Título: Justiça e Graça — Um estudo da Doutrina da Salvação na carta aos Romanos
Comentarista: Natalino das Neves
Lição 11: O jovem e a comunidade
Data: 13 de Março de 2016
“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.10).
A comunidade cristã é constituída de diversidade, tanto de pessoas como de dons, e para conviver e valorizar as diferenças é preciso priorizar o amor fraternal.
SEGUNDA — Rm 12.3
O jovem deve saber o que convém
TERÇA — Rm 12.10
O jovem deve honrar aos demais
QUARTA — Rm 12.15
O jovem deve se alegrar com os que se alegram
QUINTA — Rm 12.5
Em Cristo, somos muitos
SEXTA — Rm 12.4
Nem todos os membros do corpo tem a mesma função
SÁBADO — Rm 12.18
No que depender de você, tenha paz com todas as pessoas
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Caro(a) professor(a), a comunidade da igreja de Roma era constituída por pessoas que pertenciam à classe rica, como altos oficiais, bem como pessoas da classe mais pobre da sociedade, os escravos. Aliado a isso, ainda temos a distinção entre judeus e gentios, entre outras diferenças, como a diversidade de dons e funções distribuídas entre a comunidade cristã de Roma. A recomendação do apóstolo não foi sem pretensão ou como que sem destinatários específicos. Mesmo sendo uma comunidade cristã, seus membros tinham dificuldade de lidar com a diversidade. A advertência de Paulo para que os membros se considerassem como um único corpo, que se amassem fraternalmente, que não devolvessem mal por mal, mas que tratassem uns aos outros com honra e humildade.
Para exemplificar a obtenção de melhores resultados quando o trabalho é realizado em grupo e não individualizado, sugerimos a utilização da dinâmica das varinhas, pois é simples e objetiva.
Material: Um feixe com aproximadamente 15 varinhas (pode ser de churrasco ou outra varinha improvisada).
Atividade: Solicite 4 voluntários(as) entre os alunos;
Solicite que um(a) dos voluntários(as) quebre uma das varinhas (atividade fácil). Solicite que o(a) segundo(a) voluntário(a) quebre os dois pedaços das varinhas que foram quebradas pelo(a) voluntário(a) anterior, um de cada vez (tarefa fácil para demonstrar que mesmo com tamanho diferentes, a varinha sozinha da mesma forma pode ser quebrada facilmente);
Solicite que o(a) terceiro(a) voluntario(a) quebre 3 varinhas ao mesmo tempo (tarefa possível, porém com mais dificuldade);
Solicite que quarto(a) voluntário(a) quebre 10 varinhas ao mesmo tempo (tarefa praticamente impossível de ser realizada).
Após as atividades colher as percepções dos alunos e alunas da sala sobre as lições que podem ser extraídas da dinâmica, considerando o tema da lição. Ao final, você como professor(a) faça as considerações finais, enfatizando a importância do trabalho em conjunto, mesmo na diversidade (tamanho da varinha), para obtenção de maiores resultados, bem como para fortalecimento e proteção da comunidade.
Romanos 12.3-11.
3 — Porque, pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
4 — Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,
5 — assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.
6 — De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;
7 — se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;
8 — ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.
9 — O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
10 — Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
11 — Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor.
INTRODUÇÃO
Nesta lição vamos refletir a respeito dos seguintes assuntos: a formação da comunidade em um só corpo; o compartilhamento do sofrimento, a alegria em comunidade e a necessidade de uma atitude pacífica, tolerante e benevolente na comunidade cristã.
I. UM SÓ CORPO (Rm 12.3-8)
1. Saiba respeitar os limites nos relacionamentos sociais (v.3). O apóstolo, antes de iniciar com as orientações doutrinárias, relembra os destinatários sobre a autoridade de seu apostolado, recebido pela graça de Deus e a serviço do Reino de Deus. Paulo podia chamar atenção para seu ministério, pois por mais responsabilidade que Deus havia colocado sobre ele, seu comportamento era de servidão e humildade. Seu exemplo constrangia seus destinatários a receber seus ensinamentos. Em seguida, ele adverte os crentes romanos a não ir além do que a capacidade e a vocação dadas por Deus permitem. Provavelmente, entre a comunidade havia pessoas que ultrapassavam seus limites no relacionamento interpessoal. Esta é uma característica mais comum entre os jovens, às vezes, movidos pela ansiedade, que causa a impaciência excessiva, vão além dos limites estabelecidos, extraviando-se. Você tem respeitado os limites nos relacionamentos?
2. Valorize e use o seu dom para benefício da coletividade (vv.4,5). Paulo dá continuidade às suas orientações, demonstrando o motivo da advertência quanto aos limites no relacionamento. Evidencia que a comunidade é um corpo social, em que Deus imprime sua marca especial, a diversidade. Paulo, para ilustrar esta ação inclusiva e graciosa de Deus, utiliza a figura do corpo humano, como faz também de forma mais detalhada em 1 Coríntios 12.12-27. Cada parte do corpo tem a sua função, mesmos os considerados mais fracos ou menos honrosos, funcionando como engrenagens interdependentes, trabalhavam harmoniosamente. Neste conjunto, se uma das engrenagens não fizer seu papel ou avançar em seus limites prejudica o resultado como um todo. Paulo tem por objetivo demonstrar que na igreja o funcionamento é idêntico, os membros recebem os mais diversos dons de Deus, que devem ser utilizados para o benefício da coletividade e não para proveito próprio.
3. A sinergia traz mais benefício (vv.6-8). Na sequência, o apóstolo começa a relacionar a diversidade de dons na igreja. O primeiro dom citado é o da profecia, que deve ser segundo a medida da fé, sem excesso. Diferente do que vemos muitas vezes nas comunidades pentecostais, em que as pessoas não se satisfazem de entregar o que Deus manda, mas preferem improvisar ou dizer o que Deus não disse. Na sequência aborda sobre o ministro, o educador, o conselheiro, assistente social, o administrador e quem assiste aos doentes, idosos, deficientes, entre outros (misericórdia), enfatizando que devem exercer seu dom com dedicação e não buscando projeção pessoal, mas visando atender a necessidade coletiva, com simplicidade e humildade. Uma recomendação perfeitamente aplicável aos nossos dias. Que bênção seria se todas as pessoas que receberam dons ou ocupam cargos em nossa comunidade simplesmente exercessem seu papel.
Pense!
Se quiser chegar rapidamente a seu objetivo pessoal, vá sozinho. Mas, se quiser ir longe, chegar com segurança e obter melhores resultados, caminhe junto com seus irmãos e irmãs na fé (comunidade cristã). Melhor é chegar mais longe, com segurança e contribuir para a coletividade.
Ponto Importante
Por mais que nas igrejas tenhamos pessoas de variadas classes sociais, talentos e dons, Paulo afirma que em Cristo todas as pessoas fazem parte de um único corpo.
II. OS MEMBROS DA COMUNIDADE (vv.9-16)
1. A comunidade cristã se constitui por meio do amor fraterno (vv.9-13). Paulo passa a dar orientações para que o corpo social (comunidade cristã) se mantenha em comunhão e saudável. Ele adverte que o amor não pode ser hipócrita, mas fraternal, honrando uns aos outros. Será que havia hipocrisia entre os crentes romanos? Se Paulo estava recomendando, certamente havia. O maior problema de estar fora da vontade de Deus é quando a pessoa não reconhece suas falhas, pois assim não poderá corrigir a “rota”. Não podemos perder o caminho do céu por caprichos pessoais. Na época de Paulo as igrejas passavam por várias dificuldades, tanto externas como internas, isso devia estar acabando pouco a pouco com a esperança de alguns, bem como os distanciando da comunidade. Paulo sabia que o caminho da vitória seria a comunhão, aproximação e a comunicação das necessidades entre eles e entre eles e Deus. Aproximação necessária em nossas comunidades ainda hoje, principalmente nos grandes centros.
2. Participe dos sofrimentos e das alegrias uns dos outros (v.15). O apóstolo procura atacar dois sentimentos reprováveis, respectivamente, a inveja e a desumanidade. Há quem diga que alegrar com os que se alegram é mais difícil do que chorar com os que choram, devido à inveja que domina alguns corações, mesmo nas comunidades cristãs. Há pessoas que não conseguem se alegrar com a felicidade do irmão, pois o veem como um “concorrente” em qualquer área da vida (sentimental, profissional, ministerial, pessoal, etc). Por outro lado, tem pessoas que não se dedicam a dar um ombro amigo quando alguém está passando por situação de calamidade. Momento este em que um simples abraço, ou mesmo a companhia silenciosa, pode significar muito. Todavia, as preocupações da vida têm deixado alguns cristãos desumanos em relação ao sofrimento alheio.
Pense!
Como acontecia na igreja de Roma, uma das qualidades que têm feito falta nas igrejas de hoje é a capacidade de trabalhar com a diversidade e manter o amor fraternal entre a comunidade.
Ponto Importante
Quando os membros da comunidade fazem dos dons um fim em si mesmo, ela deixa de ser um corpo.
CONCLUSÃO
Nesta lição aprendemos que as pessoas devem respeitar os limites nos relacionamentos interpessoais e fazer uso do dom recebido em benefício da coletividade, pois unidos, com certeza, os resultados são mais positivos.
CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã: Aprenda como Servir Melhor a Deus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2003.
1. Segundo a lição, com o Deus imprime sua marca especial na comunidade cristã?
Deus imprime sua marca especial na comunidade cristã por meio da diversidade.
2. Qual a figura que Paulo utiliza para demonstrar a importância de trabalharmos harmoniosamente com a diversidade na igreja?
Paulo utiliza a figura do corpo humano.
3. Por que algumas pessoas afirmam que é mais difícil alegrar com os que se alegram do que chorar com os que choram?
Para algumas pessoas é mais difícil alegrar com os que se alegram devido à inveja que os domina. Pessoas que não conseguem se alegrar com a felicidade do irmão, principalmente se for considerado, de alguma forma um concorrente em qualquer área da vida.
4. Segundo a lição, havia hipocrisia entre os crentes romanos?
Sim. A igreja passava por várias dificuldades.
5. Segundo a lição, o que Paulo quis dizer quando recomenda para dar lugar à ira?
Significa entregar-se pacientemente e suportar a ira de quem cometeu o erro, assim, Deus o vingador, entrará com seu socorro.
“Diversidade (1Co 12.14-20). Toda essa escritura mostra com nitidez que o corpo, sendo um, tem muitos membros. A Igreja é uma diversidade na unidade. O apóstolo Paulo, preocupado com as dissensões que surgiam no seio da igreja em Corinto, exortou-a com estas palavras: ‘Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer’ (1Co 1.10). A diversidade no corpo não rouba a unidade que deve existir nele. Todos os membros funcionam obedecendo à mesma cabeça, e nenhum membro faz qualquer coisa independente ou isoladamente. Outrossim, a variedade de igrejas cristãs, independente dos pontos de vista, são o Corpo de Cristo. Cada igreja local em sentido particular é o corpo de Cristo; não uma parte de Cristo em toda a terra, independente de seus costumes regionais, e sim uma pluralidade (diversidade), uma unidade. Na volta do Senhor entenderemos melhor esse mistério. As lideranças na igreja local devem conscientizar os crentes do papel importante e indispensável que cada qual tem no corpo, para que o mesmo não sofra atrofia espiritual.
Mutualidade (1Co 12.21,25,26). O que significa mutualidade? Nada mais que permutação, troca, reciprocidade. Esta escritura de Paulo destaca o papel de cada membro do corpo que deve funcionar, mas precisa dos demais membros para um funcionamento eficiente” (CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã: Aprenda como Servir Melhor a Deus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2003, p.156).
A vida em comunidade exige conduta pacífica, tolerante (Rm 12.14,17-21)
A ninguém pagueis mal por mal (vv.14,17-18). As palavras de Jesus em Mateus 5.44 são repetidas por Paulo: “Bendizei os que vos maldizem”. Será que alguém, além de Jesus, já conseguiu cumprir integralmente esta recomendação? Mesmo no meio cristão existe uma grande dificuldade para bendizer (falar bem) das pessoas que falam mal a seu respeito ou fazer o bem aos que lhes fazem mal. Imagine o impacto para as pessoas que convivem com você, se presenciar você falando bem de alguém que tem procurado te prejudicar. Isso é cristianismo genuíno. Pelo contrário, qual seria o impacto negativo presenciar uma maldade contra alguém que lhe fez o bem? Devemos procurar a paz com todas as pessoas, ainda que em muitas situações não seja possível, como deixa transparecer o próprio apóstolo quando diz: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.18).
Os que se vingam são vencidos pelo seu sentimento (v.19). Paulo afirma que a vingança pertence a Deus e que não devemos vingar a nós mesmos (v.19; Dt 32.35). Outra recomendação difícil e semelhante a anterior, pois a fonte da dificuldade é a mesma, o amor desordenado a si mesmo e a intolerância com os erros alheios. Isso é comum acontecer em ambientes de disputa acirrada por cargos, posição ou privilégios. Neste contexto, geralmente, as pessoas não medem as consequências para atingir seus objetivos. A Bíblia recomenda “não deis lugar ao diabo” (Ef 4.27). Paulo ordena, mas dai lugar a ira (v.19), que neste contexto significa entregar-se pacientemente e suportar a ira de quem cometeu o erro, assim, Deus o vingador, entrará com seu socorro. De outra forma, mesmo sendo ofendido, se tomar a vingança para si não deixará lugar ao socorro divino, e trará juízo sobre si. Jovem, não se vingue, mas dê lugar ao socorro divino!
Vença o mal com o bem (vv.20-21). Provérbios 25.21 nos ensina que “se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; e, se tiver sede, dá-lhe água para beber”. A orientação é para tratar o inimigo (aquele que nutre inimizade por você) com bondade, pois isso poderá envergonhá-lo a ponto de se arrepender do que fez e buscar a reconciliação. Este gesto faz lembrar a figura materna, filhos que são ingratos e desobedientes à mãe, esta retribui com carinho e cuidado aos filhos, que se sentem constrangidos e pedem perdão à sua mãe.