Título: Seguidores de Cristo — Testemunhando numa Sociedade em ruínas
Comentarista: Valmir Nascimento
Lição 1: Relevantes como o sal, resplandecentes como a luz
Data: 01 de Outubro de 2017
“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).
O viver cristão autêntico é capaz de fazer uma diferença substancial na sociedade, não por meio de palavras, mas através de ações verdadeiras.
SEGUNDA — Mc 9.49
Salgados com fogo
TERÇA — Pv 4.18
A vereda dos justos brilha
QUARTA — Jo 1.7
Dando testemunho da luz
QUINTA — Jo 1.9
A luz que ilumina todos os homens
SEXTA — Jo 8.12
A luz dissipa as trevas
SÁBADO — Tg 1.17
Deus, o Pai das Luzes
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Estamos iniciando uma nova lição da Escola Bíblica Dominical sob o título “Seguidores de Cristo: Testemunhando numa Sociedade em Ruínas”. As aulas deste trimestre serão desafiadoras, pois teremos a oportunidade de aprender e discutir a respeito dos diversos temas que emergem na sociedade contemporânea. Falaremos sobre questões nacionais, internacionais, políticas, econômicas e muitos outros assuntos que fazem parte do nosso cotidiano, a respeito dos quais somos chamados a dar respostas contundentes à luz das Escrituras e das convicções cristãs.
Aproveite estas lições para instigar os alunos a serem relevantes e resplandecentes nesses tempos trabalhosos (2Tm 3.1). “Fazer a diferença” não pode ser um mero bordão religioso, e sim o resultado do efetivo testemunho cristão.
O comentarista das lições, Valmir Nascimento, é ministro do evangelho, jurista, mestre em Teologia, professor universitário, colunista do portal CPAD News e escritor. Ele é membro da Assembleia de Deus em Cuiabá/MT.
Prezado(a) professor(a), enquanto educadores, temos a nobre tarefa de preparar a juventude cristã para viver como sal e luz em um mundo caído, onde impera o engano, a violência, a injustiça e muitos outros tipos de maldades que brotam do coração humano. Nesta aula introdutória, apresente aos alunos a síntese do conteúdo da revista, enfatizando — com base no sumário — os temas que trabalharemos ao longo do trimestre. Explore nesta aula inaugural o conceito de relevância e integridade da fé cristã. Ao final da lição, os jovens devem estar cônscios de que a espiritualidade cristã, inclusive da vertente pentecostal, pode ser útil para a sociedade, caso o povo de Deus viva integralmente o Evangelho e aplique os princípios bíblicos a todas as esferas da sociedade.
Tenha um trimestre proveitoso e abençoador!
Mateus 5.13-16.
13 — Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.
14 — Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
15 — nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16 — Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.
INTRODUÇÃO
Jesus foi contundente ao dizer que os seus discípulos eram o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5.13-16). Passados mais de dois mil anos após o Mestre proferir essa majestosa declaração, a responsabilidade que dela se extrai continua a ecoar sobre a vida dos seus seguidores. No decorrer deste trimestre, estudaremos a respeito de vários temas que evocam a aplicação dessa alegoria. Vivendo em tempos de caos, em meio a injustiças, desigualdades e conflitos, a Igreja é chamada a fazer a diferença e a testemunhar, diante dos homens, a relevância da fé cristã.
Nesta primeira lição, aprenderemos acerca do comissionamento que recebemos do Senhor para fazermos a diferença no mundo, mesmo dentro de uma cultura decadente.
I. COMISSIONADOS PARA TRANSFORMAR O MUNDO
1. A riqueza da metáfora. No contexto do Sermão da Montanha, logo após falar sobre as beatitudes, Jesus declarou que os seus discípulos são o “sal da terra” e a “luz do mundo” (Mt 5.13-16). Ensinador por excelência, o Mestre valeu-se de metáfora, extraída das práticas comuns à vida, para transmitir um rico ensinamento a respeito do testemunho cristão no ambiente social. A alegoria empregada nos fala sobre um aspecto essencial da missão da Igreja na Terra: a sua presença ativa e transformadora na sociedade.
2. Comissão cultural. Depreendemos da declaração de Jesus que ser sal e luz não é mera faculdade conferida à sua Igreja, é imperativo. Além da Grande Comissão (Mc 16.15), pela qual a comunidade cristã recebeu a incumbência de proclamar o evangelho e fazer discípulos, foi-nos outorgada também a comissão cultural — a chamada para salgar e iluminar a cultura do mundo. Isso significa tanto confrontar as culturas que se opõem ao evangelho, quanto produzir cultura de qualidade, para exaltação do nome do Senhor. Tal determinação está em sintonia com o mandamento que o Criador deu ao primeiro casal para sujeitar a terra e dominar sobre as demais criaturas (Gn 1.28). Surge daí a responsabilidade ética e espiritual de cuidarmos da criação de Deus de maneira zelosa, o que compreende aplicar os valores e princípios bíblicos em todos os setores da sociedade.
3. O poder impactante do Evangelho em tempos sombrios. Apesar de vivermos em uma cultura decadente, caótica e sombria, o povo de Deus é capaz de testemunhar a graça divina e transformar a realidade social, política e econômica da presente era. Tal transformação se dá primeiramente com a correta compreensão de que o mundo jaz no maligno (1Jo 5.19), mas não lhe pertence. O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos (2Co 4.4). O Inimigo de Deus, depois da Queda, intrometeu-se na Criação e agora tenta subjugá-la. Entretanto, com a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, o Criador contra-atacou mostrando que intervém e que tem o controle da História. Além disso, Ele nos comissionou para fazer a sua obra. Assim vivendo a dimensão presente do Reino, o povo de Deus pode influenciar o mundo com o poder do evangelho (Rm 1.16).
Pense!
A verdade do Evangelho não está confinada ao ambiente da Igreja. Ela abrange cada centímetro do universo.
Ponto Importante
Apesar de vivermos em uma cultura decadente, caótica e sombria, o povo de Deus é capaz de testemunhar a graça divina e transformar a realidade social, política e econômica da presente era.
II. RELEVANTES COMO O SAL
1. “Vocês são o sal da terra”. O sal é um elemento útil na culinária. Podemos usá-lo tanto para dar sabor quanto para conservar os alimentos. Ao dizer que os discípulos são o sal da terra, Jesus destaca o papel relevante que podemos exercer em seu nome na sociedade. Quando o evangelho é pregado e vivido em toda a sua pureza, a Igreja torna-se o tempero gracioso para um mundo decadente (Ef 3.10,11; 1Pe 2.9).
Imagine como seria a história da humanidade sem o tempero dos crentes sobre a face da terra? Através dos séculos, encontramos vários exemplos da influência transformadora da Igreja no mundo: a Reforma Protestante foi um marco divisor da história mundial; o Avivamento Wesleyano do Século XVIII afetou poderosamente a história e a cultura britânica; o Avivamento Pentecostal moderno iniciado na Rua Azusa tem promovido, até hoje, resultados extraordinários para a civilização. Todos esses eventos demonstram que Deus se importa com a história e nela intervém com a sua soberana vontade.
2. Cadê o sabor do sal que estava aqui? “E se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens” (v.13). Aqui o Mestre adverte do perigo de se perder a essência do sal. Quando possui sabor, o cristianismo é realmente útil para atender às diversas necessidades do homem. Porém, insípido, se resume à mera religiosidade formal, inútil para promover qualquer mudança. Guarda-nos, Deus, de perdemos o sabor de Cristo em nossas vidas, tornando-nos servos inúteis (Mt 25.30) ou árvores infrutíferas (Jo 15.1). Devemos estar temperados com a graça!
3. Não confunda! Não é correto associar relevância social da Igreja com o seu crescimento numérico, pois nem sempre quantidade representa qualidade espiritual. Se o aumento da população evangélica não for fruto de genuíno avivamento pela Palavra, não haverá testemunho público impactante. Por outro lado, mesmo em pequena quantidade, cristãos comprometidos com o Reino fazem a diferença onde estiverem, assim como ocorreu com a Igreja Primitiva. Apesar de ser minoria, cheios do Espírito Santo, os crentes do primeiro século davam grande testemunho da fé em Cristo (At 4.33).
Relevância também não significa ativismo social e político dos crentes. A utilidade cristã na esfera pública ocorre de maneira natural, como consequência da vivência contínua e duradoura dos discípulos sob o senhorio de Cristo. Afinal, a Igreja não é uma organização, é um organismo vivo (1Co 12.12)!
Cabe realçar, por fim, que a busca por relevância social jamais pode nos fazer esquecer da vocação evangelística da Igreja (Lc 9.2; 1Co 9.16). A transformação social somente ocorre após a redenção das pessoas a Cristo!
Pense!
Na perspectiva cristã, não existe transformação social sem transformação individual.
Ponto Importante
Não é adequado associar relevância social da igreja com o seu crescimento numérico, pois nem sempre quantidade representa qualidade espiritual.
III. RESPLANDECENTES COMO A LUZ
1. Devemos ser como “astros” no mundo. Na Física, luz é uma onda eletromagnética. Mas, fique tranquilo. Certamente não era sobre isso que Jesus estava se referindo quando disse que os seus discípulos são a luz do mundo. O Mestre tinha em mente a função iluminadora, resplandecente da luz. O princípio aqui aduzido é de que a comunidade cristã é o luzeiro moral e espiritual de Deus neste mundo tenebroso. Em meio às trevas morais que empalidecem e ofuscam a vida contemporânea, a Igreja faz raiar o brilho da esperança. Com efeito, nosso compromisso com Cristo deve nos levar a viver de uma maneira tal que sirva de modelo para as demais pessoas. O apóstolo Paulo expressou essa verdade ao dizer que devemos ser “irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandecemos como astros no mundo” (Fp 2.15).
2. Não esconda a sua luz! Para cumprir a sua finalidade, a lâmpada não pode ficar escondida. Ela precisa ser posta em local propício para que suas ondas se propaguem em todas as direções. Igualmente, os filhos de Deus são chamados a reluzir amplamente, fazendo-se notar em todos os segmentos. Ao restringirmos a dimensão da nossa espiritualidade somente aos limites da Igreja e do lar, escondemos a luminosidade que resplandeceu em nossos corações (2Co 4.6) e sobre a qual é-nos exigido testificar. Se a nossa vida é completamente iluminada pelo Senhor, não tendo trevas em parte alguma (Lc 11.36), então o brilho da nossa fé é igualmente integral e abrangente, capaz de alumiar o mundo além da religião, o que inclui as grandes áreas de influência do mundo: economia, comércio, direito, meios de comunicação, artes, educação, governo e política.
3. Luz Pentecostal. É significativo observar que o símbolo do batismo com o Espírito Santo e do pentecostalismo é o fogo, em alusão a Atos 2.3. Além de aquecer, a chama irradia luz. Consequentemente, a espiritualidade pentecostal não se restringe a um gueto religioso; ela é capaz de impactar o mundo no poder do Espírito Santo e fornecer uma visão distinta sobre a sociedade, iluminando-a. Podemos afirmar que a fé pentecostal tem sempre algo a dizer, seja nos degraus do templo de Jerusalém (At 2) ou no Areópago de Atenas (At 17).
4. Resplandecentes para a glória de Deus. Jesus concluiu o ensino a respeito do sal e da luz enfatizando o propósito final do testemunho relevante dos discípulos diante dos homens: “(...) para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está no céu”. Fica claro que a iluminação cristã no mundo não é algo para a autoglorificação da Igreja. Esta não existe para atrair os holofotes da fama, mas para ser como o farol, que irradia luz e serve como norte para as pessoas, para a glória de Deus!
Pense!
A chama pentecostal, ao tempo em que aquece a vida espiritual das pessoas, irradia o brilho de Cristo diante dos homens.
Ponto Importante
A Igreja não existe para atrair os holofotes da fama, mas para ser como o farol, que irradia luz e serve como norte para as pessoas, para a glória de Deus!
CONCLUSÃO
O intuito desta lição introdutória foi explicitar o significado da metáfora de Jesus sobre o sal e a luz. A alegoria enfatiza a presença ativa e transformadora da Igreja na sociedade. O sal preserva e dá paladar; representando a relevância cristã no mundo. A luz resplandece nas trevas, em alusão ao testemunho moral e espiritual dos crentes diante dos homens. Com base nessas premissas, nas lições seguintes veremos como a fé cristã encara e responde aos vários problemas sociais, éticos e políticos que florescem nestes tempos de crise e calamidade moral. Embora o cenário seja sombrio, não há motivos para desespero. Afinal de contas, além de encontrarmos nas Escrituras as respostas para as questões da atualidade, nossa esperança está em Cristo!
Comentário Bíblico Beacon. Volume 6: Mateus a Lucas. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006.
1. A metáfora empregada por Jesus a respeito do sal e da luz fala sobre qual aspecto da missão da Igreja na Terra?
Sobre a sua presença ativa e transformadora na sociedade.
2. De acordo com a lição, o que é a comissão cultural da Igreja?
A chamada para salgar e iluminar a cultura do mundo.
3. Cite três exemplos da influência transformadora da Igreja na sociedade.
A Reforma Protestante, o Avivamento Wesleyano do Século XVIII e o Avivamento Pentecostal moderno iniciado na Rua Azusa.
4. Por que não é correto associar relevância social da Igreja com o seu crescimento numérico?
Porque nem sempre quantidade representa qualidade espiritual. Se o aumento da população evangélica não for fruto de genuíno avivamento pela Palavra (Hb 3.2), não haverá testemunho público impactante.
5. Qual o propósito final do testemunho relevante dos discípulos diante dos homens?
A glória de Deus.
“A Influência Deles (5.13-16)
Jesus usou dois símbolos para descrever a influência que os cristãos têm sobre uma sociedade não cristã. O primeiro foi o sal, e o segundo, a luz.
a) Como o Sal (5.13). O sal possui dois usos — dar gosto e conservar.
1) Alimentos como mingau de aveia ou molhos são muito desagradáveis ao paladar sem sal. Durante a Idade Média, na Europa, quando as pessoas preparavam a maior parte de seu próprio alimento, elas ainda tinham que viajar para os mercados anuais para comprar sal. O sal era considerado um ingrediente absolutamente essencial. Dessa mesma forma, a vida sem Cristo e sem o cristianismo é insuportavelmente insípida. Assim como Cristo revitalizou e deu gosto à vida do crente, cada discípulo, por sua vez, deve fazer o mesmo pela vida de outros.
2) O sal conserva. Antes do advento das caixas de gelo e dos modernos refrigeradores, o sal era um dos principais meios de conservar os alimentos. Quando peixes eram transportados no lombo de burros por cento e sessenta quilômetros de Cafarnaum até Jerusalém, eles tinham que ser abundantemente salgados. Assim, o seguidor de Cristo deve agir como um conservante no mundo. Não se pode deixar de imaginar o que aconteceria com a sociedade moderna, com toda a sua podridão moral, se não fosse a presença da igreja cristã” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 6: Mateus a Lucas. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006, pp.56,57).