Título: Seguidores de Cristo — Testemunhando numa Sociedade em ruínas
Comentarista: Valmir Nascimento
Lição 8: A resposta cristã para a violência urbana
Data: 19 de Novembro de 2017
“A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência” (Gn 6.11).
O enfrentamento da violência urbana e a compaixão pelas vítimas são faces da responsabilidade cristã na sociedade.
SEGUNDA — Ez 7.23
Cidade cheia de violência
TERÇA — Pv 16.29
A ação do homem violento
QUARTA — Pv 24.1,2
Não tenha inveja de homens violentos
QUINTA — Sl 11.5
Deus odeia quem ama a violência
SEXTA — Na 3.1
Ai da cidade de derramamento de sangue
SÁBADO — Is 60.18
Nunca mais haverá violência
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Caro(a) professor(a), como tem sido o nível de assimilação dos seus alunos em relação as lições até aqui estudadas? Não deixe de recapitular, em suas aulas, conceitos e definições importantes que foram objeto de estudos em lições anteriores, pois ajuda na assimilação do conteúdo. E como tem sido a sua vida devocional? Tens orado pela vida de seus alunos? Aproveite a semana que antecede a lição para colocar cada um dos seus aprendizes diante do Senhor, para que Deus os guarde e os livre diante dessa sociedade tão violenta.
Nesta lição, utilize o esquema abaixo para ensinar a importância do Decálogo para o estabelecimento da ordem social. Dos Dez Mandamentos, os quatro primeiros referem-se ao relacionamento entre Deus e o homem, e os outros seis, do homem com o próximo. O intuito dos mandamentos era organizar a vida em comunidade, para proteger os israelitas contra o arbítrio e a ofensa alheia.
Lucas 10.30-37.
30 — E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
31 — E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
32 — E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo.
33 — Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão.
34 — E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele;
35 — E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar.
36 — Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
37 — E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira.
INTRODUÇÃO
Na lição deste domingo, violência urbana é o tema a ser estudado. No sentido aqui compreendido, o termo violência urbana alude a toda conduta humana que ofenda a lei e a ordem pública.
I. PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE A VIOLÊNCIA
1. A violência na Bíblia. O primeiro episódio violento registrado nas Escrituras após a rebelião humana foi protagonizado por Caim. Este entrou para os anais da história como o homem que inaugurou a violência na face da terra, ao assassinar friamente seu irmão Abel (Gn 4.1-16). Depois deste fatídico evento, e com a crescente degeneração humana, não pararia mais a escalada da violência social, a ponto de homens sanguinários se vangloriarem de seus feitos cruéis (Gn 4.23) e assassinos serem cultuados como verdadeiro heróis (Gn 6.4).
2. A geração do dilúvio. Violência e depravação vieram a atingir níveis alarmantes nos tempos de Noé (Gn 6.5). De acordo com Gênesis 6.11, a terra estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência. O Guia do Leitor da Bíblia explica que maldade e violência são as duas palavras usadas para caracterizar os pecados que causaram o dilúvio do Gênesis: “Maldade é rasah, atos criminosos que violam os direitos dos outros e tiram proveito do sofrimento deles. Violência é hamas, atos deliberadamente destrutivos que visam prejudicar outras pessoas”. Eis aí as características da violência urbana.
3. Violência ao longo da Bíblia. As Escrituras relatam muitos outros episódios de violência, crueldade e agressão, física e emocional, a fim de evidenciar a condição pecaminosa do homem (Êx 2.11,12; 2Sm 13; 1Rs 21). Ao lermos tais passagens, devemos ter em mente que se trata de relatos descritivos, e não prescritivos. Ou seja, descrevem fatos, mas não prescrevem condutas!
Pense!
Por amor à humanidade, Jesus submeteu-se à maior de todas as violências: a morte.
Ponto Importante
A Bíblia faz questão de registrar a violência humana. Afinal, não é objetivo de Deus esconder a verdade ou falsear a história da humanidade.
II. O PODER PÚBLICO E A VIOLÊNCIA URBANA
1. “Nínives” da atualidade. O Brasil é um dos países com maior índice de criminalidade do mundo, com elevada taxa de homicídios, roubos, sequestros e outros atos criminosos. Algumas cidades se assemelham a Nínive: há derramamento de sangue, são repletas de roubo e nunca ficam sem presas (Na 3.1). Nesse quadro avassalador, a população vive em estado de pânico, insegura e traumatizada com a delinquência dominante. Oremos pelo nosso país!
2. O Estado e a sua função de punir o mal. Conforme estudamos na lição anterior, Deus delegou ao governo civil a autoridade para castigar os malfeitores (1Pe 2.14). Paulo diz que os magistrados são ministros de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal (Rm 13.4). Fica claro, à luz do texto bíblico, que somente o Estado, sob a autoridade divina, pode punir os malvados, o que contraria qualquer ideia de revanchismo, vingança privada e o “justiçamento” feito com as próprias mãos.
3. O papel do Poder Público. É responsabilidade do poder público a promoção da segurança e o combate a todo tipo de criminalidade, mediante a atuação conjunta e eficiente dos três poderes governamentais. Espera-se do Legislativo a criação de leis e normas que coíbam todo e qualquer ato de violência a fim de garantir a ordem e a paz social. O poder Executivo, além de criar políticas públicas que busquem garantir a segurança da população, deve manter um corpo policial preparado, próximo da comunidade, que saiba atuar de forma preventiva e repressiva. Enquanto isso, o Judiciário tem o importante papel de julgar de maneira célere e punir com justiça os homens violentos e sanguinários, evitando, com isso, a impunidade.
Pense!
“Não vos vingueis a vós mesmos [...]” (Rm 12.19)
Ponto Importante
É responsabilidade do poder público a promoção da segurança e o combate a todo tipo de criminalidade.
III. A IGREJA EM UMA SOCIEDADE VIOLENTA
1. Utilizando as ferramentas de Deus. Os filhos de Deus têm condições suficientes de contribuir com o enfrentamento da violência urbana, valendo-se das ferramentas que Deus nos disponibilizou em sua Palavra. Vejamos como fazer isso:
a) Fornecendo uma lei moral absoluta: Para criarmos uma boa sociedade do ponto de vista cristão, é necessário, em primeiro lugar, um firme sentimento do que é certo e errado e uma determinação para colocar adequadamente em ordem a vida de alguém. A violência urbana da presente época deve-se em grande parte à desconstrução dos valores judaico-cristãos que serviram de base para a história da humanidade. O cristianismo rejeita o relativismo pós-moderno e fornece ao homem uma lei moral absoluta que permite julgar entre o certo e o errado.
b) Envolvendo-se com a comunidade local: Na fé cristã, palavras e ações devem caminhar juntas. Logo, o agir cristão impactante no contexto das cidades inicia-se com o envolvimento da igreja com a comunidade, famílias e escolas locais. A congregação de crentes não pode viver alienada do cotidiano e dos problemas que afetam o bairro onde está instalada.
c) Desenvolvendo projetos contra a violência: Você já pensou como os grupos de jovens crentes podem ajudar a desenvolver projetos contra a violência urbana? Colocando em prática a força espiritual a que João alude (1Jo 2.14), é possível promover ações sociais que incentivem o comportamento virtuoso e confrontem os vícios sociais que conduzem à destruição e à delinquência juvenil.
d) Apoiando as vítimas da violência: Por fim, e não menos importante, é a ajuda às vítimas da violência. No exemplo de Jesus (Lc 10.37), a atuação do Bom Samaritano não se resumiu às palavras de apoio ao homem que fora espancado a caminho de Jericó. A Bíblia diz que ele “atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele” (v.34). Há muitos feridos e moribundos ainda hoje. Cuidar dessas pessoas revela a nobreza do amor de Deus derramado em nossos corações.
Pense!
Além de pôr em prática a dimensão do cuidado, o Bom Samaritano garantiu financeiramente a continuidade do tratamento da vítima.
Ponto Importante
Na fé cristã, palavras e ações devem caminhar juntas.
CONCLUSÃO
Ao final desta lição, a parábola do Bom Samaritano ainda continua a nos ensinar muito a respeito do enfretamento cristão à violência urbana de hoje. . Deus nos chama a desempenhar esse mesmo ministério da compaixão e da misericórdia nesta sociedade fraturada pela violência física, emocional e patrimonial.
RICHARDS, L. O. O guia do Leitor da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005.
1. De acordo com a lição, o que é violência urbana?
Alude a toda conduta humana que ofenda a lei e a ordem pública. Refere-se, portanto, à criminalidade de maneira geral.
2. Por que a Bíblia contém vários relatos de violência?
Não é objetivo de Deus esconder a verdade ou falsear a história da humanidade com as suas mazelas decorrentes do pecado.
3. Por que o revanchismo, a vingança privada e o “justiçamento” feito com as próprias mãos não são condutas apropriadas?
Porque fica claro, à luz do texto bíblico (1Pe 2.14; Rm 13.4), que Deus delegou ao governo civil a autoridade para castigar os malfeitores.
4. Do ponto de vista social, qual era o intuito dos mandamentos?
Organizar a vida em comunidade, para proteger os israelitas contra o arbítrio e a ofensa alheia.
5. De que modo os filhos de Deus podem contribuir para o enfrentamento da violência urbana?
Podem contribuir: a) fornecendo uma lei moral absoluta; b) envolvendo-se com a comunidade local; c) desenvolvendo projetos contra a violência e; apoiando as vítimas da violência.
“Os servos de Deus devem manifestar-se contra a violência (Jr 20.8; Hc 1.2). Eles oram pela libertação dos homens violentos (Sl 140.1,4) sabendo que somente Deus poderá libertá-los (2Sm 22.3,49; Sl 72.14; 86,14). Os governantes devem eliminar a violência (Jr 22.2ss; Ez 45.9). As cidades devem se arrepender dela (Jn 3.8). Entretanto, sua presença na sociedade humana ainda cria problemas em relação à doutrina da justiça divina (Ec 5,8; Hc 1.2-4). Somente Cristo estava livre dela (Is 53.9) e ela não existirá na nova terra (Is 60.18ss). Deve-se observar que a violência na época de Noé (Gn 6.11,13) repetir-se-á nos últimos dias antes do segundo advento de Cristo (Mt 24.12,37)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009. p.2022).
“É certo que somente os cristãos têm a cosmovisão capaz de prover soluções exequíveis para os problemas da vida comunitária. Assim, devemos estar na vanguarda, ajudando comunidades a cuidarem de seus próprios bairros. Seja mobilizando esforços para acabar com as pichações e limpar terrenos desocupados, ou ativismo político para fazer votar leis que obriguem padrões de comportamento público, deveríamos estar ajudando a restabelecer a ordem nessas áreas menores como primeiro passo em direção aos principais problemas sociais” (COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. E Agora, como Viveremos. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2000, pp.434,435).
“Todas as vezes que os líderes das grandes potências, ignorando a soberania de Deus, proclamam uma política de globalização, o mundo é mergulhado numa guerra. Haja vista a euforia do primeiro-ministro inglês Neville de Chamberlain às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Terminado o conflito, constataram os estadistas que o mundo estava mais dividido do que nunca.
Assim acontece a esta geração de estadistas. Apesar de sua retórica, o mundo nunca teve tão dividido em aldeias e tribos. O ser humano continua o mesmo: bairrista, selvagem, violento. Se o romano Petrônio estivesse aqui, vendo as cenas que neste momento comovem o mundo, repetiria mais enfaticamente sua sentença: ‘O homem é o lobo do homem’.
A globalização jamais melhorará o homem, nem o arrancará de suas estreitas fronteiras de violência e terror. Somente o Senhor Jesus Cristo poderá transformar radicalmente o ser humano numa nova criatura (Jo 3.3).
O que estamos fazendo enquanto o mundo arde em nosso redor? Não nos enganemos! [...] Que ninguém pense que seremos poupados de semelhantes provações por sermos o país do futebol e do carnaval. Deus exige que sejamos conhecidos também como a pátria do Evangelho e da responsabilidade moral” (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Quando os Símbolos e Mitos Caem: Ícones de riqueza, globalização e segurança desabam em Nova Iorque. Mensageiro da Paz, CPAD: RJ. Setembro/2001, p.11).