LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

4º Trimestre de 2019

 

Título: Poder, Cura e Salvação — O Espírito Santo agindo na Igreja em Atos

Comentarista: Henrique Pesch

 

 

Lição 6: Estêvão, o primeiro mártir

Data: 10 de novembro de 2019

 

 

TEXTO DO DIA

 

E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo(At 6.8).

 

SÍNTESE

 

O Espírito Santo concedeu a Estêvão poder para realizar prodígios e sinais entre o povo e sabedoria para pregar o Evangelho.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — Lc 24.49

A promessa do revestimento de poder

 

 

TERÇA — Mt 10.20

O Espírito Santo nos capacita a falar

 

 

QUARTA — At 7.51

A resistência ao Espírito Santo

 

 

QUINTA — Is 6.1

A visão do trono de Deus

 

 

SEXTA — Dt 13.10

A morte por apedrejamento

 

 

SÁBADO — Sl 31.5

Entregando o Espírito nas mãos do Senhor

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • DESTACAR as qualidades de Estêvão;
  • ANALISAR o martírio de Estêvão;
  • REFLETIR a respeito da forma nobre e honrada que Estêvão se entregou aos seus algozes e como foi recebido no céu.

 

INTERAÇÃO

 

Algumas vezes, de forma equivocada, não damos a devida importância para o trabalho que é feito fora dos púlpitos, nos “bastidores da igreja”, como a cozinha, a limpeza, a assistência social, a portaria, etc. Porém, essas atividades são importantes para o crescimento do Reino de Deus. O livro de Atos nos mostra que Deus ordenou aos apóstolos consagrarem crentes para exercerem diferentes funções na igreja. É maravilhoso saber e ver como Deus usa quem Ele quer e da maneira que quer.

Quando analisamos a vida Estêvão vemos essa verdade. Porém, como nem sempre fazer a coisa certa traz boas consequências, Estevão foi levado ao martírio por falar a verdade e servir a Cristo. O sucesso de um ministério nem sempre vai ser reconhecido e recompensado aqui. No caso de Estêvão, ele viu os céus se abrindo e o Senhor o recebendo. Que glória! Quem sabe você esteja fazendo algo para o Senhor, contudo seu trabalho não é reconhecido como deveria? Saiba que Deus vê tudo o que você faz e um dia o recompensará.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

A lição de hoje vai abordar o ministério de um diácono que foi poderosamente usado por Deus. Pergunte aos alunos: “Existem tarefas na igreja que muitas vezes não damos a devida relevância?”. “O trabalho dos diáconos tem o devido reconhecimento?”. Ouça os alunos e em seguida peça que leiam 1 Samuel 16.7. Diga que Deus não vê como o homem vê, porque o homem olha o exterior, mas Deus vê o coração, as verdadeiras intenções. Mostre que a Bíblia tem exemplos de pessoas como Raabe (escondeu os espias em Jericó), Gideão (um medroso que se tornou um grande juiz de Israel), Pedro (sanguíneo e de forte temperamento), mas que Deus usou para realizar grandes propósitos. Todo trabalho em favor do Reino tem a sua importância. Podemos e devemos servir a Deus com nossos dons e talentos.

 

TEXTO BÍBLICO

 

Atos 6.8-15; Atos 7.54-58.

 

Atos 6

8 — E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.

9 — E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão.

10 — E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.

11 — Então, subornaram uns homens para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.

12 — E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo com ele, o arrebataram e o levaram ao conselho.

13 — Apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei;

14 — porque nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu.

15 — Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.

 

Atos 7

54 — E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele.

55 — Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus,

56 — e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus.

57 — Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.

58 — E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

O número dos discípulos de Jesus ia aumentando a cada dia e o trabalho social também aumentava, o que levou à necessidade de instituir diáconos que cuidassem dessa área. Um dos eleitos para a função de diácono foi Estêvão, discípulo cheio de fé e do Espírito Santo. Por meio dele, sinais e prodígios eram feitos o que suscitou a inveja e a ira de alguns judeus que acabaram apedrejando Estêvão. Este foi o primeiro mártir da Igreja Cristã. Mas mesmo diante da morte, o Espírito Santo encheu o coração do servo de Deus de paz e amor, e a glória de Deus foi vista pelos seus algozes de forma sobrenatural.

 

I. ESTEVÃO, UM HOMEM DE DEUS

 

1. Prodígios e grandes sinais. Dentre os homens escolhidos para cuidarem da assistência social da igreja, destaca-se Estêvão, homem cheio da graça, sabedoria e do poder do Espírito Santo. Esse diácono supria as exigências estabelecidas pelos apóstolos: homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria (At 6.3). Como é maravilhoso ver Deus levantar pessoas tementes e que se permitem serem usadas como canais do Senhor para abençoar vidas. No Antigo Testamento, temos exemplos de profetas como Elias e Eliseu, que realizaram grandes sinais entre o povo daquela época. Esses profetas realizaram milagres como a multiplicação de alimento, fogo que caiu do céu, abertura de rios, curas e ressurreições. No Novo Testamento, vemos Deus usando os apóstolos com sinais e prodígios, curando os enfermos (At 5.12-16). Jesus afirmou: “E estes sinais seguirão aos que crerem: ‘em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão’” (Mc 16.17,18).

2. Sabedoria e autoridade. Estêvão não era somente cheio de poder para realizar sinais, mas ele também era dotado de sabedoria divina. Diz o texto que alguns judeus helenistas, grupo a que Estêvão pertencia, se levantaram para debater com ele. Entre eles, havia os da sinagoga chamada dos Libertos (escravos libertos que haviam pertencido a cidadãos romanos, alexandrinos e da Cilícia). Quando levantaram questões sobre as doutrinas da fé cristã, foi Estêvão que respondeu aos opositores da igreja (At 6.9). A Bíblia diz que não “podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava” (At 6.10). Jesus já havia dito que Ele daria aos seus discípulos boca e sabedoria a que ninguém poderia resistir, nem contradizer (Lc 21.15). Com a descida do Espírito Santo receberiam também poder para testemunhar (At 1.8).

3. Estêvão é acusado de palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus. Mesmo com toda a sabedoria e autoridade com que falava acerca de Cristo, os homens de dura cerviz resistiram ao Espírito Santo (At 7.51). Não satisfeitos eles subornam algumas pessoas para que dissesse que ouviram Estêvão proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus (At 6.11). Levam-no ao Sinédrio, juntamente com falsas testemunhas. Podemos observar os mesmos ataques do maligno que foram levantados contra Jesus (Mc 14.56-58) e, mais tarde, contra Paulo (At 21.28). Muitos outros cristãos fieis ao Senhor, ao longo da história, também foram injustamente acusados de atos que não cometeram e de coisas que nunca disseram. Talvez você também tenha sido alvo de uma calúnia. Então, saiba que da mesma forma que Deus foi com esses cristãos, Ele estará com você em todos os momentos.

 

 

Pense!

Será que você tem procurado seguir o exemplo de Estêvão buscando ser cheio do Espírito Santo e de sabedoria diariamente?

 

 

Ponto Importante

Deus deseja que aqueles que estão desenvolvendo qualquer ministério na Igreja sejam sempre cheios do Espírito Santo.

 

 

II. A MANIFESTAÇÃO DA GLÓRIA DE DEUS

 

1. Um sermão memorável. Depois de ser acusado injustamente Estêvão profere um dos sermões mais belos de toda a Bíblia (At 7.2-53). Ele narra desde a chamada de Abraão até a sua saída de Ur, passando pelos patriarcas Isaque e Jacó até chegarem ao Egito e serem salvos por intermédio de José. Estêvão discorreu a respeito do plano de Deus para a humanidade. Em sua defesa ele destacou a universalidade do Evangelho. Na verdade, as primeiras grandes revelações de Deus ocorreram em terras estrangeiras (Ur, Harã, Egito e Sinai). Ele enfatiza também a história gloriosa de Israel em que Deus usa Moisés para libertar o povo, passando por Davi, Salomão, o Templo e os profetas que falaram acerca do Justo que viria. Uma pregação maravilhosa e cheia de sabedoria e unção. Mas esse sermão não visava apenas a informação dos fatos históricos. O objetivo de Estêvão era confrontar os seus ouvintes quanto à prática de fé adotada por eles. O sermão bíblico e ungido pelo Senhor não visa somente fazer com que as pessoas se sintam bem, mas faz com que se sintam incomodadas e queiram melhorar o relacionamento com Deus.

2. Injustiçado, mas cheio do Espírito Santo. Ao ouvirem o sermão de Estêvão, os homens de dura cerviz enfureceram-se e rangeram os dentes contra ele (At 7.54). Infelizmente, muitos ainda hoje também não aceitam a mensagem do Evangelho, pois ela vai de encontro ao estilo de vida pecaminoso que preferem adotar. Mas Estêvão continuava pregando e era cheio do Espírito Santo.

Como é bom ver jovens que mesmo enfrentando provações e rejeição, até mesmo da própria família devido à sua fé em Jesus Cristo, continuam cheios do Espírito Santo.

3. A visão dos céus abertos. Quando estamos cheios do Espírito Santo, podemos ser testemunhas de acontecimentos sobrenaturais. É o que aconteceu com Estêvão. Quando ele terminou seu sermão, fixou seus olhos no céu e viu a “glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus” (v.55). E não só viu, como também afirmou a todos: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (At 7.56). No momento em que estava sendo acusado e apedrejado, os céus se abrem para ele. A Palavra de Deus fala de Jesus assentado à direita de Deus (Mc 14.62; Lc 22.69; Cl 3.1), mas nesse caso Jesus estava em pé dando as boas-vindas ao primeiro mártir da história da Igreja. Nosso Salvador recebe aqueles que lhe são fiéis até à morte. Ele mesmo disse: “Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32).

 

 

Pense!

Como você reage diante das oposições? Você desiste, se cala ou permanece cheio do Espírito Santo e continua anunciando a Palavra do Senhor?

 

 

Ponto Importante

Nosso alvo, foco deve estar no céu, em Jesus Cristo.

 

 

III. O MARTÍRIO DE ESTÊVÃO

 

1. A fúria dos homens. Quando Estêvão exclamou que via os céus abertos e que contemplava Deus e Jesus, seus algozes gritaram com grande voz, taparam seus ouvidos e se arremeteram contra ele. O mundo não quer ouvir a Verdade, pois a Verdade denuncia a sua pecaminosidade. Os acusadores de Estêvão não aceitaram a mensagem, expulsaram-no da cidade e o apedrejaram até a morte (At 7.58). Aquele diácono, cheio do Espírito Santo, sofreu o martírio de um profeta. O governo romano não permitia que os povos sujeitos à sua autoridade executassem a pena de morte. Porém, os inimigos de Estêvão estavam tão irados que o mataram, segundo eles, de acordo com a lei judaica. Um fim trágico, humanamente falando, para um obreiro fiel ao Senhor e à jovem igreja. No entanto, um fim glorioso, espiritualmente falando, quando ele é recebido e honrado no lar eterno por Cristo.

2. Um jovem chamado Saulo. Segundo a lei judaica o criminoso deveria ser despido antes de seu julgamento para aumentar ainda mais a humilhação pública. Então, aqueles que mataram Estêvão lançaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo, que consentira naquele apedrejamento. Sem participar diretamente nessa execução, Lucas apresenta Saulo como conspirador na morte de Estêvão. Alguns pensam que Saulo estivesse naquele momento também como arauto anunciando aos transeuntes o crime do acusado.

3. Perdão nos momentos derradeiros. Ao ser apedrejado, Estêvão invoca ao Senhor pedindo que receba o seu espírito. Ele se coloca de joelhos e diz: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7.60). Ele estava seguindo o exemplo de Jesus para com seus algozes. Quem sabe sua oração teve influência na conversão do próprio Saulo? Diante da injustiça, do escárnio e da violência, Estêvão consegue perdoar. Embora brutalmente sentenciado, morreu de forma digna de um cristão verdadeiro que não guarda amargura, ira ou indignação (Ef 4.31). Perdoar a quem nos tem ofendido não é fácil, mas viver o verdadeiro cristianismo também não o é, e o perdão é uma das características do seguidor de Cristo.

 

 

Pense!

Você consegue perdoar aqueles que o maltratam e ofendem?

 

 

Ponto Importante

O perdão não é um sentimento, mas uma decisão. Também não é esquecer totalmente, mas de poder lembrar sem ressentimento. É deixar o Espírito Santo fluir em toda a situação.

 

 

CONCLUSÃO

 

Nesta lição, pudemos estudar a respeito do martírio de Estêvão, um homem de Deus, cheio do Espírito Santo, que realizava maravilhas e pregava o Evangelho. Como afirma Matthew Henry “ele se dedicou à tarefa de morrer com tanta compostura, como se houvesse ido dormir; despertará novamente na manhã da ressurreição para ser recebido na presença do Senhor, onde há plenitude de gozo, e para compartilhar as bem-aventuranças que estão à sua destra, para sempre”.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

 

ZIBORDI, Ciro Sanchez. ESTÊVÃO: O Primeiro Apologista do Evangelho. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2018.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. De onde vinha a autoridade e sabedoria de Estêvão?

Do Espírito Santo de Deus (At 6.5). Tiago vai dizer que a verdadeira sabedoria vem do alto (Tg 3.17). E Paulo diz que Cristo é o poder e a sabedoria de Deus (1Co 1.23-25).

 

2. Qual foi o tema do sermão de Estêvão?

Foi sobre a história gloriosa de Israel desde a chamada de Abraão, passando pelos patriarcas, pelo tempo no Egito e libertação por Moisés. Ele também discorre sobre a peregrinação do povo no deserto, a construção do Templo por Salomão e por fim falou da morte e ressurreição do Messias.

 

3. Quem Estêvão viu em pé à direita de Deus Pai?

Ele viu a Jesus.

 

4. Aos pés de quem os algozes de Estêvão deixaram suas roupas?

As pés de Saulo.

 

5. Quais foram as últimas palavras de Estêvão antes de ser recebido na glória pelo Senhor?

“E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (At 7.59,60).

 

SUBSÍDIO

 

 

O Martírio de Estêvão

 

“‘E ouvindo eles isto enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele’. Estêvão viu chegar o seu fim. O discurso, ao invés de levar seus juízes ao arrependimento, encheu-os de fúria. Mas, ainda que seu corpo estivesse à disposição dos seus inimigos, sua alma era inviolável (Mt 10.28). Observe os dois indícios do seu fim triunfante: 1. Inspiração do Espírito. Estêvão não tinha medo, apesar de os juízes estarem enfurecidos. Seu poder no ministério se deu pelo fato de ser ele ‘cheio do Espírito Santo’(At 6.5,8), e assim foi até o fim: ‘Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu…”. Aos juízes, declara: ‘Vós sempre resistis ao Espírito Santo…’ (7.51). E seus rostos demonstravam isto (v.54). Estêvão, cheio do Espírito, tinha no rosto a glória de seu íntimo (6.15). Quem parecia mais com um blasfemador: os juízes ou o acusado? 2. A visão de Cristo (vv.55,56). Estêvão recebeu uma ‘anestesia’ celestial que tirou o aguilhão da morte: os Céus foram abertos e Estêvão viu o Filho do homem, em pé, à destra de Deus. Jesus se levantou como para olhar de perto a situação do seu servo. E, para ajudá-lo, exercendo o ministério de consolação. Ele conhece nossas fraquezas e quer nos consolar” (PEARLMAN, Myer. Atos: E a Igreja se Fez Missões. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1995, pp.83,83).