Título: Cobiça e orgulho — Combatendo o desejo da carne, o desejo dos olhos e a soberba da vida
Comentarista: Natalino das Neves
Lição 1: Um mundo imerso numa cultura materialista
Data: 07 de Abril de 2019
“Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo 2.15).
O crente vive em um mundo dominado por uma cultura materialista, egoísta e efêmera, mas não se deixa dominar por ele. O seu prazer é fazer a vontade de Deus.
SEGUNDA — 1Co 6.12
Todas as coisas são lícitas ao cristão, mas nem tudo convém
TERÇA — Gn 3.1-7
A cobiça dos olhos conduz à desobediência
QUARTA — 2Sm 11.1-5
A cobiça dos olhos pode induzir à cobiça da carne
QUINTA — Tg 4.1-10
Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes
SEXTA — 1Co 6.9-11
Cristo é a solução para quem se entregou à cobiça e à soberba da vida
SÁBADO — 1Jo 2.17
O mundo com sua concupiscência são temporários
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Caro(a) professor(a), vamos iniciar um novo trimestre estudando a respeito do combate aos desejos da carne, o desejo dos olhos e a soberba da vida. Vamos utilizar como referência o texto bíblico de 1 João 2.15-17.
Sugerimos que antes de iniciar o trimestre, você leia todas as lições para ter uma ideia dos temas. Depois, a cada semana, estude a lição específica que vai lecionar. Se possível, adquira o livro de apoio do trimestre.
Que este não seja simplesmente mais um trimestre, mas que faça a diferença em sua vida cristã e na de seus alunos. Aproveite cada aula, cada momento para se aproximar mais de Deus. Caminharemos juntos por 13 lições, por isso, esperamos que seja agradável e produtivo para você. O comentarista do trimestre é o pastor Natalino das Neves, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Curitiba. Ele é mestre e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná — PUC.
Para esta aula sugerimos a ilustração da rã. Faça o seguinte comentário: Se uma rã for lançada em uma panela com água fervendo, sabendo do perigo de morrer cozida, ela pula imediatamente para fora da panela. Todavia, se for colocada em uma panela com água fria sobre um fogão onde a água é aquecida lentamente, ela não vai tentar fugir e acabará cozida com o aquecimento da água. Qual lição podemos extrair da história? A lição é a seguinte: A rã pode ser comparada ao crente que vai se acostumando, pouco a pouco, com o estilo de vida do mundo. Ao final, ele estará tão envolvido que morrerá espiritualmente, sem perceber a mudança da temperatura ambiente, por isso esteja sempre vigilante com as “ofertas do mundo”. Promova uma aula participativa!
1 João 2.15-17.
15 — Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.
16 — Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.
17 — E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos a respeito da concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. O conteúdo da primeira lição servirá como uma introdução ao tema do trimestre. Nas demais lições serão detalhadas as recomendações bíblicas a respeito do nosso relacionamento com o dinheiro, o sexo e o poder. Ao final do trimestre, se você tiver participado de todas as aulas, provavelmente estará mais preparado para vencer as tentações nessas áreas.
I. QUEM AMA O MUNDO O AMOR DO PAI NÃO ESTÁ NELE (v.15)
1. O que é o mundo? A palavra grega para mundo é kosmos. Ela tem três diferentes significados no Novo Testamento. Observe: o mundo físico criado por Deus, o planeta em que vivemos (Mt 13.35; At 17.24); a humanidade em geral, objeto do amor sacrificial de Deus para salvação (Jo 3.16) e o sistema dominante que se opõe a Deus (Mt 16.26; Jo 14.17; 15.18). Nas lições do trimestre vamos tratar a respeito deste último (Rm 12.2).
2. Não ame o mundo. A Primeira Carta de João mostra que o mundo é constituído por três tipos de pessoas: as que não conhecem a Deus (3.1); as que são contrárias à Igreja de Cristo (3.13) e as que são dominadas pelo maligno (5.19). O cristão não deve tomar a mesma forma das pessoas que fazem parte do mundo (Rm 12.1,2). O crente deve renovar sua mente por meio da Palavra de Deus, da oração e do jejum. Ele deve influenciar, com suas ações e palavras, as pessoas que se opõem a Deus. O crente é “sal” e “luz” e não pode jamais permitir ser influenciado pelo estilo de vida daqueles que não conhecem a Deus. O mundo usurpa a paixão de quem se deixa levar por ele. Por isso, precisamos estar em constante vigilância para que não venhamos a nos acostumar com o estilo de vida daqueles que são contrários à vontade e à ética do Reino de Deus.
3. O amor ao mundo é inconsistente com o amor de Deus. Quanto mais próximo o cristão estiver do sistema deste mundo, mais ele se distanciará da presença de Deus. Jesus, na oração sacerdotal, deixou claro que seus discípulos estavam no mundo (Jo 17.11), mas eles não eram do mundo, ou seja, não se conformavam com o sistema opressivo dominante dos homens ímpios (Jo 17.14). O discípulo de Cristo já foi chamado e resgatado do mundo de trevas; como filho de Deus, e nova criatura, é enviado ao mundo como luz e testemunha viva da transformação que se dá por meio do Evangelho (Jo 17.18). Os que se amoldam ao estilo de vida do mundo não tiveram uma experiência real com Jesus Cristo e jamais poderão agradar a Deus.
Cristo provou o seu amor por nós oferecendo a sua vida em sacrifício vivo e perfeito. Se queremos retribuir a esse amor, precisamos viver uma vida santa, longe dos pecados deste mundo. Paulo traz uma advertência séria para nós, pois os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus: “Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós […]” (Rm 8.8,9).
Pense!
A quem você tem amado: ao mundo ou a Cristo?
Ponto Importante
O cristão não deve tomar a forma do mundo, ou seja, seguir o estilo de vida das pessoas que não conhecem e se opõem a Deus.
II. A COBIÇA E A SOBERBA, FRUTOS DA CULTURA MATERIALISTA (v.16)
1. A cobiça da carne. A concupiscência da carne é a falta de domínio sobre os desejos carnais. As pessoas que se entregam à cobiça da carne tornam-se escravas de pecados, como por exemplo, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias (Gl 5.19,20). Porém, “os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5.24).
O cristão deve ter domínio sobre a natureza humana, caída e pecaminosa. Algumas pessoas atribuem suas condutas imorais somente à ação de Satanás, mas o apóstolo Tiago deixa bem claro que elas cometem pecados motivadas pelos próprios pecados: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tg 1.14).
2. A cobiça dos olhos. Os olhos são considerados as janelas da alma. Se controlados e conduzidos pelos interesses individuais e egoístas, podem levar o ser humano a uma cobiça desenfreada e ao afastamento da vontade de Deus. A Bíblia narra alguns episódios de pessoas que, devido à cobiça dos olhos, atraíram para si resultados desastrosos.
Observe:
a) Adão e Eva. A narrativa da criação apresenta a entrada do pecado no mundo tendo sua origem na cobiça dos olhos. A ambição dos olhos conduziu à desobediência (Gn 3.6,7);
b) Acã. Durante a conquista liderada por Josué, Acã avista entre os despojos de guerra uma linda capa babilônica, vindo a cobiçá-la e tomá-la para si. Toda a comunidade foi prejudicada (Js 7.20,21);
c) Davi. Quando estava em um lugar que não deveria estar, vê uma formosa mulher (casada) tomando banho. Ele a cobiça, comete adultério e depois um assassinato (2Sm 11.1-4). Esses exemplos têm-se repetido na vida de muitas pessoas que não estão atentas ao risco da cobiça dos olhos.
3. A soberba da vida. Pessoas famosas acabam influenciando outras, em especial a juventude. Jovens também querem, a todo custo, fama, dinheiro e prestígio. Aquele que não tem o temor de Deus busca a ostentação pretensiosa a qualquer preço, se precisar renuncia à prática da honestidade, da integridade para buscar “poder” e “glamour”. O mundo consumista da atualidade, que valoriza o ter em detrimento do ser, tem grande influência no comportamento das pessoas. Mas o maior e melhor modelo a ser seguido é Jesus, que mesmo sendo Deus, viveu neste mundo e jamais pecou, tendo uma vida simples e humilde, amando e indo ao auxílio das pessoas desfavorecidas (Fp 2.6-11).
Pense!
Jovem, o que você tem almejado para sua vida? Siga o exemplo de Cristo e priorize o que é santo!
Ponto Importante
A motivação do cristão deve ser fazer a vontade de Deus para não ser dominado pelas coisas deste mundo.
III. ENTRE O MATERIALISMO TEMPORÁRIO E A VONTADE ETERNA DE DEUS
1. A vida é passageira. Algumas pessoas, enquanto jovens, pensam que a juventude vai durar para sempre, mas ela é passageira. O autor de Eclesiastes, no capítulo 12, aborda de maneira magistral, a respeito do envelhecimento humano. Ele incentiva o temor e reverência a Deus desde o tempo de força e vitalidade (juventude), para não chegar ao final da vida sem forças, sem desejos e com o peso do arrependimento. Tudo teve um começo e terá um fim, a vida também. Ela é efêmera e um dia teremos de prestar contas a Deus do que fizemos com nossos recursos, dons e talentos. Por isso, a necessidade de priorizar o que é eterno. Não coloque a sua confiança nos prazeres momentâneos ou nos bens e recursos humanos, pois o conselho bíblico continua atual: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento” (Ec 12.1).
2. Jovens que venceram a oferta do mundo por meio da Palavra. O texto de 1 João 2.15-17 faz parte de um contexto literário maior. Ele está unido a 1 João 2.12-14, que afirma ter os jovens já vencido as ofertas do mundo por meio da Palavra. O autor enfatiza: “[…] Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno” (v.14). Texto que, por sua vez, também tem relação com a passagem bíblica precedente (vv.3-11). Jovem, você já venceu as ofertas do mundo, procure fazer a vontade de Deus e observe os mandamentos do Senhor.
3. Trabalhando em favor do que é eterno. Jesus, após a multiplicação dos pães, recomenda a seus ouvintes trabalharem “não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna” (Jo 6.27). Ele acrescenta que a libertação verdadeira se dá somente aos que “permanecerem em sua palavra” (Jo 8.31). Deus quer que as pessoas compreendam sua vontade (Ef 5.17) e conheçam seus atos e caminhos (Sl 103.7). Quem ama a Deus sente alegria em fazer a vontade divina e tem a garantia da vida eterna. Procure fazer a vontade de Deus ainda que você tenha que abrir mão daquilo que deseja, pois a vontade de Deus para os seus filhos é sempre boa, agradável e perfeita (Rm 12.2).
Pense!
Por qual “comida” você tem trabalhado? A que perece ou a que permanece para a vida eterna?
Ponto Importante
O ímpio tem prazer em satisfazer os desejos carnais, momentâneos, enquanto o salvo tem prazer em fazer a vontade de Deus, que é permanente.
CONCLUSÃO
Nesta primeira lição aprendemos que o mundo jaz no maligno e não deve ser amado e desejado, pois quem assim o faz, o amor de Deus não está nele. Aprendemos também que a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a soberba da vida são frutos de uma cultura materialista, que valoriza as coisas e usa as pessoas. A vida e os seus prazeres são passageiros, mas quem faz a vontade de Deus permanecerá eternamente em comunhão com Deus.
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004.
1. Quais são os três significados da palavra mundo no Novo Testamento?
O mundo físico criado por Deus, o planeta em que vivemos, a humanidade em geral, objeto do amor sacrificial de Deus para a salvação e o sistema dominante que se opõe a Deus.
2. Conforme a Primeira Carta de João, quais as características de quem ama o “mundo”?
As características são: Não conhece a Deus (3.1), é contrário à igreja de Cristo (3.13) e dominada pelo maligno (5.19).
3. Quais os exemplos bíblicos de cobiça dos olhos que trouxeram resultados desastrosos, citados na lição?
A lição cita três exemplos: 1) Adão e Eva — a cobiça dos olhos conduzindo à desobediência (Gn 3.6-7); 2) Acã — a cobiça por uma linda capa babilônica que prejudicou todo o povo (Js 7.20-21); 3) Davi — a cobiça dos olhos que resultou em adultério (2Sm 11—12).
4. Qual a recomendação dada por Jesus após o milagre da multiplicação dos pães?
Jesus, após a multiplicação dos pães, recomenda a seus ouvintes trabalharem “não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna” (Jo 6.27).
5. Segundo a lição, como é a vontade de Deus?
A vontade de Deus para os seus filhos é sempre boa, agradável e perfeita (Rm 12.2).
“[…] É difícil contestar ou dissuadir os próprios discípulos do amor ao mundo. Essas razões são tiradas:
1. Da inconsistência desse amor com o amor de Deus: ‘Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele’ (v.15). O coração do homem é estreito e não pode conter os dois tipos de amor. O mundo afasta o coração de Deus; e, assim, quanto mais o amor do mundo prevalecer, mais o amor de Deus diminuirá e se deteriorará.
2. Da proibição do amor mundano ou da concupiscência; ela não é determinada por Deus: Ela ‘[…] não é do Pai, mas do mundo’ (v.16). Esse amor (ou concupiscência) não é ordenado por Deus (Ele nos chama para nos afastarmos dela), mas se intromete a partir do mundo; o mundo é um usurpador de nossa paixão. Temos aqui uma consideração e noção apropriadas do mundo, de acordo com as quais ele deve ser crucificado e renunciado.
O mundo, fisicamente considerado, é bom e deve ser admirado como obra de Deus e um espelho na qual a sua perfeição brilha, mas deve ser considerado no seu relacionamento conosco agora em nosso estado corrompido e como trabalho em nossa fraqueza e instiga e inflama nossas paixões perversas. Existe uma grande afinidade e aliança entre o mundo e a carne, e este mundo penetra e invade a carne e assim se volta contra Deus” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse. 2ª Edição. RJ: 2010, p.915).
“O motivo pelo qual ‘o mundo’ ouve os oponentes é que eles ‘falam do mundo’ (1Jo 4.5) ou ‘falam a partir do ponto de vista do mundo’. Não provocam a hostilidade do mundo porque esta resulta somente da exibição de seus feitos malignos, quando são revelados pela luz da mensagem de Deus (Jo 7.7; cf. 1Jo 3.12). Os oponentes de João podem ter sido como certos oponentes de Paulo, que foram atraídos ao que era visível e que impressionava (2Co 10.11). Em resposta, Paulo insistiu que os cristãos devem manter seus olhos (espirituais) fixos não no visível, que é apenas temporário, mas no invisível, que é eterno (2Co 4.18). Isto é notavelmente semelhante à linguagem do verso final desta seção: Qualquer coisa associada com o mundo ‘passa’, mas ‘aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre’. A fascinação pelo que é material é grande. Mas somente um louco acumula tesouros na terra, que breve serão perdidos, ao invés de acumulá-los no céu, onde jamais serão perdidos (Mt 6.19-21)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.971).