Título: Cobiça e orgulho — Combatendo o desejo da carne, o desejo dos olhos e a soberba da vida
Comentarista: Natalino das Neves
Lição 11: Orgulho e inveja
Data: 16 de Junho de 2019
“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18).
Uma vida simples, humilde e em paz é melhor do que uma vida de poder e prosperidade alimentada pelo orgulho e pela inveja.
SEGUNDA — Pv 6.16,17
A altivez aborrece ao Senhor
TERÇA — Tg 4.6
Deus dá graça aos humildes
QUARTA — Ez 28.15-17
A soberba e a queda de Lúcifer
QUINTA — At 12.23
A soberba de Herodes
SEXTA — At 7.9
A inveja dos irmãos de José
SÁBADO — Dn 4.25
A soberba de Nabucodonosor e o seu castigo
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
A história demonstra que muitas pessoas tentaram destruir o próximo por inveja, orgulho e desejo desenfreado de poder. Até entre os discípulos houve momentos de conflitos para saber quem era o maior, mas Jesus os ensinou o caminho da humildade e do serviço. Maior é aquele que serve e não aquele que se vangloria e vive em busca de poder. Na igreja da atualidade não é diferente, muitas pessoas devido o orgulho, a inveja e a sede pelo poder tem destruído vidas, ministérios e provocado divisões. Professor(a), ao final da lição convide os jovens para uma análise pessoal a respeito da influência destes sentimentos destrutivos em suas vidas e conclua com uma oração pedindo o auxílio e a sabedoria do Espírito Santo para lidar com esses sentimentos.
Professor(a), para o segundo tópico da lição sugerimos que utilize a ilustração da cobra e do vaga-lume: Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um vaga-lume que só vivia a brilhar. Ele fugia rápido com medo da feroz predadora que nem pensava em desistir. Fugiu um dia, dois dias e nada… Ela não desistia. No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à cobra:
— Posso te fazer três perguntas?
— Não costumo abrir esse procedente para ninguém, mas já que vou te comer mesmo pode perguntar.
— Pertenço a sua cadeia alimentar?
— Não!
— Te fiz alguma coisa?
— Não!
— Então por que você quer me comer?
— Porque não suporto ver você brilhar.
Após contar a ilustração, abra um espaço para que os alunos façam suas considerações.
Provérbios 16.16-20; Gênesis 4.1-7.
Provérbios 16
16 — Quanto melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! E quanto mais excelente, adquirir a prudência do que a prata!
17 — O alto caminho dos retos é desviar-se do mal; o que guarda o seu caminho preserva a sua alma.
18 — A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.
19 — Melhor é ser humilde de espírito com os mansos do que repartir o despojo com os soberbos.
20 — O que atenta prudentemente para a palavra achará o bem, e o que confia no SENHOR será bem-aventurado.
Gênesis 4
1 — E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu, e teve a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um varão.
2 — E teve mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.
3 — E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.
4 — E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta.
5 — Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.
6 — E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?
7 — Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás.
INTRODUÇÃO
O orgulho e a inveja são dois temas diretamente relacionados ao poder. Provérbios, um dos livros sapienciais ou de sabedoria, aborda o perigo da opção de uma vida orgulhosa e individualista. O poeta recomenda privilegiar uma vida simples e humilde.
I. O PODER DESTRUTIVO DO ORGULHO
1. A sabedoria é o antídoto contra o orgulho (vv.16,17). O ser humano, por natureza, é um ser inteligente, mas nem todos aplicam com eficácia a sua inteligência que, geralmente pode ser confundida com sabedoria. No livro de Provérbios, a sabedoria é vista como um antídoto contra o orgulho. Por isso, é algo que deve ser buscado com todo o ânimo (v.16). Quem a encontra, sempre agirá com humildade (Pv 11.2). Assim, ser sábio é aplicar o conhecimento de forma humilde e adequada. O orgulhoso é desprovido de lucidez e bom senso, pois está pronto a fazer o mal se os seus interesses forem colocados em risco (Pv 6.17,18). Ele não consegue se controlar quando é confrontado, pois é inseguro, inflexível e até mesmo ingênuo. Dessa forma, torna-se uma pessoa não confiável, podendo colocar todo um projeto em risco. A pessoa orgulhosa busca o poder para se proteger de sua insegurança, logo não é a pessoa certa para um serviço de responsabilidade. No livro de Provérbios, o temor do Senhor é apontado como o princípio da sabedoria (Pv 1.7). Quem teme ao Senhor é humilde e o seu trabalho é realizado para a glória de Deus e para o bem do próximo.
2. O orgulho precede a ruína (vv.18,19). A pessoa orgulhosa é desprovida de sabedoria, por isso leva uma vida de prepotência e arrogância. Em geral, o altivo usa as pessoas como se fossem objetos em seu benefício e para a manutenção do poder (Pv 16.19). Muitas vezes o orgulho pode estar disfarçado de boas intenções, pois muitos ajudam o outro de forma condicional, com a intenção de receber algo em troca e ser aprovado. Os orgulhosos vivem uma vida de insegurança constante, sempre com medo de perder o poder. Por isso não dormem enquanto não maquinarem o que fazer para se manter no controle (Pv 4.16).
O livro de Provérbios recomenda uma vida simples e humilde, construída por meio da integridade e da justiça (Pv 28.11). As pessoas que alcançam a excelência na vida são aquelas que conseguem extrair o melhor das coisas simples. Já os soberbos, que pensam desfrutar o melhor da vida, terminam em uma existência sem paz.
3. A sabedoria da Palavra dá sentido à vida e produz bem-aventurança (v.20). O acesso à educação na antiguidade era para poucos privilegiados. No entanto, na época da organização tribal, em que os clãs tinham prioridade, a sabedoria popular era algo compartilhado no ambiente familiar (Pv 4.1-5). O conselho nos ambientes urbanos ou a sabedoria dos anciões nos lugarejos constituíam outro contexto de compartilhamento de sabedoria. A sabedoria era uma das três principais fontes de revelação divina (Jr 18.18). A poesia hebraica tinha um papel na literatura e crença de Israel. Assim, mesmo aqueles que não tinham acesso ao texto escrito aprendiam aos pés dos propagadores da tradição oral, quer em casa, quer na rua ou na prática litúrgica, eram moldados pela sabedoria da Palavra. Quem busca a sabedoria viverá em segurança. Por isso, buscar o conhecimento do texto bíblico é importante, mas o maior aprendizado é a sabedoria de praticar a Palavra. Jovem, aproveite todas as oportunidades para adquirir a verdadeira sabedoria e ser feliz.
Pense!
Você tem buscado a sabedoria que vem de Deus ou buscado um estilo de vida que privilegia o poder e o orgulho?
Ponto Importante
Segundo a Palavra de Deus, uma vida de poder, luxo e prosperidade obtida com base na arrogância e humilhação das pessoas não terá um final feliz.
II. O PODER DESTRUTIVO DA INVEJA (Gn 4.1-7)
1. Inveja, uma das paixões da natureza humana. O tema inveja foi estudado por diversos pensadores. Entre eles, podemos citar o famoso filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), o poeta romano, Ovídio (43 a.C. em 17 ou 18 d.C.), o político e filósofo, Francis Bacon (1561-1626) e o médico neurologista e criador da psicanálise, Sigmund S. Freud (1856-1939), entre outros.
A palavra “inveja” é formada pelos étimos latinos in (dentro de) + videre (olhar), que indicam um olhar maléfico que penetra no outro de forma destrutiva. O invejoso vive em função do que o outro tem. Não importa que ele não tenha o objeto desejado desde que o outro também não possua. A inveja é tida como uma paixão humana que interfere no julgamento do indivíduo, causando-lhe um peso diante do sucesso dos outros. Esse sentimento terrível, que faz parte da velha natureza, está presente no mundo desde os primeiros seres humanos.
2. Caim se entristece com a aprovação de Abel. Em Gênesis 4, é relatado o nascimento dos filhos do primeiro casal. A ênfase do texto é dada para o primogênito, Caim. A alegria de Eva, a mãe de todos os viventes, deve ter sido grande. Caim, por ser o primogênito, deveria ter uma posição de destaque e respeito. A chegada do segundo filho exigiu naturalmente que o primogênito reorganizasse seu espaço e sua maneira de pensar, considerando a presença do mais novo. O episódio da oferta de sacrifício dos irmãos a Deus provavelmente foi o ápice dos conflitos. Caim desejava ter a aprovação divina obtida por Abel, uma legitimação de poder, uma vez que demonstraria a sua intimidade com Deus. Nesse caso, a inveja ocupa o lugar do desejo. Para o invejoso, o fato de não ter o objeto desejado pode resultar em morte natural ou espiritual. Caim, ressentido, se revolta contra o irmão que conquistara o lugar desejado por ele.
3. Deus olha a motivação e atitude do ofertante. Quando Caim e Abel se posicionaram para oferecer os sacrifícios a Deus, eles estavam em condições de igualdade e de potencial rivalidade por buscarem o mesmo objetivo, a aprovação divina de suas ofertas. Quando um alcança e o outro não, fica evidente a rivalidade. As duas ofertas estão previstas na lei dos israelitas: os primogênitos do rebanho e o melhor das primícias da terra (Êx 34.19,20,22,26). No entanto, Caim estava ciente de que não havia alcançado o favor de Deus e que seu irmão sim. O texto afirma que “atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta” (Gn 4.3). Deus não estava atento para o valor do sacrifício, mas para a motivação e o coração dos ofertantes. Ele conhecia o bom coração de Abel e a raiz de maldade que já estava plantada no coração de Caim. O Novo Testamento também deixa claro como Deus observa a fé e a atitude justa de Abel em contrapartida ao comportamento maligno de Caim (Hb 11.4; 1Jo 3.12).
4. Caim teve tempo de tratar o sentimento de inveja (vv.6,7). A narrativa da rivalidade entre os irmãos Caim e Abel nos revela que o primeiro homicídio do planeta ocorreu entre dois irmãos e foi motivado pela inveja e competição egoísta. Demonstra, ainda, que Deus não interrompe o diálogo com Caim. Ele o recorda de sua liberdade frente ao mal e ao bem. Um alerta de que o ser humano não está predestinado ao mal, mas à livre escolha. O homicídio poderia ser evitado se o primogênito, ciente do perigo da inveja que o assediava, se dedicasse a controlar seus sentimentos e emoções.
Antes de Caim assassinar Abel, Deus o alerta a respeito da maldade que estava em seu coração. Ele teve a oportunidade de refletir a respeito do estado do seu coração e corrigir seu comportamento. As perguntas que o Senhor dirigiu a Caim eram bem reflexivas: “Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?”. Se queremos tratar e extirpar da nossa alma a inveja e a maldade não podemos ignorá-la.
Tiago adverte a respeito do engodo da concupiscência como um processo que se forma no interior das pessoas, podendo ser interrompido se o cristão não se deixar levar pelos desejos e paixões (Tg 1.14,15). Infelizmente, Caim optou por dar vazão ao seu impulso invejoso e entrou para a história como o homem que cometeu o primeiro homicídio. A maldade de Caim fica evidente no fato dele ter premeditado a morte do irmão, pois em seu coração já o havia assassinado. O exemplo de Caim é o retrato de muitos, que embora conheçam a Deus, e até queiram servi-lo com suas ofertas, não permitem que Jesus os transforme e arranque do coração a velha natureza.
Pense!
Você tem inveja de alguém? Trate esse sentimento e peça para Deus arrancá-lo de seu coração.
Ponto Importante
Não ignore a inveja, pois ela pode levá-lo à morte espiritual.
CONCLUSÃO
Na lição de hoje aprendemos que o orgulho precede a ruína e afasta o crente da presença de Deus. Alimentar sentimentos destrutivos e invejosos resulta na morte espiritual do cristão. Peça a Deus que Ele lhe conceda um coração puro, humilde e quebrantado.
WILKERSON, Rich Jr. Amigo de Pecadores: Porque Jesus se Importa mais com Relacionamentos do que com Perfeição. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2018.
1. Segundo a lição, qual o antídoto contra o orgulho?
A sabedoria é o antídoto contra o orgulho.
2. De acordo com a lição, a pessoa orgulhosa é desprovida de quê?
O orgulhoso é desprovido de lucidez e bom senso, pois está pronto a fazer o mal se os seus interesses forem colocados em risco (Pv 6.17,18).
3. O conhecimento e a sabedoria popular eram compartilhados em que ambiente?
Na época da organização tribal, em que os clãs tinham prioridade, a sabedoria popular era algo compartilhado no ambiente familiar (Pv 4.1-5).
4. Defina “inveja”.
A inveja é tida como uma paixão humana que interfere no julgamento do indivíduo, causando-lhe um peso diante do sucesso dos outros.
5. Com suas próprias palavras defina “orgulho”.
O orgulho é a ausência de lucidez e de bom senso.
“A soberba precede a ruína
O orgulho é uma ofensa séria no livro de Provérbios. Ver 11.2; 13.10; ver sobre olhos altivos, em 14.3. Os versículos 18-19 deste capítulo discutem sobre o orgulho, a humildade e os desastres, adicionando algo mais ao estoque de declarações sobre a sabedoria. Naturalmente, o versículo 18 é uma das declarações mais familiares e mais empregadas. O orgulho é personificado. Estamos diante de um homem arrogante, que se pavoneia por onde passa, dominando outras pessoas, buscando com quem brigar, mas então de súbito, ele sucumbe. O homem orgulhoso tropeça em um obstáculo e cai numa cova. Ele é como o animal que um caçador, finalmente, apanha em sua armadilha. Sua queda é fatal. O caçador o apanha, e uma seta atravessa-lhe o coração. A segunda linha métrica provê o pensamento que fornece o paralelo sinônimo. Na primeira métrica, o orgulho se projeta; na segunda, os dias de projeção terminaram, pois o homem orgulhoso cai. O indivíduo que vive de cabeça levantada, olha sobranceiramente, e não para onde está indo, não vê aquilo em que tropeça, e cai. Outrossim, quanto mais elevada é a pessoa, maior é a sua queda… esse foi o caso de Nabucodonosor (Dn 4.30,31)” (CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado, Versículo por Versículo. 1ª Edição. Volume 4. RJ: HAGNOS/CPAD, 2001, pp.2619,2620).