Título: Rumo à Terra Prometida — A peregrinação do povo de Deus no deserto no livro de Números
Comentarista: Reynaldo Odilo
Lição 8: As guerras no deserto
Data: 24 de Fevereiro de 2019
“Ó Deus, nós ouvimos com os nossos ouvidos, e nossos pais nos têm contado os feitos que realizaste em seus dias, nos tempos da antiguidade” (Sl 44.1).
Ainda que os inimigos sejam muitos, fortes e bem preparados para a guerra, se buscarmos a Deus em oração e lhe obedecermos, agindo com fé e coragem, eles serão derrotados.
SEGUNDA — Js 5.4
Guerreiros mortos no deserto
TERÇA — 1Cr 12.8
Guerreiros refugiados no deserto
QUARTA — 2Cr 14.11,13
Deus concede vitória na guerra
QUINTA — 2Cr 20.17
Deus concede vitória sem ter que pelejar
SEXTA — Ec 9.11
Não é dos fortes a batalha
SÁBADO — Hb 11.34
Guerras vencidas pela fé
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor(a), a conexão entre os educadores e os alunos, deve ser plenamente cultivada. Numa escola secular isso acontece mediante os encontros diários e, assim, os laços de amizade têm mais possibilidades de florescerem. No caso da Escola Dominical, os professores devem agir proativamente para alcançar esse fim. Inúmeras estratégias podem e devem ser articuladas entre os docentes, de maneira que a classe se transforme em um lugar de aprendizado e comunhão. Este, sem dúvida, é o mais expressivo desafio dos docentes. Você pode propor que todos se reúnam na residência de um dos alunos, algum dia da semana, quando debaterão os aspectos mais interessantes da lição da semana. Se possível, inclua um lanche nessa programação.
Professor(a), inicie a aula lendo com os alunos Deuteronômio 3.11. Fale a respeito das medidas da cama de Ogue, rei de Basã, a qual era de ferro e media aproximadamente 4 metros de comprimento por um metro e oitenta de largura, segundo as medidas daquele tempo. Explique que por essas dimensões, podemos afirmar que Ogue era bem mais alto que Golias. Ele foi um dos últimos reis da raça de gigantes. Depois, leia com a turma 1 Samuel 17.4 e compare as medidas de Ogue com Golias. Golias tinha quase três metros de altura. Depois peça aos alunos que com uma ou duas palavras, definam o sentimento que possivelmente invadiu o coração dos filhos de Israel ao saberem que iriam guerrear contra homens com o tamanho de Ogue.
Números 21.31-35.
31 — Assim, Israel habitou na terra dos amorreus.
32 — Depois, mandou Moisés espiar a Jazer, e tomaram as suas aldeias e daquela possessão lançaram os amorreus que estavam ali.
33 — Então, viraram-se e subiram o caminho de Basã; e Ogue, rei de Basã, saiu contra eles, e todo o seu povo, à peleja em Edrei.
34 — E disse o SENHOR a Moisés: Não o temas, porque eu to tenho dado na tua mão, a ele, e a todo o seu povo, e a sua terra, e far-lhe-ás como fizeste a Seom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom.
35 — E de tal maneira o feriram, a ele, e a seus filhos, e a todo o seu povo, que nenhum deles escapou; e tomaram a sua terra em possessão.
INTRODUÇÃO
O capítulo 20 do livro de Números começa com a morte de Miriã e termina com a morte de Arão, tendo o povo pranteado durante 30 dias. Agora, de forma súbita, o rei de Arade, com seu exército, ataca os israelitas, alcançando vitória na batalha. Algo emocionalmente devastador. Israel, então, buscou o Senhor e fez um voto, ao que o Altíssimo atendeu e deu-lhes a vitória. Em seguida, mais uma vez, faltou água pelo caminho e o povo murmurou, tendo Deus enviado serpentes que matavam as pessoas. Mas o Senhor, novamente, trouxe livramento e cura. Depois desse grave problema, surgiu uma guerra inesperada: uma forte nação vizinha quis destruir Israel, mas o Todo-Poderoso concedeu outro grande êxito ao seu povo.
I. A VITÓRIA DEPOIS DO LUTO
1. Perdas imprevisíveis. Depois da morte de Miriã e Arão, o rei de Arade entendeu que a intenção dos hebreus era de atacá-lo, pois eles seguiam pelo “caminho dos espias”, ou seja, estavam marchando para conquistar terras, o mesmo itinerário seguido quase quatro décadas antes. Para piorar a tristeza dos hebreus, alguns homens foram aprisionados. Isso nunca tinha acontecido antes.
Perdas imprevisíveis, injustas agressões, nalgumas vezes, servem para tirar os filhos de Deus do imobilismo, da inércia e do comodismo. Aquele era o momento de se tomar uma nova atitude, de se buscar um novo começo com Deus. Eles teriam forças para isso?
2. Compromisso com Deus. “Então, Israel fez um voto ao SENHOR, dizendo: Se totalmente entregares este povo na minha mão, destruirei totalmente as suas cidades” (Nm 21.2). Aquela nova geração que entraria em Canaã, talvez pela primeira vez tenha dado um salto de fé, resolveu confiar no Senhor. A partir desse momento, a desesperança, derrota e morte, tão patente em Números 20, desaparece completamente. Surge um novo compromisso com Deus. Eles não poupariam nenhuma das cidades desobedientes, por amor ao Senhor.
Ainda que não haja informações a respeito do poder bélico do rei de Arade, o relevante é que Israel decide, desde aquele momento, confiar no Senhor. Uma nova página na história daquela geração estava sendo escrita. Um capítulo no qual ainda seriam vistos erros horríveis, mas era um sinal de que o treinamento do deserto já estava surtindo efeitos positivos. Davi disse: “Antes de ser afligido, andava errado; mas agora guardo a tua palavra” (Sl 119.67).
3. Oração atendida. “O SENHOR, pois, ouvira a voz de Israel e entregou os cananeus, que foram destruídos totalmente, eles e as suas cidades […]” (Nm 21.3). Enfim, surge o primeiro feito na história daquela geração trazendo alegria e regozijo, satisfação pessoal, alegria íntima, pois Deus ouviu a voz de Israel. Qualquer vitória, naquelas circunstâncias, seria muito celebrada, haja vista ser um grande feito, pelo simbolismo, pela mudança de trajetória espiritual.
O Senhor conhece bem o seu povo, e, certamente, caso Israel sofresse mais uma derrota naquele momento, consistiria em uma tragédia, com consequências emocionais inimagináveis. O povo (e sobretudo Moisés) não suportava mais tanta decepção.
II. UM POUCO DA VIDA NO DESERTO
1. Uma murmuração cultural. Poucos dias antes, os israelitas tinham demonstrado uma grande fé e receberam uma grande vitória, mas agora, diante da escassez de água, voltam a murmurar contra o Senhor e Moisés. Nesse ponto do livro de Números, quase toda a geração que saiu do Egito havia falecido, entretanto os hebreus mantêm os mesmos argumentos, o mesmo tom das murmurações de seus pais (Nm 21.5).
Como repreensão, o Senhor enviou serpentes venenosas que matavam as pessoas e, mais uma vez, Israel procurou ajuda de Deus. Em resposta, o Altíssimo determinou que Moisés confeccionasse uma serpente de bronze; em seguida a colocasse no alto de uma haste e aqueles que olhassem para ela seriam curados. Deus, em sua longanimidade, mais uma vez, deu um grande livramento ao seu povo. A nova geração estava aprendendo como andar com Deus no deserto. O mesmo desafio se impõe aos cristãos, atualmente, em todo o mundo.
2. A dificuldade recorrente. Depois da solução do problema com as serpentes, o povo saiu a peregrinar por inúmeros lugares e, quando chegaram em Beer, ao que tudo indica, o povo teve sede. Não há nada mais comum no deserto do que a escassez de água, dificuldade essa que é potencializada se a necessidade é sentida por milhões de pessoas, como no caso de Israel.
Entre uma guerra e outra, além da murmuração e consequente envio das serpentes por Deus, mais uma vez, falta água; só que, desta vez, as pessoas não resmungam. Sentem a aflição, mas resolvem ficar caladas. Diante disso, o Senhor chamou Moisés e ensinou uma nova maneira para prover o que faltava: mandou o povo ficar junto e, em vez de murmurar, cantar. O Altíssimo estava apontando o caminho para uma vida de provisão na sua presença.
3. O poder do louvor. Deus ofereceu uma extraordinária experiência de provisão. Com as pessoas cantando juntas, em coro, Deus fez com que do poço seco brotasse água que dessedentou toda aquela multidão. O cântico era muito simples, e não possuía nenhum poder mágico, mas a fé do povo moveu o coração de Deus e o milagre aconteceu (Nm 21.17,18). O poder de Deus atuou por intermédio do louvor, como aconteceu em inúmeros episódios da história do povo de Deus.
A vida de cada cristão é permeada por pequenos milagres e livramentos, provisões, curas, diariamente. Afinal o justo viverá da fé e os milagres acontecem de forma inesperada e de maneira perfeita em sua vida.
III. A VITÓRIA SOBRE O MAIS FORTE
1. Seom, rei dos Amorreus. Números 21.21-32 narra a guerra contra Seom, rei dos amorreus. Foi uma batalha intensa e fora do comum, sempre mencionada em outros momentos, juntamente com o conflito seguinte (contra Ogue, rei de Basã), não como um feito heroico do povo, mas como um grande milagre realizado pelo Senhor, porque esses povos eram mais fortes e preparados do que Israel. As guerras enfrentadas pelos israelitas fizeram com que eles se tornassem mais confiantes no Senhor.
2. Ogue, rei de Basã. Com a mesma importância histórica nacional, encontra-se também a guerra contra Ogue, rei de Basã. Deuteronômio 3.4,5 diz que foram conquistadas 60 cidades que eram protegidas por altos muros, portas e ferrolhos, além de muitas outras sem muros. Deus disse a Moisés que não temesse nessa batalha (Nm 21.34), porque, de fato, Ogue era um gigante (Dt 3.11) mas, está escrito: “Operando eu, quem impedirá?” (Is 43.13).
Números 20 trouxe histórias de infortúnios para Israel e também para Moisés, mas no capítulo seguinte o quadro é diferente. O ambiente de triunfo e alegria, pelas proezas realizadas, tomou conta de todas as tribos de Israel, e ninguém falava noutro assunto, conforme relata Flávio Josefo.
3. Uma recompensa importante. As batalhas contra Seom e Ogue deixaram um legado, uma herança, um direito, para os israelitas. Eles agora tinham uma possessão, embora fosse aquém do rio Jordão. Toda bênção deve ser celebrada; se veio de Deus, enriquecerá e não acrescentará dores (Pv 10.22).
Deus traz bênçãos em meio às provações e, não poucas vezes, também acontece o contrário: permite surgir uma prova no meio da bênção. Neste caso, o povo estava sendo provado há aproximadamente 40 anos e o Senhor, depois de permitir muitas dores e lágrimas, propiciou conquistas que levantaram o ânimo e a fé do povo. Bom lembrar, porém, que tudo começou a mudar quando os hebreus, em Beer, não murmuraram pela falta de água mas, juntos, debaixo da orientação de Moisés, cantaram ao Senhor (Nm 21.17,18).
CONCLUSÃO
A caminhada com Deus será sempre cheia de aventuras, surpresas e sobressaltos. Nunca haverá monotonia em nossa caminhada até o céu, pois, o Senhor deseja nos levar a um patamar sempre mais alto. Israel aprendeu essa importante lição durante sua longa temporada no deserto. Deus permite em nossa caminhada guerras e conflitos com o propósito de nos moldar e nos preparar para adentrarmos na Terra Prometida, a Nova Jerusalém.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2012.
1. Quais as três guerras mencionadas em Números 21?
Guerras contra o cananeu rei de Arade; Seom, rei dos amorreus e Ogue, rei de Basã.
2. Em quais lugares mencionados em Números 21 faltou água para o povo beber?
Nos arredores da terra de Edom e em Beer.
3. Qual a solução, a fim de ficar vivo, para quem fosse picado por uma serpente no deserto?
Olhar para a serpente de bronze levantada por Moisés.
4. Cite um personagem bíblico, mencionado em Números 21, que era gigante.
Ogue, rei de Basã.
5. Aponte duas outras passagens bíblicas que tratam sobre a guerra contra Seom, rei dos amorreus.
Deuteronômio 2.34-37 e Juízes 11.19-26.
“Embora os espias que Moisés tinha enviado 38 anos antes, tivessem passado e voltado a passar despercebidos, ainda assim a sua vinda e o seus afazeres, provavelmente, foram posteriormente de conhecimento dos cananeus, e os alarmaram, e os levaram a vigiar Israel e ter conhecimento de todos os seus movimentos. Agora, quando Israel pensava que estava dirigindo-se a Canaã, este Arade, pensando na sua política de manter a guerra a distância, lhes fez um ataque e lutou com eles. Mas ficou provado que ele se intrometeu para seu próprio prejuízo. Se tivesse ficado quieto, o seu povo poderia ser o último de todos os cananeus destruídos, mas agora eles seriam os primeiros. […] Seus primeiros soldados prenderam alguns israelitas desgarrados e os levaram prisioneiros (v.1). Isto, sem dúvida, o deixou cheio de orgulho, e ele começou a pensar que teria a honra de esmagar este formidável exército, salvando o seu país da destruição que tal exército ameaçava. Isto foi, um teste para a fé dos israelitas e simultaneamente uma repreensão a eles, por suas desconfianças e descontentamentos” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento: Antigo Testamento, Gênesis a Deuteronômio. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.516).
“Siom, o seu rei, estava entre os mortos, e, como os mais valentes haviam morrido na batalha, os vitoriosos não encontraram mais resistência.
Assim foram os amorreus castigados pela sua imprudência no proceder e pela covardia no combate. Os hebreus tornaram-se os senhores do país deles.
Estavam as coisas nesse pé quando Ogue, rei de Galaade e Gaulanite, que vinha em socorro a Siom, seu amigo e aliado, soube que ele havia perdido a batalha. Como era muito ousado, não deixou de querer combater os israelitas e de se gabar da certeza de derrotá-los. Mas estes o desbarataram com todo o seu exército, e ele mesmo foi morto em combate. Era um gigante de enorme estatura, e o seu leito, que era de ferro e podia ser visto na cidade capital do seu reino, chamada Rabatha, tinha nove côvados de comprimento e quatro de largura. E Ogue não tinha menos coragem do que força.
Moisés, depois dessa vitória, atravessou o rio Jaboque, entrou no reino de Ogue e apoderou-se de todas as suas cidades, fazendo matar os habitantes mais ricos. Tão grande êxito não trouxe aos hebreus apenas vantagem momentânea, mas lhes abriu caminho para outras conquistas, pois tomaram sessenta cidades fortes e bem municiadas” (JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2012, pp.206,207).