Título: Jesus Cristo — Filho do Homem, Filho de Deus
Comentarista: Thiago Brazil
Lição 8: A obra salvífica do Senhor Jesus Cristo
Data: 23 de Fevereiro de 2020
“Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hb 9.12).
Não existe urgência mais destacável em nossas vidas do que a garantia de nossa salvação em Jesus Cristo.
SEGUNDA — Ef 5.2
Jesus, a melhor oferta
TERÇA — 1Co 1.30
Jesus, nossa redenção
QUARTA — 2Co 5.18
Jesus, caminho para nossa reconciliação
QUINTA — Cl 1.21
Fomos reconciliados em Cristo
SEXTA — 1Tm 2.6
Ele doou-se como preço de redenção
SÁBADO — Fp 2.7
Jesus tomou a forma de servo
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Como você avalia a qualidade de seu relacionamento com seus educandos? Você é apenas um transmissor de informações para eles ou você também é um modelo, um exemplo, um paradigma? O processo educativo é muito mais eficiente quando a relação educador X educandos amplia-se para além de uma simples tarefa de repassar dados e constitui-se como uma parceria de mútuo aprendizado. Cada educando tem um conjunto de conhecimentos prévios que, quando bem orientados, pode ser extremamente útil para o desenvolvimento das aulas semanalmente. Desta forma, se você conhecer seus educandos, — descobrir seus talentos, vocações, formações — poderá direcionar e potencializar aquilo que eles já trazem como “bagagem de mundo” e aplicar como ferramental para uma aula excelente.
Previamente, organize uma série de caixas para presentes — preferencialmente de tamanhos, formatos e materiais diferentes (se possível, ponha até mesmo pesos como revistas velhas, objetos sem valor e papel amassado dentro). O detalhe mais importante é que você precisa garantir que existam mais alunos do que presentes, de uma forma que pelo menos um fique sem seu presente.
Autorize-os a pegarem o presente que quiserem. Ao final, quando ficar evidente que alguém ficou sem o devido presente, demonstre constrangimento, tristeza e pergunte se alguém pode ceder seu presente ao outro. É nesta hora que você deve observar a capacidade de cada um doar-se e sacrificar-se pelo outro. Ao fim, independente do que aconteça, peça que todos abram as caixas, nelas deve haver versículos sobre o sacrifício de Jesus, lembre-os, para nós doação e sacrifício são ações desafiadoras, mas para Deus foi a prática que transformou a história.
2 Coríntios 5.11-21.
11 — Assim que, sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens à fé, mas somos manifestos a Deus; e espero que, na vossa consciência, sejamos também manifestos.
12 — Porque não nos recomendamos outra vez a vós; mas damo-vos ocasião de vos gloriardes de nós, para que tenhais que responder aos que se gloriam na aparência e não no coração.
13 — Porque, se enlouquecemos, é para Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós.
14 — Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram.
15 — E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
16 — Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora, já o não conhecemos desse modo.
17 — Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.
18 — E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 — Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação.
20 — De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus.
21 — Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele, fôssemos feitos justiça de Deus.
INTRODUÇÃO
A obra da salvação pode ser analisada por vários ângulos; uma das possibilidades é a compreensão da salvação a partir dos generosos atos de Deus em nosso favor. Se elegermos três deles — sacrifício, reconciliação e redenção — veremos que o resgate de nossas vidas foi realizado pelo Altíssimo através de ações que repercutem em toda a trajetória da humanidade (passado, presente, futuro). A experiência da salvação é viva e dinâmica, por isso, reflitamos sobre ela e sejamos edificados.
I. O SACRIFÍCIO
1. O que é um sacrifício no Antigo Testamento? Pode-se definir sacrifício, numa perspectiva veterotestamentária, como a prática cúltica de oferecer produtos do campo ou animais a Deus, como forma de solicitação de perdão por pecados individuais ou coletivos (Lv 23.26-28), gratidão pela produtividade da terra ou outro aspecto da vida das pessoas (Lv 7.11,12),e como expressão de adoração (Lv 6.8-13).
Desde o Antigo Testamento esta prática estava regulada por princípios que expressavam o caráter justo do Eterno Deus, tais como a proporcionalidade, regularidade e significância. Cada um deveria ofertar conforme as suas posses; havendo na própria lei uma normatização com relação àquilo que deveria ser sacrificado pelos que eram ricos e poderosos, e aqueles pobres e necessitados (Êx 30.15). Havia uma orientação sobre quantas vezes e em que datas as ofertas, isto é, os sacrifícios, deveriam ser ofertados (Lv 23). Todo sacrifício precisava ter significado, razão de ser, para quem realizava o ato sagrado (Lv 7.30; 22.29), sendo que em todos os casos a finalidade última sempre era a glória de Deus (Dt 12.11).
2. O que é um sacrifício em o Novo Testamento? Já no Novo Testamento, quando a revelação de Deus manifesta-se de modo completo e plenamente inteligível a partir de Cristo (Ef 3.19), o sentido do ato de sacrificar ganha novos contornos, direciona-se muito mais para uma prática associada diretamente ao próprio indivíduo e suas faculdades, ou seja, deixa de ser algo prioritariamente material com repercussão espiritual, para ser uma prática espiritual com consequências materiais. Por isso a Bíblia falará de sacrifícios agradáveis (Fp 4.18), sacrifícios de louvor (Hb 13.15), sacrifícios espirituais (1Pe 2.5). Pode-se perceber, desta forma, uma guinada no Novo Testamento: Mais importante do que o protocolo ritualístico de quem sacrifica são as intenções do coração ofertante (Mc 12.33).
3. O sacrifício verdadeiro. Como Davi, o grande rei de Israel, já afirmava milênios atrás, somente deve-se apresentar a Deus sacrifícios que tenham algum valor (2Sm 24.24). Oferecer do que se esbanja ou daquilo que não serve mais, não somente é inútil enquanto ato devocional, como torna-se um verdadeiro insulto ao nosso Criador (Mq 6.6-8). Há toda uma seção da profecia de Malaquias sobre esse tipo de comportamento (Ml 1.7,8). Desta forma, seguindo o próprio princípio estabelecido por Ele mesmo, o Criador do universo, quando decidiu-se em oferecer um sacrifício substitutivo em favor de nossas vidas, deu-nos o melhor: Seu Filho unigênito (1Jo 4.9). Assim, sobre o sacrifício de Jesus, pode-se apresentar como características fundamentais os seguintes tópicos:
a) Cristo é nosso grande sacrifício (1Co 5.7). Se entre os judeus a maior celebração anual era a Páscoa, Cristo Jesus fez-se “nossa páscoa” para que por esse motivo possamos celebrá-lo continuamente, até o céu.
b) Oferecido como Cordeiro de Deus (Jo 1.29). Este sacrifício é inigualável; ninguém foi, nem fez por nós aquilo que o amado Filho do Pai é e realizou.
c) O sacrifício foi para a remissão dos pecados da humanidade (Hb 9.26). Não há seletividade ou acepção de pessoas no sacrifício vicário de Cristo; como muito bem afirma Paulo, a morte dEle foi por todos, e concedeu-nos a certeza da salvação (2Co 5.14,15).
d) O sacrifício é poderoso para salvar-nos da condenação eterna, perdoando-nos de todos os nossos pecados (Ef 4.32; Cl 3.13). A salvação é o maior milagre de Deus em prol da humanidade (Mc 10.27), não fosse a graça salvadora do Senhor Jesus estaríamos todos afastados do Pai e condenados. Bendito seja este amor (1Tm 4.10; Tt 2.11).
II. A RECONCILIAÇÃO
1. O que é reconciliação? Substantivo feminino. “Ato ou efeito de reconciliar; restabelecimento de boas relações entre pessoas que estavam em conflito.”
Teologicamente falando pode-se dizer que a reconciliação é uma das consequências centrais do sacrifício de Jesus no Calvário. Diante da separação que a condição pecaminosa estabeleceu entre nós e Deus (Is 59.2), foi necessária a intervenção de Jesus no curso da história para que a reaproximação fosse novamente possível.
2. O protagonismo de Deus no ato da reconciliação e o nosso papel. Como em tudo aquilo que envolve a obra da salvação, na reconciliação da humanidade com o Criador, o Senhor tem total mérito nas ações. Somos reconciliados com Deus por Cristo (Rm 5.11), mas não foi uma iniciativa nossa; pelo contrário estávamos fracos e enfermos por causa do pecado, mas uma incontestável demonstração do amor de Deus (Rm 5.6-10). Incomparável graça! Já com relação a nosso papel na obra da reconciliação é importante dizer que não existe reconciliação, unilateral; como a própria palavra buscar definir, reconciliar é estabelecer novamente a concórdia onde ela foi rompida. Desta forma, isto só é possível por atitudes que envolvam ambos os lados.
3. A reconciliação por meio da cruz. Não são atitudes humanas que tornam a reconciliação espiritual da humanidade um fato, e sim, o eterno cuidado de Deus para conosco. Em Efésios 2.14-22, o apóstolo Paulo argumenta que foi a cruz que abriu o caminho para a reconciliação, aproximando de uma só vez judeus e gentios, povo da promessa e filhos por adoção. A argumentação de Paulo leva-nos a compreender que em um único ato Jesus cumpriu todas as exigências da Lei e revelou todo o poder da graça. Por isso, em nossas orações, louvores, cultos e pregações, necessitamos proclamar mais sobre a misericórdia reconciliadora do Pai. Não existe reconciliação à distância, toda restauração espiritual promovida pelo Pai implica uma mudança de postura, de trajetória de vida, uma reaproximação. A imagem, que na teologia paulina torna-se um conceito-chave, é bastante propícia para demonstrar o conjunto de atitudes que precisamos adotar em nossas vidas. Maior responsabilidade ainda recai sobre aqueles que já foram reconciliados: Nosso dever é proclamar com toda a força de nossas almas a extraordinária dádiva de Cristo em nosso favor. Isto é o que Paulo denominou de ministério da reconciliação. Não devemos ser arautos da condenação ou da desesperança, mas antes, proclamadores das ricas misericórdias do Altíssimo.
III. A REDENÇÃO
1. Uma possível definição. Pode-se definir redenção como a condição do pecador em relação ao pecado após o conhecimento da graça de Deus disponível a ele (Sl 103.4). Dito de outra forma, redenção é uma atitude que apenas Deus pode realizar em favor da humanidade, pois através de seu ato redentor o Eterno concede a todos nós o livre acesso a salvação (Is 63.16; Jr 14.8). Refletir sobre a salvação concedida a nós é pensar sobre a questão da redenção e nossa condição em meio a esse maravilhoso ato divino. O conceito de “redenção” está ancorado numa metáfora muito comum nos tempos bíblicos: a imagem da comercialização de um escravo. No mundo antigo, o ato de redimir um escravo estava associado à ideia de pagar um preço para retirar, um objeto ou neste caso uma pessoa escravizada, da condição de oferta ao público. Por isso, conceitos como “pagar”, “resgatar” são sinônimos neste contexto (1Pe 1.18,19). Desta forma, o redentor como figura social era aquele responsável por patrocinar a mudança de status de quem era escravizado. A existência do remidor/resgatador tinha, como uma de suas finalidades, o objetivo de possibilitar aos filhos de Israel, no ano do jubileu, a libertação daqueles que haviam tornado-se escravos em virtude de dívidas financeiras (Lv 25.25,26). Lembremos, como exemplo desta figura na Bíblia, Boaz, o remidor de Noemi e Rute (Rt 2.20), e de Gomer e seu paciente marido Oseias (Os 1 — 3).
2. Uma compreensão do conceito de redenção no Novo Testamento. Nada melhor do que quando a própria Bíblia se encarrega de apresentar-nos uma definição clara e objetiva de um determinado conceito. Este é o caso com relação ao termo “redenção”. Conforme Efésios 1.7, redenção é: “[…] a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”. Não existe nada que possamos fazer com relação a nosso estado eterno de pecaminosidade. Sozinhos, estamos fadados a condenação que nos conduzirá a perdição eterna (2Ts 1.8,9), porém, sabendo de nossa condição existencialmente falida, Jesus Cristo alcançou remissão para todos nós (Cl 1.14). Como a redenção foi possível? Através do sacrifício vicário de Jesus, ou seja, apenas o Mestre foi capaz de oferecer-se em nosso favor, e desta forma, garantir-nos a salvação (Rm 3.24; 1Co 1.30).
3. A expectativa da redenção futura. A obra redentora que o Mestre já efetuou por nós possui uma dupla repercussão: Aquela que alcança-nos de modo imediato e presente, e por isso já hoje podemos declarar-nos redimidos, salvos e santos em Cristo. Há, todavia, outro aspecto importantíssimo na obra da redenção: ela aponta para nosso estado eterno, nossa condição final onde seremos — eternamente — salvos de todo e qualquer sofrimento desta vida, para vivermos para sempre com nosso Salvador no céu (Lc 21.28; Ef 4.30).
CONCLUSÃO
A obra da salvação é um processo complexo, realizado por Deus com a intenção de prover à humanidade a única saída para a iminente condenação eterna que nos ameaça. A fim de conceder-nos tal bênção o Altíssimo ofereceu o melhor e único sacrifício possível em regaste das nossas vidas: Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002.
1. Quais as principais mudanças entre o ato de sacrificar no Antigo Testamento e no Novo?
No AT havia mais relevância no aspecto formal e cerimonial do ato de sacrificar — por isso destacava-se mais a oferta; já no NT o elemento mais relevante é a intenção do coração do ofertante.
2. Tudo o que é sacrificado deve ter valor? Justifique sua resposta.
Sim, pois aquilo que não carrega em si qualquer significado ou relevância para o ofertante, jamais será sacrifício. Está é a diferença básica entre ofertar e descartar algo.
3. Por que depois da tragédia do Éden era necessário um processo de reconciliação entre Deus e a humanidade?
Porque conforme afirma o profeta Isaías, o pecado estabelece uma situação de separação, insuperável por meios humanos, entre Deus e a humanidade.
4. A possibilidade de redenção é oferecida apenas a alguns ou a todos de modo universal? Justifique sua resposta com textos bíblicos.
A redenção foi estabelecida por Deus para estar disponível a toda humanidade. É isto que nos dizem textos como 1 Timóteo 2.6; Romanos 3.23,24.
5. Em que sentido a redenção é o aspecto da salvação que mais aponta para o futuro?
Na medida em que tido o que diz respeito à obra da redenção poderá ser experimentado por cada um de nós em nosso estado eterno, afinal de contas, apenas lá a redenção se manifestará plena.
“Redenção. Livramento de alguma forma de escravidão com base no pagamento de um preço por um redentor (q.v.). Redenção é um conceito básico para a visão bíblica da salvação. No Antigo Testamento, a redenção está integralmente associada à vida familiar, social e nacional de Israel. Um indivíduo israelita poderia agir como um redentor, pagando um resgate para a libertação de um escravo (Lv25.48ss.), para recuperar um campo (Lv 25.23ss), ao invés de sacrificar um macho primogênito (Êx13.12ss), e em favor de alguém que de outra forma seria condenado à morte (Êx 21.28ss). Logo no início do Antigo Testamento, o Senhor Deus revelou a si mesmo como agindo de forma redentora em favor do homem. Jacó invocou a Deus como aquele ‘que me livrou de todo o mal’ (Gn 48.15,16). Deus declarou sua intenção de livrar Israel da servidão no Egito, dizendo: ‘Vos resgatarei com braço estendido’ (Êx 6.6). Na maioria dos casos no Antigo Testamento onde é feita referência à atividade redentora de Deus, a libertação efetuada é de natureza física e não espiritual (por exemplo, a libertação de Israel do Egito e da Babilônia). Mesmo estas libertações, porém, trazem em si um significado espiritual em que a libertação indicava que Deus havia perdoado o pecado ou os pecados que diretamente ou indiretamente ocasionaram a calamidade” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007. p.1655).