Título: Jesus e o seu tempo — Conhecendo o contexto da sociedade judaica nos tempos de Jesus
Comentarista: Valmir Milomem
Lição 4: Jesus e a Lei
Data: 26 de Abril de 2015
“Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir” (Mt 5.17).
O Senhor Jesus cumpriu a Lei e deu a ela um novo significado, enfatizando o amor a Deus e ao próximo.
SEGUNDA — Jo 14.23
Quem ama a Cristo, guarda os seus mandamentos
TERÇA — Gl 4.1-5
O Evangelho isenta-nos da lei
QUARTA — Sl 119.33
Os estatutos do Senhor
QUINTA — Hb 10.1
A sombra dos bens futuros
SEXTA — Tg 2.8
A Lei Real
SÁBADO — Rm 8.2
A Lei do Espírito de Vida
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Vivemos tempos de relativismo moral sem precedentes, no qual se rejeita a existência de um padrão ético absoluto. Entretanto, as Escrituras deixam transparecer, de forma cristalina, a existência da ética imutável de um Deus santo e amoroso. Jesus expressa essa Ética do Reino em seu Sermão do Monte. Ele reforça os mandamentos divinos e centraliza-os no amor a Deus e ao próximo, rejeitando o sistema formal e legalista da sua época. Por isso, Paulo pronunciou que o mandamento é santo, justo e bom (Rm 7.12). Refletir sobre a lei divina para os dias atuais é uma necessidade premente, pois ela nos fornece valores e princípios imutáveis, firma nossos passos e proporciona garantia de felicidade perene.
Professor, o planejamento é fundamental para a excelência de qualquer atividade. Em relação ao ensino, planejar significa prever todas as etapas do trabalho docente a fim de que os alunos aprendam. Desse modo, não deixe de elaborar um plano de aula. Para ajudá-lo na elaboração do plano de aula, observe o seguinte roteiro:
a) Identifique o tema da aula;
b) Estabeleça os objetivos;
c) Indique o conteúdo da matéria de ensino;
d) Estabeleça os procedimentos de ensino;
e) Escolha os recursos didáticos;
f) Escolha o instrumento de avaliação.
Mateus 5.17-20; Mateus 22.37-40.
Mateus 5
17 — Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.
18 — Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.
19 — Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus.
20 — Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
Mateus 22
37 — E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
38 — Este é o primeiro e grande mandamento.
39 — E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
40 — Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
INTRODUÇÃO
No Sermão do Monte, o Mestre afirmou enfaticamente que não veio destruir a Lei, mas cumpri-la (Mt 5.17). O que essa afirmação significa? Qual era o propósito da lei mosaica? Como o cristão se relaciona com a lei atualmente? Na lição de hoje, estudaremos sobre esses temas e como Jesus compreendia a lei que Deus havia dado à nação de Israel por intermédio de Moisés e o seu significado em o Novo Testamento.
I. A LEI DO ANTIGO TESTAMENTO
1. A Lei dada a Israel (Êx 19-20). Depois de libertar Israel da servidão do Egito, Deus conduziu o seu povo por uma jornada de fé até a Terra Prometida, a fim de fazer cumprir a promessa feita a Abraão. No entanto, no início desta jornada, ao falar com Moisés no Monte Sinai (Êx 19.1-13), o Senhor relembrou aos israelitas a necessidade de eles guardarem o concerto firmado (v.5) e de obedecerem todos os seus estatutos. Para tanto, Deus entregou a Moisés a Lei (hb. torah, que significa ensinamento) com as condições e regras de convivência que os filhos de Israel deveriam observar como sinal de lealdade.
2. Abrangência da Lei. A Lei que Deus entregou à nação de Israel continha preceitos morais para uma vida santa e piedosa em relação a Deus e ao próximo. Tais preceitos estão sintetizados no Decálogo, os Dez Mandamentos proferidos pelo Senhor no Sinai (Êx 20.1-17), que também foram escritos em duas tábuas de pedra (Êx 31.18; 34.28). A lei servia ainda para regular a ordem jurídica e a vida em sociedade de Israel enquanto nação organizada, com normas civis, penais, trabalhistas, sanitárias, ecológicas e afins (Êx 21; 23; Lv 19; 20; Dt 19-22; 24). Por último, a Lei previa regras cerimoniais, que tratavam dos ritos e cerimônias de adoração, oferta de sacrifícios e serviços do Tabernáculo (Lv 1-7).
3. Os propósitos da Lei. A Lei foi dada a Israel com os objetivos de prover um padrão de justiça, segundo o modelo de moralidade para o caráter e a conduta do ser humano (Dt 4.8; Rm 7.12); identificar e expor a malignidade do pecado (Rm 5.20), apontando o caminho da sua expiação pela fé em Deus através dos sacrifícios que eram oferecidos no TabernácuLo (Lv 4-7) e, por fim; revelar a santidade de Deus (Êx 24.15-17; Lv 19.1,2), para conduzir a humanidade a Cristo (Rm 10.4).
Pense!
“Assim, a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom” (Rm 7.12).
Ponto Importante
A Lei de Deus, entregue a Moisés tinha os seguintes propósitos para Israel: prover um padrão de justiça; identificar e expor a malignidade do pecado e revelar a santidade de Deus.
II. JESUS E A LEI
1. O cumprimento da Lei. No Sermão do Monte, o Senhor Jesus afirmou: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir” (Mt 5.17). Com essas palavras, o Nazareno afasta a acusação dos fariseus de que estivesse subvertendo os mandamentos divinos, e comprova que tudo o que dEle estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos, deveria se cumprir dentro do seu plano redentor (Lc 24.44). Conforme a Bíblia de Estudo Palavras-Chave, em ambas as passagens a palavra cumprir (gr. plēroõ) tem o sentido de concluir, satisfazer ou aperfeiçoar. Significa dizer que somente Cristo foi capaz de satisfazer as exigências da Lei, pois o fim da lei é Cristo, para a justiça de todo aquele que crê (Rm 10.4).
De acordo com o Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, “Mateus vê o cumprimento da Lei em Jesus semelhante ao cumprimento da profecia do Antigo Testamento: O novo é como o velho. Não só o novo cumpre o velho, mas o transcende. Jesus e a lei do novo Reino são o intento, destino e meta final da lei”.
2. O fim da Lei Mosaica. A lei mosaica funcionava como um “aio” (tutor) temporário até que Cristo viesse (Gl 3.22-26). Assim, ao se entregar em sacrifício como o cordeiro imaculado e incontaminado (1Pe 1.19), Jesus deu a Lei por concluída, pois era a sombra dos bens futuros (Hb 10.1). Com efeito, no Novo Concerto, os salvos em Cristo não estão mais debaixo da Lei assim como estava o povo de Israel, tendo em vista que, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também a mudança da Lei (Hb 7.12).
Quer dizer, então, que a Lei não tem mais nenhum valor para os cristãos? De modo algum, afinal ainda encontra-se em vigor os preceitos morais e os referenciais éticos estabelecidos por Deus de forma universal e atemporal para o ser humano. Mas, até mesmo esta parte da lei recebeu um novo significado em Cristo, que lhe deu sentido e expressões mais plenas.
3. Novo significado. Os israelitas haviam transformado os mandamentos de Deus em um conjunto de regras e imposições legalistas, baseados em ritos e aparência exterior. A tradição humana havia subvertido a essência da lei. Em sua missão terrena, Jesus resgata o propósito primordial da lei e enfatiza a necessidade do seu cumprimento de forma livre e espontânea, dando-lhe novo significado, cujo padrão de retidão opera de dentro para fora. Entretanto, esse novo sentido dado por Cristo parece ser ainda mais exigente; afinal, depois de afirmar o que estava escrito na lei mosaica (“Ouvistes o que foi dito”, Mt 5.21,27,31,33,43), Ele introduz um padrão ainda mais elevado (“Eu, porém, vos digo”). Eis o motivo pelo qual afirma o Mestre que a justiça dos discípulos deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt 5.22).
Assim, a Ética do Reino mencionada por Jesus no Sermão do Monte não é alcançada pelo esforço humano e, muito menos, condição para alcançar o favor de Deus. É uma ética que todo o crente deve buscar ardentemente, e que é vivenciada somente pela transformação e santificação advinda do interior do coração, pela obra de Cristo e da ajuda do Espírito Santo (Jo 15.5). Dessa forma, hoje precisamos compreender que cumprimos as ordenanças divinas não por imposição ou por medo, mas como consequência de uma vida transformada.
Pense!
“Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam” (Hb 10.1).
Ponto Importante
A ética do Reino mencionada por Jesus no Sermão do Monte não é alcançada pelo esforço humano e, muito menos, é condição para alcançar o favor de Deus.
III. AS LEIS DO REINO DE DEUS
1. Amar a Deus sobre todas as coisas. Os fariseus questionaram Jesus sobre qual era o grande mandamento da lei, e o Mestre respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mt 22.37). Aqui, Jesus cita o que está registrado em Deuteronômio 6.5, o qual considera o primeiro e grande mandamento (Mt 22.38). Embora os israelitas conhecessem tal preceito, o Mestre revigora o seu conteúdo ao apresentar Deus, não como um monarca carrancudo e distante, mas como o Pai amoroso (Mt 23.9; Jo 16.27), que recebe, em contrapartida, o amor pleno e irrestrito de seus filhos, fruto de uma perfeita comunhão. Amar a Deus significa tê-lo como único Senhor de nossas vidas, permitindo que Ele ocupe a primazia sobre qualquer outra coisa ou pessoa, seja trabalho, estudo, amigos ou bens materiais (Mt 6.24). A prova do verdadeiro amor que o cristão autêntico devota a Deus é: a confiança e esperança depositadas nEle, assim como a obediência à sua Palavra (Jo 14.21).
2. Amar o próximo como a ti mesmo. Jesus ainda apresenta o segundo mandamento, tão importante quanto o primeiro: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.39). Os ensinos de Jesus e seu exemplo de vida evidenciam que o amor a Deus é expresso e provado amando os seres humanos. Nesse sentido, o apóstolo João também afirma que aquele que diz amar a Deus e odeia a seu irmão, é mentiroso (1Jo 4.20,21). Isso porque o amor genuíno é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5.5). como evidência do novo nascimento (1Jo 3.9,10) e do fruto do Espírito (Gl 5.22). Este é o amor ágape, que busca o bem da outra pessoa sem querer nada em troca (cf. 1Co 13) e sem fazer acepção de pessoas. Segundo Tiago, esta é a Lei real (Tg 2.8,9). Por esse motivo, Jesus assevera que devemos amar não somente aqueles que nos amam, mas também os nossos inimigos (Mt 5.43-46).
3. A essência dos mandamentos. “Desses dois mandamentos”, concluiu o Mestre, “dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22.40). Ou seja, amar a Deus e ao próximo é a chave para a compreensão dos mandamentos do Altíssimo após o advento de Cristo. São a essência dos mandamentos divinos. Conforme o Comentário Bíblico Pentecostal, “estes dois mandamentos sobre o amor são a ‘constituição’ do Reino, a partir do qual todas as outras leis serão julgadas e todas as aplicações da lei consideradas apropriadas ou não. Estes dois mandamentos garantem que a lei inteira se conformará ao espírito do Reino”.
Pense!
Deus preservou de forma incontestável a sua mensagem ao longo dos séculos, 0 que nos traz a segurança de que podemos confiar na Palavra de Deus.
Ponto Importante
A Bíblia é a inerrante e eterna Palavra de Deus revelada ao homem.
CONCLUSÃO
Portanto, o fato de estarmos debaixo da graça (e não da lei), não nos isenta de obedecermos aos mandamentos de Deus (Rm 6.15). Precisamos entender, contudo, que, em Jesus Cristo, a observância da lei moral do Reino não é um mérito pessoal conquistado pelo esforço próprio, mas algo que parte de um coração regenerado e transformado interiormente. Hoje, vivemos a Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus (Rm 8.2). Glorifiquemos a Deus por isso!
ALMEIDA, Abraão. O Sábado, a Lei e a Graça.
STRONSTAD, Roger; Arrington, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento.
1. O que é o Decálogo?
Os Dez Mandamentos proferidos pelo Senhor no Sinai (Êx 20.1-17).
2. Quais eram os propósitos da Lei?
Prover um padrão de justiça, identificar e expor a malignidade do pecado e revelar a santidade de Deus.
3. Qual o significado da palavra “cumprir” em Mt 5.17 e Lc 24.44?
Cumprir (gr. plēroõ) tem o sentido de concluir, satisfazer ou aperfeiçoar.
4. Como podemos colocar em prática o novo significado que Jesus deu à Lei?
Resposta pessoal.
5. Quais os dois mandamentos de que dependem a Lei e os profetas, segundo Jesus?
Amar a Deus e ao próximo.
Jesus e a Lei de Moisés
“(1) Purificador da lei. Jesus purificou a lei moral das perversões que a ela foram anexadas pelos judeus (Mt 5.27-48) e purificou a lei cerimonial das mesmas perversões (Mt 15.1-11). Isso estava de acordo com a missão dEle, que havia sido prevista (Ml 3.1-4).
(2) O defensor da lei. Jesus ensinou que a lei tinha autoridade divina (Mt 5.18; Lc 16.17). Ele colocou a lei no mesmo nível de suas próprias palavras (Jo 5.45-47). Ele mostrou que a Lei tinha previsões a seu respeito (Lc 24.27,44; Jo 5.45.46).
(3) O intérprete da lei. Jesus resumiu a lei no absoluto amor a Deus e ao próximo (Mt 7.12; 22.34-40; Mc 12.28-34: Lc 10.25-37).
(4) O cumpridor da lei. Jesus cumpriu a lei cerimonial ao observar os seus ritos (Lc 2.21-27). Ele praticou a lei cível (ou judicial) ao observar a lei romana (Mt 17.24-27; 22.17-22), e praticou a lei moral ao obedecer perfeitamente aos mandamentos de Deus. Por essa obediência, Ele se tornou a perfeita justiça do pecador que infringiu a lei (Dn 9.24; Mt 3.15; Rm 10.3,4; 2Co 5.21; Gl 4.4,51.
(5) Aquele que aboliu a lei cerimonial. A morte de Cristo na cruz aboliu a legislação cerimonial (Mt 27.51); porém, mesmo antes desse acontecimento, Cristo havia feito declarações que prepararam o caminho para uma adoração simplificada na Era do evangelho (Mc 7.15.19; Lc 11.41; Jo 4.23,24)” (PFEIFFER, Charles F.; REA, John; VOS, Howard F. (Eds). Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009. p.1141).