Título: Milagres de Jesus — A Fé realizando o Impossível.
Comentarista: César Moisés Carvalho
Lição 10: A cura do paralítico de Cafarnaum
Data: 02 de Setembro de 2018
“E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados” (Mc 2.5).
Ao tratar primeiramente da questão do pecado na vida do paralítico de Cafarnaum, Jesus demonstra que este, na verdade, é o grande problema do ser humano.
SEGUNDA — Is 43.25
Por amor a si Deus apaga as transgressões
TERÇA — Is 55.7
Deus perdoa com generosidade
QUARTA — Cl 3.13
Perdoar como o Senhor nos perdoou
QUINTA — 1Jo 1.9
Se confessarmos os pecados, Ele nos perdoa
SEXTA — Ef 1.7
Em Jesus temos o perdão dos pecados
SÁBADO — Cl 1.13,14
Em Jesus temos a remissão dos pecados
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Que somos seres gregários ninguém tem dúvida. A Bíblia fala, por diversas vezes, acerca da amizade (1Sm 18.1-3; Rt 1.16,17; Pv 17.17; 18.24; 27.9,10; Ec 4.9,10). O seu valor é inegável. Até mesmo o nosso querido Mestre falou a respeito do fato de que Ele não considerava os seus discípulos como servos, mas sim como amigos (Jo 15.15). Assim, além do milagre objeto desta lição, o tema transversal — a amizade —, leva-nos a refletir sobre a importância dos relacionamentos. Não apenas do fato de tê-los, mas também da qualidade de tais relacionamentos (Pv 13.20; 22.24,25; 1Co 15.33). É gratificante saber que temos amigos e que podemos contar com eles. Contudo, dificilmente pensamos e refletimos acerca de que tipo de amizade oferecemos às pessoas ou que tipo de amigo temos sido. Sim, em vez de cobrar, que tal fazer um autoexame e pensar no quanto temos sido amigos das pessoas?
Reproduza, conforme suas possibilidades, a imagem abaixo e apresente-a a classe durante a exposição do tópico II da lição. Tal ilustração auxiliará os alunos na compreensão de como os quatro homens tiveram acesso ao teto da casa, bem como entenderão como foi “fácil” descobri-la para que pudessem baixar o homem paralítico.
Marcos 2.1-8.
1 — E, alguns dias depois, entrou outra vez em Cafarnaum, e soube-se que estava em casa.
2 — E logo se ajuntaram tantos, que nem ainda nos lugares junto à porta eles cabiam; e anunciava-lhes a palavra.
3 — E vieram ter com ele, conduzindo um paralítico, trazido por quatro.
4 — E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
5 — E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados.
6 — E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seu coração, dizendo:
7 — Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?
8 — E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si, lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?
INTRODUÇÃO
Apesar de menor entre os quatro Evangelhos, o de Marcos tem sido tradicionalmente apresentado como o mais antigo deles e também fonte dos sinóticos (Mateus e Lucas). Trata-se, portanto, de um texto muito importante, cuja narrativa simples e direta destina-se a falar do essencial — o Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus (Mc 1.1) — isto é, o novo tempo trazido pelo Senhor, cuja condição para dele fazer parte é o arrependimento e a fé (Mc 1.14,15). Assim como esta lição, deste Evangelho serão extraídas as narrativas de milagres para as demais lições que ainda restam ser comentadas. A de hoje contém grandes valores.
I. O MINISTÉRIO DE JESUS CRISTO
1. Cafarnaum, cidade base do ministério de Jesus na Galileia. O texto bíblico da lição inicia informando que Jesus “entrou outra vez em Cafarnaum, e soube-se que estava em casa” (v.1). Situada às margens do mar da Galileia, Cafarnaum tornou-se a cidade escolhida por Jesus para fixar residência após Ele deixar Nazaré (Mt 4.12,13; 9.1). Tal iniciativa se deu de acordo com o texto bíblico e como já foi comentado, para que se cumprisse o que fora predito pelo profeta Isaías (9.1,2 cf. Mt 4.14-16), isto é, que para um povo sem esperança, uma grande oportunidade chegara, pois desde que João Batista fora preso, “veio Jesus para a Galileia, pregando o evangelho do Reino de Deus e dizendo: ‘O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho’” (Mc 1.14,15).
2. A aglomeração de pessoas. Apesar de a questão cronológica não ser unanimidade em qualquer texto bíblico, é possível verificar no arranjo do texto de Marcos uma atividade intensa do Senhor Jesus na região da Galileia, ainda no início deste Evangelho (Mc 12). Jesus surge pregando a mensagem da chegada do Reino de Deus e convoca os primeiros discípulos, vai a sinagoga ensinar e ali liberta um homem que tinha um espírito imundo; dirige-se à casa de Pedro e cura a sogra deste, levanta-se de madrugada para orar e depois convida seus discípulos a ir às aldeias pregar e, nestes locais, Ele comparece nas sinagogas; por toda a região da Galileia e expulsa demônios, além de curar um leproso (Mc 1.14-45). Portanto, o fato de o Senhor estar em “casa” certamente significava uma pausa necessária para um descanso, mas isso não foi possível, pois quando souberam, “logo se ajuntaram tantos, que nem ainda nos lugares junto à porta eles cabiam” [...] (v.2a).
3. O anúncio da Palavra. Longe de irritar-se ou fugir, Marcos informa que diante da aglomeração que se formou, o Mestre fez o que lhe competia — “anunciava-lhes a palavra” (v.2b). O texto lembra outras ocasiões em que Jesus deixava de fazer outras coisas necessárias à vida para cumprir sua missão, pois tinha consciência de que o tempo de seu ministério terreno seria breve (Jo 4.31-34).
II. UMA GRANDE DEMONSTRAÇÃO DE FÉ
1. O valor da amizade. O versículo 45 do capítulo primeiro de Marcos informa que, após curar um leproso, “Jesus já não podia entrar publicamente na cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todas as partes iam ter com ele”. Tal informação indica que o fato de Ele aguardar alguns dias para entrar em Cafarnaum tem uma razão de ser: provavelmente despistar a multidão para que pudesse estar em casa. Todavia, souberam que Ele “estava em casa” e então a aglomeração de pessoas foi inevitável (vv.1,2). Sabendo que o Senhor estava em casa, quatro amigos resolveram conduzir, em uma maca, um companheiro paralítico (v.3). Não é possível saber a distância que eles percorreram conduzindo aquele homem nas estradas poeirentas da Galileia, sob o sol escaldante, e nem se este era magro ou obeso. O certo é que aquele homem tinha quatro amigos e, como diz Provérbios, o “homem que tem muitos amigos pode congratular-se, mas há amigo mais chegado do que um irmão” (18.24).
2. Uma atitude ousada. Ao chegar a casa, “por causa da multidão”, os quatro amigos foram impedidos de aproximar-se de Jesus. Contudo, pela atitude dos quatro homens é possível verificar que sequer passou pela cabeça deles desistir. Marcos diz que eles descobriram o telhado da casa onde o Senhor “estava e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico” (v.4). As casas simples daquela época possuíam uma escada lateral que permitia fácil acesso ao telhado que, muitas vezes, era utilizado como caixa d'água. A cobertura era basicamente feita de madeira, com uma camada de areia e basalto, que servia como material impermeabilizante. Portanto, não deve ter sido muito fácil “cavar” o telhado, fazer um buraco e baixar o homem paralítico até Jesus.
3. Uma fé quase palpável. Para alguém que estava pregando, tal movimentação certamente interrompeu o ato, não obstante, Jesus não se mostrou incomodado, antes, diz o texto, “vendo-lhes a fé” (v.5). A ousada atitude daqueles homens revelou uma fé quase “palpável”, pois o fato de trazer o amigo até ali e por causa da multidão não poderem ter acesso ao Mestre não os impediu de fazer algo inusitado e que poderia gerar um efeito contrário do que eles esperavam. No entanto, foi justamente essa ação, nada convencional, que fez com que o Senhor os atendesse.
III. UMA RESTAURAÇÃO COMPLETA
1. O questionamento dos doutores da Lei. Após ser interrompido pelos quatro amigos resignados que baixaram o homem diante de Jesus, o Mestre “vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados” (v.5). Uma vez que, como já foi dito, havia uma associação muito grande entre sofrimento e pecado (Jo 9.1,2), o Senhor tratou primeiramente da questão que aflige a todos, trazendo restauração espiritual ao paralítico. Contudo, havia entre a multidão um grupo numeroso de escribas (v.6 cf. Lc 5.17), o qual seguia os passos de Jesus com intenções muito distintas das do povo (Lc 20.19,26). Estando ali assentados, começaram a questionar, argumentando em pensamento: “Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” (v.7). O Mestre, entretanto, “conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si”, os inquiriu acerca do porquê de estarem questionando (v.8).
2. As inquirições e o milagre. Se a primeira pergunta feita pelo Senhor já parecia surpreendente (como Ele sabia o que os escribas estavam pensando?), as próximas indagações vão muito além: “Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?” (v.9). É preciso notar que o Mestre não pergunta sobre o que é mais “difícil”, e sim o que é mais “fácil”. Denotando que não há nada que lhe seja impossível, pois Ele é Deus (Lc 1.37). Digno de nota é também o fato de que “dizer” que os pecados de alguém estão perdoados é algo subjetivo, mas ordenar a alguém, paralítico, que se levante, tome sua maca e ande, é algo completamente objetivo e verificável. E foi exatamente isso que Jesus fez. Utilizando um de seus títulos para referir-se a si, Filho do Homem, o Mestre então prova que tem poder para perdoar pecados, ordenando que o paralítico se levante, tome seu leito e dirija-se para sua casa (vv.10,11). Os que antes não queriam abrir espaço para os seus amigos que o trouxeram, tiveram agora que dar lugar para que ele mesmo passasse.
CONCLUSÃO
A grande mensagem desta lição é que Deus vê a nossa fé através de nossas atitudes e não simplesmente das nossas palavras e crenças. Outra mensagem é que muito mais importante do que se ter amigos, devemos ser amigos a ponto de fazer coisas que talvez até fuja daquilo que, religiosamente falando, é convencional e protocolar.
ELWELL, Walter A. (Ed.) Manual Bíblico do Estudante. Um guia para o melhor livro do mundo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2000.
1. Jesus procurou a paz da casa, mas não pôde desfrutá-la por causa da multidão.
Em vista disso, o que Ele fez? Longe de irritar-se ou fugir, Marcos informa que diante da aglomeração que se formou, o Mestre fez o que lhe competia: “anunciava-lhes a palavra” (v.2b).
2. Quando a casa foi descoberta e os homens baixaram o paralítico, o que foi que Jesus viu nesta ação?
A fé daqueles quatro homens (v.5).
3. Ao deparar-se com o paralítico, Jesus deu prioridade a uma importante área da vida humana e iniciou a restauração do homem por esse aspecto. Fale sobre o assunto.
Após ser interrompido pelos quatro amigos resignados que baixaram o homem diante de Jesus, o Mestre “vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados” (v.5). Uma vez que havia uma associação muito grande entre sofrimento e pecado, o Senhor tratou primeiramente da questão que aflige a todos, trazendo restauração espiritual ao paralítico.
4. Por que Jesus utilizou a expressão o que era mais “fácil”?
Denotando que não há nada que lhe seja impossível, pois Ele é Deus (Lc 1.37).
5. O paralítico buscava a cura, mas recebeu muito mais que isso. Ele foi restaurado de que formas?
A restauração foi total e completa, pois ele foi curado fisicamente e restaurado espiritualmente.
“A cura e o perdão (2.1-12). Este capítulo abre uma seção que descreve o desenvolvimento da oposição a Jesus. No início, o antagonismo permanecia em silêncio, na mente dos escribas (2.6); mas logo encontrou expressão nos ataques contra os discípulos (2.16) e depois nas tramas contra o próprio Senhor (3.6). Como Mateus indica (9.1), Cafarnaum ([...]) agora havia se tornado a ‘cidade’ do Senhor, e seria a sua base de operações durante todo o seu ministério na Galileia. Quando Jesus voltou, soube-se na comunidade que Ele estava em casa, possivelmente a casa de Pedro. Ele ‘não pôde esconder-se’ (7.24). O significado exato da indicação de tempo de Marcos, alguns dias depois, continua um mistério e parece indicar que alguns dias depois que Jesus entrou em Cafarnaum, circularam as notícias da sua presença. Então logo se ajuntaram tantos (2) que a casa não comportava tanta gente, nem havia espaço junto à porta. Era uma casa humilde, sem um pórtico ou vestíbulo. Apesar da multidão comprimida, Jesus anunciava-lhes (ou proclamava) a palavra, ‘a mensagem’.
Quatro homens trouxeram até esta casa cheia de gente um paralítico, com a fé de que Jesus poderia curá-lo. Subindo a escada exterior até o teto daquela casa térrea, os homens descobriram o telhado (4), e rompendo a argila (ou as telhas, Lc 5.19), assim como os galhos e ramos abaixo dessa superfície, baixaram o leito. A cooperação e o trabalho árduo deles haviam aberto o caminho” (EARLE, Ralph.; MAYFIELD, Joseph H.; SANNER, A. Elwood. Comentário Bíblico Beacon. Mateus a Lucas. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2014, p.236).
“Os quatro homens entraram pelo telhado, porque as portas da casa achavam-se bloqueadas. Temos aí um exemplo dos que, apesar de buscarem a Deus, não podem achegar-se a Cristo, pois as portas da Casa de Deus encontram-se bloqueadas por teólogos profissionais e sem vida espiritual. João Wesley viu que o caminho da evangelização estava bloqueado pela igreja estabelecida. Por isso saiu aos campos abertos para pregar às massas. Tal método horrorizou os eclesiásticos da época, mas a obra foi feita. George Fox, fundador dos ‘Quacres’, percebeu estar a formalidade da igreja inglesa servindo de empecilho a uma experiência íntima com Cristo. Eis porque deixou-se impulsionar pelo Espírito. Embora parecesse excêntrico e extremado, seu método de trabalho conduziu milhares de almas ao Senhor Jesus.
Como o cristianismo nominal não satisfaz a fome espiritual do homem, o coração busca um meio de irromper as barreiras até chegar a Cristo. Haja embora murmuração dos escribas, o telhado do eclesiasticismo é rompido.
O importante é que todos ouçam a voz do Mestre. Causas invisíveis e efeitos visíveis. Como o perdão do pecado é uma bênção espiritual, e só se evidencia na consciência do homem perdoado, o Senhor Jesus produziu um efeito físico para deixar a bênção bem patente” (PEARLMAN, Myer. Marcos. 4ª Edição. RJ: CPAD, 1999, pp.36,37).