Título: Adoração, Santidade e Serviço — Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico
Comentarista: Claudionor de Andrade
Lição 8: A sobriedade na obra de Deus
Data: 19 de Agosto de 2018
“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).
O exercício do ofício divino é incompatível com o alcoolismo, maus costumes e intemperanças.
Segunda — Gn 9.20-24
A embriaguez de Noé
Terça — Gn 19.30-35
O vinho e a profanação familiar
Quarta — 2Sm 11.6-13
A corrupção pelo vinho
Quinta — Pv 31.4,5
O vinho é impróprio aos que presidem
Sexta — 1Tm 3.3
O vinho é vedado ao pastor
Sábado — Ef 5.1-18
Enchei-vos do Espírito
Levítico 10.8-11; 1 Timóteo 3.1-3.
Levítico 10
8 — E falou o SENHOR a Arão, dizendo:
9 — Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações,
10 — para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo,
11 — e para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado pela mão de Moisés.
1 Timóteo 3
1 — Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.
2 — Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;
3 — não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento.
77, 96 e 103 da Harpa Cristã.
Mostrar que o exercício do ofício divino é incompatível com o alcoolismo e os maus costumes.
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
Professor(a), segundo alguns teólogos, Nadabe e Abiú ofereceram fogo estranho porque estavam sob o efeito do vinho. Tal afirmação tem como fundamento o fato de que logo depois de tal imprevisto, Moisés tratou a respeito da proibição do vinho para os sacerdotes quando ministravam no Tabernáculo (Lv 10.8-11). O sacerdote precisava julgar e fazer distinção entre o puro e o impuro e instruir os hebreus, por isso não deveria fazer uso do vinho, pois o álcool afetaria os seus sentidos e o seu raciocínio. Tal proibição tinha o objetivo de preservar o sacerdote a fim de que não cometesse o mesmo erro de Nadabe e Abiú.
A cultura dos hebreus tinha o vinho como bebida principal, tanto que Jesus transformou a água em vinho em uma festa de casamento, contudo a Palavra de Deus tem várias advertências contra o excesso que leva a embriaguês. As nações pagãs ao redor de Israel tinham o costume da embriaguez, mas o povo de Deus deveria ser santo, distinto, separado a fim de que fosse exemplo e manifestasse a grandeza e a santidade do Senhor.
INTRODUÇÃO
Na lição anterior, acompanhamos a trágica história de Nadabe e Abiú, filhos do sumo sacerdote Arão. Embora cientes de sua responsabilidade, eles não temeram entrar no lugar santo para oferecer fogo estranho ao Senhor. Por causa disso, Deus os fulminou ali mesmo, diante do altar do incenso.
O que os levou a agir de maneira tão irreverente e profana? Pelo contexto da narrativa sagrada, podemos concluir que ambos estavam embriagados (cf. Lv 10.8,9). Por isso, profanaram insolentemente a glória divina.
Guardemo-nos, pois, do álcool, das drogas e de outros vícios igualmente nocivos e destruidores. O ministro cristão tem de ser um exemplo de temperança, sobriedade e domínio próprio.
PONTO CENTRAL
O exercício do ofício divino é incompatível com o alcoolismo e os maus costumes.
I. O VINHO NA HISTÓRIA SAGRADA
Nas Sagradas Escrituras, o vinho, juntamente com o pão e o azeite, é visto como bênção de Deus (Os 2.22). Aliás, o vinho era usado até mesmo como remédio (Lc 10.34). No entanto, o seu mau uso levou homens santos a cometerem escândalos, torpezas e até crimes, haja vista os casos de Noé, Ló e Davi.
1. A embriaguez de Noé. Após o Dilúvio, Noé voltou-se ao ofício de lavrador, e pôs-se a plantar uma vinha (Gn 9.20). E, após ter preparado o seu vinho, bebeu-o até embriagar-se. Já fora de si, desnudou-se, expondo-se vergonhosamente em sua tenda (Gn 9.20-29). A intemperança do patriarca trouxe-lhe sérios problemas familiares.
O álcool foi capaz de transtornar até mesmo um dos três homens mais piedosos da História Sagrada (Ez 14.14). É por isso que devemos precaver-nos quanto aos seus efeitos (Pv 20.1; 23.31).
2. A devassidão das filhas de Ló. Dizendo-se preocupadas com a descendência do pai, as filhas de Ló embebedaram-no em duas ocasiões (Gn 19.31,32). Em seguida, tiveram relações com o próprio pai, gerando dois povos iníquos (Gn 19.33-38). Quem se entrega ao vinho está sujeito a dissoluções como essa (Ef 5.18). Um servo de Cristo não pode cair nessa situação.
3. O vinho como instrumento de corrupção. Para encobrir o seu adultério com Bate-Seba, o rei Davi convocou Urias, que estava na frente de batalha, embriagou-o, e induziu-o a deitar-se com a esposa adúltera e já grávida (2Sm 11.13). Se o seu plano houvesse dado certo, aquela criança ficaria na conta de Urias, o heteu.
A que ponto chega um homem fora da orientação do Espírito Santo. O rei de Israel usou o vinho para corromper um de seus heróis mais notáveis. Nossas atitudes devem sempre ser dirigidas pelo Espírito Santo.
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
O vinho faz parte da história e da cultura sagrada.
“O padrão de comportamento requerido por Deus para os reis e governantes do seu povo, especialmente no tocante a beber vinho fermentado e bebidas inebriantes, era elevado. (1) O hebraico diz literalmente aqui: ‘Que não haja ingestão’. Nada há nessa passagem que permita alguém beber com moderação. (2) A razão que os reis e os governantes não devem beber bebidas inebriantes é que, afetados pela bebida, eles podiam esquecer-se da lei. A bebida os faria normalmente fracos e os levaria a desobedecer à lei de Deus e a perverter a justiça. Esse texto levou os rabinos judaicos a decretar que o juiz que bebesse um renuth (um copo de vinho) não poderia tomar assento no juízo, nem numa escola, nem podia ensinar em tais circunstâncias. (3) O mesmo princípio regia os sacerdotes, que no Antigo Testamento ministravam perante o Senhor a favor do povo (Lv 10.8-11). (4) Todos os salvos do Novo Testamento são feitos reis e sacerdotes de Deus, pertencentes ao reino espiritual de Deus (1Pe 2.9). Logo, o padrão de Deus para os reis e sacerdotes quanto a não ingerirem bebidas embriagantes é igualmente aplicável a nós (ver Nm 6.1-3; Ef 5.18)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1995, p.962).
II. O VINHO NO OFÍCIO DIVINO
1. No Antigo Testamento. Em sua oferta de manjares ao Senhor, os israelitas faziam-lhe também a libação de um quarto de him (Lv 13.13). Nessa oferenda, o adorador reconhecia que tudo quanto existe pertence ao Senhor. Em razão disso, deveria usar de forma santa e responsável tudo quanto Ele deixou-nos (Pv 20.1).
Quanto aos ministros do altar, eram severamente advertidos sobre o uso do vinho. Leia com atenção Levítico 10.8-11. Esta passagem deve ser aplicada também aos crentes de hoje. Tanto ontem quanto hoje, o álcool pode levar-nos à ruína.
2. No Novo Testamento. O primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho (Jo 2.1-11). E, ao instituir a Santa Ceia, Ele fez uso desse mesmo produto, a fim de simbolizar o seu sangue redentor (Mt 26.26-30). Desde então, a Igreja de Cristo vem utilizando o fruto da vide para oficiar a sua maior celebração: a Ceia do Senhor (1Co 11.23-32).
3. Advertência quanto ao uso do vinho. É bem possível que Nadabe e Abiú tenham entrado no lugar santo do Tabernáculo sob o efeito do álcool. E, sem qualquer temor ou reverência a Deus, apresentaram fogo estranho no altar divino. Logo após a morte de ambos, o Senhor fez séria advertência a Arão: “Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais” (Lv 10.9).
Tal aviso serviu para que, no futuro, tragédias como essa não viessem a ocorrer. Por isso, o Senhor proibiu incisivamente, a partir daquele momento, a ingestão de vinho e de bebidas fortes no ofício sagrado. Aos desobedientes, a punição seria a morte.
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
O vinho não poderia fazer parte do ofício divino.
“Advertência aos sacerdotes (Lv 10.8-11)
Pelo fato de Arão ter sido muito obediente ao que Deus lhe dizia, por intermédio de Moisés, agora Deus lhe dá a honra de falar consigo diretamente (v.8): ‘E falou o Senhor a Arão’, possivelmente porque o que seria dito agora poderia ser mal interpretado se dito por Moisés, como se Moisés suspeitasse de que Arão era glutão e beberrão, pois somos capazes de interpretar advertências como acusações. Por isso disse diretamente a Arão: ‘Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais’, v.9. Provavelmente eles tinham visto o mau resultado disto em Nadabe e Abiú, e por isto deviam ser avisados através do exemplo deles. Observe aqui: 1) A proibição, propriamente dita: ‘Vinho ou bebida forte [...] não bebereis’. Alguns entendem que talvez em alguma outra ocasião tivessem permissão de beber (não se esperava que cada sacerdote fosse um nazireu), mas durante o período do seu serviço isto lhe era proibido. Esta era uma das leis no templo de Ezequias (Ez 44.21), e desta maneira é exigido, dos ministros do Evangelho, que não sejam dados ao vinho, 1 Timóteo 3.3. Observe que a embriaguez é ruim para qualquer pessoa, mas é especialmente escandalosa e perniciosa nos ministros, que, dentre todos os homens, devem ter as mentes mais esclarecidas e os corações puros” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Gênesis a Deuteronômio. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.384).
Sobre Vinho x Espírito Santo
“A declaração de Paulo no versículo 18 [Ef 5], demonstra que a plenitude do Espírito Santo depende do modo como o crente corresponde à graça que lhe é dada para viver em santificação. Isso quer dizer que a pessoa não pode estar ‘embriagada com vinho’ e, ao mesmo tempo, ‘cheia do Espírito Santo’. Paulo adverte todos os crentes a respeito das obras da carne; que os que cometem tais coisas ‘não herdarão o Reino de Deus’ (Gl 5.19-21; cf. Ef 5.3-7)”. Leia mais em Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1818.
III. MINISTROS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO
Tendo em vista os exemplos lamentáveis e vergonhosos da História Sagrada, o Novo Testamento faz-nos severas advertências quanto ao uso do vinho.
1. Recomendações aos ministros. O candidato ao Santo Ministério, na Igreja Primitiva, não podia ser um homem escravizado pelo vinho (1Tm 3.3,8; Tt 1.7). Não se pode confiar o rebanho de Jesus Cristo a alguém dominado pela embriaguez. Quem governa tem de abster-se das bebidas alcoólicas (Pv 31.4).
2. Recomendações à Igreja. A recomendação quanto aos prejuízos decorrentes do vinho não se limita aos ministros do Evangelho. Ela diz respeito, também, a toda a Igreja. Portanto, que o verdadeiro cristão, afastando-se do vinho, busque a plenitude do Espírito Santo (Ef 5.18). A embriaguez não é um mero adorno cultural; é algo sério que tem ocasionado graves transtornos à Igreja de Cristo.
3. Ministros usados pelo Espírito Santo. No dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi generosamente derramado sobre os discípulos (At 2.1-4). De início, eles foram tidos como bêbados (At 2.13). Mas, após o sermão de Pedro, todos vieram a conscientizar-se de que eles falavam e operavam no poder de Deus (At 2.40,41).
Na sequência de Atos, deparamo-nos com os apóstolos e discípulos proclamando o Evangelho sempre no poder do Espírito Santo (At 4.8,31; 7.55; 13.9,10).
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
O ministro de Deus deve ser cheio do Espírito Santo.
Ser um líder na igreja
“1Tm 3.1 — Ser um líder da igreja (‘bispo’) é uma grande responsabilidade, porque a igreja pertence ao Deus vivo. A palavra bispo pode ser uma referência a um pastor, a um líder da igreja, ou a um supervisor. É bom desejar ser um líder espiritual, mas os padrões são elevados. Aqui, Paulo enumera algumas qualificações. Os líderes da igreja não devem ser escolhidos por serem populares, nem devem ter condições de procurar progredir até o topo. Em vez disso, eles devem ser escolhidos pela igreja por causa do seu respeito pela verdade, tanto no tocante àquilo em que creem como à maneira como vivem. Você tem uma posição de liderança espiritual, ou você gostaria de ser um líder, um dia? Compare-se com o padrão da excelência de Paulo. Os que tem grandes responsabilidades devem atender elevadas expectativas” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2015, p.1752).
CONCLUSÃO
Quanto ao uso do vinho, sigamos o exemplo dos recabitas. Voluntariamente, abstinham-se de qualquer bebida forte para que a aliança de seus ancestrais permanecesse firme (Jr 35.6-10). E, por causa de sua fidelidade, foram honrados pelo Senhor.
Portanto, fujamos das bebidas alcoólicas e de outros vícios igualmente graves, a fim de que possamos ministrar ao Senhor com todo zelo e cuidado. Deus não mudou. Lembremo-nos de Nadabe e Abiú.
A respeito de “A Sobriedade na Obra de Deus”, responda:
Segundo a lição, de acordo com o contexto da narrativa, o que podemos concluir sobre o comportamento de Nadabe e Abiú quando entraram no Tabernáculo para queimar o incenso?
Pelo contexto da narrativa sagrada, podemos concluir que ambos estavam embriagados (cf. Lv 10.8,9). Por isso, profanaram insolentemente a glória divina.
Que recomendação faz o Senhor aos sacerdotes quanto às bebidas alcoólicas?
“Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações” (Lv 10.9).
Que exigência a Bíblia faz aos candidatos ao ministério cristão?
O candidato ao Santo Ministério, na Igreja Primitiva, não podia ser um homem escravizado pelo vinho (1Tm 3.3,8; Tt 1.7).
Por que não podemos considerar a embriaguez um mero adorno cultural?
Porque a embriaguez é algo sério que tem ocasionado sérios transtornos à Igreja de Cristo.
Discorra sobre o exemplo dos recabitas.
Os recabitas voluntariamente, abstinham-se de qualquer bebida forte, para que a aliança de seus ancestrais permanecesse firme (Jr 35.6-10). E, por causa de sua fidelidade, foram honrados pelo Senhor.
A sobriedade na obra de Deus
Em primeiro lugar, há base bíblica para praticarmos a abstinência de bebidas alcoólicas. É importante ressaltar isso porque, infelizmente, muitas influências teológicas têm buscado flexibilizar a abstinência do álcool nas igrejas evangélicas. Sim, a igreja evangélica, mais especificamente as pentecostais, tem uma cultura de abstinência a bebidas alcoólicas. Os motivos são sobejos. Muitos tiveram suas vidas destruídas pela bebida, mas tiveram a história toda restaurada por Deus. Voltar às bebidas, para essas pessoas, seria equivalente aos crentes hebreus voltarem para o Judaísmo, segundo o livro dos Hebreus. Sim, seria trair ao Senhor! Perder essa sensibilidade é sinal de que estamos mais carnais que espirituais. Aqui, é que mora o perigo.
O exemplo dos recabitas (Jr 35.6-10)
Embora no texto bíblico não esteja clara a causa que levou Jonadabe, o pai dos recabitas, a se tornar abstêmio, certamente houve um motivo objetivo e concreto que fez com que toda a sua descendência viesse a recusar o vinho e seus derivados. O que chama-nos atenção no episódio dos recabitas é a perseverança e respeito a uma boa tradição que recebera de seu pai. Num tempo em que vivemos, onde qualquer proposta de conservar tradições boas é sinônimo de legalismo, o exemplo dos recabitas deve ser visto com muita atenção.
Um cuidado para hoje
Uma das grandes contribuições sociais que os evangélicos deram ao mundo, mais especificamente ao Brasil, foram as milhares de pessoas que pararam de beber e fumar. Num país onde o álcool continua a destruir famílias inteiras, em que o vício do cigarro atinge letalmente milhares de pessoas, sem dúvida, é uma contribuição social silenciosa, mas alvissareira e poderosa. Entretanto, é muito triste ver que, outrora muitos ao se converterem abandonavam os vícios, hoje, infelizmente, muitos convertidos querem abraçá-los.
Temos razão de sobras para continuar a honrar a boa tradição pentecostal, no campo do comportamento moral, de se abster inteiramente do álcool. E quando temos tal compromisso, o respeitamos em qualquer cultura que estejamos. Para isso temos razões bíblicas, morais e espirituais.
Portanto, prezado professor, prezada professora, não tenha receio algum em defender tal posição. Num país onde milhares de vidas são dizimadas por causa do álcool, a irresponsabilidade está mais para quem, no meio evangélico, defende seu uso; não para quem é contra.