Título: Jesus e o seu tempo — Conhecendo o contexto da sociedade judaica nos tempos de Jesus
Comentarista: Valmir Milomem
Lição 7: Jesus, o Mestre da Justiça
Data: 17 de Maio de 2015
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mt 5.6).
A justiça ensinada por Jesus retribui o pecado, restaura o homem caído e cuida do necessitado.
SEGUNDA — Sl 119.142
Justiça eterna
TERÇA — Sl 89.14
A base do trono
QUARTA — 1Jo 3.7
Aquele que pratica a justiça é justo
QUINTA — Fp 1.11
Frutos de justiça
SEXTA — Dt 16.20
Seguindo a justiça
SÁBADO — Sl 82.3
Fazei justiça ao pobre
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Justiça é um tema presente no nosso cotidiano, pois ela é elemento indispensável nas relações sociais. As pessoas, quase diariamente, debatem sobre o que é justo ou injusto, a partir de determinado ponto de vista ideológico, filosófico ou político. Será que os nossos jovens têm uma perspectiva clara sobre o significado da justiça à luz das Escrituras? O que é praticar a justiça? Vamos falar sobre esse e outros temas nesta lição.
Prezado professor, lembre-se de que uma boa aula deve levar em consideração pelo menos quatro fatores: 1) Produzir conhecimento; 2) Conduzir os alunos à reflexão individual; 3) Proporcionar o ambiente adequado para o agir do Espírito Santo; e 4) Estimular a prática do conteúdo aprendido. Ao ensinar os jovens, tenha em mente que eles apreciam aulas criativas e dinâmicas. Use o bom humor sem perder de vista a seriedade da Palavra de Deus. Procure empregar ilustrações e exemplos reais, aplicando os ensinamentos ao contexto de vida do aluno. Boa aula!
Mateus 3.13-15; Mateus 5.6,10,20; Mateus 6.1-4.
Mateus 3
13 — Então, veio Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele.
14 — Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
15 — Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu.
Mateus 5
6 — bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
10 — bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;
20 — Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
Mateus 6
1 — Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.
2 — Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
3 — Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita,
4 — para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a respeito de Jesus como o Mestre da Justiça. Além de ter cumprido toda a justiça de Deus (Mt 3.15), Ele ensinou os seus discípulos aplicando-a de forma graciosa, misericordiosa e generosa. Na aula de hoje, teremos a oportunidade de aprender que a justiça bíblica é uma virtude, de acordo com o padrão divino, e não uma mera teoria. Veremos que é preciso colocar em prática a retidão divina em todas as áreas das nossas vidas, seja nas decisões pessoais quanto no tratamento das outras pessoas.
I. JESUS, O MESTRE QUE CUMPRIU TODA JUSTIÇA (Mt 3.15)
1. Antecedentes do Antigo Testamento. No Antigo Testamento, justiça — ao lado da Lei — é um dos temas centrais no relacionamento entre Jeová e seu povo, e significa de forma geral a virtude pela qual se age com retidão, justeza e integridade, de acordo com o padrão divino (Êx 9.27). Aqueles que assim procedem são chamados de justos (Gn 6.9; 18.26, Jó 22.19, Sl 1.6; 14.5). Conforme assinala a Bíblia de Estudo Palavra-Chave, sedaqah, um dos termos hebraicos usados para justiça, descreve a postura e as ações que Deus possui e que espera que seu povo também preserve. Ele é inequivocamente justo; a justiça é inteiramente sua prerrogativa. Seu povo deve semear justiça e, como recompensa, receberá justiça (Os 10.12). Ele trata com seu povo segundo a irrepreensibilidade que eles demonstram (2Sm 22.21; Ez 3.20). O termo refere-se ainda à punição do erro e à condição daqueles que foram justificados, isto é, considerados inocentes (Jó 11.2; Is 50.8).
2. Israel e a justiça social. Ajustiça para Israel também possuia um aspecto social, envolvendo o cuidado com os pobres e vulneráveis (Mq 6.8). Nestas passagens bíblicas, justiça (hb. mishpat) denota a necessidade de tratamento igualitário aos menos afortunados, aos órfãos, às viúvas e aos estrangeiros (Jr 22.3). Enquanto povo escolhido, Israel deveria implantar uma cultura de justiça e paz, agindo com generosidade em relação ao próximo. A Lei mosaica, inclusive, estabelecia uma série de disposições contra a opressão aos pobres (Êx 22.25). Por essa razão, no livro de Provérbios encontramos: “O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado honra-o” (Pv 14.31).
3. Jesus e o cumprimento de toda a justiça. Em o Novo Testamento, a justiça (gr. dikaiosyne) divina tem o seu pleno cumprimento em Jesus Cristo (Mt 3.15). Uma vez que Deus é santo e justo, e considerando que a justiça envolve a retribuição implacável pelo delito, o pecado cometido por Adão no Éden deveria receber a adequada punição. Jesus, portanto, se oferece para o cumprimento da pena e satisfação da justiça divina, consumada na cruz do Calvário (Jo 19.30), de forma substitutiva para remissão dos pecados do homem (Rm 3.25). O Juiz Celestial que decretou a sentença de condenação é o mesmo que enviou o seu Filho Unigênito para cumpri-la. Que maravilhosa graça!
Pense!
O Juiz Celestial que decretou a sentença de condenação é o mesmo que enviou o seu Filho Unigênito para cumpri-la.
Ponto Importante
Jesus cumpriu toda a justiça na cruz do Calvário, de forma substitutiva para remissão dos pecados do homem.
II. JESUS ENSINA A PRÁTICA DA JUSTIÇA (Mt 6.33)
1. A primazia do Reino. Jesus é o Mestre da justiça porque além de tê-la vivenciado em toda a sua plenitude, ensinou aos discípulos sobre a sua prática. De modo magistral, Ele enfatizou: “Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). Logo, o Reino e a sua justiça devem ser o foco principal de todo cristão, posto que proporciona, por consequência, as coisas básicas da vida, isto é: comer, beber e vestir (Mt 6.25). De modo contrário, muitos invertem as prioridades da vida cristã, destacando os bens materiais e as bênçãos terrenas em detrimento da justiça divina. No meio eclesiástico, ouve-se o ressoar de jargões que decretam “bênçãos” e “vitórias”, mas raramente escuta-se o clamor por justiça. Isso acontece porque a busca pela justiça requer renúncia. Mas poucos estão dispostos a sofrer perseguição por causa dela (Mt 5.10).
2. Famintos e sedentos por justiça. No Sermão do Monte, o Mestre incluiu a justiça como uma das características das bem-aventuranças: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mt 5.6). Jesus faz alusão a duas sensações naturais que exprimem a ideia de forte aspiração do ser humano. Em outras palavras, o Nazareno está propondo que aqueles que possuem o desejo ardente por justiça são mais que felizes. O verdadeiro cristão, portanto, abalizado no amor ágape, não tolera e muito menos se alegra com a injustiça (1Co 13.6), com a desigualdade e com a opressão. O discípulo de Jesus não tenta lucrar à custa dos outros e, também, não busca resolver seus problemas pessoais por meio do “jeitinho brasileiro”. Ele é justo em todo o seu proceder.
3. Justiça que retribui, restaura e cuida. Ajustiça que procede de Deus (Sl 119.149) é plena e deve irradiar para todas as áreas da vida humana, abrangendo tanto o aspecto moral quanto social. Jesus, ao adotar o padrão de retidão divina, confrontou o erro e apontou a retribuição para o pecado (Mt 8.12), mas também deu exemplos da justiça restaurativa que, por intermédio de seu perdão, restabelece o homem à condição de Filho de Deus (Jo 8.11). Além disso, a justiça do Mestre dos mestres é uma justiça que se importa e cuida do pobre e carente (Mt 19.21).
Pense!
No meio eclesiástico, ouve-se o ressoar de jargões que decretam “bênçãos” e “vitórias”, mas raramente escuta-se o clamor por justiça.
Ponto Importante
Jesus ensinou a justiça divina de forma plena. Ela retribui o pecado, restaura o homem caído e cuida do necessitado.
III. A JUSTIÇA QUE AGRADA A DEUS (Mt 5.6; Is 58.6)
1. É misericordiosa. A primeira característica da justiça que agrada a Deus é a misericórdia. Mesmo quando se confronta o erro, é necessário separar o pecado do pecador, condenando a prática e se compadecendo do ser humano, pois a autêntica justiça vem acompanhada da piedade (1Tm 6.11; Zc 7.9). Aquele que recebeu o divino amor não se alegra com o erro alheio; antes, chora pela sua queda.
2. É graciosa. A graça é exatamente o oposto da justiça. Enquanto a justiça dá a cada um aquilo que lhe é devido, a graça concede um favor imerecido. Nesse sentido, a justiça que agrada a Deus é aquela que é abrandada pela magnífica graça. Esta graça não anula a justiça, dá-lhe mais vida. O exemplo do filho pródigo (Lc 15.11-32) nos mostra que somente a graça é capaz de reverter uma situação desfavorável. Legalmente, ele já havia recebido toda a sua herança e, por isso, seu pai poderia muito bem tê-lo despedido sem conceder-lhe mais nada. Entretanto, a graça prevaleceu e ele foi recebido com festa e presentes. Assim como o irmão mais velho não compreendeu a ação do seu pai, o mundo também não compreende a graça que contrasta a justiça. Somente ela nos dá força e condições de não retribuirmos o mal com o mal e de também não praticarmos a vingança (Rm 12.17-21).
3. É generosa. Por fim, a justiça que agrada a Deus é generosa. Para o servo de Deus, esta generosidade se materializa na ajuda ao pobre e ao necessitado. Jesus criticou os fariseus de sua época em virtude da justiça aparente e legalista praticada por eles, razão pela qual o Mestre afirmou aos discípulos que eles deveriam exceder em muito a justiça dos escribas e fariseus. O profeta Isaías falou sobre desfazer as ataduras do jugo do oprimido, repartir o pão ao faminto, recolher em casa os pobres abandonados (Is 58.6,7). Em Novo Testamento, Tiago sintetizou a importância da generosidade ao afirmar que a fé, sem as obras, é morta (Tg 2.15-17). A justiça generosa não é uma condição para ingressar no Reino, mas a marca daqueles que lá estão.
Pense!
A justiça que agrada a Deus é aquela que é abrandada pela magnífica graça. Esta graça não anula a justiça, dá-lhe mais vida.
Ponto Importante
A justiça que agrada a Deus é, ao mesmo tempo, misericordiosa, graciosa e generosa.
CONCLUSÃO
Justiça, portanto, não é uma questão ligada somente ao mundo jurídico e ao Estado. Significa, em síntese, agir de forma correta; fazer a coisa certa. E, como tal, é uma virtude que provém do Altíssimo, a nossa bússola moral para agir com retidão. Em um mundo repleto de injustiças e desigualdades, os discípulos de Jesus têm o desafio de viverem justa e piedosamente, produzindo frutos de justiça (Fp 1.11).
GOWER, Raph.
Novo Manual dos Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos.
TENNEY, Merril C. Tempos do Novo Testamento.
PALMER, Michael D (org.). Panorama do Pensamento Cristão.
Dicionário Bíblico Wycliffe.
1. De forma geral, qual o sentido de justiça no Antigo Testamento?
Virtude pela qual se age com retidão e integridade, de acordo com o padrão divino.
2. Por que o pecado cometido por Adão no Éden deveria receber a adequada punição?
Pois Deus é santo e justo, e a justiça envolve a retribuição implacável pelo delito.
3. Qual o sentido da expressão: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).
O sentido é priorizar Deus. O Senhor deve ter a primazia em nossas vidas, pois assim conseguiremos viver em justiça.
4. Segundo Jesus, por que os que têm fome e sede de justiça são bem-aventurados?
Porque eles serão fartos.
5. Como é a justiça que agrada a Deus?
Misericordiosa, graciosa e generosa.
JUSTIÇA
“No NT, a palavra grega mais frequente para justiça é dikaiosyne, que é a tradução regular da LXX para a palavra hebraica sedaqa. Da mesma maneira que no AT, a expressão ‘justiça de Deus’ não se refere especificamente à inerente perfeição do caráter divino. Antes, ela fala sobre a sua justa provisão de salvação para os pecadores (Em 1.17: 3.5,21,22,25,26; 10.3; 2Co 5.21). No evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, foi revelada a justiça de Deus (Rm 1.16,17). Ela se torna efetiva entre os homens que, por causa de seu pecado, estão sujeitos à ira de Deus e muito longe dele. Através da bondosa extensão da justiça de Deus, eles são conduzidos a um relacionamento salvador com Ele. A justiça de Deus depende, por um lado, do Senhor ser fiel à sua própria natureza — que é boa e santa — e, por outro, de tratar suas criaturas com justiça. Na justa provisão divina de uma forma de salvação, Ele não pode perdoar o pecado sem satisfazer sua justiça, e manter sua santidade. A justiça de Deus, manifestada em seu justo plano para a salvação através da morte expiatória e substitutiva de Cristo, satisfaz a ambas. A aceitação dessa provisão, por parte do pecador, permite a Deus atribuir-lhe tudo que Cristo fez por ele, para alcançar a sua salvação. Nessa aceitação de Cristo, como portador de pecados e Salvador pela fé, o homem recebe a ‘justiça que é pela fé’, uma expressão que expressa a justiça de Cristo que é atribuída ao crente” (Rm 4.5; 9.30; Fp 3.9). (Dicionário Bíblico Wycliffe 1ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.1120).