LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

3º Trimestre de 2017

 

Título: Tempo para todas as coisas — Aproveitando as oportunidades que Deus nos dá

Comentarista: Reynaldo Odilo

 

 

Lição 1: Tempo para todas as coisas

Data: 02 de Julho de 2017

 

 

TEXTO DO DIA

 

E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos(Gn 1.14).

 

SÍNTESE

 

Deus criou o tempo (chronos) e seu objetivo era poder se relacionar com a raça humana.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — Sl 39.4

A brevidade da vida

 

 

TERÇA — Ec 9.12

O homem que não conhece o seu tempo

 

 

QUARTA — Et 4.14

Aproveitando o tempo de Deus

 

 

QUINTA — Gl 6.10

Enquanto temos tempo, façamos o bem

 

 

SEXTA — Ef 5.15,16

Otimizando o tempo

 

 

SÁBADO — Sl 31.15

O tempo está nas mãos de Deus

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • APRESENTAR o conceito de tempo, sua origem, importância e implicações;
  • EXPLICAR que Deus não está sujeito às regras temporais;
  • MOSTRAR o sentido da vida no tempo, de maneira a poder conhecê-lo e aprender a contá-lo.

 

INTERAÇÃO

 

Caro professor, neste trimestre estudaremos a respeito do tempo. Você verá que as lições de 1 a 8 têm um enfoque prático e devocional, mas voltadas para a vida cristã saudável. Já as lições de 9 a 13 são mais apologéticas. Seus alunos terão uma grande oportunidade de compreender a vontade do Senhor na administração do tempo. Que possamos fazer uso do nosso tempo com sabedoria para que venhamos alcançar corações sábios.

O comentarista é o pastor Reynaldo Odilo Martins Soares, juiz de direito, bacharel em Direito pela UFRN, pós-graduado em Direito Processual pela UnP, mestre e doutorando pela Universidade do País Basco (Espanha) e autor do livro “Eu e Minha Casa” (editado pela CPAD).

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Querido professor, você foi escolhido por Deus para o ministério do ensino, portanto, considere-se privilegiado. O Senhor confiou a você a tarefa de contribuir, de forma significativa, com a formação espiritual de uma pequena parte de seus filhos. Quanta responsabilidade! No entanto, apesar do imenso desafio inerente a essa tarefa, somado às muitas atividades do dia a dia, até aqui o Senhor tem o fortalecido. Creia que neste trimestre não será diferente. Dedique-se ao seu ministério e invista nele. O Mestre dos mestres é o maior interessado no êxito desta obra e Ele lhe ajudará a, num mundo em que as pessoas valorizam apenas o que é instantâneo, falar sobre “tempo para todas as coisas”! Inspire-se! Você será o instrumento de Deus para ensinar que não se deve querer atrasar ou apressar o kairós.

 

TEXTO BÍBLICO

 

Eclesiastes 3.1-8.

 

1 — Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu:

2 — há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;

3 — tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;

4 — tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar;

5 — tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;

6 — tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora;

7 — tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;

8 — tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Os céus e a terra, e tudo quanto neles existem, pertencem ao Senhor (Dt 10.14; Jó 41.11). No que diz respeito ao tempo, essa assertiva se torna ainda mais forte, uma vez que o homem não pode produzir, ou reter, um único momento do seu tempo. Cada minuto da vida é um presente do Criador. Deus dá a todos apenas a mordomia sobre o tempo, ofertando-lhes oportunidade de realizar todas as coisas. No fim de tudo, porém, o Senhor pedirá contas pelo gasto equivocado do tempo.

 

I. O TEMPO E SUAS IMPLICAÇÕES

 

1. Considerações preliminares. Após a criação (Gn 1.1), Deus estabeleceu um tempo para todas as coisas debaixo do sol (Ec 3.1). Ele tem um propósito para todas as suas obras, pois não faz nada ao acaso. Na eternidade, onde Deus habita (Is 57.15), não se mede o tempo como nós medimos. O Senhor pode, simultaneamente, responder as orações de milhões de pessoas (Jr 33.3), dar comida aos corvos (Lc 12.24), fazer maravilhas (Sl 72.18), e ainda compadecer-se e abençoar o parto das cabras monteses, bem como das gazelas nas savanas africanas (Jó 39.1-3), dentre muitas outras tarefas espalhadas por todo o imenso universo de aproximadamente trezentos bilhões de galáxias. Mas isso não é nada para o Todo-Poderoso, o qual é o Pai da eternidade.

2. A origem do tempo (chronos). A partir do século XX, com o surgimento da teoria do Big Bang, a maioria dos cientistas passou a defender que o universo teve um marco inicial há mais de 13 bilhões de anos, quando um “átomo primordial” teria explodido, dando origem a tudo. Porém, inexistem dados aferíveis cientificamente que comprovem a hipótese do Big Bang, como também não há revelação bíblica que indique a ocorrência de uma grande explosão no passado remoto, que tivesse liberado energia criadora. No entanto, tanto a Bíblia como a ciência concordam que o universo teve um início. Assim, se houve um início para o universo, é inegável admitir que existiu uma época — antes de Gênesis 1.1 — em que não havia matéria, nem espaço para a conter, como também não havia tempo a ser contado (chronos). Era apenas a eternidade. Então, Deus decidiu criar todas as coisas, submetendo-as às regras do tempo.

3. Importância do tempo. A importância do tempo (chronos) se dá, dentre outras coisas, pela necessidade do estabelecimento de ciclos para todas as obras formadas, bem como para que o homem, a obra prima da criação, pudesse conhecer e buscar a Deus.

 

 

Pense!

 

O tempo para Deus seria uma opção ou uma condição imposta?

 

 

Ponto Importante

 

Deus é Criador e Senhor do tempo, do espaço e da matéria e, por isso, Ele não está sujeito a nenhuma das limitações e contingenciamentos deste mundo.

 

 

II. DEUS E O TEMPO

 

1. A atemporalidade de Deus. A Bíblia afirma que Deus é atemporal. Ele é Deus de eternidade a eternidade, ou seja, não teve início e nem terá fim (Sl 90.2). Nem mesmo todo o universo pode contê-Lo (2Cr 6.18). Ademais, Ele não pode ser provado empiricamente porque nunca foi criado e, portanto, não teve início. Então, como o Criador poderia se relacionar com os homens, tão finitos, para salvá-los? Para resolver este problema, Ele enviou o seu Filho Unigênito (Jo 3.16). O Verbo se fez carne (homem) e habitou entre nós. A encarnação de Jesus era a única forma da imagem de Deus se tornar tangível por um tempo, para que os seres humanos “vissem, contemplassem e tocassem da Palavra da Vida” (1Jo 1.1,2), e assim fossem conduzidos à salvação.

2. Relacionando-se no tempo com uma pessoa atemporal. A partir de Jesus, os homens puderam ver, enfim, a glória de Deus. Antes, se vissem, morriam, pois o finito não pode conter, e nem ao menos ver, o Infinito (Êx 33.20). Jesus, o Filho de Deus, para vir ao mundo precisou “aniquilar-se” a si mesmo, fazendo-se semelhante aos homens (Fp 2.7). A Bíblia mostra que Deus é completamente ilimitado em relação ao tempo, não seguindo, portanto, o calendário humano, pois, para Ele, mil anos são como “o dia de ontem” ou a “vigília da noite” (Sl 90.4). Precisamos entender que Deus tem o seu tempo para agir. Ele não se adianta ou chega atrasado. Como filhos precisamos aprender a confiar nEle, independentemente do tempo.

3. Kairós X Chronos. Kairós é uma palavra de origem grega, que significa “momento certo”, “tempo oportuno”, em oposição a chronos, que traz a ideia de tempo sequencial, cronológico, quantitativo. Essas duas formas de definir, no grego, o tempo, trazem consigo um conflito épico, por assim dizer. De um lado o tempo linear, quantitativo, marcado pelos relógios e calendários — chronos —, do outro o tempo qualitativo, o momento ideal, próprio, para os fatos acontecerem — kairós.

 

 

Pense!

 

Como entender um Deus que, não está sujeito a qualquer limitação, ou fragilidade, mas que decide relacionar-se com sua criação corrompida pela Queda?

 

 

Ponto Importante

 

A encarnação de Jesus foi uma oportunidade para que, por algum tempo, os homens pudessem ver a glória de Deus.

 

 

III. A VIDA NO TEMPO

 

1. Vivendo no tempo. Deus colocou a eternidade no coração do homem, no seu espírito e alma. Mas o nosso corpo é corruptível e está sujeito a ação do tempo (Sl 90.10). Talvez, por isso, seja tão dificil nos conformarmos com a morte, pois existe uma fagulha divina acesa em nosso espírito e que anela pela eternidade.

2. Conhecendo o tempo. Conhecer o tempo (kairós) faz toda a diferença, como aconteceu com alguns dos filhos de Issacar, os quais eram “destros na ciência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer” (1Cr 12.32). Eles tinham discernimento e, por isso, foram indispensáveis para a prosperidade da nação de Israel e ganharam muito destaque.

3. Contando o tempo. Moisés, certa vez, orou a Deus pedindo: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12). O grande problema de muitas pessoas é que deixam para pensar sobre o fim da existência terrena somente quando lhes resta bem pouco tempo. Contar os dias é uma atitude de sabedoria, pois significa ter em perspectiva a iminência da morte, o que garante um melhor entendimento sobre como aproveitar os dias de vida.

 

 

Pense!

 

Como identificar o kairós, e não ficar apenas à mercê do chronos?

 

 

Ponto Importante

 

Se o timing perfeito existe, ele consiste em “acertar” o nosso relógio (chronos) com o relógio de Deus (kairós). Para tanto, é necessário estar em comunhão com Ele.

 

 

CONCLUSÃO

 

Deus, ao estabelecer que as coisas teriam um tempo oportuno (kairós) para serem realizadas, criou a possibilidade dos homens cumprirem, não o seu destino, mas o propósito para o qual foram criados.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

DANIEL, Silas. Reflexões sobre a Alma e o Tempo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. A Bíblia e a ciência discordam quanto ao universo ter uma origem? Explique.

Não! A ciência e a Bíblia concordam que o universo foi criado, que teve um início; há divergência, apenas, sobre como isso aconteceu.

 

2. Aponte pelo menos uma importância da existência do tempo para a criação.

Para que, no tempo, o homem pudesse conhecer e buscar a Deus.

 

3. Identifique três referências bíblicas que abordem a ideia da atemporalidade e/ou eternidade de Deus.

Salmos 90.4; Isaías 57.15; 2 Pedro 3.8.

 

4. Diferencie a ideia do tempo chronos e kairós.

O chronos fala de tempo linear, quantitativo, marcado pelos relógios e calendários. Já o kairós fala de tempo qualitativo, o momento ideal, oportuno para todas as coisas.

 

5. Segundo a lição, o que significa “contar o tempo”?

Contar o tempo é ter em perspectiva a iminência da morte, o que garante um melhor entendimento sobre como aproveitar os dias de vida.

 

SUBSÍDIO I

 

“Deus não tem que se apressar no decurso do tempo deste Universo, assim como um autor não está sujeito ao tempo imaginário do romance que escreve. Deus tem uma atenção infinita para dispensar a cada um de nós. Não tem que lidar conosco em conjunto. Você está tão a sós com Deus como se fosse o único ser que Ele criou. [...] Deus, creio, não vive absolutamente numa sucessão temporal. [...] Porque Ele é a sua própria vida.

Deus está num ambiente sem sucessões temporais e que me faz ter certeza de que pode atender-me no mesmo instante em que atende aos rogos de outros, mesmo quando estes são milhões. [...] Deus não prevê os fatos, Ele os vê, e concomitantemente. Chegamos, então, à conclusão de que o meu tempo, ou o nosso tempo, não afeta aiónios [o tempo de Deus]. Isso é algo confortante. E a explicação é que Deus é extrapolante, infinito, sempiterno, imensurável; logo, só pode estar na eternidade. Mas, por ser tudo isso, o tempo também pode estar nEle, pois o tempo é finito. O finito é um ponto fixo no infinito. O finito cabe no infinito. [...] Deus não é afetado pelo tempo, mas Ele afeta o tempo. Deus enche o mundo com uma parte de sua infinitude e por meio de sua onipresença” (DANIEL, Silas. Reflexões sobre a Alma e o Tempo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001, p.142).

 

SUBSÍDIO II

 

“O que Deus fazia no princípio? Não é fácil responder a essa pergunta, pois não dispomos de nenhuma informação acerca de suas atividades entre os três primeiros versículos do capítulo um de Gênesis. Todavia, permitam-me algumas conclusões, que acredito serem coerentes e razoáveis. Antes de Deus fazer a Terra, Ele criou sua própria morada.

Deus jamais faria a sua obra na eternidade, porquanto esta é um atributo exclusivamente seu (1Tm 6.16). O Criador é sempiterno; a criação, temporal. Ao contrário dos gregos que acreditavam na eternidade da matéria, os hebreus creem que tudo quanto existe no tempo, foi criado pelo Eterno (Hb 11.3). Aliás, nem a própria morada de Deus é eterna.

Sendo o tempo a duração relativa das coisas, geramos a noção de presente, passado e futuro: um período contínuo no qual se sucedem os eventos. Deus, porém, é o que é. Ele não está sujeito a qualquer sucessão de dias ou séculos. Presente, passado e futuro são-lhe a mesma coisa. Logo, somente o Eterno poderia criar o tempo.

[...] O Criador não se acha limitado quer pelo tempo, quer pelo espaço; a criação, sim. Até mesmo, os anjos não podem estar em dois lugares ao mesmo tempo” (ANDRADE, Claudionor. O Começo de Todas as Coisas. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2015, p.23).