Título: Tempo, Bens e Talentos — Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 9: A mordomia do trabalho
Data: 1 de setembro de 2019
“Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também” (2Ts 3.10).
O trabalho honesto, acompanhado da bênção de Deus, dignifica e enobrece o cristão.
Segunda — Jó 5.6,7
O homem nasceu para o trabalho
Terça — Gn 3.19
O trabalho com o suor do rosto
Quarta — Ec 3.10
O trabalho como aflição
Quinta — Ef 6.5-9
O relacionamento entre patrão e empregado
Sexta — Sl 128.2
Comendo do próprio trabalho
Sábado — Jo 9.4
Trabalhar enquanto é dia
2 Tessalonicenses 3.6-13.
6 — Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que andar desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebeu.
7 — Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós,
8 — nem, de graça, comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós;
9 — não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes.
10 — Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.
11 — Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes, fazendo coisas vãs.
12 — A esses tais, porém, mandamos e exortamos, por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão.
13 — E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.
16, 93 e 394 da Harpa Cristã.
Esclarecer que o trabalho honesto dignifica e enobrece o cristão.
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
O trabalho é uma vocação que aparece no Gênesis, perpassa por Jesus e se confirma nos apóstolos. Isso significa que Deus espera que seus filhos trabalhem. Nesse sentido, o trabalho não é fruto do pecado, mas da criação e dádiva de Deus. Essa concepção bíblica muda todo o sentido do trabalho em nossa vida. Por isso, ao longo de muito tempo, e amparados no ensinamento apostólico de Efésios 6.5-8, os cristãos encararam o trabalho como oportunidade de servir a Deus diligentemente. Podemos, e devemos glorificar a Deus com o nosso trabalho!
INTRODUÇÃO
O assunto desta semana nos mostrará que Deus não fez o homem para viver na ociosidade, mas para “lavrar e guardar” o jardim do Éden (Gn 2.15). Assim, veremos como a Bíblia apresenta o conceito de trabalho, sua mordomia e os princípios cristãos para o trabalho.
PONTO CENTRAL
O trabalho honesto dignifica e enobrece o cristão.
I. O TRABALHO DE DEUS NA BÍBLIA
1. O trabalho de Deus na criação do Universo. A Bíblia nos revela que Deus criou o Universo e os seres vivos em seis dias (Êx 20.11; Ne 9.6). Ou seja, ela inicia a história da salvação revelando o trabalho de Deus na criação do Universo. Infelizmente, uma teoria falsa admite que o Universo surgiu de uma explosão (Big-Bang), e, por acaso, tudo se organizou no Cosmos. Mas a Palavra de Deus mostra que “por causa do seu orgulho, o ímpio não investiga; todas as suas cogitações são: Não há Deus” (Sl 10.4; cf. 14.1; 53.1).
2. O trabalho de Deus na criação do homem. As Escrituras dizem que Deus Pai formou o homem do pó da terra, e soprou-lhe o fôlego da vida em suas narinas, tornando-o, assim, alma vivente (Gn 2.7). A Palavra mostra também que o Filho é o centro de todas as coisas criadas no céu e na terra, pois “tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1.16). O Espírito Santo também atuou na formação do ser humano na grande obra da Criação (Jó 33.4). Logo, o Pai, o Filho e o Espírito Santo trabalharam na criação do ser humano.
3. Deus continua a trabalhar. Ao ser acusado de desrespeitar o sábado, nosso Senhor respondeu assim: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). O Deus revelado nas Escrituras, o Criador dos céus e da terra, trabalha em prol de sua criação (Sl 24.1; 65.9,10; 104.30; Is 64.4).
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
A Bíblia mostra que Deus trabalhou na criação do universo, do homem e continua a trabalhar.
Deus criou o universo e o homem. Ele o colocou para ser o mordomo da Terra. Um dos principais instrumentos para que o homem pudesse executar essa mordomia é o trabalho. Ao iniciar a aula de hoje, faça essa reflexão com a classe, a partir do seguinte texto: “[…] Deus criou os seres humanos para trabalhar. Considere os dois relatos da criação nos primeiros capítulos do Gênesis. Em Gênesis 1.26, lemos que Deus criou os seres humanos como macho e fêmea para ‘dominarem’ sobre toda a terra. Dois versículos mais adiante, Deus abençoou o primeiro casal humano e ordenou-lhe que ‘sujeitasse’ a terra e ‘dominasse’ sobre todos os seres vivos (o que, a propósito, não lhe deu licença para destruir o meio ambiente, assunto que abordarei mais tarde). O ‘domínio’, que só pode ser exercido pelo trabalho, é o propósito para o qual Deus criou os seres humanos (não o único propósito, mas um propósito)” (PALMER, Michael D. Panorama do Pensamento Cristão. RJ: CPAD, 2001, p.226).
II. A BÍBLIA E A MORDOMIA DO TRABALHO
1. O homem foi criado para o trabalho. Quando Deus criou o homem, Ele estabeleceu que a atividade laboral fizesse parte de sua vida (Gn 2.5). No plano divino, o homem foi feito para trabalhar: “E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn 2.8,15).
2. O trabalho antes da Queda. As duas primeiras atividades laborais do homem foram “lavrar” e “guardar” a terra. Ao lado de Adão, Eva foi a primeira trabalhadora. Nesse sentido, podemos deduzir que antes da Queda, o trabalho era agradável, sem desgaste físico e mental, nem doença e, principalmente, sem o perigo de morrer. Portanto, podemos afirmar que o trabalho estava no plano original da Criação, ou seja, ele não foi um acidente pós-queda.
3. O trabalho depois da Queda. Infelizmente, após a ocorrência do pecado, tudo foi distorcido na vida do ser humano:
3.1. O medo e a maldição. O ser humano passou a conhecer o medo (doenças nervosas, emocionais); perdeu a autoridade sobre os demais seres; e conheceu a maldição da terra.
3.2. A ecologia foi mudada. As condições ambientais foram transtornadas (Rm 8.20) e, em consequência, o homem viu-se a trabalhar penosa e arduamente: “maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (Gn 3.17). O que era leve, suave e agradável, por causa do pecado, tornou-se pesado, brutal e desagradável.
3.3. O trabalho tornou-se desgastante. Este versículo é o símbolo do desgaste do trabalho na Bíblia: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra” (Gn 3.19). A expressão “no suor do teu rosto” pode remeter a ideia de trabalho mental e esforço físico. Quantas pessoas não se encontram mentalmente esgotadas e cansadas por causa de suas atividades profissionais?! Os consultórios médicos estão lotados de pessoas com estafa e estresse. Há textos na Bíblia que nos lembram de tal realidade: “Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os afligir” (Ec 3.10). Jó também declarou: “Porque do pó não procede a aflição, nem da terra brota o trabalho. Mas o homem nasce para o trabalho, como as faíscas das brasas se levantam para voar” (Jó 5.6,7).
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
A Bíblia mostra o homem e sua vocação para o trabalho antes e depois da Queda.
“Se Deus criou as pessoas para trabalhar e se Deus as dota de dons para realizar as várias tarefas, segue-se então duas consequências importantes. Primeiro, o trabalho não meramente um meio para alcançar um fim. Não é apenas uma tarefa a ser suportada em consideração ao atendimento de necessidades e à satisfação de desejos. Se você recorda nossa definição de trabalho, saberá que trabalho sempre será um instrumento, sempre será um meio. Contudo, isto não é tudo o que o trabalho é e não é o que o melhor trabalho é. Pelo fato de o trabalho ser essencial para a nossa humanidade, trabalhar também tem um valor intrínseco.
Segundo, todos os tipos de trabalho têm dignidade igual. O trabalho religioso (como pregar ou ensinar num seminário) não é melhor que o trabalho secular (como assar pão ou construir pontes); ambos são igualmente bons se forem feitos em resposta ao dom e chamada do Espírito de Deus” (PALMER, Michael D. Panorama do Pensamento Cristão. RJ: CPAD, 2001, pp.228,229).
III. PRINCÍPIOS CRISTÃOS PARA O TRABALHO
1. O homem deve trabalhar “com o suor de seu rosto”. É a ideia do próprio esforço. Não há trabalho sem esforço. Embora tenha se tornado mais pesado com a presença do pecado, o esforço e o comprometimento no trabalho são uma característica de disciplina e método diante da vida. O princípio bíblico é este: o homem comerá a partir do seu esforço (Gn 3.19).
2. O trabalho deve ser diuturno. A Palavra de Deus revela que o tempo do trabalho vai até à tarde (Sl 104.23), ou noite e dia (2Ts 3.9). Eis a perspectiva bíblica central do trabalho: “Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem” (Sl 128.2).
3. Não ser pesado a ninguém. Outro princípio é o exposto por Paulo aos Tessalonicenses: “nem, de graça, comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós” (2Ts 3.8). Não sejamos aproveitadores da bondade alheia.
4. O preguiçoso não deveria comer. Parece um discurso duro, mas há pessoas que não gostam de trabalhar, e querem ter um padrão de vida como se estivessem trabalhando. A Bíblia é muito clara a esse respeito: “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também” (2Ts 3.10). Nada é fácil. Há um custo para o nosso sustento. Ora, a Bíblia condena expressamente a preguiça (Pv 6.6,9; 13.4; 19.24).
5. A relação de empregados e empregadores. Nas relações de trabalho, os cristãos devem manifestar os valores da Palavra de Deus.
5.1. Os Patrões cristãos. Há orientação e mandamento de Deus para os patrões: “E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu e que para com ele não há acepção de pessoas” (Ef 6.9). Os patrões cristãos têm o dever de zelar pelos direitos trabalhistas de seus empregados, sob pena de serem condenados por Deus (Tg 5.4-6).
5.2. Empregados cristãos. Há também orientação e mandamento para os empregados: “Vós, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo, não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade como ao Senhor e não como aos homens, sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre” (Ef 6.5-8). Os empregados cristãos não devem fugir ao seu compromisso de trabalho; antes, devem executá-lo como se fosse ao Senhor.
5.3. Não se submeta ao trabalho vil. O trabalho escravo, a exploração laboral infantil, bem como “ofícios” oriundos do vício, do crime e da prostituição são abominações aos olhos do Criador de todas as coisas. Não podemos contrariar as leis divinas e humanas que zelam pela dignidade do trabalho. Trabalhemos honestamente, para que o nome do Senhor seja exaltado.
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Dentre dos muitos princípios cristãos para o trabalho, destacamos: o trabalho deve ser do suor do rosto, diuturno, patrões e empregados devem observar a ética do Reino de Deus.
“Primeiramente, o propósito do trabalho é atender as necessidades da vida. De acordo com o apóstolo Paulo, os cristãos devem trabalhar com sossego e comer o seu próprio pão (2Ts 3.12); devem trabalhar para que não necessitem de coisa alguma (1Ts 4.12b). Como Karl Barth afirmou, o primeiro item em questão em todas as áreas do trabalho humano é a necessidade dos seres humanos ‘ganharem o pão cotidiano e um pouco mais’.
A necessidade de trabalhar para prover as necessidades da vida acha-se por trás do dever de trabalhar. Para Paulo, este dever é de importância primária, tanto que fazia parte da instrução original que Paulo deu aos tessalonicenses quando pela primeira vez os evangelizou: ‘Quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também’ (2Ts 3.10). […] Além disso, não temos nenhuma razão para pensar que os tessalonicenses eram exceção a este respeito. Outras igrejas paulinas receberam instrução semelhante. Pois isto fazia parte do ensino ou ‘tradição’ (2Ts 3.6) sobre o estilo de vida cristão” (PALMER, Michael D. Panorama do Pensamento Cristão. RJ: CPAD, 2001, p.229).
CONCLUSÃO
Nos seis primeiros dias da criação, o Criador executou sua obra com poder sobrenatural, a partir de sua palavra. Ao expressar a sua vontade, tudo passou a existir. Assim, Ele criou o homem pelo seu poder. E o criou para “lavrar e guardar” a Terra. É dessa perspectiva que devemos exercer a nossa mordomia no trabalho, glorificando a Deus e abençoando o próximo.
A respeito de “A Mordomia do Trabalho”, responda:
O que o início da história de salvação revela na Bíblia?
A Bíblia inicia a história de salvação revelando o trabalho de Deus de criação do universo.
O que nosso Senhor respondeu ao ser acusado de desrespeitar o sábado?
Ao ser acusado de desrespeitar o sábado, nosso Senhor respondeu assim: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17).
Quais foram as duas primeiras atividades laborais do homem?
As duas primeiras atividades laborais do homem foram “lavrar” e “guardar” a terra.
Qual o princípio exposto pelo apóstolo Paulo aos tessalonicenses?
Outro princípio é o exposto por Paulo aos Tessalonicenses: “nem, de graça, comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós” (2Ts 3.8).
Qual o dever dos patrões e dos empregados cristãos?
Os patrões cristãos têm o dever de zelar pelos direitos trabalhistas de seus empregados, sob pena de serem condenados por Deus (Tg 5.4-6).
A MORDOMIA DO TRABALHO
O trabalho honesto dignifica e enobrece o cristão. Nesse sentido, a Bíblia revela que Deus trabalhou e trabalha até hoje e, com base nesse fundamento, se estabelece a mordomia do trabalho do cristão. Logo, é possível destacar os princípios cristãos que emergem da Palavra de Deus. Esses princípios, quando praticados, glorificam a Deus e abençoam o próximo. O propósito desta lição é apresentar o fundamento e os princípios bíblicos do trabalho cristão.
Resumo da lição
Esta lição tem os objetivos de mostrar o trabalho de Deus na Bíblia, correlacionar a Bíblia com a Mordomia do Trabalho e elencar os princípios cristãos para a prática do trabalho. Assim, a lição está estruturada em três grandes tópicos: 1) O Trabalho de Deus na Bíblia; 2) A Bíblia e Mordomia do Trabalho; 3) Princípios Cristãos para o Trabalho.
O primeiro tópico mostra o trabalho de Deus na criação do Universo, do homem e, também, revela que Ele continua trabalhando hoje.
O segundo tópico correlaciona a Bíblia com alguns fatos importantes: o homem foi criado para o trabalho; antes da queda, o homem lavrava e guardava a Terra; depois da queda veio o medo e a maldição, a alteração da ecologia e o desgaste do trabalho.
Enfim, o terceiro tópico elenca os princípios que devemos observar com relação ao trabalho na perspectiva cristã: devemos trabalhar com o “suor do nosso rosto”, o trabalho deve ser diuturno, não devemos ser pesado a ninguém, o preguiçoso não deveria comer e a relação entre patrões e empregados cristãos devem se dar debaixo do temor do Senhor.
Aplicação da lição
O trabalho é uma vocação de Deus para o ser humano. O homem, em sua natureza, não pode viver sem o trabalho. Quando isso ocorre, ele viola a sua própria natureza e a diretriz que o Criador lhe deu. É vergonhoso que, em nome de qualquer coisa, o ser humano recusa-se ao labor do trabalho. É importante também, ao desenvolver a lição, lembrarmos que há orientação tanto para os patrões cristãos quanto aos empregados cristãos. O patrão deve glorificar a Deus honrado os seus colaboradores, e o empregado, honrando o seu patrão. Quando uma das partes quebra esse compromisso evangélico está instalada a desonra a Deus (Ef 6.5-9). Há responsabilidades do patrão como há responsabilidades do empregado. Jamais podemos perder essa visão bíblica de vista.