LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

2º Trimestre de 2019

 

Título: Cobiça e orgulho — Combatendo o desejo da carne, o desejo dos olhos e a soberba da vida

Comentarista: Natalino das Neves

 

 

Lição 4: O uso virtuoso dos bens materiais

Data: 28 de Abril de 2019

 

 

TEXTO DO DIA

 

Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos(1Tm 6.17).

 

SÍNTESE

 

Nosso dinheiro e nossos bens materiais devem ser adquiridos mediante o nosso trabalho honesto.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — 2Ts 3.6-11

Paulo, exemplo de trabalho árduo em prol do Reino

 

 

TERÇA — 1Co 9.6-14

O obreiro é digno de seu salário

 

 

QUARTA — Fp 4.11

Paulo sabia se contentar com o que tinha

 

 

QUINTA — 1Tm 6.17

Os ricos não devem por a esperança nos seus bens

 

 

SEXTA — Tg 5.1-6

O clamor dos oprimidos pelos ricos é ouvido por Deus

 

 

SÁBADO — 1Tm 6.9

Os que querem ser ricos caem em tentações

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • REFLETIR a respeito da importância do crente ter o seu trabalho e o seu próprio sustento;
  • ADVERTIR do perigo de se colocar a confiança na incerteza dos bens materiais e não em Deus.

 

INTERAÇÃO

 

Prezado(a) professor(a), se possível fale a respeito da responsabilidade com as nossas despesas pessoais, pois em nossos dias muitos jovens não estão sendo preparados para assumirem a responsabilidade com o próprio sustento. Muitos também têm o privilégio de viverem em lares abastados, mas nem por isso cuidam de suas despesas e acabam contraindo muitas dívidas. Estes também não são solidários com os mais necessitados ou com a própria igreja. Esta lição é uma boa oportunidade para se trabalhar esse tema com seus alunos.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor(a), para a aula de hoje sugerimos uma dinâmica. Você vai precisar providenciar uma cópia da tabela abaixo, mas somente a coluna da esquerda com os dados referentes ao bom uso do dinheiro. Os alunos vão preencher a segunda coluna. Para a realização desta atividade, reserve alguns minutos no final da aula para o preenchimento e também para que façam algumas considerações. O propósito e revisar o conteúdo aprendido.

 

 

TEXTO BÍBLICO

 

2 Tessalonicenses 3.6-13; 1 Timóteo 6.17-19.

 

2 Tessalonicenses 3

6 — Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que andar desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebeu.

7 — Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós,

8 — nem, de graça, comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós;

9 — não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes.

10 — Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.

11 — Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes, fazendo coisas vãs.

12 — A esses tais, porém, mandamos e exortamos, por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão.

13 — E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.

 

1 Timóteo 6

17 — Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos;

18 — que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis;

19 — que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

A igreja em Tessalônica viveu uma experiência que se repete em muitas igrejas de nossos dias também. Pessoas que, com base em argumentos teológicos, ficam ociosas e vivem na dependência do trabalho de outros membros. Da mesma forma, em Éfeso, outra importante igreja do primeiro século, liderada por um dos principais companheiros do apóstolo, também sofria com esses problemas.

Havia também muitos membros da comunidade que eram ricos e altivos. Esses não exerciam a mordomia com os bens recebidos de Deus, antes eram egoístas. Nesta lição mostraremos que, em ambos os casos, o comportamento inadequado é condenado pelo apóstolo Paulo.

 

I. O CRISTÃO DEVE VIVER COM O SEU PRÓPRIO DINHEIRO, FRUTO DO SEU TRABALHO

 

1. O problema do abandono do trabalho pelos tessalonicenses. Durante a sua segunda viagem missionária, quando Paulo esteve pela primeira vez em Tessalônica, os judeus se levantaram contra a sua mensagem e a sua pessoa. Ele foi obrigado a fugir à noite para Bereia a fim de salvar sua vida (At 17.1-9).

Em Corinto, após reencontrar Timóteo, Paulo o enviou à igreja em Tessalônica a fim de auxiliar aquela igreja e resolver alguns problemas. Timóteo voltou a Corinto com um relato animador, pois os cristãos tessalonicenses mantiveram-se perseverantes na fé e o testemunho deles já havia se espalhado por toda a Macedônia (1Ts 1.8).

Entre o ano 51 e 52 a.C. Paulo escreveu a Primeira Carta para responder a algumas perguntas que certos irmãos haviam enviado por meio de Timóteo. Pouco tempo depois, ele escreveu a Segunda Carta para corrigir alguns mal-entendidos sobre o final dos tempos e rebater falsos ensinos que haviam se infiltrado na igreja. Um deles foi a respeito da volta de Cristo; pois muitos afirmavam que Jesus voltaria por aqueles dias (1Ts 5.2). Esse ensino provavelmente motivou alguns membros da igreja a abandonarem o trabalho e ficar esperando a vinda de Cristo, vivendo na dependência dos outros que continuavam trabalhando. Com o aumento da perseguição aos cristãos, essa crença tomou mais força ainda.

2. Paulo chama a atenção para o seu próprio exemplo (vv.7-9). Paulo, para reforçar o que iria falar na sequência, chama a atenção para o seu próprio exemplo enquanto conviveu com os tessalonicenses. Os gregos e os romanos acreditavam que o trabalho braçal era exclusivo dos escravos, enquanto os judeus consideravam o trabalho uma prova de bom caráter e responsabilidade.

Paulo, enquanto esteve pregando entre os tessalonicenses, trabalhou incansavelmente, dia e noite, afirmando ter chegado ao estado de fadiga. Isso, para não ser pesado a nenhum dos membros da igreja e evitar ser acusado de ganância ou de ser aproveitador. Uma das ocupações dele era fazer tendas, serviço realizado em algumas ocasiões enquanto fazia missões (At 18.1-3). O apóstolo afirma que pelo seu trabalho missionário teria autoridade para ser sustentado, entretanto ele não fez uso desse direito (1Co 9.6-14; Gl 6.6; 1Tm 5.17,18). Provavelmente, ele percebeu o comportamento de alguns membros que tinham por hábito aproveitar-se da boa vontade de trabalhadores responsáveis, como acontece ainda hoje em vários lugares. O comportamento do apóstolo mostrou que a ociosidade é prejudicial ao Reino de Deus. Dessa forma, o que restava aos ociosos era utilizar de argumentos para tentar justificar suas atitudes e provocar desordem entre os tessalonicenses.

3. A ociosidade dos tessalonicenses é condenada (vv.10-13). Na Primeira Carta, Paulo já havia exortado os tessalonicenses a trabalhar (1Ts 4.11,12), mas parece que suas recomendações não surtiram efeito entre os desobedientes e acomodados. Assim, ele fala com autoridade e orienta a comunidade a disciplinar tais membros. No versículo 6 Paulo repete uma palavra potente, “mandamo-vos”, utilizada em outros momentos também (1Ts 4.11; 2Ts 3.4,6,10,12). Essa palavra tem referência a uma ordem militar de execução obrigatória, se não obedecida receberia pena de traição. A ordem é para se afastar das pessoas ociosas. Paulo afirma que aqueles que não estavam dispostos a trabalhar que não comessem também. A ociosidade gera desordem e divisão na comunidade. Paulo é enfático e rigoroso com os desocupados: “[…] mandamos e exortamos, por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão”. Fica evidenciada a seriedade do assunto. As últimas palavras de Paulo na sua Segunda Carta aos Tessalonicenses demonstram que a preparação para a volta de Jesus deve ser feita com trabalho. O crente deve estar ocupado e comprometido em ajudar os necessitados enquanto espera o Dia do Senhor.

 

 

Pense!

 

Você tem condições para trabalhar e participar financeiramente nas despesas da sua família ou deixa tudo por conta dos seus pais?

 

 

Ponto Importante

 

As pessoas mal-intencionadas procuram sempre uma oportunidade para viver na ociosidade.

 

 

II. O CRISTÃO NÃO DEVE COLOCAR SUA ESPERANÇA NA INCERTEZA DAS RIQUEZAS, MAS EM DEUS

 

1. O cuidado com o desejo de acumular riquezas (1Tm 6.9-11). Aqueles que querem ficar ricos dedicam toda a sua força e atenção para atingir esse objetivo. Por isso, caem em tentação e ciladas (v.9). Há um ditado popular que afirma: “Uma coisa puxa outra”, ou seja, a busca desenfreada por riquezas conduz à queda espiritual e moral. No versículo 10, Paulo deixa claro que o mal não está no dinheiro em si, mas na cobiça e nos meios usados para adquiri-lo. O apóstolo Paulo mostra que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males e que muitos da própria igreja, ao se alimentarem desta cobiça, se desviaram da fé. Ele acrescenta que os gananciosos são atormentados com muitas dores.

Como crentes, devemos fazer um bom uso do nosso dinheiro e bens, investindo na eternidade, utilizando os bens para socorrer os necessitados e na evangelização. Timóteo é advertido para que ensine os membros da igreja a respeito do dinheiro, a fim de que eles não sejam arrastados pela torpe ganância. A intenção é o livramento do pecado e da consequente perda da salvação.

2. O rico altivo não entrará no reino de Deus (1Tm 6. 17). A condição social e financeira de uma pessoa não é o determinante para a vida eterna com Deus. Paulo adverte aos ricos para não serem altivos de coração e para não colocarem sua confiança na incerteza das riquezas. Um grande número de pessoas vê no acúmulo de riqueza um sinal da bênção divina, mas este é um grande equívoco. Infelizmente muitos pais trabalham com tanta obstinação, por longos anos de suas vidas, em busca de acumular bens materiais para dar segurança para suas famílias, e acabam colocando a própria família em segundo plano. Alguns destes, quando alcançam seus objetivos, percebem que perderam sua família por falta de atenção e cuidado.

Tiago também advertiu os membros ricos de sua igreja para clamarem e chorarem pela miséria que passariam, pois o clamor das pessoas exploradas por eles haviam chegado diante de Deus e serviriam para a condenação deles (Tg 5.1-6).

3. O cristão deve depositar suas esperanças em Deus e usar o dinheiro para o bem (1Tm 6.17). A recomendação de Paulo aos ricos serve para todos os crentes, pois precisamos reconhecer Deus como a fonte de todos os bens e cuidar deles como mordomos. Os ricos são encorajados a praticar o bem por meio de obras de generosidade e solidariedade. As bênçãos materiais recebidas de Deus devem ser desfrutadas e usadas, não para uma vida inútil e egocêntrica, mas para uma vida produtiva e para o avanço do Reino de Deus.

O Senhor Jesus, em Mateus 6.19-21, adverte quanto ao entesourar ou acumular bens no céu. Como discípulos de Jesus, precisamos aprender a acumular tesouros com sólidos fundamentos para serem desfrutados no céu. Precisamos ter cuidado, pois é possível ser rico neste mundo e não ser rico diante de Deus (Lc 12.13-21). Usemos nossos bens de forma sábia e para a glória de Deus, pois Ele deseja que desfrutemos de uma vida plena aqui e também no céu.

 

 

Pense!

 

Você tem depositado sua esperança na incerteza das riquezas ou na fonte de tudo, que é Deus?

 

 

Ponto Importante

 

Use os bens materiais de forma sábia, contribuindo para a expansão do Reino de Deus.

 

 

CONCLUSÃO

 

Na lição de hoje, aprendemos que precisamos depositar nossa esperança em Deus, que é soberano e fiel, e não na incerteza das riquezas, pois elas são perecíveis e podem ser tiradas a qualquer momento. Que esse aprendizado nos aproxime mais de Deus e de nossos irmãos.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 3ª Edição. RJ: CPAD, 2008.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. Quem Paulo enviou à igreja em Tessalônica para auxiliar a igreja e resolver problemas?

O jovem Timóteo.

 

2. O que levou alguns irmãos de Tessalônica a abandonarem o trabalho?

O fato de que muitos afirmavam que Jesus voltaria por aqueles dias (1Ts 5.2).

 

3. Em que os gregos e os romanos acreditavam a respeito do trabalho braçal?

Os gregos e os romanos acreditavam que o trabalho braçal era exclusivo dos escravos, enquanto os judeus consideravam o trabalho uma prova de bom caráter e responsabilidade.

 

4. Qual era a ocupação de Paulo?

Ele fabricava tendas.

 

5. Qual a recomendação dada aos ricos em 1 Timóteo 6.17, que serve para todas as pessoas?

Paulo adverte aos ricos para não serem altivos e não colocarem sua confiança na incerteza das riquezas.

 

SUBSÍDIO I

 

“Sem dúvida alguma, falando de nossos semelhantes, Paulo é o melhor exemplo do trabalho ético no Novo Testamento. Ele escolheu trabalhar com as próprias mãos em vez de aceitar o apoio financeiro dos crentes, para que pudesse tornar o evangelho gratuito para todos, e para que ele mesmo pudesse dar um exemplo. A ociosidade e a dependência dos outros não é uma prática cristã. Os cristãos devem aceitar a responsabilidade de ganhar seu próprio sustento, e devem ganhar dinheiro para compartilhar com aqueles que são verdadeiramente necessitados. Em um sentido especial, o Novo Testamento vê o trabalho não como um fim em si mesmo, mas, antes, como uma oportunidade que os cristãos têm para dar um exemplo do comportamento correto, como uma oportunidade de servir diretamente de modo que o nosso trabalho beneficie outros, e como uma oportunidade de servir indiretamente compartilhando recursos extras com aqueles que estão necessitados. Contra este pano de fundo podemos entender melhor a insistência de Paulo para que aqueles que se tornaram ociosos em Tessalônica endireitassem seus caminhos. Outros cristãos deveriam para de permitir que estes fossem ociosos, pois estavam até mesmo fornecendo o alimento de que precisavam para atender às suas necessidades básicas” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 3ª Edição. RJ: CPAD, 2008, p.466).

 

SUBSÍDIO II

 

“Os sermões normalmente tratam da mordomia e das ofertas monetárias, como deve ocorrer. O pastor que dispensa a pregação sobre a mordomia cristã está enfraquecendo o ensino de Jesus. Entretanto, as Igrejas e as pessoas raramente, na verdade, debatem ou prestam contas à comunidade acerca das decisões que tomam sobre o uso responsável, e baseado nos valores do Reino, que fazem de seus bens. Este tipo de debate levaria à redução do acúmulo de bens e a uma diminuição do consumismo, modificaria a forma como entendemos e alcançamos a segurança, como capacitamos vários ministérios e a forma como contribuímos para aliviar a situação dos pobres. As decisões econômicas não são simples, mas a Igreja, além de encabeçá-las, deveria também demonstrar, pelo uso que faz do dinheiro, a realidade do evangelho pelo qual ela vive. Novamente, o tema das ‘obras de justificação’ podem querer vir à tona, mas isto somente ocorre quando distorcemos os temas da fé e da obediência. No ensino de Jesus, a obediência à vontade do Pai é digna de aprovação por parte dEle e determina o nosso destino eterno. A ideia da fé sem este tipo de obediência é um contra-senso” (SNODGRASS, Klyne. Compreendendo Todas as Parábolas de Jesus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2017, p.587).