Título: Jesus e o seu tempo — Conhecendo o contexto da sociedade judaica nos tempos de Jesus
Comentarista: Valmir Milomem
Lição 12: Os discípulos de Jesus e a participação política
Data: 21 de Junho de 2015
“Disse-Lhes, então: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Lc 20.25).
O exercício da cidadania terrena e a participação política dos servos de Jesus é uma responsabilidade bíblica.
SEGUNDA — Fp 3.20
Cidadania celestial
TERÇA — 1Pe 2.11
Peregrinos na Terra
QUARTA — Tt 3.1
Sujeitando-se aos governantes
QUINTA — Pv 28.28
Quando os ímpios sobem ao poder
SEXTA — 1Co 10.23
Todas as coisas são lícitas, mas nem todas nos convém
SÁBADO — 1Tm 3.15
Igreja: coluna e firmeza da verdade
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Nos últimos tempos, principalmente no Brasil, as palavras política/político têm recebido forte conotação pejorativa, especialmente em virtude da corrupção generalizada, escândalos nos governos e má administração do dinheiro público. Dado esse cenário, não é incomum ouvir homens e mulheres afirmarem não gostar de política. No meio cristão, há aqueles que dizem ser completamente desnecessário o envolvimento com as questões públicas. Contudo, neste domingo teremos a oportunidade de compreender que a participação política é uma necessidade vital de todos os indivíduos, inclusive cristãos.
Prezado professor, a lição de hoje é propícia para o uso do debate como método de ensino-aprendizagem. No tópico 3, peça para os seus alunos formarem um círculo na sala. Na sequência, coloque cada item para discussão, abrindo a palavra para os alunos compartilharem aquilo que pensam sobre o assunto. Cada fala deverá durar no máximo 1 minuto, com direito a réplica. Depois de ouvir os alunos, finalize o tópico destacando os pontos essenciais. Veja algumas perguntas sugeridas para o debate:
O que vocês acham do voto obrigatório no Brasil?
Quais as características de um bom político?
Irmão deve votar em irmão?
Qual deve ser a postura da igreja em relação ao processo eleitoral?
Lucas 20.21-26.
21 — E perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus.
22 — É-nos lícito dar tributo a César ou não?
23 — E, entendendo ele a sua astúcia, disse-lhes: Por que me tentais?
24 — Mostrai-me uma moeda. De quem tem a imagem e a inscrição? E, respondendo eles, disseram: De César.
25 — Disse-lhes, então: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus.
26 — E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e, maravilhados da sua resposta, calaram-se.
INTRODUÇÃO
Nesta semana, estudaremos a respeito da política à luz das Escrituras. Veremos que a política é tratada com diretrizes para o relacionamento apropriado do cristão com as autoridades seculares, segundo princípios que estruturam e orientam o sistema bíblico de governo civil. O analfabetismo e a apatia política enfraquecem o Estado e a democracia, dando lugar ao corrupto e aproveitador. A Bíblia tem muito a dizer sobre o relacionamento apropriado do cristão com o governo. Ouçamos, portanto, tais conselhos bíblicos!
I. O QUE É POLÍTICA?
1. Significado. Os dicionários definem o vocábulo política como a arte de governar. A palavra grega da qual deriva o termo é polis, que significa “cidade”. Em relação ao Estado, o termo pode aludir tanto ao modo como os governantes administram e escolhem as melhores opções para a nação, assim como o processo pelo qual o povo elege os seus representantes para o exercício do poder. Logo, ela é parte essencial da vida humana. Aqueles que afirmam não gostar de política, desconhecem que é exatamente ela quem define os temas que afetam o nosso dia a dia.
II. POLÍTICA SEGUNDO A BÍBLIA
1. Dupla cidadania do cristão. O cristão vive nesta terra uma verdadeira tensão. Ao mesmo tempo que as Escrituras afirmam que a nossa cidade está nos céus (Fp 3.20), asseguram, também, que somos peregrinos neste mundo (1Pe 2.11). Não há qualquer contradição nessas verdades bíblicas, pois elas simplesmente enfatizam o desafio do servo de Deus em viver de forma transitória na esfera terrenal. Ao interceder pelos seus discípulos, Jesus pediu ao Pai: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo 17.15). Portanto, temos duas cidadanias: celestial e terrena. Uma conquistada por herança, a outra por local de nascimento. Isso significa que os crentes não podem estar alienados da sociedade e das questões sociais, políticas e econômicas. Como cidadãos deste planeta e embasados em uma visão de mundo eminentemente bíblica, devemos respeitar as leis e participar das discussões do cenário político, influindo nos temas da sociedade e do governo, a exemplo de José e Daniel.
2. Separação entre Estado e Igreja. A conscientização dos crentes a respeito da importância da participação política não significa a união entre o Estado e a Igreja. A propósito, o Senhor Jesus estabeleceu a clara separação entre esses dois ao ordenar: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Lc 20.25). As palavras do Mestre reforçam tanto a responsabilidade espiritual quanto social, enfatizando que Igreja e Estado possuem papéis bem distintos. A Igreja deve influenciar o governo, mas não pode confundir-se com ele. Quando o Estado tenta intervir na Igreja, ou vice-versa, os prejuízos são inevitáveis, com implicações que afetam a consistência doutrinária da cristandade. Foi o que ocorreu quando o imperador romano Constantino uniu a religião cristã com o Estado, incorporando elementos do paganismo. Por isso, a separação entre o Estado e a Igreja foi um ponto crucial defendido na Reforma Protestante.
3. Obediência às autoridades. As Escrituras também nos admoestam a obedecer as autoridades (Rm 13.1,2), respeitando as leis e o governo civil, pois toda autoridade provém do Altíssimo e foram ordenadas por Ele (v.1). Por isso, há o conselho paulino para intercedermos pelos governantes (1Tm 2.1-4). Contudo, tal obediência não pode ser cega e irrefletida. Todas as vezes que o Estado confrontar os princípios morais e espirituais decorrentes da Palavra, o cristão deve se preocupar em obedecer mais a Deus que aos homens (At 5.27-29), pois a sujeição à autoridade humana deve ser feita por amor ao Senhor (1Pe 2.13).
Pense!
“A obrigação que o cristão tem de obedecer é válida até que o governo o obrigue a pecar contra os mandamentos divinos” (Dietrich Bonhoeffer).
Ponto Importante
A conscientização dos crentes a respeito da importância da participação política não significa a união entre o Estado e a Igreja.
III. A RESPONSABILIDADE POLÍTICA DO CRISTÃO
1. Dever cívico. O maior instrumento para o exercício da responsabilidade política do cristão é o voto. Como escreveu Charles Colson, “votar é o nosso primeiro dever cívico. Se você não vota está abandonando a obrigação bíblica de ser um cidadão responsável”. Por meio dele, elegemos as autoridades do país, dentre aqueles que concorrem nas Eleições Gerais (Presidente, Governador, Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual) e Eleições Municipais (Prefeito e Vereador).
2. Voto consciente. Os discípulos de Cristo devem votar de forma livre e consciente, o que implica em exercer o direito ao voto de modo refletido e com senso de responsabilidade, na busca pelo atendimento do interesse público (Fp 2.4), à luz dos valores morais e espirituais extraídos das Escrituras. Na prática, isso sugere o seguinte;
a) O voto deve ser precedido da avaliação dos candidatos e de suas propostas de governo. Desse modo, o cidadão dos céus deve ser sábio, optando por aqueles que defendam princípios que estejam em consonância com os valores morais contidos na Palavra (Pv 28.28).
b) Investigue a ideologia do candidato e de seu partido político, para não correr o risco de votar em candidatos sem temor a Deus que possam defender propostas legislativas imorais que afrontem a família e os princípios éticos cristãos (2Tm 3.1-7). Lembre-se de que, ao votar no candidato, você também estará votando no seu partido político, podendo ajudar a eleger outros candidatos.
c) Opte por candidatos que defendam a vida, a família tradicional, a dignidade da pessoa humana e a defesa das liberdades, inclusive religiosa.
d) Cuidado com os falsos “políticos evangélicos”. Aproveitando-se do crescimento dos evangélicos no país, muitos candidatos assim se apresentam a fim de conquistar o eleitorado das igrejas cristãs. Esse contexto exige discernimento por parte dos crentes em Jesus. O simples fato de alguém se apresentar como “irmão” ou “pastor” não é suficiente para merecer o voto dos fiéis. Até mesmo tais candidatos precisam passar pelo crivo da avaliação, para averiguar se possuem compromisso com o Reino, bom testemunho público e capacidade para a atuação política. Se tiver tais requisitos, então será merecedor de confiança.
e) Não negocie seu voto. Vender o voto é o mesmo que barganhar a consciência. Além de ser sinal de egoísmo (Gl 5.19,21), visando o benefício pessoal, é, também, um ato ilícito eleitoral. Convém lembrar que se considera “venda de voto” não somente o recebimento de dinheiro em espécie, mas toda e qualquer vantagem pessoal, inclusive bens e ofertas de emprego.
Pense!
“Votar é o nosso primeiro dever cívico. Se você não vota está abandonando a obrigação bíblica de ser um cidadão responsável” (Charles Colson).
Ponto Importante
A melhor atuação política da igreja deve restringir-se à conscientização e orientação dos seus membros, para que votem com ética e discernimento.
CONCLUSÃO
É preciso concluir esta lição enfatizando quão crucial é para o cristão exercer o seu voto de forma consciente e sábia, lembrando que a participação política é uma responsabilidade bíblica.
BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática.
LEBAR, Lois E.
Educação que é Cristã.
DANIEL, Silas.
A Sedução das Novas Teologias.
1. Geralmente, como os dicionários definem o vocábulo política?
A arte de governar.
2. Cite os três princípios da política segundo a Bíblia.
Princípio da dupla cidadania, princípio da separação entre Estado e Igreja, e princípio da obediência às autoridades.
3. Como deve ser o voto do servo de Jesus?
Livre e consciente.
4. Como a igreja deve atuar em relação à política?
A atuação política da igreja deve restringir-se à conscientização e orientação dos seus membros, para que votem com ética e discernimento.
5. Você tem consciência da importância do seu voto?
Resposta pessoal.
A NATUREZA POLÍTICA
“A essência da política é a luta por poder e influência. Todos os grupos e instituições sociais precisam de métodos para tomar decisões para seus membros. A política nos ajuda a fazer isso. A palavra grega da qual política é derivada é polis, que significa ‘cidade’. Política no sentido clássico envolve a arte de fazer uma cidade funcionar bem. Também ajuda a administrar nossas organizações e governos. Quando nosso sistema político é saudável, mantemos a ordem, provemos a segurança e obtemos a capacidade de fazer coisas como comunidade que não poderíamos fazer bem individualmente. Votamos as leis, fazemos a polícia impô-las, arrecadamos impostos para estradas, sistemas de esgoto, escolas públicas e apoio nas pesquisas de câncer. Em nossas organizações particulares, um sistema político sadio nos ajuda a adotar orçamentos, avaliar pessoal, estabelecer e cumprir políticas e regras e escolher líderes. No melhor dos casos, a política melhora a vida de um grupo ou comunidade. A política toma uma variedade de formas, como eleições, debates, subornos, contribuições de campanha, revoltas ou telefonemas para legisladores.
Como vê, alistei maneiras nobres e ignóbeis de influenciar as decisões de um sistema político. Algumas delas são formais, como as eleições, ao passo que outras são informais, como telefonar para vereadores, deputados e senadores e pressioná-los a votar a nosso modo.
Note que estou usando ‘política’ num sentido lato. Em muitos livros didáticos, o termo política refere-se aos processos usados nas decisões oficiais para uma sociedade inteira. Mas uso o termo para cobrir todos os processos que permitem tomar decisões para qualquer grupo ou instituição. Neste sentido, podemos falar corretamente de política da igreja, política do escritório, política do seminário, faculdade ou universidade cristã, e até a política de uma família” (PALMER, Michael D. (Org.). Panorama do Pensamento Cristão. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001, p.447).
A Autoridade do Governo
“Ao pôr em execução suas grandes responsabilidades, o governo necessariamente exercerá grande poder. O problema é que o uso que o governo faz do poder pode ir além de sua autoridade dada por Deus. Se Deus designou o governo como ‘ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal’ (Rm 13.4), devemos estar inclinados a nos submeter a ele. Mas a história nos dá muitos exemplos de governos que se excederam em sua concessão divina de autoridade. Em nossa discussão anterior, vimos que os governos têm um direito no uso legal da força. Num primeiro pensamento, este não é problema para os cristãos, porque a passagem em Romanos 13 declara que os governantes têm o direito de usar a espada para levar a cabo seus deveres formais. O problema surge em saber onde fixar a linha entre o uso formal e o uso impróprio de poder governativo. Em algum ponto, os governos cruzam a linha e saem de debaixo do manto da autoridade dada por Deus” (PALMER, Michael D. (Org.) Panorama do Pensamento Cristão. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001, pp.454,455).