Título: A Igreja e o seu Testemunho — As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 8: Aprovados por Deus em Cristo Jesus
Data: 23 de Agosto de 2015
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15).
O obreiro aprovado por Deus tem as marcas do Senhor Jesus Cristo.
Segunda — Tt 3.9-11
Paulo ensina como tratar o homem herege
Terça — Mt 5.13
O discípulo de Jesus é “sal da terra” e “luz do mundo”
Quarta — 1Tm 3.2
O obreiro deve ter uma conduta irrepreensível
Quinta — Sl 119.63
Companheiro dos que guardam os preceitos de Deus
Sexta — 1Tm 6.11
De que o obreiro do Senhor deve fugir
Sábado — Mt 13.36-43
A explicação da parábola do “trigo” e “joio”
2 Timóteo 2.1-18.
1 — Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.
2 — E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.
3 — Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo.
4 — Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.
5 — E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente.
6 — O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.
7 — Considera o que digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo.
8 — Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho;
9 — pelo que sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa.
10 — Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.
11 — Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos;
12 — se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará;
13 — se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.
14 — Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes.
15 — Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
16 — Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade.
17 — E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto;
18 — os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.
75, 151 e 432 da Harpa Cristã
Contrastar o obreiro aprovado e o “vaso de honra” com os falsos mestres.
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
Caro professor, nesta lição estudaremos o capítulo 2 da segunda Epístola de Timóteo.
É importante que você faça uma apresentação panorâmica do capítulo dois à luz de todo o conteúdo da epístola de Timóteo. Lembre-se de que o objetivo desse trimestre é expor o texto bíblico das cartas pastorais. De modo que o conteúdo geral das três epístolas deve ser estudado com o auxílio de uma boa Introdução ao Novo Testamento e um bom Comentário Bíblico do Novo Testamento.
Uma informação importante para preparação do seu plano de aula é a informação de que no capítulo 2, dos versículos 1 a 18, o apóstolo Paulo faz dois contrastes: obreiro aprovado x falsos mestres; vaso de honra x vaso de desonra. Estes dois encontros de personalidade, na igreja local, permeariam o relacionamento dos crentes, de modo que o objetivo do apóstolo é orientá-los em como se portarem diante de tal realidade.
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos alguns temas importantes que são relatados no segundo capítulo da Segunda Carta de Paulo a Timóteo. Paulo fala, além do que vimos na Leitura Bíblica em Classe, a respeito do obreiro aprovado e dos vasos de honra na Casa do Senhor (2Tm 2.19-21). Ele faz um contraste com os falsos mestres que tanto prejudicavam a obra do Senhor em Éfeso.
Que sejamos sempre vasos de honra, servindo ao Senhor com amor e zelo, a fim de que muitas vidas sejam ganhas para o seu Reino e que sua Igreja seja edificada.
PONTO CENTRAL
O obreiro aprovado por Deus é equilibrado, vivendo em pureza e humildade diante do Senhor e diante dos homens.
I. OBREIROS APROVADOS POR DEUS
1. Pregam e ensinam sem engano. Paulo nunca usou de engano em suas pregações, diferente de alguns falsos mestres de sua época que pregavam e ensinavam com argumentos falsos e logro. É preciso ter muito cuidado com os “lobos” vestidos de ovelhas, que andam a enganar os crentes incautos, sob a capa de “muito espirituais”. Paulo exortava a igreja através da mensagem do evangelho, mostrando-lhes as verdades desconhecidas. Para os novos crentes ele tornou conhecido o “mistério de Deus” — Cristo (Cl 2.2). Paulo era um líder zeloso que levava a mensagem de modo claro, obedecendo à revelação que recebera do Senhor. Aliás, era esse também o cuidado dos demais apóstolos (1Jo 4.6; 2Pe 1.16).
2. Pregam com pureza. Paulo pregava por amor a Cristo. Jesus era o seu alvo. Atualmente, há muitos falsos obreiros que só visam lucro e bens financeiros. Estes se aproveitam da fé dos fiéis para obter ganhos. Na primeira carta a Timóteo, Paulo coloca como um dos requisitos para aqueles que almejam o ministério pastoral, não ser “cobiçoso de torpe ganância” (1Tm 3.3). Pedro também exortou que o obreiro deve apascentar o rebanho do Senhor “tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância” (1Pe 5.2). O obreiro aprovado não visa lucro material, pois sabe que a sua recompensa vem do Senhor.
3. Não buscam a glória de homens. “E, não buscamos glória dos homens [...]” (1Ts 2.6). Quando Paulo estava com os tessalonicenses, ele afirmou que não buscou o elogio deles. Infelizmente muitos buscam glória para si. Estes são movidos a elogios e bajulações. Isso é um perigo para o ministério pastoral e para qualquer servo ou serva de Deus. Tem pregadores e mestres que não aceitam convite para falar para um pequeno auditório. Só se sentem bem se estiverem diante de grandes plateias, pois querem ser vistos pelos homens e não abençoar as pessoas. O obreiro aprovado pelo Senhor busca apontar tão somente o Senhor, e não ele mesmo.
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
O obreiro aprovado por Deus prega e ensina sem engano, com pureza e humildemente, buscando sempre a glória de Deus.
Professor, após fazer uma ou duas leituras desse primeiro tópico (refiro-me a leitura pessoal de estudo da lição, não em classe), medite na seguinte reflexão acerca da pregação, a fim de internalizar mais a ideia do que representa um arauto do Rei, o pregador do Evangelho: “São inúmeros os requisitos exigidos de um bom mensageiro de Jesus Cristo, uma vez que desempenha o papel de arauto do Rei. Por outro lado, para que lhe demos tão alto qualificativo (de bom pregador), precisa ele preencher certas exigências indispensáveis. Entre outras, que possua grande piedade, e seja homem de oração, portador de dons naturais, cultura — geral e específica — e habilidades, especialmente na Palavra de Deus; que ame ao Senhor e às almas; que tenha vida espiritual plena, pois o batismo no Espírito Santo é ponto de partida e imprescindível.
Íntima comunhão com Deus. Um ardente amor ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo manterá o pregador ligado com o Céu e ‘as coisas que são de cima’ (Cl 3.1). Só assim conseguirá levar uma vida de oração, consagração e fé, procedimentos indispensáveis a um homem de Deus. Haja em seu interior a chama divinal, grande amor pelas almas e profundo desejo de conhecer cada vez melhor a Palavra de Deus, que é a mensagem a ser pregada para alimentar tanto a sua alma quanto a de seus ouvintes (1Tm 4.16). Se o desejo de Deus é a salvação das almas também deve ser esta a vontade do pregador, seu mensageiro. Como depositário do conhecimento da Palavra e intérprete do divino querer, deve esforçar-se para desincumbir-se fielmente de tão sublime missão. Para isto, naturalmente, precisa ser cheio do Espírito Santo. Com dom inefável, sua palavra será cheia de graça e poder, capaz de apontar a todo viajor o caminho da vida — Jesus Cristo” (DANTAS, Anísio Batista. Como Preparar Sermões: Dominando a arte de expor a Palavra de Deus. 22ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.23).
II. DOIS TIPOS DE VASOS (2.20,21)
1. Vasos de honra (2.20). Paulo estava preocupado com a situação confusa que prevalecia na igreja em Éfeso. Ele então usa a analogia dos vasos para mostrar que na igreja existem pessoas sinceras e obedientes aos ensinos de Cristo (vasos de honra). Estes adornavam e adornam a Casa de Deus, com sua santidade e pureza. Deus deseja usar este tipo de vaso, limpo e sem contaminação. Tem você sido um vaso de honra na Casa do Senhor? O crente deve ter uma vida irrepreensível. Isso só é possível na vida do crente através do poder redentor, libertador e purificador do sangue de Jesus mediante a fé.
2. Vaso de desonra. Quem são estes? Paulo estava se referindo aos falsos mestres, Himeneu e Fileto (2.17). Himeneu também foi mencionado em 1 Timóteo 1.20. Podemos igualmente afirmar que são os crentes infiéis, que causam problemas e escândalos na Casa do Senhor. Os vasos de honra são “o trigo” e os “vasos para desonra” são o “joio” a que se referiu Jesus (Mt 13.24-30).
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Na igreja local, há dois tipos de vaso, de honra e desonra.
“A próxima analogia de Paulo diz respeito à variedade de artigos em uma próspera casa antiga. Existem artigos caros, como os vasos ‘de ouro e de prata’; mas existem também aqueles que são baratos, como os vasos “de madeira e de barro”. Alguns servem ‘para honra’, para propósitos nobres, como por exemplo, para serem admirados pelos convidados durante os banquetes; alguns servem ‘para desonra’, a propósitos humildes, comuns, como conter o lixo que será eliminado. A metáfora era comum na antiguidade, tanto no Antigo (Jr 18.1-11) como no Novo Testamento (Rm 9.19-24), mas a aplicação do apóstolo neste contexto é nova.
A expressão ‘De sorte que’, no início do verso 21, liga a aplicação desta analogia ao verso 19, que diz que ‘qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade’, ‘Se alguém se purificar destas coisas’ — do reino do ignóbil, ou seja, do falso ensino — essa pessoa ‘será [um] vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra’. Somente o vaso ‘santificado e idôneo’, nobre e honorável é que possui o mais elevado valor. O que importa não é o valor dos vasos ou do material de que são feitos, mas o conteúdo de cada um. Então, a fim de se enquadrar nesse perfil, cada um deve ser ‘santificado’, isto é, separado para os propósitos sagrados, afastando-se dos ensinos e da prática do mal” (Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 1ª Edição. R: CPAD, 2004, p.1495).
III. REJEITANDO AS DISSENSÕES E QUESTÕES LOUCAS
1. Rejeitando “questões loucas”. O que eram as “questões loucas”? Eram as questões levantadas pelos falsos mestres, que traziam confusão e não edificavam ninguém (1Tm 1.3,6,7). O obreiro deve rejeitar questionamentos que não edificam (2Tm 2.23). Atualmente, muitos estão levantando indagações que em nada vai edificar a fé dos irmãos. Outros, ainda estão cometendo o terrível pecado de adicionar, subtrair e modificar partes das Escrituras. A Palavra de Deus é completa e infalível e não precisa de quaisquer acréscimos ou revisões em seu conteúdo e mensagem.
Há, em nossos dias, diversas “novas teologias” que precisam ser combatidas pela liderança, pois agridem diretamente a mensagem bíblica.
2. Não entrando em contenda. “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2Tm 2.24). Paulo exorta a Timóteo a fim de que ele não contendesse com os falsos mestres, pois brigas e discussões são obras da carne e envergonham a Igreja do Senhor. Uma pessoa espiritualmente cega não pode ser convencida de seus erros pela força. Pregamos e ensinamos, mas só o Espírito Santo podem convencê-las dos seus erros.
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
A natureza dos demônios declara que eles são seres criados, limitados, espirituais, malignos e imundos.
Caro professor, o princípio destacado neste tópico é importante para fazermos uma autocrítica em nossa jornada no magistério cristão. Quantas vezes perdemos tempo com temas sem importância, por exemplo, coisas como “o tamanho da arca de Noé”, “o cumprimento da roupa do sacerdote”, etc.? E muitas vezes não nos apropriamos do princípio da Palavra. Um exemplo clássico são as parábolas de Jesus. Quando deveríamos, por exemplo, na parábola do filho pródigo, focar o princípio do reconhecimento da miséria humana e de seu pecado e de um verdadeiro arrependimento, gastamos tempo no comportamento do irmão mais velho, da postura do pai, etc. Por isso, é importante estudarmos bem qualquer passagem bíblica a fim de termos o pleno domínio sobre o que é essencial ensinarmos e o que são informações secundárias.
CONCLUSÃO
Na administração das igrejas, por vezes, surgem conflitos de ordem espiritual e doutrinária. Por isso, os líderes precisam de preparo bíblico e teológico. Como obreiros aprovados devem conduzir o rebanho do Senhor. Seja você um vaso de honra na Casa de Deus.
A respeito das Cartas Pastorais:
Segundo a lição, quais as duas características do obreiro aprovado?
Obreiros que ensinam sem engano e com pureza.
O que motivava Paulo a pregar o Evangelho?
A motivação do apóstolo Paulo era pregar o Evangelho por amor dos santos (2Tm 2.9).
Qual era o alvo de Paulo?
Jesus Cristo (Fp 3.13-14).
De acordo com a lição, o que visam os falsos obreiros?
Enganar os incautos com argumentos falsos e logro.
Quais os dois tipos de vasos citados por Paulo?
Vaso para honra e para desonra.
Aprovados por Deus em Cristo
Caro professor, a Escola Dominical é uma grande parceira do Evangelho na formação do caráter de cada crente que a frequenta. Além de preparar pessoas para seguirem Jesus, a Escola Dominical prepara oficiais, pessoas que vão ministrar à igreja local. Por isso, prezado professor, tenha a clareza que os alunos a quem você ministra poderão tornar-se pastores, missionários, principalmente, pregadores da Palavra, segundo a vocação que eles forem chamados.
Atualmente, é notório que a Igreja Evangélica Brasileira vive uma crise nos púlpitos. As mensagens neles expostas, na sua maioria, são antropocêntricas, de auto-ajuda, barganhistas, apresentando um Deus que “comercializa” bênção com os homens, sem compromisso com a Bíblia, isto é, lê-se o texto bíblico sem o compromisso de explicá-lo corretamente e fazer a sua devida aplicação. Por isso, nesta lição é importante você destacar a característica de uma boa pregação. Além do compromisso pessoal do pregador, há uma necessidade de formarmos na mente e no coração dos nossos jovens e adolescentes a cultura da boa pregação. Ainda que eles não sejam chamados por Deus a serem os seus arautos, formaremos ouvintes que saibam distinguir o bom do ruim, o cristocêntrico do antropocêntrico etc.
Basicamente, a pregação que glorifica a Deus confronta o caráter do ser humano. É uma pregação descompromissada com as barganhas e dissimulações do nosso tempo. Era a tal postura que Paulo se referia quando disse: “instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade” (2Tm 2.25).
Ler o texto, “explicar” o texto e “aplicar” o texto é o trabalho objetivo de todo arauto de Deus. Mas para isso, exige-se dele uma profunda disciplina pessoal para o estudo. Estude a pregação e a tradição dos puritanos (você pode encontrar um rico material na internet) , mergulhe no mundo da Bíblia e na cultura do seu tempo e cultive uma vida de oração e devoção a Deus. Assim começa nascer o arauto do Senhor.
As pessoas andam aflitas esperando algo da parte de Deus para cultivar uma vida cristã autêntica. A pregação da Palavra ainda é o meio pelo qual o Altíssimo fala, orienta e conduz seu povo. Por isso, no segundo capítulo de 2 Timóteo, o apóstolo Paulo condenou os obreiros que perdem o seu tempo com aquilo que é “comezinho”, que traz somente confusão e contenda e em nada edifica ou constrói, pelo contrário, “a palavra desses roerá como gangrena”.