Título: Novos Tempos, Novos Desafios — Conhecendo os desafios do Século XXI
Comentarista: César Moisés Carvalho
Lição 1: A Igreja em um Mundo Novo
Data: 5 de Julho de 2015
“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
A Igreja atual enfrenta desafios que devem ser superados com sabedoria e, acima de tudo, sob a direção de Deus.
SEGUNDA — Jo 16.33
No mundo teremos aflições
TERÇA — Jo 17.1
Cristo não pediu que Deus nos tirasse do mundo
QUARTA — Jo 17.18
Cristo enviou-nos ao mundo
QUINTA — Jo 18.20
Cristo falou abertamente ao mundo
SEXTA — Jo 18.36
O Reino de Cristo não é deste mundo
SÁBADO — Rm 1.8; 10.18
A fé deve ser anunciada em todo o mundo
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Prezado professor, inicie a primeira aula desse trimestre apresentando aos alunos o tema geral: “Novos Tempos, Novos Desafios”. Explique que as treze lições analisam as principais mudanças ocorridas no mundo na primeira década do século 21. Como Igreja do Senhor precisamos fazer uma leitura crítica da nossa realidade, do nosso tempo, para que possamos viver o Evangelho de Cristo e ensiná-lo a esta geração de forma ungida e inteligente. O comentarista das lições é o pastor César Moisés Carvalho — escritor, conferencista, chefe do setor de Educação Cristã da CPAD, professor da FAECAD, graduado em Pedagogia e pós-graduado em Teologia pela PUC-Rio.
Sugerimos que você reproduza o quadro abaixo. Explique aos alunos que estamos vivendo um tempo de mudanças em diversas áreas — econômica, política, social, religiosa, etc. Em seguida faça as seguintes indagações: “Estas mudanças afetam a igreja?”; “Qual deve ser a atitude da igreja frente a estas mudanças?”. Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Em seguida peça que, utilizando apenas uma palavra, preencham o quadro. Conclua enfatizando que a Igreja do Senhor precisa fazer uma leitura crítica do nosso mundo para que possa transformá-lo mediante a pregação da Palavra de Deus.
Mateus 11.16-19; 16.1-3.
Mateus 11
16 — Mas a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros,
17 — e dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes.
18 — Porquanto veio João, não comendo, nem bebendo, e dizem: Tem demônio.
19 — Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.
Mateus 16
1 — E, chegando-se os fariseus e os saduceus para o tentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu.
2 — Mas ele, respondendo, disse-lhes: Quando é chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro.
3 — E pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Hipócritas, sabeis diferençar a face do céu e não conheceis os sinais dos tempos?
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos acerca das principais mudanças que o mundo enfrentou na primeira década do século 21. Na lição de hoje, veremos que o tempo e o mundo em que vivemos são muito distintos dos originais em que a Igreja nasceu. Como viver os mesmos princípios doutrinários que marcaram os primeiros cristãos em situações tão diferentes?
Esse desafio só pode ser vencido com o que disse certo teólogo acerca de o cristão carregar em uma das mãos a Bíblia e, na outra, o jornal. Em termos diretos, precisamos fazer com que o Evangelho faça sentido à sociedade atual.
I. DO MUNDO VETEROTESTAMENTÁRIO AO NEOTESTAMENTÁRIO
1. A transição do mundo veterotestamentário para o neotestamentário. O período de quatrocentos anos entre o livro do profeta Malaquias e o nascimento de João Batista e de Jesus Cristo é conhecido como “intertestamentário”. Tal designação deve-se ao fato de os acontecimentos que se deram nesse tempo terem ocorrido entre os testamentos bíblicos, em uma época em que Deus não levantou profeta algum para levar uma mensagem coletiva a Israel (Ml 4.5,6). É importante observar que nesse período Deus falou isoladamente com algumas pessoas, pois se revelou a Zacarias e a Isabel (Lc 1.5-25,36,41-45), a Simeão e a Ana, a profetisa (Lc 2.25-38), e ainda a Maria e, posteriormente, a José (Lc 1.26-38; Mt 1.18-25). Após essa sequência de revelações, iniciou-se um novo tempo, quando Deus então cumpriu sua promessa vaticinada por Malaquias de enviar um profeta com as mesmas características de “Elias”. Esse profeta teve como missão preparar os corações para a mensagem de Jesus Cristo, o Messias (Mt 11.9,10,14; Lc 7.24-27; 1.16,17,76-79). Assim estava feita a transição entre o mundo do Antigo para o do Novo Testamento.
2. Da separação social à imersão comunitária. João Batista, além de precursor do Messias, foi, nas palavras de Jesus Cristo, o último dos profetas e também o marco de transição entre a Antiga e a Nova Aliança (Mt 11.13). O Batista foi, sem dúvida alguma, um homem de Deus, mas é possível verificar alguns contrastes entre a sua postura em relação à de Jesus Cristo.
Enquanto o primeiro recolhia-se no deserto (Mt 3.1,3; 11.7; Lc 1.80; 7.24) e adotava um estilo de vida solitário (Mt 11.18), o segundo vivia entre as pessoas e, por isso mesmo, foi acusado de ser alguém comum (Mt 11.19). O exemplo deixado pelo Filho de Deus é muito claro: É plenamente possível viver em meio a uma sociedade corrompida sem contaminar-se com o estilo de vida pecaminoso do mundo (Hb 4.15).
3. Jesus — Um Homem do seu tempo. À acusação de que deveria apartar-se dos pecadores, Jesus respondia que os “sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes” (Mc 2.17). O Mestre procurava estar onde as pessoas se concentravam, pois a sua missão consistia exatamente em resgatá-las (Mt 9.13; Mc 1.38,39; Lc 5.32). Evidentemente que Jesus também se recolhia em momentos oportunos ou a fim de falar com Deus (Mt 14.13; Mc 1.32-37), o primeiro milagre que o Filho de Deus realizou foi em um casamento, celebrando dessa forma o matrimônio (Jo 2.1-11). Em outra ocasião, participando de um jantar na casa de um fariseu, transformou a vida de uma mulher (Lc 7.36-50). Para dizer de forma direta, Cristo jamais se recusou a participar da vida comum e social das pessoas.
Pense!
É possível viver em meio a uma sociedade corrompida sem contaminar-se com o estilo de vida pecaminoso do mundo?
Ponto Importante
Jesus Cristo jamais se recusou a participar da vida comum e social das pessoas.
II. O MUNDO ENFRENTADO PELA IGREJA NO PRIMEIRO SÉCULO
1. O aspecto político e sociocultural. A Igreja foi fundada em um período muito diferente da época em que viveram os profetas e o Israel liderado por Moisés, Josué, os juízes e os reis. O mundo vivia sob o domínio do Império Romano, mas a influência do império anterior — o Grego — era nítida e evidente.
A Igreja teve de enfrentar a burocracia das leis romanas e, ao mesmo tempo, defrontou-se com a filosofia grega que vicejava na sociedade, tornando-a mística e, contraditoriamente, racionalista (At 17.22).
2. O aspecto religioso. Como se não bastasse o desafio externo, a Igreja enfrentava ainda a perseguição do judaísmo. Inicialmente, de forma hostil e violenta; posteriormente, de maneira camuflada e sutil (At 4.1-31; 5.17-42; 6.8—7.60; 15.1-29; Gl 1.6,7, etc.). À semelhança dos nossos dias, torna-se desnecessário dizer que esta última forma de “perseguição” acaba sendo muito mais nociva à saúde da Igreja, pois age de maneira camuflada e sob a desculpa de um “novo ensino” ou de um “ensino complementar”.
3. O gnosticismo. Apesar de não se saber exatamente quando a doutrina gnóstica teve início, é fato que ela, ou algo muito parecido, ameaçava a simplicidade do Evangelho, pois pregava a salvação através de um determinado conhecimento e, além disso, considerava a matéria inerentemente má. Assim, ensinava que a forma física de Jesus Cristo era apenas aparente, o que levou o apóstolo João a combater tal ensinamento (1Jo 4.2,3; 2Jo 1.7).
Pense!
Qual foi a postura da Igreja do primeiro século ao enfrentar os desafios em seu tempo?
Ponto Importante
Na atualidade, a “perseguição religiosa” é mais nociva à saúde da Igreja, pois age de maneira camuflada e sob a desculpa de um “novo ensino” ou de um “ensino complementar”.
III. A IGREJA EM UM MUNDO NOVO
1. Ler o tempo. A repreensão de Jesus Cristo à falta de discernimento e perspicácia dos fariseus e saduceus que, deliberadamente, não reconheciam as obras do Mestre como sinais messiânicos (Mt 16.1-3) deve ensinar-nos que é necessário que saibamos ler a realidade. Por não entender — e também por não querer admitir — que um novo tempo havia chegado, Israel rejeitou o Messias (Hb 8.6-13).
A Igreja do Senhor precisa manter a sensibilidade e a direção do Espírito Santo que marcou sua fundação (At 13.2; 15.28). Para isso, é preciso continuar na presença do Senhor, reconhecendo que dependemos totalmente dEle.
2. Viver no mundo sem amoldar-se ao sistema que o rege. A recomendação paulina à igreja que estava em Roma repete-nos a verdade exaustivamente demonstrada, na prática, por Jesus Cristo: É preciso — e possível — viver em meio a este mundo sem, contudo, deixar-nos enredar por seu modo de proceder (Rm 12.2). Paulo até instrui que, se for preciso, devemos nos apartar de alguns, mas não se referia aos que possuem uma vida decadente, e sim aos que se dizendo “irmãos”, vivem de forma descompromissada e pervertida (1Co 5.9-11).
3. Conhecer o mundo para transformá-lo. É inegável a verdade de que o século 21 iniciou um novo tempo para a Igreja. Estamos vivendo em um mundo que parece não ter quase nenhuma relação ao de apenas duas décadas atrás. Tal constatação aponta para a realidade de que a Igreja, para manter a sua relevância e influência, precisa conhecer as principais mudanças, identificar os desafios que estas nos apresentam, para só então podermos superá-los e vencê-los. À Igreja o Senhor confiou a missão de salgar e iluminar (Mt 5.13-16). No entanto, se ela não conhecer o seu campo de atuação, jamais poderá cumprir tal incumbência.
Pense!
É possível viver no mundo sem amoldar-se ao sistema que o rege?
Ponto Importante
A Igreja precisa conhecer as principais mudanças do nosso tempo, identificar os desafios que estas nos apresentam, para só então superá-los e vencê-los.
IV. A PRIMEIRA DÉCADA E MEIA DO SÉCULO 21
1. Um tempo de mudanças. Já se tornou lugar-comum falar que o tempo atual é um período de mudanças. O que isso significa? Para as pessoas acostumadas à estabilidade do século passado, quando as mudanças ocorriam de forma muito mais lenta, significa ter de aprender — rapidamente — a conviver nesse novo cenário. As coisas não são produzidas para serem duradouras, ao contrário, são pensadas visando a dependência e o consumo ao mesmo tempo em que se tornam perecíveis.
2. Um tempo de desafios. Em apenas quinze anos incompletos, o século 21 pode ser considerado um período de grandes desafios à convivência em sociedade. A tecnologia aproximou e, concomitamente, afastou as pessoas. A facilidade em locomover-se e transitar de um país, ou continente, para outro, trouxe a insegurança generalizada.
3. Um tempo de transformações. Como esse período, em tão pouco tempo, conseguiu alterar de tal forma a vida das pessoas? Por causa das transformações proporcionadas através de suas mudanças e desafios. Vamos conhecê-los?
Pense!
É possível sobreviver socialmente nesse tempo?
Ponto Importante
A possibilidade de sobrevivência está relacionada ao conhecimento desse tempo atual suas mudanças, desafios e transformações.
CONCLUSÃO
Em todos os tempos e em suas diversas gerações, a Igreja sempre enfrentou desafios que fizeram com que ela clamasse pela ajuda do Alto, mas também contasse com a atuação consciente de seus membros. Em nosso tempo não pode ser diferente: se quisermos passar à próxima geração 0 legado que recebemos dos pioneiros, precisamos ler a realidade, viver o Evangelho, e ensiná-lo de forma ungida e inteligente. Assim continuaremos influenciando, mas não seremos negativamente influenciados.
PIPER, John; TAYLOR, Justin. A Supremacia de Cristo em um Mundo Pós-Moderno. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007.
1. De acordo com o que vemos na história da Igreja Primitiva, devemos imitar João Batista ou Jesus?
Devemos imitar Jesus.
2. O que a Igreja precisou enfrentar do Império Romano e ainda do Grego?
A Igreja teve de enfrentar a burocracia das leis romanas e, ao mesmo tempo, defrontou-se com a filosofia grega que vicejava na sociedade, tornando-a mística.
3. O que aconteceu a Israel por não ter reconhecido o Messias?
Por não entender — e também por não querer admitir — que um novo tempo havia chegado, Israel rejeitou o Messias.
4. De acordo com 1 Coríntios 5.9-11, de quem o apóstolo Paulo manda que nos afastemos?
Ele nos instrui a nos afastar dos que, se dizendo “irmãos”, vivem de forma descompromissada e pervertida.
5. É possível a Igreja influenciar sem ser influenciada?
Sim, é perfeitamente possível.
“Mudanças e a tensão a serem vivenciadas pela igreja
Essas mudanças que ocorrem na sociedade a cada dia não são absolutamente irrelevantes para a igreja. Ao contrário, criam um dilema que, principalmente nos dias atuais, necessita de uma resposta: Deve ela também mudar ou deve evitar a todo custo qualquer tentativa de mudança? A primeira alternativa, que se apresenta tentadora diante do quadro pouco animador das consequências das mudanças, parece ser a opção monástica, que corresponderia à atitude de guardar distância do mundo para não ser contaminada por ele. A história, no entanto, atesta que essa solução não é a mais apropriada, mesmo porque os cristãos precisam continuar sendo sal e luz (Mt 5.13,14).
Uma segunda alternativa seria assumir que, para se contextualizar, ela deve assimilar sem preconceito toda e qualquer mudança, justificando essa opção como a mais apropriada, pois através dela a igreja poderia ter uma melhor compreensão da sociedade, inclusive de forma empática. Desnecessário seria dizer que isso equivale a mundanizar-se.
A terceira alternativa, que seria mais viável para a igreja, atuar adequadamente no mundo contemporâneo, corresponde a exercer uma atuação equilibrada frente às mudanças, não se fechando totalmente a elas como uma ostra dentro de si mesma, nem aceitando inconsequentemente suas implicações como uma esponja que a tudo absorve. Tal postura representaria, na verdade, ser fiel à revelação de ontem, tendo a consciência das necessidades de hoje” (AYRES, Antônio Tadeu. Reflexos da Globalização sobre a Igreja: Até que ponto as últimas tendências mundiais afetam o Corpo de Cristo? 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001. pp.11-12).