Título: A Raça Humana: Origem, Doutrina e Redenção
Comentarista: Claudionor de Andrade
Lição 3: A natureza do ser humano
Data: 19 de Janeiro de 2020
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23).
Nossa tríplice natureza — física, mental e espiritual — deve ser plenamente consagrada a Deus, para que o mundo veja, em nosso ser, a imagem e a semelhança do Criador.
Segunda — Gn 2.7
O corpo humano veio da terra
Terça — Jó 27.3
A alma humana veio de Deus
Quarta — Pv 20.27 — ARA
O espírito humano veio de Deus
Quinta — Hb 4.12
Espírito e alma são inseparáveis
Sexta — Gn 35.18
A morte é a separação entre corpo e alma
Sábado — 1Co 15.49-57
A glorificação da natureza humana
Gênesis 1.26-28; 2.7.
Gênesis 1
26 — E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
27 — E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
28 — E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
Gênesis 2
7 — E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
46, 101 e 238 da Harpa Cristã.
Expor que o corpo, a alma e o espírito constituem a natureza do ser humano.
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
O ser humano é um ser complexo. Essa complexidade passa pela a materialidade e imaterialidade da pessoa que se revelam na constituição do corpo, da alma e do espírito.
Aproveite esta aula para aprofundar com os alunos a respeito dos exercícios da piedade cristã. Mostre-os, que da mesma forma que é necessário ao corpo o exercício cotidiano, a alma e o espírito precisam cultivar o exercício diário da comunhão com Deus por meio da oração, da leitura da Palavra e da meditação nas Escrituras. É verdade que devemos cuidar da saúde do corpo, mas igualmente, da saúde da alma e do espírito.
Nossos pensamentos devem ser levados cativos a Cristo.
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje, estudaremos as partes que constituem a natureza humana. Veremos que o nosso ser, em virtude das partes que o compõem, é de tal forma maravilhoso, que chega a ser inexplicável (Sl 139.14). Além da substância física (o corpo), possuímos também uma substância imaterial (o espírito e a alma). Habilitou-nos Deus, assim, a relacionar tanto com o mundo físico quanto com o mundo espiritual.
O objetivo desta lição não é apenas explorar a natureza humana, mas levar você a consagrar inteiramente o seu corpo, a sua alma e o seu espírito ao Criador e Mantenedor de todas as coisas.
PONTO CENTRAL
O ser humano é constituído de corpo, alma e espírito.
I. A COMPLEXIDADE DO SER HUMANO
A natureza do ser humano é distinta tanto em relação a Deus quanto em relação aos anjos. Vejamos por quê.
1. A natureza de Deus. Ao contrário do homem, Deus é um ser simples; possui uma única natureza. Por essa razão, Ele foi definido, pelo próprio Filho, como sendo espírito (Jo 4.24). Isso significa que, para existir, o Senhor não necessita, como nós, de uma natureza composta de corpo, alma e espírito. O Todo-Poderoso define a si mesmo como aquele que simplesmente é: “EU SOU O QUE SOU” (Êx 3.14). Ele existe por si mesmo (Jo 5.26).
2. A natureza dos anjos. Seres criados e finitos, os anjos possuem igualmente apenas uma natureza. Eles são descritos como espíritos (Hb 1.14). E, diferentemente de nós, não se reproduzem através do sexo (Lc 20.34-36). O corpo angélico é espiritual (1Co 15.44; Hb 1.14).
3. A natureza dos homens. Já os seres humanos possuem uma natureza, que pode ser descrita como dupla: uma física (o corpo) e uma espiritual (a alma e o espírito — 1Ts 5.23). Para vivermos neste mundo, necessitamos de nossa natureza completa. Se uma apartar-se da outra, morremos (1Rs 17.21,22).
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
A natureza do ser humano é distinta tanto em relação a Deus quanto em relação aos anjos.
É importante que você aproveite a introdução da aula para mostrar a classe que o ser humano é um ser integral, ou seja, global. Use este trecho para aprofundar essa reflexão: “Considerar o ser humano uma unidade condicional resulta em várias implicações. Primeira: o que afeta um elemento do ser humano afeta a pessoa inteira. A Bíblia vê a pessoa como um ser global, ‘e o que toca numa parte afeta a totalidade’. Em outras palavras, uma pessoa portadora de doença crônica (no corpo) por certo terá afetadas as emoções e a mente e até o canal da comunhão normal com Deus. Erickson observa: ‘O cristão que deseja ter saúde espiritual dedicará atenção a questões tais como a dieta, o repouso e o exercício’. De modo semelhante, a pessoa que sofre certas pressões mentais poderá manifestar sintomas físicos ou até mesmo doenças físicas” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 1996, p.252).
II. AS CARACTERÍSTICAS DO CORPO HUMANO
O corpo humano tem as seguintes características: materialidade, visibilidade e mortalidade.
1. Materialidade. Ao contrário dos anjos — seres espirituais —, criados de uma só vez pela palavra divina (Sl 33.6), o homem — ser material e físico — veio à vida a partir de uma matéria já existente: a terra. Deus, pois, formou Adão, o primeiro genitor da humanidade, do pó de nosso planeta (Gn 2.7). O mesmo pode-se dizer de Eva, que, provinda do homem, possui a mesma substância deste (Gn 2.21,22). Desde a sua criação, o ser humano vem reproduzindo-se e enchendo a terra (Gn 1.28; At 17.26).
2. Visibilidade e tangibilidade. Envolto num corpo material, o ser humano pode ser visto e tocado. Aliás, a visibilidade e a tangibilidade (aquilo que se pode tocar) foram as provas que o Senhor Jesus apresentou a Tomé como evidências de sua ressurreição física (Jo 20.27). O discípulo incrédulo só veio a convencer-se da verdade depois de ter visto e tocado as feridas do Cordeiro de Deus (Jo 20.29).
3. Mortalidade. Apesar de material, o corpo humano foi criado com a possibilidade de manter-se vivo para sempre. Se não fosse o pecado, Adão e Eva estariam, hoje, entre nós (Gn 2.16,17). Mas, por causa de sua desobediência, morreram; o salário do pecado é a morte (Gn 5.5; Rm 6.23). O apóstolo Paulo ensina, porém, que, quando do arrebatamento da Igreja, o que é mortal revestir-se-á da imortalidade (1Co 15.53,54). O homem, portanto, foi criado imortal. Ou seja: com a possibilidade de viver para sempre, caso não houvesse pecado. Mas, quando recebemos a Jesus, como nosso Salvador, passamos a desfrutar, desde já, a vida eterna (Jo 3.15). Ele é Jesus Cristo, o Filho de Deus! Crer nisso depende a nossa eternidade.
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
O corpo humano tem as seguintes características: materialidade, visibilidade e mortalidade.
“Os escritores sagrados tinham uma ampla variedade de termos relativos ao ‘corpo’. Para os hebreus, ‘carne’ ( basar , she’er ) e ‘alma’ ( nepresh ) podiam significar corpo (Lv 21.11; Nm 5.2, onde o significado parece ser ‘cadáver’). ‘Força’ ( me’od ) dizia respeito ao poder físico do corpo (Dt 6.5). Os escritores do Novo Testamento mencionam a ‘carne’ ( sarx , que às vezes significava o corpo físico), a ‘força’ ( ischus ) do corpo (Mc 12.30) ou, mais frequentemente, o ’corpo’ ( sõma ), que ocorre 137 vezes” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 1996, p.246).
III. ALMA, O NOSSO ELO COM O MUNDO EXTERIOR
Só viremos a entender claramente a nossa natureza espiritual, se aceitarmos esta proposição: espírito e alma são inseparáveis. A partir daí, veremos a alma como a janela, através da qual acessamos o mundo exterior. Nesse sentido, a morte física é a separação entre a alma e o corpo.
1. Alma e espírito são inseparáveis. Em nosso ser, alma e espírito acham-se tão unidos, que somente a Palavra de Deus pode alcançar-lhes a junção (Hb 4.12). Conforme veremos, a alma e o espírito formam a nossa substância imaterial. E cada um deles tem uma função específica em nosso ser.
2. A alma é a janela para o mundo exterior. Através da alma, o ser humano se expressa e tem acesso ao mundo que o cerca. Para que isso seja possível, a alma serve-se dos órgãos sensitivos (Lc 11.34). E, por intermédio destes, o homem carnal deixa-se atrair pelas concupiscências da carne e dos olhos (Tg 1.13,14; 1Jo 2.16). Por isso, o Senhor decreta: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18.4). O pecado começa na alma e contamina o espírito e o corpo. Por isso o apóstolo recomenda a completa santificação de nosso ser (1Ts 5.23).
3. A separação da alma e do corpo gera a morte. A morte ocorre quando a alma separa-se do corpo. É o que nos mostra a narrativa da morte de Raquel, a esposa amada de Jacó (Gn 35.18). Saindo-lhe a alma, ela morreu. Quando isso ocorre, a alma dos justos é recolhida ao lugar de descanso, ao passo que a dos ímpios é aprisionada no inferno (Lc 16.20-31). Observe, pois, que a alma (juntamente com o espírito) permanece consciente até a ressurreição do corpo. Enfatizamos que a alma e o espírito são inseparáveis; são um único elemento de nossa imaterialidade.
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
A alma é a janela para o mundo exterior. Sua separação do corpo gera a morte.
“Quanto a alma, o termo primário dos hebreus era nepresh , que ocorre 755 vezes no Antigo Testamento. Mais frequentemente, esse termo abrangente significa meramente ‘vida’, ‘próprio-eu’, ‘pessoa’ (Js 2.13; 1Rs 19.3; Jr 52.28). Quando usado nesse sentido amplo, nepresh descreve o que somos: almas, pessoas (neste sentido, não ‘possuímos’ alma ou personalidade). Às vezes nepresh podia significar a ‘vontade’ ou ‘desejo’ de uma pessoa (Gn 23.8; Dt 21.14). Ocasionalmente, porém, destaca aquele elemento nos seres humanos que possui vários apetites: a fome física (Dt 12.20), o impulso sexual (Jr 2.24) e o desejo moral (Is 26.8,9), no Antigo Testamento’ (HORTON, Stanley (Ed). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 1996, p.246).
IV. O ESPÍRITO E O NOSSO CONTATO COM DEUS
O espírito humano, por ser o elo entre o corpo e Deus, é a sede de nossa comunhão com o Pai Celeste. Na Bíblia, espírito e alma são tomados, às vezes, como sinônimos.
1. O que é o espírito. Em termos simples, o espírito compõe, juntamente com a alma, a parte imaterial do ser humano. Embora distintos um do outro, não podem separar-se; somente a Palavra de Deus, como já vimos, é capaz de alcançar a divisão entre ambos (Hb 4.12). Em virtude de suas faculdades, o espírito humano atua como a sede de nossas afeições espirituais (Sl 77.3,6).
2. O elo entre o nosso corpo e Deus. É por meio de nosso espírito que nos comunicamos com Deus (Ap 1.10). Foi em seu espírito, portanto, que João recebeu a revelação do Apocalipse. Paulo, no serviço missionário, estava, no espírito, em comunhão com Deus e com os irmãos (1Co 5.4).
3. A sede de nossa comunhão com Deus. Através de nosso espírito, temos experiências e encontros com Deus (Sl 143.4,7). Eis a experiência do profeta (Is 26.9). Portanto, a verdadeira alegria divina manifesta-se, em primeiro lugar, em nosso espírito, pois é neste que todo o nosso ser consagra-se ao serviço divino (Sl 51.12; Rm 1.9). O nosso espírito tanto fala em mistérios quanto ora (1Co 14.2,14,16).
O espírito também pode abrigar o orgulho e a soberba (Pv 16.18). Por isso, quando o ímpio falece, o seu espírito (e também a alma, porquanto ambos são inseparáveis) é aprisionado até o julgamento final (1Pe 3.19).
SÍNTESE DO TÓPICO (IV)
O espírito é o elo entre o nosso corpo e Deus, é a sede da nossa comunhão com o Altíssimo.
“O termo ruach é ‘espírito’, encontrado 387 vezes no Antigo Testamento. Embora o significado básico seja ‘ar em movimento’, ‘vento’, ‘sopro’, ‘hábito’, ruach também denota ‘a totalidade da consciência imaterial do homem’ (Pv 16.32; Is 26.9). Em Daniel 7.15, ruach está contido no seu invólucro, o ‘corpo’. J. B. Payne indica que tanto nepresh quanto ruach podem partir do corpo na ocasião da morte e, mesmo assim, existir num estado separado dele (Gn 35.18; Sl 86.13)” (HORTON, Stanley (Ed). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 1996, p.247).
CONCLUSÃO
O homem é um ser tanto físico quanto espiritual. Por essa razão, Deus requer nossa completa e uniforme santificação (1Ts 5.23). Temos de ser santos no corpo, na alma e no espírito.
Jesus morreu e ressuscitou, a fim de que sejamos santos em todo o nosso ser. E, quando do arrebatamento da Igreja, apesar de nossas limitações, o Senhor nos revestirá da imortalidade e da incorruptibilidade.
Busquemos a santificação. Todo o nosso ser pertence a Deus. Somos o templo do Espírito Santo. Aleluia!
A respeito de “A Natureza do Ser Humano”, responda:
Fale a respeito da natureza de Deus.
Deus é um ser simples; possui uma única natureza. Por essa razão, Ele foi definido, pelo próprio Filho, como sendo espírito (Jo 4.24).
Por que o homem é um ser composto?
Os seres humanos possuem uma natureza, que pode ser descrita como dupla: uma física (o corpo) e uma espiritual (a alma e o espírito).
A alma e o espírito podem ser separados?
Discorra sobre o assunto. Em nosso ser, alma e espírito acham-se tão unidos, que somente a Palavra de Deus pode alcançar-lhes a junção (Hb 4.12). Ambos têm de ser vistos juntos; são inseparáveis.
Onde fica a sede de nossas afeições a Deus?
O espírito humano, por ser o elo entre o corpo e Deus, é a sede de nossa comunhão com o Pai Celeste.
Como João foi arrebatado para obter a revelação do Apocalipse?
Foi em seu espírito, portanto, que João recebeu a revelação do Apocalipse.
A NATUREZA DO SER HUMANO
O ser humano é um ser tricotômico. Ele não é só corpo, nem muito menos só alma ou só espírito. Ele é constituído de corpo, alma e espírito; portanto, um ser integral. É assim que as Escrituras mostram o ser humano.
Resumo da lição
Nesta lição, temos os objetivos de mostrar a complexidade do ser humano, bem como elencar as características do corpo humano; destacar que alma é o nosso elo com o mundo exterior; e relacionar o espírito com o nosso contato direto com Deus. Esses objetivos suprirão o propósito de afirmar a complexidade humana, que passa pela materialidade e imaterialidade do ser que se revelam na constituição do corpo, alma e espírito, isto é, da pessoa humana.
Assim, para mostrar a complexidade humana e elencar as características do corpo humano respectivamente, em primeiro lugar, o primeiro tópico mostra que a natureza do ser humano é distinta tanto em relação a Deus quanto em relação aos anjos; em segundo lugar, o segundo tópico elenca as seguintes características do corpo humano: materialidade, visibilidade e mortalidade. O terceiro tópico destaca que a alma é o nosso elo com o mundo exterior, revelando que a sua separação do corpo provoca a morte. Nesse sentido, não há pessoa humana sem a união da alma (e do espírito) e do corpo. O quarto tópico relaciona o espírito como a sede da nossa comunhão com Deus, o elemento que faz com que nos liguemos com as coisas espirituais e divinas.
Aprofundando o tema
Com base em 1 Tessalonicenses 5.23 e Hebreus 4.12, nós, os assembleianos, compreendemos que o ser humano é corpo, alma e espírito. Mas há irmãos que entendem que ele não é tricotômico (composto de três partes), mas dicotômico (composto de duas partes). Acerca disso, o teólogo pentecostal, Myer Pearman, em “Conhecendo as Doutrinas da Bíblia”, escreve: “Embora distintos, o espírito e a alma são inseparáveis, pois permeiam e interpenetram um ao outro. Por estarem tão interligados, as palavras ‘espírito’ e ‘alma’ muitas vezes confundem-se (Ec 12.7; Ap 6.9), de maneira que um trecho descreve-se a substância espiritual do homem como alma (Mt 10.28) e em outra passagem, como espírito (Tg 2.26)”. Logo, a razão de os termos alternarem-se entre si, não significa que ambos sejam sinônimos, como bem demonstra Pearman. Entretanto, como alma e espírito são inseparáveis, só a Palavra de Deus pode distingui-los (Hb 4.12).