Título: Jesus e o seu tempo — Conhecendo o contexto da sociedade judaica nos tempos de Jesus
Comentarista: Valmir Milomem
Lição 6: Jesus, o Templo e a Sinagoga
Data: 10 de Maio de 2015
“E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 4.23).
O templo religioso não é sagrado em si mesmo, mas deve ser tratado com zelo e respeito, como local de reunião, estudo da Palavra e adoração a Deus.
SEGUNDA — Lc 24.53
Lugar de louvor e adoração
TERÇA — Ec 5.1
Lugar de reverência
QUARTA — Ez 43.5
Lugar da glória de Deus
QUINTA — Sl 122.1
Alegria em ir à Casa do Senhor
SEXTA — 1Co 3.16
O crente é o templo do Espírito
SÁBADO — Ap 21.22
O templo é o Senhor Deus
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Atualmente, uma parcela considerável de cristãos está entorpecida pelo engano da teologia da “Igreja Emergente”. Estes acreditam e propagam a falsa ideia de que a Igreja não tem importância alguma na vida espiritual do servo de Deus. Por isso, ir ou deixar de ir à igreja local, afirmam eles, não faz muita diferença. Tal pensamento tem feito surgir uma visão distorcida a respeito da Igreja. Para combater esse equívoco teológico, nada melhor do que nos voltarmos para as páginas do Novo Testamento, com o objetivo de confirmar a constante presença do Mestre no Templo de Jerusalém e nas sinagogas, ensinando sobre o Reino de Deus e curando as pessoas. Exemplo este que foi seguido pelos discípulos e pela Igreja em seu alvorecer.
Caro professor, para desenvolver o segundo tópico, reproduza as características do Templo de Herodes:
Os prédios tinham o dobro dos de Salomão e Zorobabel;
Os pátios tinham pavimento de mármore e parte do prédio era revestido de ouro;
O Templo refletia o progresso das divisões na fé. Havia um pátio dos gentios — onde só gentios podiam entrar; pátio das mulheres, dos homens e dos sacerdotes, que indicavam os limites até onde a pessoa podia ir ao encaminhar-se para o santuário central;
O pátio dos gentios era ao mesmo tempo uma via pública, um mercado e um lugar de negócios.
João 2.13-17; Lucas 19.45-48; Marcos 1.38-39.
João 2
13 — E estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
14 — E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados.
15 — E, tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, bem como os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas,
16 — e disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes e não façais da casa de meu Pai casa de vendas.
17 — E os seus discípulos tembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.
Lucas 19
45 — E, entrando no templo, começou a expulsar todos os que nele vendiam e compravam,
46 — dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa é casa de oração; mas vós fizestes dela covil de salteadores.
47 — E todos os dias ensinava no templo; mas os principais dos sacerdotes, e os escribas, e os principais do povo procuravam matá-lo
48 — e não achavam meio de o fazer, porque todo o povo pendia para ele, escutando-o.
Marcos 1
38 — E ele lhes disse: Vamos às aldeias vizinhas, para que eu ali também pregue, porque para isso vim.
39 — E pregava nas sinagogas deles, por toda a Galileia, e expulsava os demônios.
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, estudaremos a respeito do Templo e as sinagogas nos tempos de Jesus. Vamos entender quais foram as suas características e porque os Evangelhos destacam a presença constante do Mestre em tais ambientes, do seu nascimento ao fim do seu ministério. O estudo das Escrituras sobre esse tema será importante para rechaçar aqueles que menosprezam o templo religioso, assim como a concepção igualmente equivocada e extrema que os considera como edifícios sagrados.
I. JESUS VISITA O TEMPLO (Lc 2.21-29,41-51)
1. Apresentação no Templo. Logo após o nascimento do menino Jesus, José e Maria, seguindo a tradição judaica, levaram-no para ser apresentado no Templo. O evangelho de Lucas registra que, “cumprindo-se os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor” (Lc 2.22). Isso porque, de acordo com a lei, todo primogênito do sexo masculino deveria ser consagrado a Deus (v.23; Êx 13.2), depois do período de purificação da mulher (Lv 12.1-8).
2. Aprendendo no Templo. Uma vez ao ano, os pais de Jesus iam a Jerusalém para participarem da Festa da Páscoa. Em uma dessas ocasiões, quando a família retornava para sua cidade, depois do término da celebração, José e Maria perceberam que o menino não estava entre eles (Lc 2.41-44). Como não o encontravam entre os parentes e conhecidos (v.45), regressaram até Jerusalém à sua procura: “E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas” (vv.46,47).
Este episódio nos mostra o valor que Jesus, ainda moço, dava à Casa de Deus e ao estudo da Palavra; como resultado, Ele crescia não somente em estatura, mas também em sabedoria, e em graça para com Deus e os homens (Lc 2.52). A narrativa bíblica nos leva a compreender que Jesus alegrava-se em sentir a presença de Deus no Templo, aprendendo a sua Palavra. O salmista expressou júbilo semelhante ao dizer: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor” (Sl 122.1). Quando não sentimos deleite em estar na Casa de Deus, precisamos rever a nossa vida espiritual.
Pense!
Quando não sentimos deleite em estar na Casa de Deus, precisamos rever a nossa vida espiritual.
Ponto Importante
Seguindo a tradição judaica, o menino Jesus foi apresentado no Templo.
II. O TEMPLO E AS SINAGOGAS NOS TEMPOS DE JESUS
1. Templo de Jerusalém. Para Israel, o templo sagrado localizado em Jerusalém possuía significado especial, pois simbolizava a presença constante de Deus entre seu povo, sendo o principal local de culto e oferta de sacrifícios. Construído durante o reinado de Salomão (1Rs 6), como uma réplica da planta do tabernáculo, o santuário passou por duas reedificações após ter sido destruído em 586 a.C. por Nabucodonosor, rei da Babilônia (2Rs 25.13-17). A primeira aconteceu depois do retorno dos judeus do cativeiro babilônico, sob a liderança de Zorobabel (Ed 3.8) e exortação dos profetas Ageu e Zacarias (Ed 5-6). Em 19 a.C., Herodes, o Grande, na tentativa de apaziguar os ânimos dos judeus e ganhar popularidade, iniciou a reconstrução do segundo templo. O Templo de Herodes, como era chamado, impressionava por sua beleza e imponência arquitetônica. Era uma das maravilhas do mundo antigo e, por isso, recebia judeus e, até mesmo, gentios de várias partes.
2. Jesus no Templo. O Mestre costumava frequentar a parte externa deste Templo para proferir seus ensinamentos (Lc 21.38; Jo 7.14) e curar os enfermos. Apesar da sua importância como local de reunião e de culto, Jesus deixou transparecer que o edifício não tinha valor sagrado em si mesmo, pois, além de ser transitório (Mt 24.1,2) não era maior do que o Filho de Deus (Mt 12.6). Aplicando essas verdades para os dias atuais, entendemos que o bem mais valioso no templo não é a beleza da sua estrutura física ou o conforto que proporciona aos crentes. O que mais importa é a manifestação da glória de Deus no meio do seu povo (Ez 43.5). Sem a divina presença, santuários religiosos são como sepulcros caiados. São belos por fora, mas sem vida por dentro!
3. Conhecendo as sinagogas. Os Evangelhos também mostram que o Nazareno costumava pregar e ensinar nas sinagogas acerca do Reino de Deus (Lc 4.44; 13.10; Mt 12.9; Mc 1.39). No original, sinagoga (gr. synagōgē) tem o sentido de assembleia, congregação de pessoas. O Dicionário Bíblico Wycliffe registra que, no judaísmo, enquanto o Templo era o lugar do culto, a sinagoga tinha uma função educativa: era o local para o estudo da lei. Mas, com o passar do tempo, as sinagogas passaram a servir também como espaço para a adoração, principalmente para os judeus que moravam a grandes distâncias de Jerusalém. Portanto, diferentemente do Templo que era único, haviam muitas sinagogas espalhadas por toda a Terra de Israel nos tempos do Novo Testamento. Tanto é assim que a Igreja Primitiva, seguindo o exemplo do Mestre, floresceu anunciando o Evangelho em tais localidades (At 9.20; 13.5; 18.4). A preocupação dos judeus para a construção de sinagogas para o estudo das Escrituras serve como exemplo para os discípulos de Jesus. Tem a igreja dado o devido valor para a estrutura física da Escola Dominical?
Pense!
Sem a divina presença, santuários religiosos são como sepulcros caiados. São belos por fora, mas sem vida por dentro!
Ponto Importante
Enquanto o Templo de Jerusalém era único, havia muitas sinagogas espalhadas por toda a Terra de Israel nos tempos do Novo Testamento.
III. O ZELO DE JESUS PELO TEMPLO
1. A dupla purificação do Templo. Em duas ocasiões de seu ministério, Jesus purificou o Templo expulsando aqueles que haviam transformado o santuário em verdadeiro centro de comércio religioso. Embora as transações comerciais fossem comuns, envolvendo, principalmente, a compra, a venda e a troca de animais para serem oferecidos como sacrifício, tal prática havia se tornado tão trivial em Jerusalém que o propósito da casa de oração havia sido subvertido. Os vendilhões converteram-na em casa de vendas (Jo 2.16) e covil de ladrões (Mt 21.13).
2. Zelo e reverência na Casa de Deus. De forma implacável e impetuosa, o amoroso Jesus revela a face da justiça divina, colocando para fora os vendedores, compradores e, até mesmo, os animais; derribou mesas e espalhou o dinheiro, em virtude do zelo pela Casa de Deus (Jo 2.17; Sl 119.139). O verdadeiro servo de Deus não tolera práticas mundanas e carnais praticadas em qualquer que seja o lugar e, muito menos, no santuário, lugar de reverência (Ec 5.1) e adoração ao Senhor. Como verdadeiro profeta, é necessário ter coragem para mostrar o erro e apartar-se dos homens corruptos, fraudulentos, que lucram com uma falsa piedade (1Tm 6.5).
3. Negócios com palavras fingidas. O exemplo de Jesus continua vívido e relevante para os nossos dias. Nesses tempos trabalhosos, falsos mestres e falsos doutores, por avareza, têm transformado a igreja em objeto de negócio (2Pe 2.3), para satisfação pessoal e lucro financeiro. São verdadeiros aproveitadores da fé. Contudo, o juízo divino para estes está preparado. Como disse o apóstolo Pedro, “sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita”.
Pense!
Nesses tempos trabalhosos, falsos mestres e falsos doutores, por avareza, têm transformado a igreja em objeto de negócio para satisfação pessoal e lucro financeiro.
Ponto Importante
Jesus expulsou do Templo aqueles que haviam transformado o santuário em verdadeiro centro de comércio religioso.
CONCLUSÃO
Com o advento e obra de Cristo, a ênfase do culto foi transferida do santuário físico para o próprio Senhor Jesus, no qual habita toda a plenitude de Deus (Cl 2.9), que materializou, em si, o propósito do templo. E por isso, Ele mesmo disse que chegou o momento em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade (Jo 4.23,24). Além disso, cada crente, convertido e transformado, é templo e morada do Espírito do Altíssimo (1Co 3.16). Não obstante, ainda permanece a finalidade e a importância do templo da igreja, como local onde o povo de Deus se reúne para cultuar, orar e aprender a Palavra.
GOWER, Raph.
Novo Manual dos Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. 2ª Edição.
RJ: CPAD, 2012.
TENNEY, Merril C. Tempos do Novo Testamento. 1º Edição. RJ:
CPAD, 2010.
PFEIFFER, Charles F.; REA, John; VOS, Howard F. (Eds).
Dicionário Bíblico Wycliffe. 1º Edição. RJ: CPAD, 2009.
1. Onde Jesus estava ao ser encontrado por José e Maria quando tinha doze anos de idade?
No Templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os.
2. Por quantas reedificações o Templo de Jerusalém passou após ter sido destruido em 586 a.C. por Nabucodonosor?
Duas.
3. Quem havia reconstruído o Templo existente na época de Jesus?
Herodes, o Grande.
4. O que significa sinagoga?
Sinagoga (gr. synagōgē) tem o sentido de assembleia, congregação de pessoas.
5. Qual a era principal função da sinagoga?
Função educativa, pois era o local para o estudo da Lei.
A SINAGOGA
“Depois do templo de Salomão ter sido destruído e enquanto os judeus estavam no exílio, eles sobreviveram reunindo-se aos sábados para aprender sobre a lei e as tradições do seu povo. Essa prática mostrou-se tão útil que, ao voltarem, os judeus quiseram continuá-la e começaram a construir lugares onde pudessem ‘reunir-se’. Esses lugares, conhecidos como sinagogas (que significa literalmente lugares de reunião), começaram a ser construídos onde quer que houvesse pelo menos dez homens adultos na comunidade. Na época de Jesus, as sinagogas já eram conhecidas em todo o território. Não havia dificuldade em achá-las, visto que se não estivessem no centro da comunidade, eram construídas no ponto mais alto, ou se tornavam o prédio mais alto, por meio de alguma característica arquitetônica, tal como um domo ou base ampliada” (GOWER, Ralph. Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. 1ª Edição. RJ: CPAD. 2002, p.345).