Título: Eu e minha casa — Orientações da Palavra de Deus para a família do Século XXI
Comentarista: Reynaldo Odilo
Lição 4: Preparando-se para construir uma família
Data: 24 de Abril de 2016
“E pelo conhecimento se encherão as câmaras de todas as substâncias preciosas e deleitáveis” (Pv 24.4).
Deus tem interesse em abençoar os jovens na construção de um novo lar, mas, para isso, todos devem se submeter ao plano divino.
SEGUNDA — Gn 24.2-4
Escolhendo o cônjuge no lugar certo
TERÇA — Gn 26.34,35
Escolhendo o cônjuge no lugar errado
QUARTA — Gn 29.9-11
Passeando no lugar certo
QUINTA — Gn 34.1
Passeando no lugar errado
SEXTA — Pv 18.22
Alcançando o favor de Deus
SÁBADO — 2Co 6.14-18
Prendendo-se a um jugo desigual
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, é necessário que haja um bom relacionamento entre os docentes da classe dos jovens. Porém, queremos chamar a atenção para a relação professor-aluno. É muitíssimo importante que você construa um vínculo afetivo e de confiança com aqueles que Deus lhe confiou pra ensinar e orientar. Evite aquele contato apenas semanal e extremamente superficial. Se eles confiarem em você, receberão de bom grado o seu ensino, seguirão suas orientações, ouvirão seus conselhos, etc. Por outro lado, a proximidade com eles proporcionará a você um melhor conhecimento sobre suas vidas, e isso é algo que todo professor de Escola Dominical deve buscar com afinco. Na próxima lição, falaremos mais sobre essa busca.
Prezado docente, inicie a aula com a apresentação, pelos alunos, dos resultados da pesquisa solicitada na aula passada (sobre as estatísticas de casamento e divórcio no Brasil, bem como sobre curiosidades como o número de solteiros e o tempo médio de duração do casamento). Essa apresentação vai abrir a discussão sobre a aula de hoje, que vai tratar da preparação necessária à construção de uma nova família, debaixo da orientação divina. Reflita com os alunos, por alguns instantes, sobre as causas de tantos casamentos destruídos, muitas vezes em tão pouco tempo, e por que isso ocorre até mesmo entre cristãos. Conclua dizendo que, para existir um casamento abençoado e duradouro, é preciso observar o padrão divino desde a fase preparatória (namoro e noivado).
Gênesis 29.9-20.
9 — Estando ele ainda falando com eles, veio Raquel com as ovelhas de seu pai; porque ela era pastora.
10 — E aconteceu que, vendo Jacó a Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe, chegou Jacó, e revolveu a pedra de sobre a boca do poço, e deu de beber às ovelhas de Labão, irmão de sua mãe.
11 — E Jacó beijou a Raquel, e levantou a sua voz, e chorou.
12 — E Jacó anunciou a Raquel que era irmão de seu pai e que era filho de Rebeca. Então, ela correu e o anunciou a seu pai.
13 — E aconteceu que, ouvindo Labão as novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e beijou-o, e levou-o à sua casa. E contou ele a Labão todas estas coisas.
14 — Então, Labão disse-lhe: Verdadeiramente és tu o meu osso e a minha carne. E ficou com ele um mês inteiro.
15 — Depois, disse Labão a Jacó: Porque tu és meu irmão, hás de servir-me de graça? Declara-me qual será o teu salário.
16 — E Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Leia, e o nome da menor, Raquel.
17 — Leia, porém, tinha olhos tenros, mas Raquel era de formoso semblante e formosa à vista.
18 — E Jacó amava a Raquel e disse: Sete anos te servirei por Raquel, tua filha menor.
19 — Então, disse Labão: Melhor é que eu ta dê do que a dê a outro varão; fica comigo.
20 — Assim, serviu Jacó sete anos por Raquel; e foram aos seus olhos como poucos dias, pelo muito que a amava.
INTRODUÇÃO
O propósito de Deus na vida do seu povo, em regra, é que ninguém esteja só, não obstante alguns, por escolha própria ou determinação de Deus, não constituirão uma nova família, como foi o caso do profeta Jeremias (Jr 16.2). Vale dizer que, mesmo solteiro, é possível ser feliz [aliás, tudo leva a crer que o profeta Daniel (Dn 1.9), e o apóstolo Paulo (1Co 7.7,8), homens de grande envergadura espiritual, eram solteiros]. A felicidade de uma pessoa não se resume ao casamento. Não obstante, o casamento feito no Senhor é uma grande fonte de alegria (Ec 9.9). Para a construção de um lar sólido e feliz é indispensável uma boa preparação, o que envolve muitas coisas, mas serão citados, aqui, para fins didáticos, somente sete passos: esperar no Senhor, escolha certa, preparação intelectual (profissional), trabalho, namoro, noivado e casamento. Esses passos não estão elencados cronologicamente, mas todos eles devem ser dados.
I. O CAMINHO DO AMOR
1. Esperar com paciência. Adão foi criado por Deus e ficou sozinho no Éden, esperando nEle, não se sabe por quanto tempo. Isso não é tão ruim quanto parece, antes pelo contrário. O fato de se estar só traz benefícios circunstanciais para o jovem (Lm 3.26-28). Assim, foi excelente para Adão ter suportado o “jugo” da mocidade. Muitas vezes ele deve ter se sentado sozinho na relva verde, sem ninguém para conversar, quando tudo em volta era silêncio, e então pôde refletir sobre a vida e buscar a Deus. Sem Eva, por algum tempo, o primeiro homem colocou umas coisas importantes em ordem (por exemplo: deu nome aos animais e cuidou do jardim), bem como, certamente, compreendeu suas limitações emocionais, pois ficou frente a frente consigo mesmo e também com Deus, vindo a conhecer melhor o seu Criador.
Posteriormente o Todo-Poderoso disse não ser bom que o homem estivesse só e, em consequência, anestesiou a Adão (fê-lo dormir), e retirou uma costela do homem, preenchendo com carne o lugar e, em seguida, o presenteou com uma formosa mulher, celebrando na sequência o primeiro casamento.
2. Fazendo a escolha certa. Quando, enfim, termina a espera, inicia-se a fase do deslumbramento. O primeiro olhar, aquele que chama a atenção e desestabiliza, é, em regra, inesquecível (o que não significa necessariamente amor à primeira vista). Foi o que aconteceu na vida do patriarca Jacó (Gn 29.10,11). Aquele que tinha esperado em Deus durante tanto tempo (diferentemente de seu irmão Esaú, que casara fora da vontade de Deus — Gn 26.34,35), teve enorme emoção ao se encontrar com sua amada. Mas por que ele chorou? Porque Jacó percebera que Raquel, mais que uma mulher bonita, era também a bênção há tanto tempo esperada. Ele percebeu que a ponte afetiva entre eles tinha sido construída por Deus. Não se tratava só de aparência física, mas, sobretudo, de providência divina. Jacó podia ver que Deus estava naquele negócio.
3. A conquista. Depois do primeiro olhar, chegou o momento da conquista. A Bíblia não narra com detalhes todos os fatos. Entretanto deixa claro que Jacó esperou, ainda, um mês inteiro para agir (Gn 29.14-18). A estratégia, certamente, ele estava construindo em Deus. O Senhor criou uma circunstância, e Jacó a aproveitou, seguindo os costumes locais. Como deve acontecer ainda hoje, o relacionamento precisava ter a bênção do pai da moça. O esforço de Jacó em trabalhar sete anos por Raquel seria o preço para ter em seus braços aquela que ele tanto amava. Isso nos mostra que, mesmo Deus aprovando o relacionamento, não significa que será fácil o caminho até o casamento.
Pense!
Para encontrar o grande amor da vida é preciso que o jovem crie estratégias humanas de conquistas?
Ponto Importante
O Senhor é quem mais se interessa pela construção de um novo lar em sua presença.
II. NAMORO E NOIVADO
1. Contextualização bíblica. a) Namoro. Em toda a história bíblica não se visualiza o namoro como etapa de algum relacionamento, pelo menos não como conhecemos atualmente, pois, normalmente os casamentos eram arranjados pelos próprios pais dos nubentes, alguns logo que os filhos nasciam, envolvendo, inclusive, pagamento pecuniário (dote) pela mão da noiva (Gn 34.10,11; Jz 14.2). Assim, não havia, em regra, esse contato prévio, haja vista que os pais desempenhavam esse importante papel no estabelecimento do novo lar. b) Noivado. Se por um lado na Bíblia não existe a palavra namoro, por outro as ocorrências da palavra noivado são abundantes, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, sendo este um compromisso muito sério, que inibia, inclusive, o homem de ir à guerra (Dt 20.7). Caso houvesse fornicação nesse período, o castigo seria o apedrejamento (Dt 22.22-29). Essa era a situação da qual Maria poderia ser acusada, ao ter concebido do Espírito Santo, e foi por isso que José intentou deixá-la secretamente (Mt 1.18,19).
2. Significados. O namoro corresponde a uma importante fase do relacionamento humano, que deve ser marcado, sobretudo, por intimidade intelectual e emocional. Nada mais. Tudo que passar disso, foge do propósito de Deus. É aqui onde os jovens observam se existe verdadeiro amor no relacionamento, que, óbvio, precisa ser recíproco e igualmente forte. Vê-se, por exemplo, que Jacó, somente depois de trinta dias que havia conhecido Raquel, fez uma proposta de compromisso. Nesse período de “pré-namoro” Jacó estava analisando a sua pretendente, certamente procurando descobrir seus gostos pelas coisas, seus projetos, seus ideais de vida etc. Depois disso foi que ele teve coragem de “pedir a mão dela”. Seu “namoro” estava programado para durar sete anos, porém as coisas se complicaram muito (Gn 29.21-30).
Por outro lado, o noivado, fase do relacionamento humano tão relevante quanto o namoro, caracteriza-se por intimidade intelectual, emocional, mas também econômica. Nesse momento da vida dos nubentes, os preparativos para o casamento já ficam mais concretos. Começam os planejamentos para as compras essenciais do novo lar. A intimidade, nesse momento, não deve avançar além daquilo que é a vontade de Deus, para que não se percam as bênçãos decorrentes de um relacionamento centrado nEle (1Ts 4.3). Nada de intimidades físicas.
Pense!
O namoro e o noivado são fases da vida que são decididas pelos próprios jovens, ou é o Senhor quem prepara esses encontros?
Ponto Importante
Os encontros significativos na vida do crente fiel são promovidos pelo Senhor (Pv 19.14), como aqueles que aconteceram entre Isaque e Receba, e Jacó e Raquel.
III. CASAMENTO
1. Significado. Depois de aguardar um tempo bastante longo, Jacó casou-se com Raquel (Gn 29.30). Ele soube aguardar a chegada do tempo de Deus. Agora, enfim, a intimidade física seria o ponto alto, pois eles se tornariam uma só carne.
2. Meios de subsistência. O casamento pressupõe a existência de um caminho marcado pelo amor, que perpassa pelo namoro e noivado. Porém, antes de casar, os nubentes precisam garantir os meios de subsistência (trabalho) e, para tanto, necessitam de preparação intelectual. O emprego deve, sempre, anteceder ao casamento, pois ninguém deve casar e ser sustentado pelos pais. Deus, antes de fazer o casamento de Adão e Eva, deu ao marido uma “casa” (Gn 2.8) e um emprego (Gn 2.15). Ademais, está escrito: “Com a sabedoria se edifica a casa, e com a inteligência ela se firma; e pelo conhecimento se encherão as câmaras de todas as substâncias preciosas e deleitáveis” (Pv 24.3,4). Assim, a preparação intelectual fornece conhecimento (ciência), que propicia os meios para a subsistência material da família.
3. Solteiro, mas feliz. Há alguns, como Jacó, que esperaram muito tempo, e Deus lhes providenciou um casamento. Outros, porém, igualmente fiéis ao Senhor, ficaram sem se casar, como foi o caso de Jeremias (Jr 16.2). Por que isso acontece? A resposta: soberania divina. Não devemos questionar os porquês dos propósitos divinos, mas, como servos, cabe-nos agradecer ao Senhor pelo dom da vida e pela sua presença conosco. Afinal, está escrito: “Canta alegremente, ó estéril que não deste à luz! Exulta de prazer com alegre canto e exclama, tu que não tiveste dores de parto! Porque mais são os filhos da solitária do que os filhos da casada, diz o Senhor” (Is 54.1).
Pense!
O que o jovem cristão deve fazer para conseguir um emprego, com o objetivo de realizar o sonho do casamento e manter com dignidade seu lar?
Ponto Importante
A preparação intelectual é indispensável para, quando chegar o tempo certo, o Senhor usar o conhecimento adquirido a fim de que, pelo trabalho, a casa se encha de bens (Pv 24.4).
CONCLUSÃO
O jovem cristão deve entender o tempo de Deus para sua vida. Às vezes, tudo parece que não vai dar certo. Decepções amorosas, condições materiais desfavoráveis, incertezas etc., tudo fustiga o jovem que espera em Deus pelo seu novo lar. O ideal é seguir o conselho bíblico: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.7). Um dia, ainda que demore, a promessa de Deus cumprir-se-á.
ROBERTS, Wes; WRIGTH, H. Norman. Antes do Sim. 1ª Edição. RJ:
CPAD, 2015.
WARREN, Meio Clark. Encontrando o Amor de Sua Vida. 1ª Edição.
RJ: CPAD, 2011.
1. Segundo a lição, como os namorados devem se relacionar?
Devem relacionar-se somente no campo intelectual e emocional.
2. Segundo a lição, como os noivos devem se relacionar?
Intensa intimidade intelectual, emocional e social.
3. Mencione dois personagens bíblicos que esperaram em Deus pelo casamento.
Adão e Jacó.
4. Segundo a lição, para obter os meios de subsistência, antes do casamento, qual “passo” deve ser dado pelo jovem?
Preparação intelectual.
5. Qual profeta do Antigo Testamento que Deus determinou que não se casasse?
Jeremias.
“Por causa da forte influência tribal e da unidade do clã na sociedade patriarcal, os pais consideravam seu dever e prerrogativa assegurar esposas para seus filhos (Gn 24.3; 38.6). Normalmente, a noiva em perspectiva, assim como o noivo, simplesmente concordava com os arranjos feitos de acordo com os interesses da família e da lealdade à tribo. [...] O casamento com mulheres estrangeiras era desaconselhado (Gn 24.3; 26.34,35; 27.46; 28.8) e mais tarde foi totalmente proibido (Êx 34.16; Dt 7.3; Ed 10.2,3,10,11) [...]. Casamentos mistos eram tolerados apenas no caso dos exilados (por exemplo, José, Gn 41.45; Moisés, Êx 2.21) e dos reis apenas por razões políticas.
Por outro lado, havia em Israel a oportunidade para casamentos baseados no namoro. O jovem podia declarar a sua preferência (Gn 34.4; Jz 14.2). [...] Na época do Antigo Testamento as mulheres não eram mantidas como reclusas, como nos países muçulmanos, e podiam sair às ruas com o rosto descoberto (cf. 1Sm 1.13). Elas cuidavam das ovelhas (Gn 29.6; Êx 2.16), carregavam água (Gn 24.13; 1Sm 9.11), colhiam nos campos (Rt 2.3) e visitavam outros lares (Gn 34.1). Dessa maneira, os jovens tinham a liberdade de procurar a futura noiva sozinhos” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.388).