Título: O Governo Divino em Mãos Humanas — Liderança do Povo de Deus em 1º e 2º Samuel
Comentarista: Osiel Gomes
Lição 6: A rebeldia de Saul e a rejeição de Deus
Data: 10 de Novembro de 2019
“Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei” (1Sm 15.23).
Ao cristão nascido de novo não cabe praticar o pecado da rebeldia, pois fazê-lo é reviver a velha natureza.
Segunda — Rm 10.21
É sempre perigoso trilhar o caminho da rebeldia
Terça — 1Pe 1.23
O pecado da rebeldia não é coisa de quem nasceu de novo
Quarta — 1Co 10.5
Andar na rebeldia é perder os privilégios divinos
Quinta — Pv 17.11
Evitemos proceder como os rebeldes
Sexta — Js 1.8
O cristão deve ter o cuidado de proceder conforme o que está na Palavra
Sábado — Sl 40.1
O servo de Deus deve esperar sempre com paciência
1 Samuel 15.17-28.
17 — E disse Samuel: Porventura, sendo tu pequeno aos teus olhos, não foste por cabeça das tribos de Israel? E o SENHOR te ungiu rei sobre Israel.
18 — E enviou-te o SENHOR a este caminho e disse: Vai, e destrói totalmente a estes pecadores, os amalequitas, e peleja contra eles, até que os aniquiles.
19 — Por que, pois, não destes ouvidos à voz do SENHOR? Antes, voaste ao despojo e fizeste o que era mal aos olhos do SENHOR.
20 — Então, disse Saul a Samuel: Antes, dei ouvidos à voz do SENHOR e caminhei no caminho pelo qual o SENHOR me enviou; e trouxe a Agague, rei de Amaleque, e os amalequitas destruí totalmente;
21 — mas o povo tomou do despojo ovelhas e vacas, o melhor do interdito, para oferecer ao SENHOR, teu Deus, em Gilgal.
22 — Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros.
23 — Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.
24 — Então, disse Saul a Samuel: Pequei, porquanto tenho traspassado o dito do SENHOR e as tuas palavras; porque temi o povo e dei ouvidos à sua voz.
25 — Agora, pois, te rogo, perdoa-me o meu pecado e volta comigo, para que adore o SENHOR.
26 — Porém Samuel disse a Saul: Não tornarei contigo; porquanto rejeitaste a palavra do SENHOR, já te rejeitou o SENHOR, para que não sejas rei sobre Israel.
27 — E, virando-se Samuel para se ir, ele lhe pegou pela borda da capa e a rasgou.
28 — Então, Samuel lhe disse: O SENHOR tem rasgado de ti hoje o reino de Israel e o tem dado ao teu próximo, melhor do que tu.
28, 270 e 305 da Harpa Cristã.
Ressaltar que ao crente nascido de novo não cabe praticar o pecado da rebeldia.
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
O orgulho é um fator determinante para o pecado de rebelião. Geralmente, a ausência de humildade, a disponibilidade para o serviço altruísta, leva o ser humano a desenvolver uma personalidade egoísta e orgulhosa. Quando se permite ao orgulho dominar o coração, o processo de rebelião está prestes a ser instalado. Cultivar a submissão, a humildade e a obediência é o antídoto necessário para remover o “espírito da rebelião”, “porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria” (1Sm 15.23).
INTRODUÇÃO
Nesta lição trataremos sobre a rebeldia de Saul e de sua rejeição por parte de Deus. Figuradamente, Israel foi comparado a uma vaca rebelde que se rebelou contra Deus (Os 4.16). A Bíblia mostra que há castigo divino para quem trilha o caminho da rebeldia (Nm 17.10; 20.24; Rm 10.21; 1Tm 1.9). É isso o que estudaremos aqui, tomando como exemplo Saul, o primeiro rei de Israel.
PONTO CENTRAL
O crente nascido de novo não deve praticar o pecado de rebelião.
I. DEFINIÇÃO DE REBELDIA
1. Conceito. A rebeldia é caracterizada como um ato de resistência; é opor-se a uma autoridade; por vezes se trata de uma obstinação em excesso. Na Bíblia, há exigências constantes para que o servo de Deus evite a rebelião, quer seja contra Deus, quer seja contra os pais, os líderes e as autoridades.
2. O aspecto bíblico. Algumas passagens do Antigo Testamento, como por exemplo, Jeremias 3.22 e 31.22, apontam a nação de Israel como filhos e filhas rebeldes, que escolheram o mal para desenvolver uma vida de pecado. No livro de Oseias, Israel é comparado a uma vaca rebelde (Os 4.16), uma linguagem campestre em que o fazendeiro realça a rebeldia do animal. Portanto, o real significado de rebeldia no Antigo Testamento é uma ênfase ao retorno de um “servo de Deus” às mais horríveis práticas pecaminosas, incluindo também a adoração aos ídolos.
O cristão não pode viver na prática da rebeldia, visto que no seu ser há uma nova natureza implantada por Cristo Jesus (2Co 5.17; 1Pe 1.23); praticá-la é o mesmo que chamar a natureza velha para que reine outra vez — e a ordem de Paulo é que ela não reine (Rm 6.12).
3. O cristão e a rebelião. A Bíblia ensina ao cristão respeitar todas as autoridades, inclusive os líderes da igreja; jamais ser insubmisso, rebelar-se (Rm 13.1), mas tendo como dever orar por elas (1Tm 2.1,2). Entretanto, segundo as Escrituras, o cristão não deve sujeitar-se a uma autoridade quando a prioridade da justiça está em risco e quando há violação aos princípios bíblicos (At 5.29); mesmo assim, o ato de não submeter-se ao erro não significa liberdade para usar de ataques com palavras indecorosas, motins e exposições em redes sociais. O Antigo Testamento mostra os três amigos de Daniel que não se sujeitaram à ordem do rei, sendo preparados para serem lançados no fogo; entretanto, ainda assim, demonstraram respeito para com o monarca, não pronunciando palavras ofensivas (Dn 3.16,17). O verdadeiro cristão mede bem as palavras, pois sabe que disso depende também a sua vida espiritual (Mt 12.37).
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
A rebeldia é caracterizada como um ato de resistência; é opor-se a uma autoridade; por vezes se trata de uma obstinação em excesso.
Para ajudá-lo a elaborar a introdução de sua aula, reflita sobre o seguinte texto: “O rei de todos os pecados é o orgulho. Nenhum outro pecado é maior que ele. Além do orgulho ou presunção, todos os outros vícios — embriaguez, pecados sexuais, cobiça, mau gênio, violência — não passam de insignificâncias comparados à montanha do orgulho. O orgulho é o pecado que transformou Lúcifer em inimigo de Deus. Satanás se recusou a submeter-se a Deus; ele quer ser líder. John Milton comenta, em seu Paraíso Perdido: ‘Satanás decidiu que era melhor reinar no inferno do que servir no céu’. O orgulho nos torna independente de Deus, e a independência está diametralmente oposto à adoração. É por isso que devemos nos submeter a Deus e resistir ao Diabo” (DORTCH, Richard W. Orgulho Fatal: Um ousado desafio a este mundo faminto de poder. RJ: CPAD, 1996, p.161).
II. A REBELDIA DE SAUL
1. Não cumpria com a ordem divina. Por ordem expressa de Deus, Samuel ordenou a Saul que matasse os amalequitas porque a medida dos seus pecados estava completa (Êx 17.8-13; Dt 25.17,18). Tudo deveria ser destruído e banido, pois os amalequitas estavam sob o julgamento divino. Essa ação divina era para evitar que o mal deles se espalhasse cada vez mais. Entretanto, nada dos amalequitas deveria ser saqueado ou roubado, pois não tratava-se de uma guerra qualquer. O que não poderiam ser queimado, como o ouro, a prata e o ferro, seriam objetos solenes de consagração a Deus.
Mas Saul não obedeceu à ordem divina. Juntamente com duzentos mil homens de onze tribos e outros dez mil de Judá, lançou-se à batalha, não destruiu o rebanho do inimigo e ainda preservou a vida do rei Agague. O mal que Saul poupou não tardaria de lhe atingir. Note que foi um amalequita que afirmou ter matado Saul (2Sm 1.1-10).
2. Deus se “arrependeu” em relação a Saul. Foram duas as razões para isso: Saul deixou de seguir e de executar a vontade de Deus. A Palavra “arrepender-se”, oriunda do hebraico nacham, significa “sentir profundamente, lamentar”. Referindo à pessoa de Deus, essa expressão pode ser compreendida como mudança em relação à pessoa de Saul. Deus não tolera o pecado e, dessa forma, não poderia deixar que Saul continuasse dirigindo o Seu povo. Por isso, por meio de Samuel, Ele o rejeitou. A desobediência, a teimosia e a rebelião do primeiro rei de Israel atraíram a ira de Deus.
O prazer de Deus não está em sacrifícios, mas na obediência do ser humano à sua Palavra. Mais do que um belo sermão, ou de grandiosas construções, Deus requer de seu povo a obediência (Sl 50.13-14).
3. “A rebelião como pecado de feitiçaria”. Essa expressão traz a ideia de “uma decisão por meio de adivinhação ou de lançamento de sorte”, uma atitude obstinada e teimosa. E a expressão “porfiar é como iniquidade e idolatria” refere-se ao engano de um ídolo, demonstrado na arrogância de quem pratica a idolatria. No texto está claro que as expressões falam de apostasias. A primeira, a respeito da negação da autoridade divina; a segunda, a de reconhecer outros poderes acima de Deus. Nesse contexto, o profeta Samuel afirma que não há valor em sacrifícios a Deus quando se quebra um de seus mandamentos por desobediência deliberada. Quem age assim coloca a sua vontade no lugar da de Deus. Por isso a rebelião é tão maléfica quanto à adivinhação, pois ela rouba o lugar da glória de Deus.
A insolência e a arrogância de Saul revelam a tentativa de ele se impor no lugar de Deus. Era como se as regras da guerra fossem dele, esquecendo-se de que Deus não dá a sua glória a ninguém (Is 42.8). De fato, Lutero estava certo quando disse: “diante da Palavra eu é que tenho que me render; nenhum de nós jamais pode e deve querer impor nossa vontade perante as ordens do Senhor”.
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
A rebeldia de Saul era caracterizada pela sua desobediência à ordem divina.
“Todos os que fomos acusados podemos arranjar álibis e racionalizar o que fizemos, mas sei em meu íntimo onde erramos. Achávamos difícil, senão impossível, submeter-nos a outros que não concordavam com a nossa maneira de agir. Várias pessoas nos disseram o que não queríamos ouvir, mas nos recusamos a escutá-las. Esse foi o nosso maior pecado. Há segurança na submissão. Mas aprendi a lição tarde demais. O que é submissão? Submissão é a disposição para afrouxar as rédeas. Um líder forte deve estar disposto a submeter-se. Políticos e empresários devem louvar essa qualidade. Os ministros devem possuí-la. O líder submisso diz: Não preciso estar no controle. Estou comprometido até o ponto em que posso deixar de lado a autoridade. Vou submeter a mim mesmo e o que faço a outros. A submissão é autoimposta. Não fazemos isso por nossa própria causa. Por que a submissão é tão importante na vida do crente? Porque ela nos protege da natureza perversa e inata oculta dentro de nós” (DORTCH, Richard W. Orgulho Fatal: Um ousado desafio a este mundo faminto de poder. RJ: CPAD, 1996, pp.153,154).
III. SAUL: UM LÍDER SEM CRITÉRIOS
1. Não sabia esperar. Uma das provas de que Saul não tinha critérios para a liderança era a sua impaciência. Ele não sabia esperar. Samuel já havia dito para Saul esperar até a sua chegada (1Sm 10.8). Infelizmente, o rei de Israel não o fez (1Sm 13.8-13). Essa ordem era para que Saul esperasse, antes de começar qualquer invasão, pois ele deveria colocar tudo diante de Deus, apresentando sacrifícios, como havia feito antes (1Sm 7).
A falha principal de Saul não foi ter oferecido sacrifício, mesmo ele não sendo sacerdote, mas foi não esperar o profeta Samuel para receber a bênção de Deus.
Na obra de Deus é preciso capacidade para esperar. O salmista esperou com paciência (Sl 40.1). Deus age no momento certo em nosso favor. Esperemos no Senhor!
2. Saul: o rei rejeitado. Destacamos a rejeição de Saul por causa do pecado de não atentar à voz de Deus (1Sm 13.13). Foram muitas as características que marcaram a rebelião de Saul: irreverência com a ordem de Deus, voto tolo, infidelidade na guerra contra os amalequitas e desobediência às palavras do Senhor. Assim, Deus rejeitou a Saul!
Essa história nos mostra que devemos, irrestritamente, obedecer aos desígnios de Deus e servi-lo de todo o coração. O Pai deseja que andemos todos num só propósito!
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Saul não sabia esperar, assim, esta característica contribuiu para a sua rejeição.
“A coroa da Submissão. O Antigo Testamento oferece um contraste nos estilos de liderança. Saul representa a rebeldia; Davi personifica a submissão. Dois reis, duas coroas, dois estilos: um é exaltado, o outro, extinto. O rei Saul é rejeitado e esquecido no pó da história. Porém Davi, três mil anos mais tarde, continua nas manchetes. Ainda chamamos Jerusalém ‘Cidade de Davi’, a cidade do rei. A rebelião reflete insegurança. Quando nos submetemos, porém, damos uma firme impressão de calma e força. Howard Butt também escreve: ‘A coroa da liderança cristã é uma coroa de espinhos brilhantes. A coroa da revolução se desintegra. A coroa da submissão é exaltada’” (DORTCH, Richard W. Orgulho Fatal: Um ousado desafio a este mundo faminto de poder. RJ: CPAD, 1996, p.160).
CONCLUSÃO
O que é ter sucesso no ministério? É ter agenda concorrida? Um estilo de vida confortável? Não. O sucesso do ministério não está somente em ser separado para um cargo, mas sim na obediência completa ao Deus da Palavra. Assim, Salomão escreveu: “é melhor o fim das coisas, do que seu princípio” (Ec 7.8). Que Deus nos ajude a obedecer e a viver para sua glória!
A respeito de “A Rebeldia de Saul e a Rejeição de Deus”, responda:
Defina rebeldia.
A rebeldia é caracterizada como um ato de resistência; é opor-se a uma autoridade; por vezes se trata de uma obstinação em excesso.
Por que o cristão não pode viver na prática da rebeldia?
O cristão não pode viver na prática da rebeldia, visto que no seu ser há uma nova natureza implantada por Cristo Jesus (2Co 5.17; 1Pe 1.23).
Por que tudo dos amalequitas deveria ser destruído?
Tudo deveria ser destruído e banido, pois os amalequitas estavam sob o julgamento divino.
Qual o sentido da palavra “arrepender-se”?
A Palavra “arrepender-se”, oriunda do hebraico nacham, significa “sentir profundamente, lamentar”.
O que nos mostra a história de Saul?
Essa história nos mostra que devemos, irrestritamente, obedecer aos desígnios de Deus e servi-lo de todo o coração
A REBELDIA DE SAUL E A REJEIÇÃO DE DEUS
O crente nascido de novo passou por um processo de transformação interior. Ele passou a ter uma nova mente, um novo olhar e um novo agir. O que era natural outrora, não o é mais agora. Assim, há alguns valores que passam a ser caros aos seguidores de Jesus. A rebelião, como pecado de rebeldia, entra nessa categoria. Não cabe ao crente nascido de novo de novo praticá-la.
Resumo de lição
Para chegar a tal conclusão, a lição propõe definir “rebeldia”, explicar a rebeldia de Saul e caracterizar a liderança sem critérios desse rei. Logo, no tópico I compreenderemos que a rebeldia é caracterizada como um ato de resistência; é opor-se a uma autoridade; por vezes trata-se de uma obstinação em excesso. O tópico II mostra a rebeldia de Saul como desobediência à ordem divina. O rei de Israel colocou-se no caminho contrário à vontade de Deus, praticando um ato deliberado de rebelião contra o Altíssimo.
O terceiro tópico revela que Saul não sabia esperar e que, por isso, esta característica contribuiu para a sua rejeição. Portanto, os três tópicos perpassam a definição de rebeldia e o exemplo dessa rebeldia na imagem do rei Saul. Assim, trabalhe esse método em sala: defina e dê exemplo.
Aplicação da lição
Este estudo procura ser um antídoto contra o pecado de rebelião nos dias contemporâneos. Quando vivemos o dia a dia de uma igreja local, deparamo-nos diante de grandes desafios. Um deles é cultivar a virtude da submissão. O que requer humildade. Nos dias atuais essa palavra soa como afronta aos ouvidos de muitos. Mas devemos lembrar que a nossa fé floresceu numa pessoa que veio ao mundo de maneira humilde, nosso Senhor Jesus Cristo. Mansidão e humildade são os seus “nomes”. Assim, estimule aos alunos a ler as Escrituras e cultivar o senso de obediência a Deus. Esse exercício eleva o nosso senso de humildade. Também, promova o entendimento de que na vida é preciso saber esperar as oportunidades. Muitas pessoas se precipitam e tomam decisões que, se avaliada antes, não tomariam nem vivenciariam perdas incontáveis. É preciso saber esperar! O grande segredo é que o nosso estilo de vida precisa estar ajustado à vida de Cristo. Este é o grande e extraordinário modelo. Não há outro modelo que devamos nos espelhar. Só Cristo é suficiente. Só Ele pode e deve ser o esteio de nosso ministério. Quem nasceu de novo deseja isso ansiosamente.