LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

3º Trimestre de 2019

 

Título: A razão da nossa esperança — Alegria, crescimento e firmeza nas cartas de Pedro

Comentarista: Valmir Nascimento

 

 

Lição 11: Alerta contra os falsos mestres e suas heresias

Data: 15 de setembro de 2019

 

 

TEXTO DO DIA

 

E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição(2Pe 2.1).

 

SÍNTESE

 

A Igreja deve estar sempre alerta contra os falsos mestres, pois estes se infiltram no meio dos crentes e disseminam heresias destruidoras.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — Mt 7.15

Jesus adverte sobre os falsos profetas

 

 

TERÇA — Tt 2.1

Falando o que convém à sã doutrina

 

 

QUARTA — Gl 5.19-22

Heresia, obra da carne

 

 

QUINTA — Mt 24.11

O surgimento dos falsos profetas

 

 

SEXTA — Ap 21.8

A condenação dos mentirosos

 

 

SÁBADO — Mt 7.23

Apartai-vos de mim

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • APRESENTAR o perfil dos falsos mestres e suas heresias;
  • COMPREENDER as características dos falsos mestres;
  • REFLETIR a respeito do julgamento dos impostores da fé.

 

INTERAÇÃO

 

Tendo falado no capítulo 1 a respeito da Palavra revelada e inspirada de Deus, instando os crentes a se manterem firmes nela, no capítulo 2 Pedro expõe acerca dos perigos dos falsos ensinos. Assim como houve no Antigo Testamento profetas que falaram guiados pelo Espírito Santo, também houve entre o povo os falsos profetas, homens que falavam segundo os seus próprios interesses. A intenção do apóstolo, portanto, era advertir a comunidade cristã acerca dos impostores que estavam a disseminar doutrinas enganosas entre os crentes, verdadeiras heresias de perdição. Se na Primeira Carta os cristãos deveriam estar preparados para os desafios externos, na segunda a mensagem é que os crentes precisam estar prontos e precavidos contra os inimigos internos, que se infiltram dentro da Igreja e sorrateiramente torcem a verdade das Escrituras. Assim, nesta lição, estudaremos as principais características dos falsos mestres, suas heresias, motivações e, sobretudo, a certeza do seu julgamento.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Estimado(a) educador(a), existe uma grande harmonia entre 2 Pedro e a Carta de Judas. Nesta lição, utilize o esquema abaixo para identificar as características dos falsos mestres presentes em ambas as epístolas:

 

 

TEXTO BÍBLICO

 

2 Pedro 2.1-9.

 

1 — E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.

2 — E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade;

3 — e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.

4 — Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo;

5 — e não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios;

6 — e condenou à subversão as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente;

7 — e livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis

8 — (porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma justa, pelo que via e ouvia sobre as suas obras injustas).

9 — Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos e reservar os injustos para o Dia de Juízo, para serem castigados.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Depois de ensinar e aconselhar os cristãos sobre várias doutrinas, Pedro adverte agora a respeito dos impostores religiosos. Com coragem digna de um apóstolo do Senhor, Pedro não fica indiferente em relação àqueles que estavam espalhando o engano dentro da comunidade de crentes. Com o Mestre, ele entendeu a importância de se precaver dos lobos vestidos em peles de ovelhas, e agora está disposto a denunciar esse mal dentro da Igreja. Isso porque, além de ensinar a verdade, o líder cristão tem também a nobre missão de confrontar a mentira e a falsidade, falando o que convém à sã doutrina (Tt 2.1).

 

I. OS FALSOS MESTRES E SUAS HERESIAS

 

1. A falsidade religiosa. No seu início e nas décadas seguintes, a Igreja foi ameaçada pelos judaizantes, que queriam impor a lei mosaica e seus ritos sobre os cristãos. Estes mestres alteravam o cerne do Evangelho, colocando a Lei como complemento da obra de Jesus no Calvário, razão pela qual o apóstolo Paulo os censurou gravemente (Gl 1.8,9). Tempos depois, o Cristianismo passou a ser ameaçado pelos falsos doutores (gr. pseudodidaskalos), também chamados falsos mestres ou professores, que tentavam introduzir nas doutrinas cristãs conceitos das filosofias pagãs, induzindo o povo à prática da imoralidade. É dentro desse contexto que Pedro escreve a sua Segunda Epístola, cujo teor é bem parecido com a Carta de Judas. Ambas advertem sobre as principais características dos falsos mestres, suas heresias, motivações e a certeza do julgamento divino sobre eles.

2. Os falsos mestres. Os leitores da carta estavam habituados com as histórias dos falsos profetas de Israel. Em diversas ocasiões, os israelitas desviaram-se da verdade por dar ouvidos aos mensageiros enganosos. Assim, da mesma maneira que houve falsos profetas no passado (Jr 6.14; 14.14; Ez 13.16), estava havendo entre o povo mestres fraudulentos. Os tempos mudam, mas o Diabo, o pai da mentira, encontra novas maneiras de enganar o povo. Enquanto os falsos profetas supostamente falavam sob a direção de Deus, os falsos mestres distorcem as Escrituras e os falsos profetas inventam revelações. Eles adulteram a verdade de Deus.

3. As heresias. De acordo com texto bíblico, os falsos profetas introduzem encobertamente heresias de perdição. No original grego, embora a palavra heresia (haeresis) tenha o sentido estrito de “fazer uma escolha”, no Novo Testamento ela denota uma escolha deliberada de rejeitar o verdadeiro ensino cristão, dando origem a doutrinas heréticas e movimentos sectários (1Co 11.19; Gl 5.20). Considerando o perigo que representam à fé cristã em geral e ao crente em particular, Pedro diz que são heresias de perdição, isto é, ensinamentos que destroem princípios éticos e doutrinários. Vale atentar para a forma como os falsos mestres procedem. Utilizando a dissimulação eles introduzem suas heresias encobertamente na Igreja. Quase nunca confrontam abertamente a ortodoxia bíblica. Em vez disso, de maneira secreta, sorrateira, desprezam doutrinas elementares da fé, a exemplo da inerrância e inspiração das Escrituras, e adotam métodos hermenêuticos espúrios.

4. Negam ao Senhor que os resgatou. Uma das principais maneiras de identificar uma heresia é observar se o seu ensino subtrai a divindade de Cristo, diminuindo seu poder e autoridade. Isso é o que Pedro quer dizer quando afirma que os falsos mestres “negarão o Senhor que os resgatou”. Eles afirmavam que Jesus não poderia ser Deus e que a sua obra vicária não tinha valor. Uma clara evidência da falsidade de um ensino é tratar Jesus somente como um grande ensinador ou mestre moral, e rejeitar a sua deidade. Jesus tinha total convicção de sua autoridade. Ele disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). E depois da sua ressurreição dos mortos afirmou: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18). Cristo não era um simples sábio, um mero homem de moral elevada ou somente um profeta. Ele era e é o Filho Unigênito de Deus (Jo 3.16), enviado com o propósito de proporcionar redenção ao homem.

 

 

II. CARACTERÍSTICAS DOS FALSOS MESTRES

 

1. Fazem seguidores. Lamentavelmente, os impostores da fé sempre alcançam êxito na tarefa de arrebanhar ouvintes e seguidores, geralmente pessoas incautas que são levadas por qualquer vento de doutrina (Ef 4.14). O ser humano possui um anseio inato por Deus, pois foi criado como um ser espiritual. Todavia, diante da sua condição caída e pecadora, acaba substituíndo o Deus verdadeiro e a sua Palavra por ídolos construídos por ele próprio, a exemplo do episódio do bezerro de ouro (Êx 32). A tática dos falsos mestres é idêntica àquela utilizada pelo falsos profetas: falar o que o povo quer ouvir (Jr 5.31; 29.8; Mq 2.11). Em razão disso, Pedro afirma que muitos seguem as suas práticas libertinas (v.2 — ARA). Tal se deve porque enganadores religiosos não propagam somente falsas doutrinas, mas também falsas condutas. Ao distorcerem a Palavra de Deus, como fez a serpente no Éden, levam os seus seguidores à libertinagem e às práticas imorais, denegrindo o Evangelho diante do mundo.

2. Defendem o antinomismo. A advertência apostólica contra os ensinos que conduziam à imoralidade era crucial naquele momento. Além do gnosticismo, a comunidade cristã também padecia com os ensinos heréticos dos antinomistas. Estes apregoavam a desnecessidade dos crentes seguirem princípios éticos, ao argumento de que os preceitos morais da Lei de Deus não teriam mais validade após a morte de Cristo. Para os falsos mestres, não há qualquer problema em ser crente e ao mesmo tempo viver deliberadamente no pecado. “Jesus só quer o coração” é a frase que melhor resume este ensinamento insidioso. Esta mentira satânica enganou muitas pessoas naquele tempo e continua a seduzir muitos crentes, inclusive jovens, nos dias de hoje. Paulo combateu aqueles que achavam que, por causa da graça de Deus, podiam continuar numa vida dissoluta (Rm 6.1-4). A graça divina não justifica a continuidade no pecado!

Como consequência dos falsos ensinos e suas práticas, Pedro enfatiza que o caminho da verdade é blasfemado. Ou seja, ao deturpar o Evangelho, os impostores trazem escândalo à Igreja e envergonham o nome de Cristo.

3. Buscam lucro e proveito próprio. Outra marca dos falsos mestres é a busca do lucro financeiro por meio da fé. Movidos pela avareza, eles tratam os seus seguidores como mercadorias, fazendo deles negócio com palavras fingidas. Certamente, como ensina Lawrence Richards, “não devemos nos precipitar e considerar alguém como um ‘falso mestre’ com base na sua renda financeira. A questão aqui é a motivação e a exploração financeira”. Exploradores da fé não amam as pessoas, amam o dinheiro. Eles não estão preocupados com o crescimento espiritual dos crentes, e sim com o próprio benefício financeiro. Judas diz que eles são pastores que “apascentam a si mesmos” (v.12). Naquela época, muitos desses falsários espirituais cobravam para realizar suas práticas religiosas. Em nossos dias não é diferente. Em muitos casos, há quem use o ministério cristão com propósitos egoístas, com os olhos voltados para o lucro financeiro. Que Deus nos dê sabedoria para discernir entre o falso e o verdadeiro, entre aqueles que servem a Deus e aqueles que servem ao seus interesses pessoais dentro da igreja!

 

 

III. O JULGAMENTO DOS IMPOSTORES DA FÉ

 

1. Uma sentença decretada. Pedro finaliza o verso 3 dando um alento aos fiéis que clamam por justiça. O tempo dos falsos mestres está terminando; o destino deles é certo: a condenação final. Ninguém poderá livrá-los da sentença do Justo Juiz, porquanto hão de pagar o preço pelos seus falsos ensinamentos e pelas vidas que desviaram da verdade. Em sua Palavra, Deus sempre deu a conhecer a sentença sobre os impostores religiosos (Ap 21.8). No Julgamento Final, nem mesmo o fato de dizerem que profetizaram, expulsaram demônios ou fizeram maravilhas no nome de Deus será suficiente para livrá-los. Jesus lhes dirá: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.23).

2. O Deus de justiça. O apóstolo comprova a certeza da severa condenação divina com base em três condenações anteriores: a rebelião angelical, a geração pré-diluviana e as cidades de Sodoma e Gomorra: “(…) se Deus condenou os anjos que pecaram lançando-os no inferno; se Deus condenou o mundo antigo destruindo-o pelo dilúvio, e se Deus condenou as cidades da planície reduzindo-as a cinzas, então é absolutamente certo que os falsos mestres também receberão a sua condenação” (Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento). Esta passagem enaltece a justiça e a imparcialidade de Deus. Ele é amor, mas é também justiça (Sl 50.6). De modo claro, essa passagem das Escrituras confronta os falsos ensinos que negam a ideia do inferno e da punição eterna para os pecadores. Nesse sentido, o universalismo — linha teológica que afirma que todos os homens estão destinados à salvação eterna — não encontra qualquer respaldo no texto sagrado.

3. O livramento dos justos. Pedro contrasta a condenação dos ímpios com o livramento dos justos. Ele recorda que Deus guardou a Noé e sua família, e livrou a Ló. Evidentemente, isso é uma prova do favor divino em benefício dos pecadores arrependidos. O perdão de Deus está disponível àqueles que abandonam o pecado e passam a viver inteiramente para Ele, mediante a graça. Por essa razão, não é possível conceber a ideia segundo a qual a salvação é uma ação divina incondicional, sem a necessária correspondência por parte do homem. A condição da salvação é estar em Cristo, permanecendo fiel à sua Palavra. Isso pressupõe fé e arrependimento dos pecados.

 

 

Pense!

 

A falsidade não ficará impune. Um dia, os falsos mestres serão destruídos.

 

 

Ponto Importante

 

O tempo dos falsos mestres está terminando; o destino deles é certo: a condenação final.

 

 

CONCLUSÃO

 

Desde a Queda do primeiro casal, as mentiras de Satanás e as heresias provindas das obras da carne (Gl 5.20) tentam afastar os homens da verdade de Deus, por meio da sedução e do engano. Como vimos, nesta Segunda Epístola, Pedro adverte aos crentes sobre os perigos dos falsos mestres e seus ensinos heréticos, os quais distorcem as doutrinas bíblicas e conduzem as pessoas a um padrão de vida imoral. A mensagem do apóstolo Pedro ecoa com grande intensidade para a igreja contemporânea, num tempo de falsa tolerância e pluralismo religioso, que tenta a todo custo colocar Jesus ao lado de outro deuses e transmitir a ideia de que todos os caminhos conduzem a Deus. Todavia, a verdade nunca se confunde com a mentira!

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

LUTZER, Erwin E. Cristo entre Outros Deuses. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2000.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. Segundo a lição, qual o sentido da palavra heresia, e o que ela denota no Novo Testamento?

No original grego, embora a palavra heresia (haeresis) tenha o sentido estrito de “fazer uma escolha”, no Novo Testamento ela denota uma escolha deliberada de rejeitar o verdadeiro ensino cristão, dando origem a doutrinas heréticas e movimentos sectários (1Co 11.19; Gl 5.20).

 

2. Qual a principal tática dos falsos mestres, que também era utilizada pelos falsos profetas?

Falar o que o povo quer ouvir.

 

3. O que apregoavam os antinomistas?

Estes apregoavam a desnecessidade dos crentes seguirem princípios éticos, ao argumento de que os preceitos morais da Lei de Deus não teriam mais validade após a morte de Cristo.

 

4. Conforme a lição, qual o destino dos falsos mestres?

A condenação final.

 

5. O apóstolo comprova a certeza da severa condenação divina com base em três condenações anteriores. Quais são elas?

A rebelião angelical, a geração pré-diluviana e as cidades de Sodoma e Gomorra.

 

SUBSÍDIO

 

“Advertência contra as Heresias de Perdição

Pedro começa essa seção sobre os falsos mestres com a frase: ‘E também houve entre o povo falsos profetas’. Talvez essa seja uma referência a Balaão, a quem mais tarde citará especificamente (2.15,16), embora já tenha mencionado uma frase de seu oráculo em Números (veja comentários sobre 1.19). Pedro previne que tais falsos mestres, de forma semelhante, ‘introduzirão encobertamente heresias de perdição’ na Igreja. Esse é o desafio da Igreja do Novo Testamento. As heresias começam com argumentos plausíveis na interpretação das Escrituras, baseando doutrinas e crenças no silêncio das Escrituras e não nas palavras explícitas sobre algum assunto.

O ponto crucial da mensagem de Pedro é uma advertência contra aqueles que moralmente negam a soberania de Cristo; contrasta com o discurso destes a voz de Deus que ouviu por ocasião da Transfiguração, quando ordenou que seu Filho fosse ouvido. Esses falsos mestres não estão ouvindo e por isso negam moralmente o senhorio e a soberana propriedade que Cristo tem sobre suas vidas. Tal negação lhes trará? rapidamente a destruição. O tema sobre ‘quem os resgatou’ é uma parte muito importante da soteriologia de Pedro (1Pe 1.18,19)” (Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.1740).