Título: Novos Tempos, Novos Desafios — Conhecendo os desafios do Século XXI
Comentarista: César Moisés Carvalho
Lição 2: O processo de globalização
Data: 12 de Julho de 2015
“E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra” (Gn 11.4).
A globalização política é contrária aos planos de Deus, pois significa o domínio de poucos sobre muitos e a afirmação da suficiência humana em detrimento da soberania divina.
SEGUNDA — Gn 1.11,20
Deus cria a diversidade
TERÇA — Gn 6.1-7,11,12
A globalização da violência
QUARTA — Gn 7.6-24
A destruição global
QUINTA — Gn 9.1-17
O pacto global entre Deus e o homem
SEXTA — Gn 11.1-9
A primeira tentativa de globalização
SÁBADO — Fp 2.11; Ap 5.9; 7.9
A diversidade no Reino de Cristo
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, você terá a oportunidade ímpar de tratar de um assunto atual, relevante e extremamente importante para que venhamos entender as questões cruciais do nosso tempo — a globalização. A Igreja do Senhor não pode ficar como uma ostra, recolhida dentro da sua concha. Precisamos sair, ser “sal fora do saleiro”, para que venhamos fazer diferença neste mundo. Como cristãos, precisamos compreender o que vem a ser a globalização e quais mudanças ela é capaz de gerar. Este sistema não dita apenas a moda e os modismos, porém dita valores, e estes liberais, que fazem com que a moral os bons princípios e o pudor sejam proscritos da vida social.
Professor, para introduzir a lição sugerimos, que você promova um debate em classe. Escreva no quadro as seguintes questões:
“A globalização visa o bem comum das nações ou a supremacia e o domínio de alguns países ricos sobre os outros mais pobres?”
“Qual o maior risco que o cristão corre ao viver em um mundo globalizado?”
O debate é um valioso método, pois favorece a participação ativa dos alunos, tornando a aula mais dinâmica e interativa. Ele também ajuda a descobrir qual é o conhecimento prévio do aluno a respeito de determinado tema. Ouça os alunos com atenção e faça as considerações que achar necessário.
Gênesis 11.1-9.
1 — E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.
2 — E aconteceu que, partindo eles do Oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.
3 — E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume, por cal.
4 — E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
5 — Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;
6 — e o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.
7 — Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.
8 — Assim, o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
9 — Por isso, se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra.
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos, à luz da Bíblia, um assunto que ganhou notoriedade no início e final dos anos 90. Trata-se da “globalização” — Nova Ordem Mundial — um processo antigo de tentativa de integralizar os países, sobretudo a partir da economia.
Mesmo com a queda dos regimes comunistas na Europa e a abertura econômica da China, a globalização continua a ser criticada, pois a sua suposta integralização não inclui pessoas, mas apenas sistemas financeiros que passam a ditar, inclusive culturalmente, as modas e o consumismo nos países com menor poder aquisitivo e em desenvolvimento.
A globalização, na realidade, constitui-se numa prova viva de que uma das principais características humanas ainda é a necessidade de estar junto. Contudo, desde a Torre de Babel, lamentavelmente tal “união” não tem significado solidariedade, mas altivez e orgulho em relação a Deus e uma forma de expropriar ainda mais o semelhante.
I. DA GLOBALIZAÇÃO DIVINA A GLOBALIZAÇÃO HUMANA
1. A diversidade criada por Deus. Apesar de a Bíblia não afirmar, depreende-se que a descendência de Adão e Eva tinha condições de povoar a terra, proporcionando uma civilização que, embora diversa, fosse solidária e cumprisse os propósitos divinos. Apesar de a Queda ter tornado a vida difícil (Gn 3.14-23), os seus efeitos não anularam o projeto de Deus e, como pode ser visto, após o dilúvio, os filhos de Noé — Sem, Cam e Jafé — voltaram a repovoar a terra segundo os propósitos divinos (Gn 9.18,19).
2. A globalização divina. O desígnio divino objetivava, como se pode ver no início, uma integralização cuja harmonia entre o Criador e os seres humanos, o meio ambiente, a fauna, etc., proporcionasse uma vida sustentável (Gn 1.20-31; 2.4-17). Tal verdade pode ser verificada nas leis dadas pelo Senhor a Israel, nas promessas do futuro reino messiânico e até mesmo na Igreja do primeiro século (Dt 15.7-11; Is 11.1-9; At 2.44-46; 4-34,35).
3. O projeto frustrado da globalização humana. Logo após o dilúvio, segue-se o processo de repovoamento da terra a partir dos filhos de Noé (Gn 9.18,19; 10.1,32). Não obstante, 120 anos depois, verificamos que pelo fato de o mundo inteiro falar a mesma língua, os homens estabeleceram-se em uma planície na antiga Suméria (atual Iraque), e ali iniciaram a construção de uma torre ou zigurate (Gn 11.1-3), não como obra de engenharia ou arte arquitetônica, mas como uma forma de afronta e demonstração de autossuficiência em relação a Deus (Gn 11.4-6). Tal “globalização” não visava ao bem comum, mas à supremacia e ao domínio de alguns sobre todos. Foi justamente para preservar a diversidade e garantir a ocupação populacional em outros pontos do mundo, que Deus os espalhou (Gn 11.5-9).
Pense!
Deus se opõe à globalização solidária ou à globalização econômica que expropria ainda mais os menos favorecidos?
Ponto Importante
Deus criou-nos como seres sociáveis, portanto, o afastamento social com finalidades exclusivistas e egoístas, é uma postura reprovável.
II. OS ANTIGOS IMPÉRIOS E SUAS GLOBALIZAÇÕES
1. A Bíblia e a história. A Palavra de Deus não foi produzida à parte da história, mas desta é testemunha e coautora. Em suas páginas encontramos a menção (direta ou indireta) a, pelo menos, seis grandes impérios do mundo antigo (Gn 15.13-16; At 7.9-14,17-37; Is 19.23-25; 20.4; 44.21-28; Gn 10.11; 2Rs 15.19; Et 1.1-4; Na 3.1-19; Dn 1.1-3; 7.7; Mt 2.14,16; Jo 11.48; 19.12,15). Se pudéssemos estudá-los, veríamos que todos eles, apesar de existirem por permissão divina, intentaram as suas “globalizações” à parte de Deus.
2. Os Impérios Egípcio, Assírio e Babilônio. A história de Israel está entrelaçada às de dois grandes impérios do mundo antigo. Sob o Império Egípcio, por exemplo, os hebreus viveram 430 anos (Êx 12.40). Após o êxodo, depois de 40 anos de peregrinação no deserto (Êx 16.35; Nm 14.33,34; Js 5.6), Israel passou à ocupação da terra (Js 1.1-9). O período que se segue, conhecido como dos juizes, é cercado por especulações cronológicas. O tempo da monarquia divide-se em duas fases, sendo estas denominadas de “reino unido” e “reino dividido”. A do reino unido, que teve a duração de 120 anos, divididos por três reinados de 40 anos cada, teve como reis a Saul, Davi e Salomão, respectivamente.
Em 931 a.C., inicia-se uma época difícil para o povo de Deus com a divisão do reino de Israel, formando os Reinos do Sul (Judá e Benjamin) e do Norte (também conhecido como Israel, composto por dez tribos). Este último existiu até 722 a.C., quando então foi invadido pelas tropas assírias, império que dominava à época. Já o Reino do Sul ainda existiu até 606 a.C., sendo então capturado pelo Império Babilônio que era a potência mundial no período.
3. Os Impérios Persa, Grego e Romano. Israel permaneceu no exílio babilônico durante 70 anos. Somente no período do Império Persa foi que os judeus puderam voltar à sua terra e assim “desfrutar” um pouco do que um dia haviam sido (Ed 1.2-4; Ne 2.1-8). Em 333 a.C., Alexandre Magno derrotou o exército medo-persa e tomou a Macedônia a maior potência da época.
Apesar de o Império Grego não constar explicitamente nas páginas da Bíblia, pelo simples fato de sua ascensão ter-se dado no período intertestamentário, é possível vê-lo na profecia de Daniel 11.4. Sua importância para o cristianismo decorre do fato de que a língua grega em sua forma popular (koiné) tornou-se o idioma do mundo conhecido na época e, posteriormente, foi utilizado por Paulo e os demais apóstolos na propagação da mensagem do Evangelho. Assim como os persas, os gregos também foram tolerantes com os judeus.
Com a ascensão do Império Romano em 63 a.C., inicia-se uma nova fase para os judeus. Os descendentes de Abraão perdem qualquer resquício de soberania nacional, restando apenas a expectativa na instauração do reinado messiânico. Foi sob o longo domínio desse império (63 a.C — 476 d.C.) que a Igreja foi fundada e o cristianismo propagou-se.
Pense!
Além do relato bíblico, a história geral também pode ser uma fonte de confirmação para a contrariedade divina da globalização à parte de Deus?
Ponto Importante
Os sucessivos reinos do mundo antigo, mostram com sua queda que qualquer projeto de globalização, à parte de Deus, sucumbirá.
III. A MODERNA GLOBALIZAÇÃO
1. Escatologia e globalização. Muito se escreveu nas décadas de 70 e 80 acerca do cenário político que estava sendo preparado para o Anticristo. Porém, com o surgimento da geopolítica, não mais se fala em ascensão de um país, mas de vários países que, conflagrados, formam blocos e se fortalecem perante a economia mundial. A criação de uma moeda única é uma das prerrogativas para o surgimento de um governo mundial (Ap 13.16,17). Evidentemente que não se deve fazer nenhuma afirmação conclusiva quando o assunto é escatologia, pois estamos em pleno desenvolvimento da história (Dt 29.29; At 1.6,7),
2. Globalização e tecnologia. Não há como negar que o estreitamento do processo de globalização ganhou novo impulso neste século por conta da expansão dos sistemas de comunicação, incluindo-se a internet.
3. Globalização e cristianismo. A globalização, conforme projetada pelos seus proponentes, não visa integralizar os mais fracos para que estes sejam beneficiados, antes o contrário. A questão mais séria para a fé cristã é que a globalização econômica não dita apenas as modas, mas também os valores do bloco predominante, fazendo com que a moral e o pudor sejam extintos.
Pense!
Você acha que a moderna globalização tem produzido um mundo melhor?
Ponto Importante
A moderna globalização dita nao apenas as modas e tendências, mas também os valores da sociedade.
IV. A MODERNA GLOBALIZAÇÃO EXCLUI
1. Disseminando um padrão. Sem que se perceba, a globalização visa padronizar as ideias e, sobretudo, os valores, para que as pessoas tenham desejos e aspirações parecidos ou, em alguns casos, iguais. Se tal projeto visasse diminuir as diferenças com o objetivo de disseminar o valor inerente dos seres humanos e, com isso, provocasse um constrangimento para que as pessoas se respeitassem, tudo bem. Não obstante, verifica-se justamente o contrário.
2. Padronizando para dominar. Uma vez padronizada, as pessoas tornam-se desprovidas de vontade própria, passando a ter uma vontade condicionada pelos canais responsáveis pelo controle social. Nesse estágio perde-se uma das principais características humanas: o livre arbítrio. Assim, domina-se mais facilmente levando as pessoas a pensar que são “livres”.
3. Padronizando para excluir. Impossibilitadas de uma condição igual aos que ditam as modas e os valores, as pessoas sentem-se excluídas e lutam, de todas as formas, para se adequar a um padrão que, talvez, jamais alcançarão. Isso não é globalizar, e sim excluir!
Pense!
Temos uma globalização ou um sistema de exclusão em massa?
Ponto Importante
A melhor forma de globalização ainda é a intentada pelo Criador.
CONCLUSÃO
Ainda que de maneira sucinta, os acontecimentos estudados nesta lição apontam para a veracidade da mensagem das Escrituras. À parte dos aspectos desumanos da globalização pensada somente do ponto de vista econômico do mais forte, verificamos também que esta traz desafios para a Igreja. Como os venceremos se não nos prepararmos para atuar como cidadãos do Reino de Deus na “Nova Ordem Mundial”?
AYRES, Antônio Tadeu Reflexos da Globalização sobre a igreja:
Até que ponto as últimas tendências mundiais afetam o Corpo de
Cristo?
1ª Edição. RJ: CPAD, 2001.
CARVALHO. César Moisés. Uma Pedagogia para a Educação Cristã:
Noções Básicas da Ciência da Educação a Pessoas não
Especializadas. 1ª Edição. RJ: CPAD. 2015.
1. A globalização é um reflexo de quê?
Da necessidade humana de se relacionar.
2. Como seria a globalização divina?
A globalização divina seria uma integralização entre o Criador e os seres humanos, e o meio ambiente.
3. O que significa a globalização humana?
Significa uma forma de afronta e demonstração de autossuficiência em relação a Deus.
4. O povo de Israel viveu sob quais impérios?
Egípcio, Assírio, Babilônio, Persa, Grego e Romano.
5. Relacione escatologia com a globalização.
A globalização é a preparação para o governo temporário do Anticristo.
“Novo Cenário Mundial
A unificação das duas Alemanhas; o desmantelamento do império soviético; o fim oficial da política do Apartheid na África do Sul; as disputas étnicas e territoriais em regiões como a Bósnia Ezergovina; o conflito entre judeus e árabes pelo reconhecimento de um Estado Palestino; a Guerra do Golfo, que, com o final da guerra fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, fez nascer um novo oponente para os americanos; a luta por reconhecimento por parte do povo e a democratização das antigas ditaduras latino-americanas são apenas alguns dos exemplos das mudanças que têm ocorrido no cenário mundial.
Com a formação de blocos de países, como o MCE — Mercado Comum Europeu (conhecido também como Unidade Européia); o NAFTA — North American Free Trade Agreement, ou Acordo de Livre Comércio da América do Norte e o MERCOSUL (do qual o Brasil é importante membro), entre outros, as relações entre os países deixaram de ser meramente bilaterais.
Elas passaram a fazer parte de um contexto muito maior, no qual a globalização de mercados é a principal prioridade. Em blocos, os países menos fragilizados diante de potências economicamente mais forte, e com maior poder de barganha” (AYRES, Antônio Tadeu. Reflexos da Globalização sobre a Igreja: Até que ponto as últimas tendências mundiais afetam o Corpo de Cristo? 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001, p.20).