Título: Jesus e o seu tempo — Conhecendo o contexto da sociedade judaica nos tempos de Jesus
Comentarista: Valmir Milomem
Lição 5: Jesus e a implantação do Reino de Deus
Data: 03 de Maio de 2015
“Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o Reino de Deus” (Mt 12.28).
Entender o significado bíblico do Reino de Deus é fundamental para a genuína proclamação do Evangelho e compreensão do papel da Igreja na sociedade.
SEGUNDA — Mt 4.23
O Evangelho do Reino
TERÇA — Lc 12.31
A prioridade do Reino
QUARTA — 1Co 6.10
Não herdarão o Reino de Deus
QUINTA — Mt 18.4
O maior do Reino dos céus
SEXTA — Sl 145.13
O Reino de Deus
SÁBADO — Lc 18.24
O Reino e as riquezas
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Através das páginas dos Evangelhos, podemos ver a ênfase que o Senhor Jesus deu à chegada e ao anúncio do Reino, chamando o Evangelho de “o evangelho do Reino” (Mt 4.23). Assim, nesta lição, estudaremos a respeito do significado do Reino implantado pelo Senhor Jesus e como os discípulos, como súditos do Reino, devem vivenciá-lo e proclamá-lo.
Reproduza o quadro abaixo. Utilize-o para explicar o tópico II da lição. Ressalte os valores do Reino de Jesus e os valores opostos do mundo.
Mateus 5.1-11.
1 — Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;
2 — e, abrindo a boca, os ensinava, dizendo:
3 — Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;
4 — bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
5 — bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
6 — bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
7 — bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
8 — bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9 — bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
10 — bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;
11 — bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.
INTRODUÇÃO
Embora o cerne do ministério de Jesus e da mensagem proclamada pela Igreja Primitiva tenha sido o Reino de Deus, esse assunto tem recebido pouca ênfase no ensino e pregação das igrejas atualmente. Quantas vezes ouvimos a exposição clara e contundente sobre o domínio de Deus e a sua presença em nosso meio? Desse modo, considerando sua relevância, magnitude e primazia (Mt 6.33), estudaremos nesta lição sobre o significado bíblico do Reino de Deus, sua natureza e dimensão, pois a compreensão deste assunto é fundamental para a genuína proclamação do Evangelho, assim como para melhor entendermos o papel da Igreja na sociedade.
I. O QUE É O REINO DE DEUS
1. Reino de Deus e Reino dos Céus. Sobressai nos Evangelhos o ensino de Jesus acerca do Reino, mencionado em diversas ocasiões pelos evangelistas como Reino de Deus e, em outras, como Reino dos céus. Conquanto alguns estudiosos afirmem que tais expressões tenham significados distintos, o exame cauteloso das Escrituras e da cultura judaica dos tempos de Jesus revela, em verdade, que essas expressões possuem sentidos equivalentes. É importante lembrar que o evangelho de Mateus foi escrito aos crentes judaicos e, por isso, o seu autor dá preferência ao termo Reino dos Céus, ao invés de Reino de Deus, por causa do costume que tinham em não pronunciar literalmente o nome de Deus.
2. Significado do Reino. Etimologicamente, a palavra Reino (gr. basileia) significa domínio ou governo. Em sentido amplo, portanto, o Reino de Deus pode ser definido como o dominio eterno (Sl 45.6) do Criador em todas as épocas (Sl 10.16) e sobre a totalidade da criação, intervindo e predominando na história humana através de seus atributos supremos. Jesus completou a oração modelo da seguinte forma: “[...] porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!” (Mt 6.13). Todavia, além desse aspecto abrangente, o Messias referiu-se ao Reino de Deus de maneira bem mais específica, enfatizando tanto o seu aspecto presente quanto futuro. O teólogo britânico John Stott chamava essa dupla realidade do Reino de “Já” (Reino presente) e o “Ainda não” (Reino futuro). Logo, para a correta interpretação desse termo nos Evangelhos é fundamental que se considere o seu respectivo contexto bíblico.
3. As dimensões do Reino. Vejamos, desse modo, as duas dimensões do Reino aludidas em o Novo Testamento:
a) Reino presente: Jesus realçou em seu ministério a chegada do Reino (Mt 4.17; 12.28), dando a entender que Ele próprio estava realizando a sua implantação aqui na terra entre os homens (Mc 1.15; Lc 18.16,17). Este é o Reino inaugurado. Não se trata, contudo, de um reinado institucional ou político, e, sim, espiritual, pelo qual Deus passa a atuar eficazmente no coração daqueles que se tornam súditos desse Reino, submetendo-se consequentemente à vontade do Altíssimo (1Co 4.20).
b) Reino futuro: Refere-se ao aspecto escatológico do Reino consumado. A Bíblia de Estudo Pentecostal assim explica: “A manifestação futura da glória de Deus e do seu poder e reino ocorrerá quando Jesus voltar para julgar o mundo (Mt 24.30: Lc 21.27; Ap 19.11-20; 20.1-6). O estabelecimento total do Reino virá quando Cristo finalmente triunfar sobre todo o mal e oposição e entregar o Reino a Deus Pai” (1Co 15.24-28; Ap 20.7-21.8).
Pense!
“Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus” (Mt 18.4).
Ponto Importante
Em sentido amplo, o Reino de Deus é o domínio eterno do Criador em todas as épocas e sobre a totalidade da criação, intervindo e predominando na história humana através de seus atributos supremos.
II. AS CARACTERÍSTICAS DO REINO DE DEUS NAS ESCRITURAS
1. Origem do Reino. Diferentemente da expectativa dos judeus daquele tempo, que aguardavam um Messias que implantaria o seu Reino na terra, por meio de uma renovação política, o Nazareno afirmou não ser o seu Reino deste mundo (Jo 18.36). Com esta declaração, Jesus não descaracterizou a realidade e a presença do Reino, de modo a afastar a sua própria autoridade sobre a esfera terrena, pois as Escrituras dão provas de que Ele é supremo (Mt 28.18; Fp 2.9-11; Cl 1.15-18; Ap 19.16). Jesus está se referindo à origem celestial do seu governo, o qual não é fabricado pelo homem, ou conquistado pelo uso da força física, ou pela política deste mundo. É um Reino de verdade que emana de Deus e irrompe entre os homens promovendo transformação!
2. Natureza do Reino. Na sua dimensão presente, o Reino de Deus é fundamentalmente espiritual. Quando recebemos esse Reino, Deus opera o seu domínio e manifesta, por antecipação, parte das bênçãos espirituais da vida eterna e da glória do porvir no tempo em que vivemos, gerando uma vida abundante (Jo 10.10). O apóstolo Paulo captou bem a sua essência ao dizer: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17). De forma graciosa, somos beneficiados pela boa, perfeita e agradável vontade (Rm 12.2) e pelas virtudes do Espírito (Rm 15.13). que afetam e influenciam todas as esferas da vida humana, especialmente emocional, mental, física, social e econômica.
3. Marcas e valores do Reino. O Reino deixa marcas perceptíveis na vida de seus súditos, transparecendo evidências sublimes da presença divina em seus comportamentos. Um resumo destes sinais é encontrado no Sermão da Montanha proferido por Jesus, mais especificamente nas bem-aventuranças (Mt 5.1-10). Ali estão contidos os valores de Jesus para a realidade presente do Reino de Deus. Para viver este Reino na prática, precisamos rejeitar os valores e as atitudes do mundo e adotar os valores ali retratados. Os filhos do Reino também são distinguidos por sua obediência (Mt 7.21) e fidelidade a Deus (Lc 19.11-27), assim como pelos seus frutos (Mt 7.20; Gl 5.22). Será que o mundo nos reconhece por nossos frutos e pelas marcas do Reino celestial?
Pense!
“Porque o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em virtude” (1Co 4.20).
Ponto Importante
Quando recebemos o Reino, Deus opera o seu domínio e manifesta por antecipação parte das bênçãos espirituais da vida eterna e da glória do porvir no tempo em que vivemos, gerando uma vida abundante (Jo 10.10).
III. JESUS E A MENSAGEM DO REINO DE DEUS
1. O Evangelho do Reino. O ponto central da mensagem anunciada por Jesus em seu ministério terreno foi a proclamação do Evangelho do Reino (Mt 4.23; 9.35; 24.14; Lc 4-43; 8.1). Igualmente, este foi o cerne da pregação de João Batista (Mt 3.2), assim como dos discípulos e da Igreja Primitiva (At 8.12; 19.8; 28.23). A palavra Evangelho (gr. euangelion) tem o sentido de boas novas, boas notícias, acerca do plano salvífico de Deus para a humanidade. O Evangelho genuíno é o Evangelho do Reino.
Vivemos, infelizmente, dias de desvirtuamento do Evangelho, esfriamento da fé e mercantilização do cristianismo. Nesse tempo, muitas igrejas já não dão o devido valor à proclamação genuína da mensagem do Reino, substituindo-a por programas de entretenimento e pregações de autoajuda. Mas a verdadeira Noiva do Cordeiro sabe que a sua missão primordial é anunciar as boas novas: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15) é a sua principal incumbência (1Co 9.16), chamando o ser humano ao arrependimento e conversão ao senhorio de Cristo. Jovem, você tem proclamado o Evangelho do Reino?
2. Reino e arrependimento. O Reino está intimamente ligado à obra redentora do Salvador. Daí o motivo pelo qual o Texto Sagrado evidencia o arrependimento como condição para deLe desfrutar (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.15; Lc 5.32). “Arrependei-vos” é o chamado do Evangelho, envolvendo tanto arrependimento dos pecados, quanto mudança de direção, de mentalidade e perspectiva de vida. Isso porque, para ser participante do Reino, é necessário pensar a partir da vontade de Deus, ter a mente de Cristo (1Co 2.16).
3. Novo nascimento para o Reino. Jesus também garantiu a Nicodemos: “[...] aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3). Este novo nascimento não é físico ou biológico, mas espiritual. É a nova vida em Cristo, que começa aqui e agora, com a presença de Deus, mas que se prolonga para a vida eterna (Jo 3.15). A nova vida depende da manifestação da vontade do ser humano. Deus não obriga ninguém a acreditar nEle e a aceitar a obra de Cristo.
Pense!
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gl 1.8).
Ponto Importante
Para ser participante do Reino, é necessário pensar a partir da vontade de Deus e ter a mente de Cristo (1Co 2.16).
CONCLUSÃO
O Reino de Deus não é uma utopia política ou uma condição social. É o poder de Deus operando na vida dos seus súditos, de forma eficiente e transformadora, desde a vinda de Cristo a essa terra. Este Reino transforma a mente, modifica o caráter e conduz os passos de seus súditos sob a tutela do Espírito Santo. Quando isso ocorre, família, amigos, trabalho, sociedade e tudo o mais é afetado pela luz do cristão. É sobre isso que Jesus estava dizendo ao falar sobre os seus discípulos: “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo” (Mt 5.13,14).
PFEIFFER, Charles F.; REA, John; VOS, Howard F. (Eds).
Dicionário Bíblico Wycliffe.
STRONSTAD, Roger; Arrington, French L. (Eds.).
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento.
1. Em sentido amplo, qual o significado de Reino de Deus?
O domínio eterno (Sl 45.6) do Criador em todas as épocas (Sl 10.16) e sobre a totalidade da criação, intervindo e predominando na história humana através de seus atributos supremos.
2. Quais as duas dimensões do Reino de Deus nas Escrituras?
Reino presente e Reino futuro.
3. Qual a natureza do Reino presente?
É fundamentalmente espiritual. Quando recebemos esse Reino, Deus opera o seu domínio e manifesta por antecipação parte das bênçãos espirituais da vida eterna e da glória do porvir no tempo em que vivemos, gerando uma vida abundante.
4. O que significa evangelho?
A palavra evangelho (gr. euangelion) tem o sentido de boas novas, boas notícias, acerca do plano salvífico de Deus para a humanidade. O evangelho genuíno é o Evangelho do Reino.
5. Qual a condição para desfrutar o Reino?
Arrependimento.
REINO DE DEUS, REINO DOS CÉUS
“Um estudo do uso dos dois termos revela que Mateus usa o termo ‘reino dos céus’ 34 vezes, mas ‘reino de Deus’ apenas quatro vezes, Mateus usa ‘reino dos céus’ quatro vezes onde Marcos, Lucas e João usam ‘reino de Deus’ (Mt 4.17, cf. Mc 1.15; Mt 10.7, cf. Lc 9.2; Mt 5.3, cf. Lc 6.20; Mt 13.11, cf. Mc 4.11; Lc 8.10). Evidentemente, Mateus teve uma razão para sua preferência. Ele era um judeu escrevendo para sua própria raça e respeitava seu costume de usar o nome de Deus o menos possível e, portanto, falou do reino dos céus. Por outro lado, falar do reino dos céus para os gentios e pagãos seria sugerir conceitos que para eles implicavam em politeísmo, enquanto que falar do reino de Deus teria enfatizado o monoteísmo. Esta é, aparentemente, a razão pela qual os três outros escritores não falam do reino dos céus. Aqueles que sentem que Mateus usa ‘reino dos céus’ por razões teológicas, e que pretendem fazer uma distinção entre esta expressão e a expressão, ‘reino de Deus’, devem observar que Mateus usa esta última cinco vezes (Mt 6.33: 12.28; 19.24; 21.31,43).
No caso do jovem governante rico, ele usa as duas expressões juntas (Mt 19.23,24), mostrando que elas são intercambiáveis para os seus propósitos” (PFEIFFER, Charles F.; REA, John; VOS, Howard F. (Eds). Dicionário Bíblico WycLiffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.1660).
Caro professor, “nenhum crente tem oportunidade mais promissora para o ministério do discipulado do que o professor. Este tem uma audiência já feita (os alunos) com quem se associa regularmente, uma assistência de pessoas que olham para ele como fonte da verdade e guia para relacionar essa verdade com a vida. A meta de todo professor-discipulador é capacitar seus alunos-discípulos a ficar cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo mediante o processo de ganhar almas e formar discípulos. O apóstolo Paulo declara este propósito nitidamente:
‘A quem anunciamos, admoestando a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo’ (Cl 1.28).
Deus permite que todo professor crente tenha parte nesse processo através do qual o Espírito Santo traz o aluno mais estreitamente em conformidade com o Salvador; ‘a varão perfeito [maduro], à medida da estatura completa de Cristo’ (Ef 4.13)” (GANGEL, Kenneth O.; HENDRICKS, Howard G. Manual de Ensino para o Educador Cristão: Compreendendo a natureza, as bases e o alcance do verdadeiro ensino cristão. 1ª Edição. RJ: 1999, p.294).