Título: O Sermão do Monte — A justiça sob a ótica de Jesus
Comentarista: César Moisés Carvalho
Lição 2: Sal da terra e luz do mundo
Data: 9 de Abril de 2017
“Porque não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto” (Lc 6.43).
O que realmente somos acaba sendo revelado pelas nossas atitudes, por isso, é importante que nos comportemos de modo a glorificar a Deus.
SEGUNDA — 1Tm 4.12
Sendo exemplo na juventude
TERÇA — Gn 41.38
Um jovem exemplar
QUARTA — Tt 2.7
Ser exemplo em tudo
QUINTA — 1Pe 5.3
A liderança deve dar o exemplo
SEXTA — 1Ts 1.6,7
Uma igreja exemplar
SÁBADO — Jo 13.13-15
O maior exemplo
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Grande parte do tema do Sermão do Monte pertence claramente ao campo da teologia prática. O assunto principal não tem conotação transcendental, por assim dizer, mas trata de questões referentes ao caráter e ao comportamento de todo aquele que é discípulo de Cristo. Um novo estilo de vida é delineado pelo Mestre no seu célebre Sermão. Uma forma de viver que colide com os interesses materialistas, políticos, religiosos e egoístas que nos são ensinados desde a mais tenra idade. O choque gerado pela proposta de tal estilo de vida, não ficou no passado, pois nos dias atuais ele é ainda maior, visto que não somos ensinados a ver os valores do Reino de Deus como algo a ser acolhido, mas evitado. Em tempos de superexposição, sobretudo através das redes sociais, a mania é passar uma imagem irreal de si visando impressionar estranhos e conhecidos. Um discurso que prega a discrição e a influência através do exemplo sincero, não é apenas desafiador como, na ótica mundana, retrógrado e fora do seu tempo. Não obstante, vamos aprender que é dessa forma que o Mestre viveu e ensinou-nos a viver.
Inicie a aula de hoje falando a respeito do conceito de “essencial”. Essencial refere-se a tudo aquilo que é necessário, imprescindível, indispensável e que, portanto, não pode ser ignorado. Fale acerca da alimentação, destacando a questão do sabor. A fim de exemplificar, mencione o principal elemento que proporciona sabor aos alimentos das refeições principais. Poucos alimentos, sejam de origem vegetal ou animal, possuem um sabor que dispensa o uso do sal. É, porém, curioso o fato de que o sal só é bom quando sua presença não é “notada”, isto é, quando o alimento não está salgado acima do tolerável e nem sem sal algum. Portanto, na medida certa, o sal deve estar presente em quantidade apropriada, pois no saleiro ele não faz efeito algum e em demasia torna-se motivo de rejeição da comida e causa até mesmo doenças. De igual forma, fale brevemente sobre a essencialidade da luz. Assim como o sal, ela não serve para que a contemplemos diretamente, mas para iluminar o ambiente, fazendo com que vejamos tudo à nossa volta facilitando a execução das tarefas. Nem precisa dizer o quanto sua falta é altamente danosa. Encerre esse período inicial de “quebra-gelo” dizendo que Jesus comparou os filhos do Reino, seus discípulos, ao sal da Terra e à luz do mundo.
Mateus 5.13-16.
13 — Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.
14 — Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
15 — nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16 — Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.
INTRODUÇÃO
Após afirmar aos seus discípulos que eles, por terem aceitado o seu chamado, eram felizes por estar em situações (e/ou condições) indesejáveis e de fraqueza perante a lógica mundana, Jesus passa agora a incentivá-los a assumir suas vocações. Ele o faz utilizando dois elementos imprescindíveis à vida e conhecidíssimos por todos: o sal e a luz. Tal como os discípulos, por timidez ou por qualquer outra razão, muitas vezes somos impelidos a fugir da nossa tarefa. Contudo, o Mestre nos exorta a assumir nossa verdadeira natureza levando as pessoas sem Deus a glorificá-lo por causa da nossa ação transformadora no mundo.
I. INSIPIDEZ E SALINIDADE
1. O sal da Terra. Na condição de seguidores de Jesus, os discípulos perderam o “prestígio” da sociedade religiosa de sua época (Jo 12.42,43), visto que aderiram ao “movimento de um homem só”, que não pretendia nada a não ser a salvação das pessoas (Mt 18.11). Por isso mesmo, na condição de “pobres de espírito”, aflitos, mansos, injustiçados, misericordiosos, puros, pacificadores, perseguidos e, como foi previsto, futuramente caluniados e, consequentemente, presos, era preciso que eles entendessem não apenas a felicidade verdadeira que tal situação proporcionava, mas também o que agora lhes cabia (Mt 5.3-12). Nesse momento o Mestre não diz para os discípulos “serem”, mas afirma que eles “são” o sal da Terra, ou seja, do planeta inteiro, o “sal de toda a Terra” (v.13).
2. A insipidez da salinidade. Sabe-se que o sal é uma substância extraída do mar e precisa passar por um processo de “beneficiamento” para, só então, ser utilizado domesticamente. Diz-se que em função de uma má conservação ou manipulação, o cloreto de sódio pode tornar-se imprestável. Não obstante, este não era o caso aludido pelo Mestre. Tratava-se de uma pergunta praticamente retórica e inimaginável (Mc 9.50). Como a salinidade pode tornar-se insipidez ou insossa? (v.13) Como deixar de assumir o que se é, tornando-se algo que contraria a sua natureza?
3. O desprezo público. Caso isso viesse acontecer, o resultado não poderia ser outro. Um sal que não salgasse certamente não serviria para mais nada, pois deixaria de ser o que ele é. Lamentavelmente, ele teria de ser lançado fora, jogado no lixo (Lc 14.34,35).
Pense!
Hoje, o sal é até mesmo colorido e serve para se fazer algumas decorações. Porém, a sua função primária é salgar, dar sabor aos alimentos. O que seria da humanidade se caso o cloreto de sódio não viesse mais a salgar?
Ponto Importante
A razão de ser de todas as coisas consiste em cumprir sua função. Quando tal função, ou objetivo, não é cumprida, o que pode ocorrer é o desprezo e a substituição.
II. DISCRIÇÃO E NOTORIEDADE
1. A luz do mundo. Em seu ensino, Jesus utiliza outro elemento imprescindível ao ser humano — a luz (v.14). Novamente Ele é afirmativo: “Vós sois”. Se o são, não há como fugir, é preciso cumprir a função que cabe ao que se é. Luz serve para iluminar, e deve cumprir essa função (Fp 2.15).
2. Discrição e notoriedade. Se uma cidade foi construída sobre um monte, torna-se impossível escondê-la, pois no período noturno, os seus habitantes acenderão as luzes e todos contemplarão, ao longe, a cidade (v.14). É impossível querer esconder-se ou ser “discreta” se foi erigida sobre um lugar alto.
3. Fora de lugar. Jesus especifica ainda mais seu exemplo e diz que ninguém, obviamente que em sã consciência, acende uma lâmpada e a coloca debaixo da mesa ou sob um balde. Antes, a lâmpada é colocada em um local apropriado, geralmente no teto, para que sua iluminação seja distribuída em todo o ambiente (v.15).
Pense!
A discrição é sempre bem-vinda. No entanto, a omissão é terminantemente desaconselhada, pois traz incontáveis problemas a quem depende de uma atitude por parte do omisso.
Ponto Importante
Adorar a Deus é uma das maiores oportunidades que o ser humano tem de reconhecer o senhorio do seu Criador e Senhor.
III. EXEMPLO E CLARIDADE
1. O exemplo como luz. O Mestre encerra o seu ensino acerca desse aspecto dizendo que assim como a luz produz claridade e proporciona visibilidade aos da casa, os discípulos devem mostrar-se à sociedade a fim de que as pessoas contemplem suas ações e “vejam”, ou seja, enxerguem a realidade através deles (v.16).
2. Boas obras. Da mesma forma que a luz gera luminosidade, dos discípulos se espera boas obras, bons exemplos, pois este é o resultado natural de quem agora eles são (Ef 2.10). Conforme ensinou o Mestre, “não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto” (Lc 6.43).
3. Glorificação de Deus. Sendo luz, ou seja, produzindo claridade e mostrando-se às pessoas através de suas boas obras os discípulos, aqui na Terra, proporcionariam a oportunidade de, até mesmo aqueles que não criam, glorificar a Deus, o Pai que está no céu de onde vem a capacidade de os discípulos brilharem (v.16; Jo 12.35,36 cf. Tg 1.17).
Pense!
Uma luz que não ilumina é uma contradição de termos. O que uma lâmpada precisa para funcionar? Há toda uma estrutura para ela produzir luz. E nós, podemos brilhar sozinhos?
Ponto Importante
A luz não é um fim em si mesmo. Seu valor está em fazer com que se enxergue por causa dela. Não somos o centro das atenções, mas os que proporcionam às pessoas ver ao Pai em nossas ações e, assim, glorificá-lo.
CONCLUSÃO
Boas obras não são ações para a salvação; elas são o resultado normal desta. Como discípulos de Cristo, o produto final de nosso discipulado é a glória de Deus entre os que não conhecem a Ele, a fim de despertá-los para que creiam no Pai.
GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos & Costumes dos Templos Bíblicos. 2ª Edição. ed. RJ: 2012.
1. Após a afirmação dos discípulos com as bem-aventuranças, o que o Mestre lhes diz?
Jesus passa agora a incentivá-los a assumir suas vocações.
2. O que o Senhor quis dizer ao revelar que os discípulos eram o “sal da Terra”?
Eles precisavam entender não apenas a felicidade verdadeira que tal situação proporcionava, mas também o que agora lhes cabia (Mt 5.3-12).
3. É possível esconder-se estando em uma posição que “brilha”? Por quê?
Resposta pessoal.
4. O que se espera de quem é discípulo de Cristo? Explique.
Dos discípulos se espera boas obras, bons exemplos, pois este é o resultado natural de quem agora eles são.
5. O que as boas obras produzem para Deus?
A oportunidade de, até mesmo os que não creem glorificar a Deus, o Pai que está no céu.
“O Sal e a Luz (5.13-16)
O ‘sal’ é valorizado por dois atributos principais: gosto e conservação. Não perde sua salinidade se é cloreto de sódio puro. Isto nos leva à sugestão do que Jesus quis dizer quando disse [que] os discípulos deixariam de ser discípulos se eles perdessem o caráter de sal. O sal não refinado extraído do mar Morto continha mistura de outros minerais. Deste sal em estado natural o cloreto de sódio poderia sofrer livixiação em consequência da umidade, tornando-o imprestável (Jeremias, 1972, p.169). O ensino rabínico associava a metáfora do sal com sabedoria. Esta era a intenção de Jesus, visto que a palavra grega traduzida por ‘nada mais presta’ tem ‘tolo’ ou ‘louco’ como seu significado radicular. É tolice ou loucura os discípulos perderem o caráter, já que assim eles são imprestáveis para o Reino e a Igreja, e colhem o desprezo de ambos.
No Antigo Testamento ‘luz’ está associada com Deus (Sl 18.28; 27.1), e o Servo do Senhor e Jerusalém estão revestidos com a luz de Deus. O Servo será luz para os gentios, e todas as nações virão à luz de Jerusalém (Is 42.6; 49.6; 60.1-3). É neste sentido de ser luz para as nações que Jesus identifica os discípulos como luz. Esta ideia antecipa a conclusão do Evangelho de Mateus: ‘Portanto, ide, ensinai todas as nações [ou fazei discípulos]’ (Mt 28.19). No capítulo anterior, Mateus identificou Jesus como a ‘grande luz’ de Isaías na Galileia gentia (Mt 4.15,16). Agora os discípulos são chamados para serem portadores da luz” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, pp.43-44).