, porque os seus membros gastam o seu tempo a lutarem uns com os outros. Toda a energia que possuem está centrada no seu interior. A Bíblia fala mais sobre a unidade da igreja do que sobre o céu ou o inferno. Isto demonstra a importância deste assunto. As igrejas são formadas por pessoas e não há pessoas perfeitas. Por isso as pessoas entram em conflitos umas com as outras. Os pastores precisam aprender a lidar com estas situações. Especificamente, os líderes são chamados a fazer seis coisas quando a desunião ameaça as suas igrejas. A Bíblia ensina que à medida que a igreja cresce, Satanás fará todo o possível para trazer divisão. Até mesmo pessoas dóceis, crentes fervorosos, podem ser ferramentas nas mãos de Satanás para prejudicarem o corpo de Cristo. O Salmo 133.1 diz: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!”. Certamente, os irmãos deveriam viver unidos, em harmonia, mas muitas vezes eles vivem em guerra. Por isso é preciso que vigiemos.
Também enguemos um muro de intolerâncias e de divergências que do campo teológico (pensamento) ergueu-se para dentro de nós e isso estabeleceu um embate pessoal (comportamento) de tradicionais contra pentecostais; de evangelicalismo contra fundamentalismo, de calvinismo contra arminianismo e etc. É preciso estarmos unidos.
Não me refiro a convergência interpretativa das denominações cristãs do Brasil em aspectos gerais da teologia; mas o que a igreja não pode se conformar é com posicionamentos divisionistas que tanto mal fazem à unidade do povo de Deus neste século de incredulidades. Não serão apenas conselhos, alianças cristãs, acordos cooperativos entre representantes maiores das denominações que resolverão o problema. Será necessário levar essa mensagem de união fraterna para dentro de nossas igrejas. Precisamos da demonstração deste amor que une, de compreensão que nutre e de santidade que revela quem é o povo Deus; carecemos levar essa mensagem de agregação para as nossas ministrações a fim de conscientizarmos os nossos ouvintes a perceberem a necessidade desta ignorada realidade bíblica, necessitamos de viver a essência dos sentimentos evangélicos de irmão para irmão, tais como: compreensão e fraternidade. Precisamos alçar nossa visão e atuação para além de nossa comunidade fechada e mostrarmos a esse mundo cão o que é o verdadeiro amor cristão. Quebremos essas placas mentalizadas e fixadas no coração; destruamos essas barreiras de orgulho religioso afirmadas em nosso comportamento; destruamos a barreiras dos paradigmas interpretativos que nos fizeram isolacionistas; humilhemo-nos diante de Deus e ouçamos a voz do Espírito Santo para estes últimos dias — é tempo de união em torno da vontade de Deus para sua igreja militante.
2. A origem dos males (Tg 4.2). Tiago escolhe dois termos para descrever os conflitos e discussões que prevalecem na comunidade. “Guerras” (Gr. polemon, conflitos) seriam rixas que se travam pelos interesses pessoais. “Combates” (Gr. machai) significa batalhas e inimizades que separam as pessoas. A pergunta, “De onde vem?”, tem sua resposta na frase “das paixões” (Gr. ek ton hedonon, dos prazeres procurados com intenso desejo). “Guerreiam” (Gr. strateuomenon) criam e manejam a guerra quando os desejos pelo prazer de alguns entram em conflito com os desejos dos outros. Contendas entre maridos e mulheres, entre pais e filhos e entre irmãos na igreja sempre se levantam porque os indivíduos estão procurando alguma vantagem, algum prazer que corrompe ou prejudica.
Ele afirma que “Combates e guerras” se evidenciam entre eles; e, se o zelo cobiçoso não é refreado, o perigo de violência real torna-se concreto. Então, com uma perspicácia penetrante, Tiago fornece-nos uma poderosa análise do conflito humano. Argumentos verbais, violência particular ou conflito nacional — a causa de tudo isto pode ser encontrada no desejo frustrado de querermos mais do que temos, de cobiçarmos aquilo que é dos outros, seja os cargos das pessoas ou suas posses.
3. O porquê de não recebermos bênçãos (Tg 1.3). Se as orações de uma pessoa são simplesmente para pedir coisas que satisfaçam seus desejos carnais, então essas orações são essencialmente carnais e egoístas e, portanto, não é possível que Deus as responda favoravelmente porque essa resposta não seria outra coisa senão prover o homem de meios para pecar. O verdadeiro propósito da oração quer dizer a Deus: “Seja feita tua vontade”; mas a oração do homem que está dominado pelo desejo de prazeres é: “Sejam satisfeitos os meus desejos”. Então, se quando uma pessoa ora, sua petição é só pelas coisas que podem ajudá-la a satisfazer seus próprios desejos, nesse caso dirigiu a Deus uma oração que Ele não pode responder. Um dos atos mais desalentadores é que o homem egoísta dificilmente pode orar dirigindo-se a Deus em forma correta. Nunca poderemos orar como é devido até que não arranquemos nosso ego do centro de nossa vida e ponhamos a Deus ali.
II. A BUSCA EGOÍSTA (Tg 4.4,5)
1. Adúlteros e amigos do sistema mundano (Tg 4.4). A palavra grega kosmos foi empregada em um sentido ético, para indicar uma sociedade corrupta, ou o princípio do mal que opera sobre os homens. O mundo aqui é a sociedade humana com seus valores, princípios e filosofia vivendo à parte de Deus. Esse sistema que rege o mundo é anti-Deus. Se o mundo valoriza a discórdia, começamos a valorizar a discórdia também. Se o mundo valoriza os deleites, começamos a valorizar os deleites. Se o mundo valoriza a inveja começamos a valorizar a inveja. Se o mundo valoriza a cobiça, começamos a valorizar a cobiça. Temos a tendência de assimilar esses valores do mundo.
Um crente pode tornar-se amigo do mundo gradativamente: primeiro, sendo amigo do mundo (4.4). Segundo, sendo contaminado pelo mundo (1.27). Terceiro, amando o mundo (1Jo 2.15-17). Quarto, conformando-se com o mundo (Rm 12.2). O resultado é ser condenado com o mundo (1Co 11.32). Tiago mostra que amizade com o mundo é uma espécie de adultério espiritual. O crente está casado com Cristo (Rm 7.4) e deve ser fiel a Ele (Is 54.5; Jr 3.1-5; Ez 23; Os 1-2; 1Co 11.2). Não dá para ser amigo do mundo e de Deus ao mesmo tempo. Temos que tomar cuidado com as pequenas coisas. O mundo envolve as pessoas pouco a pouco. Ninguém se torna um viciado em álcool do dia para a noite. Ninguém se lança de cabeça nas aventuras loucas das drogas no primeiro trago ou na primeira picada. Ninguém começa uma vida licenciosa num primeiro flerte. A sedução do mundo é como uma fenda numa barragem, começa pequena, mas pode conduzir a um grande desastre.
2. “Inimigos de Deus”. Manter a amizade com o mundo é “ter boas relações com poderes e coisas que são pelo menos indiferentes para com Deus, caso não sejam abertamente hostis ao Criador”. Ser cristão é a sumir um compromisso de amar o que Deus ama e aborrecer o que Deus aborrece. Como ser amigo de Deus tornando-se amigo daquilo que Deus não é?
O mundo aqui, como em outras partes do Novo Testamento, significa tudo que as pessoas pensam e fazem que desconsidera Deus e é contrário à sua vontade. Por meio de palavras retumbantes, Tiago declara que o povo de Deus deve tomar uma decisão clara entre Deus e todas as atitudes não-cristãs. Se pertencemos a Deus, a amizade do mundo precisa nos deixar. Se nos agarramos a qualquer caminho errado, nutrindo-o como um amigo, nos tornamos inimigos de Deus e não temos mais uma base bíblica para crer que estamos em um relacionamento de salvação com Ele.
3. O Espírito tem “ciúmes” (Tg 4.5). Tiago terminou a sua purificação da conduta má e começa o seu apelo ao arrependimento. Quando fomentamos a amizade com o mundo, podemos nos desviar e deixar Deus fora da nossa vida. Mas isso não ocorre facilmente. Deus é um Deus zeloso, que não tolera rivais. Quando nos convertemos, Ele nos deu um novo espírito. Deus se enternece por essa nova vida na alma. Ele procura de todas as formas nos analisar quando começamos a nos descuidar. Ele quer que essa vida cresça, porque deseja que sejamos totalmente seus. Não há nenhuma passagem específica no Antigo Testamento que corresponda à última parte do versículo . As palavras diz a Escritura, que Tiago cita, não são uma citação, “mas um resumo dos ensinamentos do Antigo Testamento: Deus quer a pessoa inteira, nossa lealdade completa” (Berk., nota de rodapé). Deus fica condoído com a nossa simpatia dividida e nossa amizade com o mundo que resulta disso. Ele deseja que a plenitude do seu Espírito controle a nossa vida; Ele nos convida a chegarmos a Ele e nos submetermos ao seu ministério. Deus dá essa ajuda especial àqueles que humildemente a aceitam.
O Espírito que passou a habitar em nós tem ciúme. O termo grego que consta para “ciúmes” expressa o desejo amoroso de ter inteiramente a pessoa amada. Essa maneira de entender esse texto no original pressupõe que o Espírito seja o Espírito Santo. Ele certamente não fomenta inveja nos indivíduos no quais ele habita. Buscar a amizade do mundo é o mesmo que viver debaixo da sua influência, dependência e segurança como se isso fosse o mais importante de tudo. Esse tipo de namoro com o mundo, esse andar de mãos dadas, não é apenas perigoso, mas é fatal, pois a infidelidade leva à apostasia. Nenhum marido ou esposa se contentaria com menos do que exclusividade total em seu relacionamento conjugal. Assim, Deus jamais tolerará qualquer tipo de divisão entre ele e o mundo. Pois Deus é “ciumento” quando se trata de sua “esposa” ou “noiva”, a igreja.
III. A BUSCA DA AUTORREALIZAÇÃO (Tg 4.6-10)
1. Humilhando-se perante Deus (Tg 4.6,7). Desnecessário é mencionar que Deus está infinitamente acima de nós em tudo. Desta forma podemos entender que as pessoas de coração humilde têm um lugar especial no coração de Deus. O próprio mestre disse: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5.3 — ARA). Em Tiago 4.6-10, o apóstolo estabelece uma relação entre a humildade, a sujeição a Deus e a resistência ao nosso inimigo. De fato, só podemos nos sujeitar a Deus se formos humildes, e só podemos resistir ao diabo se tivermos humildade suficiente para identificarmos, em nós mesmos, os reflexos das setas que nos foram lançadas por ele.
Ainda no texto de Tiago, é dito que “Deus dá graça aos humildes”. Mas que graça seria esta? A graça que Deus nos concede é a força para, nos sujeitando a Ele, resistirmos ao inimigo de nossas almas. É graça para, nos chegando a Ele, termos sua presença conosco. É graça para sermos purificados, termos nossos corações limpos, e termos o bálsamo curador derramado sobre nossos corações. Ainda no texto de Tiago, é dito que “Deus dá graça aos humildes”. Mas que graça seria esta? A graça que Deus nos concede é a força para, nos sujeitando a Ele, resistirmos ao inimigo de nossas almas. É graça para, nos chegando a Ele, termos sua presença conosco. É graça para sermos purificados, termos nossos corações limpos, e termos o bálsamo curador derramado sobre nossos corações. O homem nunca perdeu bênçãos pela humildade, ainda mais diante do Senhor Deus. Mas a humilhação é um ato interno, uma atitude conhecida somente pelo próprio Deus, pois Ele sonda os corações e pensamentos, e saberá exatamente se o orador esta mesmo sentindo-se como manifesta. E não faltou conselhos e advertências sobre essa posição a ser tomada. Quando nos humilhamos diante de Deus, estamos deixando de lado todo o nosso ego, tudo que achamos que sabemos, toda a nobreza que julgamos ter, e nos colocamos diante do Senhor como não merecedores do Deus que temos (Ler 2Cr 7.14; 34.27; Dn 10.12; Mt 23.12; 1Pe 5.6).
2. Convertendo a soberba em humildade (Tg 4.8,9). Um dos piores pecados para vida do cristão é o pecado do orgulho espiritual. Poderíamos definir o orgulho espiritual como sendo uma atitude de tão grande que despreza os outros irmãos. Seria abrigar a sensação de se achar possuidor de uma visão superior. Seria o desenvolvimento de uma atitude de rejeição do aprendizado, contrária à humildade que Deus requer dos seus servos. Seria achar que se é conhecedor de uma faceta de compreensão que os demais irmãos ainda não alcançaram. A amizade com o mundo pode deixar o homem nesse estado espiritual. Por isso Tiago faz esta exortação: “Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai: converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza”. Tiago os convida ao arrependimento através de uma evidente demonstração de uma tristeza de coração. A tristeza dos hipócritas evidencia-se somente em sua face. “Desfiguram o rosto” (Mt 6.16). Mostram um rosto melancólico, mas a tristeza deles não vai além disso, como o orvalho que umedece a folha, mas não penetra a raiz. O arrependimento de Acabe foi uma exibição exterior. Seus vestidos foram rasgados, mas não o seu espírito (1Rs 21.27). A tristeza segundo Deus avança mais além; é como uma veia que sangra internamente. O coração sangra por causa do pecado — “Compungiu-se-lhes o coração” (At 2.37). Assim como o coração tem a parte principal no ato de pecar, o mesmo deve acontecer no caso do entristecer-se humildemente. Paulo lamentava por causa da lei em seus membros (Rm 7.23). Aquele que lamenta verdadeiramente o pecado se entristece por conta das incitações do orgulho e da concupiscência. Ele se entristece por causa da “raiz de amargura”, embora ela nunca prospere até ao ponto de levá-lo a agir. Só a humildade pode nos fazer lamentar os pecados do coração e os que estão em plena evidência.
3. “Humilhai-vos perante o Senhor” (Tg 4.10). Temos a tendência de tratar o nosso pecado de forma muito leve e condescendente. Tiago exorta-nos a enfrentar seriamente o nosso pecado (4.9). A porta da exaltação é a humilhação diante de Deus (4.10). Deus não despreza o coração quebrantado (Sl 51.17). Deus olha para o homem que é humilde de coração e treme diante da Sua Palavra (Is 66.2). Quando estamos em paz com Deus, temos paz uns com os outros e então, uma fonte de paz começa a jorrar de dentro de nós!
Humildade é a condição para Deus trabalhar, para desfrutar de tudo o que Ele quer nos dar. A verdadeira humildade consiste em estabelecer uma relação de submissão a Deus, resistência ao Diabo e aos nossos próprios desejos egoístas. Viver em comunhão com Deus se dá através da Palavra, oração e adoração. Quando sua razão de viver for a exaltação, a honra e a satisfação do Senhor, Ele fará algo novo em nossa vida.
CONCLUSÃO
Ao estudarmos os textos desta lição percebemos que grande parte das desavenças e problemas existentes em nossas igrejas locais são frutos da ambição e da sede desonrosa de termos todos os nossos desejos realizados, e quando esses desejos não se tornam concretos vem a frustação e o desânimo, abalando as emoções do cristão. Nossos desejos e ambições só serão legítimos quando seu objetivo final não é o deleite.
Vivemos em uma época onde a ambição e os prazeres humanos tem se apoderado da vida e do coração de muitas pessoas, portanto é necessário fazermos uma reflexão a fim de saber até que ponto essas coisas tem atingido nossas vidas nos levando a uma decadência espiritual.
BIBLIOGRAFIA
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