Título: Poder, Cura e Salvação — O Espírito Santo agindo na Igreja em Atos
Comentarista: Henrique Pesch
Lição 9: A conversão do centurião e de sua família
Data: 01 de Dezembro de 2019
“E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas” (At 10.34).
Deus não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas, mas ama a todos igualmente.
SEGUNDA — Dt 10.17
Deus não faz acepção de pessoas
TERÇA — Jo 3.16
Deus amou o mundo
QUARTA — 1Tm 2.9
Fazer acepção de pessoas é pecado
QUINTA — 1Tm 1.15
Jesus veio salvar os pecadores
SEXTA — Jo 3.8
O Espírito Santo se move por onde quer
SÁBADO — Mt 28.18-20
O batismo em águas é uma ordenança do Senhor
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
O livro de Atos nos mostra que Deus age como deseja. Contudo, temos a tendência de querer encaixar Deus e todo o seu modo de agir em nossos sistemas teológicos. Na lição de hoje veremos que o Senhor é soberano. Um oficial romano é recompensado por suas orações, esmolas e recebeu uma visão confirmando algo que muitos judeus não receberam. Obviamente que ele não foi salvo por suas boas obras, mas seu coração estava voltado para o Deus de Israel. Pedro, ainda preso as tradições judaicas, teve seu coração transformado por Deus mediante uma visão confrontadora e deixou de lado suas crenças. Ele aceitou os gentios como coparticipantes da graça divina. Em seguida vemos gentios sendo batizados com o Espírito Santo mesmo antes de serem batizados em águas. Deus é aquele que faz como quer, onde quer e com quem quiser e nós não podemos limitar nem tentar encaixar rigidamente as suas ações em nossas “caixinhas teológicas”.
Na aula deste domingo teremos a oportunidade para refletirmos a respeito do preconceito. Instigue e pergunte se seus alunos já tiveram ou ainda têm algum preconceito. Os preconceituosos atribuem um juízo de valor sobre determinado aspecto, seja a classe social, a cultura, a religião, a etnia, a cor da pele. Existem diversos tipos de preconceito, por exemplo, com as mulheres, com os judeus, com os deficientes físicos, com a faixa etária, com a aparência (estereótipos). Essa lição vai nos mostrar uma verdade — Deus não faz acepção de pessoas, mas está ao alcance de todos que desejam conhecê-lo. Muitas pessoas na época dos apóstolos poderiam ter preconceito em relação a um representante do império que os dominava, mas neste relato vemos um oficial italiano que se volta a Deus, se converte de forma singular e ainda é batizado com o Espírito Santo. Isso deixou Pedro e os demais maravilhados, pois viram que em Cristo toda a barreira de raça, língua e classe social cai por terra.
Atos 10.1-5,34-36,45-48.
1 — E havia em Cesareia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana,
2 — piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus.
3 — Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio!
4 — Este, fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus.
5 — Agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro.
34 — E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas;
35 — mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo.
36 — E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
45 — E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios.
46 — Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus.
47 — Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo?
48 — E mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então, rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias.
INTRODUÇÃO
Atos dos apóstolos é um livro que evidencia que Jesus não veio apenas para os judeus, mas para todo aquele que nEle crê. Os gentios são também alvo da graça de Deus, mediante a fé em Jesus. Diante da conversão de um gentio, Pedro reconhece que o Senhor não faz acepção de pessoas e que o maior milagre que uma pessoa pode receber é a sua conversão e a salvação da sua alma. Na lição de hoje, estudaremos a conversão de Cornélio, um centurião da coorte chamada Italiana.
I. O CENTURIÃO CORNÉLIO
1. Centurião da coorte chamada Italiana. O centurião era um oficial do exército romano encarregado de 100 soldados. Diferente dos aristocratas que podiam ter ascensão por indicação, os centuriões muitas vezes eram soldados que haviam subido gradualmente na hierarquia militar. Uma legião romana era formada por 10 coortes, cada uma das quais abrangia seis centúrias. À frente de cada centúria estava o seu líder, em latim centurio, centurião. Cornélio comandava a centúria romana em Cesareia, cidade situada na costa do Mar Mediterrâneo, edificada por Herodes, o Grande, que era a metrópole romana da Judeia. Cada coorte podia ter um nome especial. A coorte que Cornélio comandava chamava-se Italiana. Provavelmente tinha esse nome porque os membros originais da coorte eram italianos.
2. Um homem piedoso. Em Atos 10.2, vemos que Cornélio era “piedoso e temente a Deus”. Essas palavras indicam que esse gentio participava da sinagoga, observava as leis do sábado e alimentação. Tinha quase todas as qualificações de um prosélito — um convertido ao judaísmo — menos a circuncisão e o batismo. Era alguém insatisfeito com as religiões gentílicas e com a filosofia de seu tempo. Estava desejoso de conhecer mais de Deus e demonstrava sua fé dando esmolas e fazendo orações. Sua vida piedosa foi ratificada na visão que teve do anjo quando este lhe disse que as orações e as esmolas que fazia tinham subido diante de Deus (At 10.4). Que nossa devoção e obras também sejam sempre sinceras, a fim de que sejam aceitas por Deus.
3. A visão de Cornélio. Este homem piedoso teve uma visão à hora nona (três horas da tarde), horário judaico usual de oração (At 3.1). Ele viu um anjo que o chamou pelo nome. Deus é aquele que nos conhece pelo nome, por isso não adianta querermos nos esconder de sua presença ou acharmos que Ele não atenta para nós. Deus chamou aquele centurião romano pelo nome, assim como fez com Samuel (1Sm 3). Mesmo atemorizado, Cornélio reconhece que o que estava acontecendo era algo divino. E a boa notícia era a de que, em razão de sua piedade, suas orações subiram até o céu, mas precisava chamar Pedro em outra cidade, pois este lhe diria o que precisava fazer. Era como se Deus estivesse dizendo: “Você já tem seu coração voltado para mim, basta ouvir o homem de Deus revelar o meu plano completo para você”. Agora ele tinha incumbência e, como bom soldado que era, sabia como obedecer ordens.
Pense!
Cornélio, um oficial romano, tinha sede do Deus vivo e uma fé piedosa.
Ponto Importante
Em todos os lugares sempre haverá pessoas sedentas por Deus.
II. O RECONHECIMENTO DE PEDRO
1. A visão de Pedro. Quando os soldados de Cornélio estavam perto da cidade de Jope, Pedro foi até o terraço para orar, pois era a hora sexta, ou seja, ao meio-dia. Depois de orar, Pedro sentiu vontade de comer e, enquanto aguardava a refeição, teve uma visão. Ele viu como um grande lençol descendo do céu com vários animais impuros. E Deus então lhe diz para matar e comer aqueles animais, mas Pedro recusa com veemência. Nem mesmo os judeus mais tolerantes deixavam de observar as regras alimentares Kosher (alimentos permitidos pelas leis alimentares do judaísmo). Deus então adverte Pedro para não tornar comum aquilo que Ele havia purificado (v.15). Assim que Pedro teve a visão, os servos de Cornélio chegaram à casa onde Pedro estava. Em seguida, o Espírito Santo diz para Pedro se levantar, descer e ir com os homens e não duvidar (v.20). Podemos ver que Deus recompensou Cornélio por suas orações, e que Pedro estava em oração. É simplesmente tremendo o que Deus pode fazer quando as pessoas se dedicam à oração.
2. Deus não faz acepção de pessoas. Quando Pedro chega à casa de Cornélio, ali ouve toda a história. Ao ouvir o relato de Cornélio, o apóstolo declara: “Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo” (vv.34,35). Essa é uma declaração já feita por Moisés (Dt 10.17); pelo rei Josafá (2Cr 19.7); reafirmada por Paulo (Rm 2.11) e por Pedro (1Pe 1.17). Podemos ver que Deus não possui prediletos, nem favorece alguns em razão de sua nacionalidade, classe social, sexo ou raça. João afirma que todos quantos recebem a Jesus se tornam filhos de Deus, ou seja, aqueles que creem em seu nome (Jo 1.12). Você pode ter a certeza de que Deus não vê como as pessoas, apenas exteriormente. Mas Ele vê e conhece o interior, o coração de cada pessoa.
3. O sermão de Pedro. Pedro aproveita a oportunidade na casa de Cornélio e faz um breve e poderoso sermão relatando o propósito da vinda de Jesus ao mundo. Cornélio havia convidado parentes e amigos para ouvir o que o Senhor tinha a dizer por intermédio de Pedro (v.27). Não podemos perder as oportunidades que temos para testemunharmos de Cristo. Pedro pregou a mensagem do Cristo que perdoa os pecados de todo aquele que nEle crê. O plano da salvação é simples, mas muitas vezes nós o complicamos. As pessoas precisam de Jesus, pois somente Ele perdoa os pecados e oferece a vida eterna ao lado do Pai. Quem convence as pessoas da Verdade é o Espírito Santo; nossa tarefa é anunciar as Boas-Novas (Mc 16.15).
Pense!
Se Deus não faz acepção de pessoas, por que nós muitas vezes o fazemos?
Ponto Importante
O fazer acepção de pessoas é pecado.
III. A MANIFESTAÇÃO SOBRE OS GENTIOS
1. Os gentios são batizados com o Espírito Santo. Quando Pedro ainda estava falando, diz a Bíblia que caiu o Espírito Santo sobre os gentios. E os judeus que vieram com Pedro se maravilharam, pois os ouviam falando em outras línguas (vv.44,45). Isso era algo inconcebível para os judeus, pois como circuncisos, recebem o Espírito Santo? Mas esse recebimento é um dom escatológico que Deus havia prometido ao povo de sua aliança (At 2.39). E essa participação escatológica é concedida incondicionalmente a gentios incircuncisos, mesmo antes do batismo em água, por meio do “ouvir com fé” como Paulo testemunha aos gálatas (Gl 3.5). Era Deus demonstrando que aqueles gentios estavam sendo plenamente aceitos no Corpo de Cristo mediante a fé.
2. Os gentios são batizados em água. O batismo em águas simboliza a nossa união com Cristo e marca nosso ingresso na Igreja de Cristo (Mc 16.16; Rm 6.3-5; 1Co 12.13). É uma prova externa de arrependimento e fé em Jesus Cristo. É uma das ordenanças de Cristo para a sua Igreja. Podemos perceber que todos na casa de Cornélio ansiavam por este momento. Todo crente em Jesus deve se batizar. É uma decisão fundamental que demonstra publicamente que o crente deixou para trás a velha vida e que agora deseja fazer parte da Igreja de Cristo. Alguns, infelizmente, vivem adiando essa decisão dizendo que não estão ainda prontos. Outros adiam pensando que não vão mais poder aproveitar a vida; são mentiras do Diabo. Aproveitar a vida é morrer para o mundo e viver para Cristo, desfrutando de tudo que Deus tem para nós.
3. A aceitação dos gentios. Os apóstolos e irmãos que estavam na Judeia ouviram que os gentios também tinham recebido a Palavra do Senhor e questionaram a Pedro acerca desse assunto. Mas Pedro explicou todo o ocorrido, mostrando como Deus estava agindo em favor dos gentios. Ao ouvir o relato de Pedro todos glorificaram a Deus e aceitaram o fato de que Deus também estava salvando os gentios. Era como se o apóstolo estivesse lembrando seus irmãos na fé, de que eles haviam recebido o Espírito Santo não em virtude de sua tradição, mas unicamente por sua fé em Jesus. Como foi crucial a aceitação dos gentios por Pedro e demais irmãos, para que a partir de então fossem considerados participantes do mesmo dom de Deus mediante a fé em Cristo.
Pense!
Você já tomou a decisão de se batizar?
Ponto Importante
O batismo em águas é uma ordenança de Jesus para a sua Igreja.
CONCLUSÃO
A conversão de Cornélio se tornou exemplo para os primeiros cristãos, de que Deus não faz acepção de pessoas. Tal narrativa mostra o poder miraculoso de Deus para salvar, justificar e derramar do seu poder. A história de Cornélio, um oficial romano, marca o início da admissão dos gentios na Igreja de Cristo (At 11.18).
BUENO, Telma. Igreja Saudável: Educando para Uma Vida Plena. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2019.
1. O que fazia um centurião romano?
Era um oficial do exército romano que comandava 100 homens.
2. Foram as orações e esmolas que salvaram Cornélio?
Não, quem salvou Cornélio foi sua fé em Cristo. Suas orações e esmolas, mediante sua sinceridade em conhecer o Deus de Israel, subiram e foram recebidas por Deus (At 10.4).
3. Por que Pedro se recusa a matar e comer aqueles animais da visão?
Porque as regras alimentares judaicas consideravam aqueles animais imundos e proibidos de se comer (Lv 11.4).
4. Não é preciso primeiro batizar em águas para depois ser batizado com o Espírito Santo?
Geralmente é o que acontece, mas isso não é regra. O relato de Cornélio e de sua casa nos confirma isso, quando eles foram batizados com o Espírito Santo antes de serem batizados em águas, pois já tinham colocado sua fé em Cristo At 10.44-46).
5. O que você diria para um crente que faz acepção de pessoas?
Resposta pessoal.
“Quantas Espécies de Batismo Existem na Bíblia?
Preliminarmente, devemos, antes de qualquer explicação acerca do assunto em pauta, conhecer a palavra batismo, que é, sem dúvida, importante dentro do contexto doutrinário neotestamentário. Esta expressão se origina do vocábulo grego ‘baptizõ’, que significa imersão, mergulho, submersão. Daí a razão de Paulo comparar esse ato a um sepultamento (Rm 6.4), pois é através desta ação que o novo convertido enterra para sempre o seu velho homem (na linguagem paulina), isto é, seu caráter inconverso, carnal, natural, pecaminoso, corrompido. […] Na tentativa de esclarecer a questão supra, o articulista Venâncio R. dos Santos, em artigo publicado num periódico evangélico, enumera, com muita propriedade, sete tipos de batismo: 1. O batismo de João, também chamado de batismo do arrependimento: Lc 3.3; 7.28; At 18.25. 2. O batismo do sofrimento que é aquele com que Cristo foi batizado; qualquer servo de Deus pode recebê-lo: Mc 10.38,39; Lc 2.50. 3. O batismo cristão-apostólico, que é ministrado em nome da Trindade: Mt 28.19,20; At 2.38; 19.5. 4. O batismo pelos mortos — uma heresia muito difundida no tempo dos apóstolos; citada, mas não aprovada por Paulo: 1Co 15.29. 5. O batismo de Moisés — na nuvem e no mar: Êx 14.15-25; 1Co 10.2” (A Bíblia Responde. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1983, pp.29,30).
“A finalidade do batismo é revesti-lo de poder para a pregação do evangelho (At 1.8). Ele o impulsiona a isso. Ser batizado com o Espírito não é o mesmo que ser selado com Ele. O selo mencionado em Efésios 1.13,14 alude à operação do Espírito ‘em’ você, enquanto o batismo é o poder do Espírito Santo ‘sobre’ e ‘com’ você. Jesus prometeu: ‘[̶=30;] ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder’ (Lc 24.49). E ainda: ‘[…] recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós […]’ (At 1.8). No dia de Pentecostes, conforme Jesus prometera, esse poder desceu do alto pela primeira vez sobre os seus discípulos (At 2.1-4). Depois, muitos receberam esse poder do alto, como a família de Cornélio: Para que entenda bem a diferença entre o selo e o batismo, usarei uma ilustração. Quando você tem uma jarra com água, onde o líquido está? Fácil: na jarra. Mas se pegar outro recipiente maior, uma bacia com água, e mergulhar a jarra dentro dela, onde estará a água? Cinco segundos para pensar... Bem, digamos que você seja esta jarra... Quando você crê em Jesus, você é selado, a e a água, que representa a ação do Espírito Santo em sua vida, está dentro de você. Ao receber o batismo com o Espírito Santo, além de Ele estar em sua vida, você estará mergulhado no poder dEle. Entendeu?” (ZIBORDI, Ciro Sanches. Adolescentes S/A: Coisas que Rapazes e Moças Precisam Saber. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2004, pp.173,174).