LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

1º Trimestre de 2021

 

Título: Ensina-nos a orar — Exemplos de pessoas e orações que marcaram as Escrituras

Comentarista: Marcos Tedesco

 

 

Lição 2: Abraão: A vida de oração de um homem de fé

Data: 10 de Janeiro de 2021

 

 

TEXTO DO DIA

 

Então, me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei(Jr 29.12).

 

SÍNTESE

 

A vida de Abraão nos traz grandes ensinamentos sobre a oração como um “estilo de vida”.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — Rm 8.28

Todas as coisas cooperam para o bem

 

 

TERÇA — Sl 90.12

A busca pela maturidade

 

 

QUARTA — Hb 11.8-19

Abraão, um herói da fé

 

 

QUINTA — Rm 4.11

Abraão, o nosso pai na fé

 

 

SEXTA — Cl 2.14,15

A vitória do Redentor

 

 

SÁBADO — Rm 12.2

Transformados pela renovação do entendimento

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • COMPREENDER o conceito bíblico de paciência e longanimidade;
  • MOSTRAR que Abraão foi um intercessor em favor de Sodoma e Gomorra;
  • SABER que a oração nos protege de nos enganar a respeito da vontade de Deus.

 

INTERAÇÃO

 

Olá professor(a), como está sendo a experiência em trabalhar essa nova temática com os seus alunos? É um tema fascinante!

Nesta lição, através da vida de Abraão, trabalharemos temas desafiadores para os dias atuais, especialmente para aos jovens. Vejamos: Primeiro estudaremos a questão da dinamicidade crescente da sociedade e o imediatismo. Segundo, veremos como podemos ser voz profética em um mundo em crise intercedendo pelos que sofrem. E, por último, faremos uma reflexão acerca da oração como meio para se conhecer a vontade de Deus para as nossas vidas. Durante a semana, procure adiantar os pontos centrais da lição e permita que seus alunos cheguem à aula bastante sensibilizados para o tema. Uma importante ferramenta para isso é um grupo de WhatsApp específico para o propósito da Escola Dominical. Uma boa aula a todos.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Ao longo do trimestre, estudaremos a vida de alguns personagens bíblicos que se destacaram por suas vidas de oração: Abraão, Moisés, Ana, Neemias, Jeremias, Daniel, Habacuque, Jesus e Paulo. Para uma análise mais completa acerca dos personagens, também buscando uma aplicação ampla para nossas próprias histórias de vida, sugerimos uma estratégia bem eficaz: Confeccione um mapa conceitual para ser fixado em sala ou ainda num banner de forma virtual. Vá produzindo aos poucos e inserindo os dados de forma gradual, a cada aula, na medida em que eles forem sendo contemplados. Sugerimos as seguintes informações acerca de cada personagem: Nome, motivo da oração estudada, três ensinamentos principais através do episódio estudado e como podemos aplicar às nossas vidas. Desejamos que essa estratégia seja uma bênção pedagógica para a sua classe.

 

TEXTO BÍBLICO

 

Gênesis 18.23-33.

 

23 — E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio?

24 — Se, porventura, houver cinquenta justos na cidade, destrui-los-ás também e não pouparás o lugar por causa dos cinquenta justos que estão dentro dela?

25 — Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio: que o justo seja como o ímpio, longe de ti seja. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?

26 — Então, disse o SENHOR: Se eu em Sodoma achar cinquenta justos dentro da cidade, pouparei todo o lugar por amor deles.

27 — E respondeu Abraão, dizendo: Eis que, agora, me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.

28 — Se, porventura, faltarem de cinquenta justos cinco, destruirás por aqueles cinco toda a cidade? E disse: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.

29 — E continuou ainda a falar-lhe e disse: Se, porventura, acharem ali quarenta? E disse: Não o farei, por amor dos quarenta.

30 — Disse mais: Ora. não se ire o Senhor, se eu ainda falar: se, porventura, se acharem ali trinta? E disse: Não o farei se achar ali trinta.

31 — E disse: Eis que, agora, me atrevi a falar ao Senhor: se, porventura, se acharem ali vinte? E disse: Não a destruirei, por amor dos vinte.

32 — Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez.

33 — E foi-se o SENHOR, quando acabou de falar a Abraão: e Abraão tornou ao seu lugar.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Abraão é um dos personagens bíblicos mais conceituados e admirados por todos os cristãos. Conhecido com o pai da fé, o patriarca é uma referência para todos os que creem (Rm 4.11) e nos ensina valiosas lições sobre como ser direcionado por Deus e confiar acima de todas as circunstâncias.

Em um tempo marcado pelo paganismo e por práticas que desagradam ao Senhor, Abraão se destacou por sua obediência levando-o a sair de sua terra e do meio de seus parentes (Gn 12.1), passar por escolhas difíceis (Gn 21.14) chegando ao extremo entre ter que decidir se obedecia a Deus ou poupava a vida de seu filho (Gn 22.2).

 

I. A ORAÇÃO NOS TORNA PACIENTES, LONGÂNIMES

 

1. Oração é, também, processo. Todos nós buscamos concluir as etapas e os desafios impostos pelo nosso cotidiano com a finalidade de alcançar os objetivos de vida. Essa característica humana é nobre e precisa ser valorizada. Mas há um detalhe muito importante que precisamos enfatizar: É no processo que crescemos e as conquistas são desenhadas e colocadas em prática.

Na oração, esse princípio também é observado. É em nossa rotina diária de diálogos com Deus que vamos aprendendo a confiar, a abrir nossos corações, a interceder pelo próximo e, de forma serena, buscar ouvir também o que o Pai Amado tem a nos dizer. Podemos observar o quanto Abraão se permitia viver esse processo. Ainda em Ur, e posteriormente em Harã (Gn 11.31), o patriarca já tinha uma disciplina de oração. Imaginemos como deve ter sido o dia em que ele ouviu claramente a ordem divina: “Sai-te da tua terra […] para a terra que eu te mostrarei” (Gn 12.1). Esse foi o início de um longo processo que levaria o velho patriarca a ser considerado o nosso “pai na fé”.

2. Uma vida de oração. Abraão ficou conhecido como um homem de grande fé (Hb 11.8-19). E um dos segredos para tamanha fé repousa em uma vida de oração. A forma como Deus falava com o patriarca era impressionante: no seu chamado para ir para uma terra desconhecida (Gn 12.1), no momento da partilha das terras (Gn 13.14), no concerto (Gn 17), na intercessão pelos justos (Gn 18.26), na solicitação ao sacrifício de Isaque (Gn 22.2), entre tantos outros momentos, o Senhor simplesmente falava! Abraão era sensível a voz de Deus. Será que nós também buscamos essa condição para as nossas vidas?

3. Pacientes, longânimes. A vida de Abraão foi marcada por diversos momentos onde a paciência e a longanimidade foram decisivas. Imagine quantos anos separaram as promessas de Deus e a concretização delas na vida do patriarca. Apontemos um exemplo: A promessa de que seria pai de uma grande nação (Gn 12.2) e a concretização apenas muitos anos mais tarde.

A oração nos torna pacientes e longânimes em uma trajetória onde somente o nosso relacionamento com Deus permitirá esse amadurecimento. Aos poucos, aprenderemos a ouvir o “sim”, o “ainda não” e o “não”. Nossa natureza nos impele a querer tudo para o tempo presente, mas Deus sabe a hora certa para todas as coisas.

 

 

II. ABRAÃO INTERCEDE EM FAVOR DOS MORADORES DE SODOMA E GOMORRA (Gn 18.23-33)

 

1. Orando em favor dos perversos. Interceder diante de Deus em favor daqueles que são justos e bons parece não ser uma tarefa tão difícil. Entretanto orar em favor de homens maus e perversos não é nada fácil. É preciso ter amor, fé em Deus, obediência, temor, esperança de que o Senhor pode reverter toda e qualquer situação, por mais difícil que possa parecer: vemos que Abraão tinha todas essas qualidades. Os habitantes de Sodoma e Gomorra eram perversos, pervertidos e cometiam toda sorte de pecados. De maneira implacável eles “agrediam” a santidade de Deus e tornavam a vida das pessoas daquela localidade, como por exemplo, a vida de Ló, sobrinho de Abraão, em um verdadeiro “inferno”.

O pecado em Sodoma e Gomorra havia alcançado os piores níveis e tal condição nos lembra muito a que estamos vivendo na atualidade, pois a violência tomou conta das cidades, ou melhor, do mundo e não importa a condição social ou política dos países. A vida humana parece ter perdido o valor e poucos são os que se importam com os altos índices de homicídios, casos de pedofilia, estupros, violência doméstica e tanto outros males. Para algumas pessoas tudo não passa de dados estatísticos e muitos já não rogam a Deus em favor das cidades. Precisamos agir como intercessores, seguindo o exemplo de Abraão.

2. Vivendo em meio ao pecado. A família de Abraão e de Ló, seu sobrinho estava vivendo em meio a cidades ímpias. Porém, a fé deles e certamente a comunhão que mantinham com Deus mediante a oração não permitiram que se contaminasse com o pecado que tão de perto os rodeavam. Sabemos que Deus é paciente e deve ter dado tempo para que as pessoas se arrependessem. Porém, o dia do juízo do Deus Santo chegou para as cidades de Sodoma e Gomorra. Sabemos que Deus é justo e que um dia nós vamos colher tudo aquilo que plantamos. As sementes espalhadas pelos habitantes daquelas cidades eram malignas, perversas, mas havia chegado a hora da colheita. Então, Deus avisa a Abraão a respeito da destruição que viria sobre os moradores das cidades de Sodoma e Gomorra. Diante da revelação do juízo de Deus, Abraão decide interceder em favor dos justos. Ele pergunta a Deus: “Destruirás também o justo com o ímpio?” (Gn 18.23). Abraão não estava tentando mudara opinião de Deus, mas vemos aqui a reflexão de um homem de fé, que conhecia a bondade e a justiça do Senhor. Vemos a atitude de um intercessor que se importava com o bem das pessoas, em especial aqueles que buscavam servir ao Senhor. A compaixão e o amor são as características principais de um intercessor. Você tem demonstrado compaixão pelas pessoas que vivem em sua cidade? Tem rogado por elas como fez Abraão?

3. Abraão, um intercessor em favor das cidades. Sabemos que a humanidade, infelizmente, não consegue compreender o amor, a justiça e o juízo de Deus. No entanto o Senhor é justo, bom, paciente e pune o pecado. Até em seus julgamentos Deus é bom, pois Ele nos dá aquilo que semeamos. Cabe a nós, Corpo de Cristo, mostrarmos ao mundo quão justo, santo, agradável e amoroso é o Deus que servimos. Abraão nos ensina a interceder, com amor, bondade e persistência, por nossas cidades, pelos ímpios, por aqueles que zombam da nossa fé e da Igreja do Senhor e também por aqueles que são justos e bons.

Um grande erro cometido por algumas pessoas em suas orações é a inclinação em apontar somente os defeitos, os erros das pessoas. Precisamos estar atentos acerca desses equívocos. Não podemos nos esquecer que se não fosse a graça e a misericórdia de Deus em nossas vidas, também seriamos alvo do juízo e da justiça do Senhor. Estaríamos perdidos, destinados à morte como os moradores de Sodoma e Gomorra. Então, vamos seguir o exemplo de vida de Abraão, fazendo da oração um estilo de vida.

 

 

III. A ORAÇÃO NOS PROTEGE DE NOS ENGANAR A RESPEITO DA VONTADE DE DEUS

 

1. Boa. A Bíblia nos revela que a vontade de Deus para as nossas vidas é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2). Mas, somente em uma caminhada de oração teremos as condições ideais para experimentarmos tal bênção. Antes de tudo é necessário viver uma total transformação através da renovação do entendimento, que chamamos de “metanoia”. Essa palavra um pouco desconhecida implica em uma total e radical mudança de pensamento. É quando alguém se propõe a ver algo de uma forma completamente inusitada. Essa é a transformação natural que ocorre quando desenvolvemos uma vida de constante oração e busca por Deus: Nova visão gerando inconformidade, posturas inusitadas, padrões elevados e a busca pela verdadeira vontade de Deus.

Precisamos destacar que a vontade de Deus é sempre boa! O próprio Mestre fez referências a esse respeito em inúmeras ocasiões. A forma como a Bíblia apresenta a boa vontade de Deus para conosco também nos inspira a sermos bons uns para com os outros. No tempo certo (Sl 27.14), o Pai Amado, em sua infinita bondade, supre as nossas necessidades.

2. Agradável. A vontade de Deus é agradável, ou seja, ela gera um bem-estar a todos os que dela experimentam. Não importa se tudo vai bem ou não; se passamos por momentos felizes ou de grandes dificuldades, se os desafios são pequenos ou gigantescos. Se permitirmos que a vontade divina seja constante em nossa vida, nos sentiremos bem e em paz.

A humanidade não consegue enxergar a vontade de Deus como agradável. Cabe a nós, Corpo de Cristo, mostrarmos ao mundo quão agradável é o que Deus almeja para nossas vidas. Que possamos com convicção em nossas orações declarar: “Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu […]” (Sl 40.8)

3. Perfeita. A vontade de Deus, além de boa e agradável, também é perfeita. Muitas vezes encontramos coisas “aparentemente” perfeitas, mas ao olharmos com maior critério veremos que elas possuem muitas falhas. Outro grande erro cometido pelos homens, é a inclinação em apontar defeitos nos planos do Senhor. Precisamos estar atentos acerca desses equívocos.

Através de uma vida de oração, perceberemos que os planos de Deus são perfeitos e conseguiremos, com paciência e longanimidade, vivê-los com alegria e satisfação. Abraão viveu grandes desafios e passou por muitas dificuldades e provações, porém, através de uma rotina de oração e busca pela direção divina, pode celebrar as conquistas e vivenciar a boa, agradável e perfeita vontade divina em sua vida.

 

 

CONCLUSÃO

 

Nesta lição aprendemos que a oração deve ser uma constante em nossas vidas. A oração como “estilo de vida” é o segredo para uma caminhada vitoriosa nos dias atuais. Através da oração alcançaremos a paciência e a longanimidade tão necessária em tempos tão difíceis. Assim como nos dias de Abraão, os desafios de Sodoma e Gomorra assolam a humanidade. Mas, guiados pelo Espírito, venceremos sempre. Busquemos, em uma vida de constante oração, a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

 

CABRAL, Elienai. Abraão: As Experiências de Nosso Pai na Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. Que significa afirmar que a oração é também processo?

Significa que é algo que precisa ser buscado o tempo todo, em uma continuidade, buscando um relacionamento com Deus.

 

2. Qual o papel da oração na vida de Abraão?

Ela possibilitava um crescente relacionamento com Deus.

 

3. O que é longanimidade?

O ato de tolerar as adversidades e perturbações em favor de alguém.

 

4. Quais os maiores problemas de Sodoma e Gomorra?

As duas cidades da antiguidade sinalizavam a perversão humana e o afastamento total dos princípios divinos.

 

5. Quais as características da vontade de Deus que são apontadas nessa lição?

Ela é boa, agradável e perfeita.

 

SUBSÍDIO

 

 

“A Bíblia registra que no tempo de Abraão, uma pentápolis (um grupo de cinco cidades) se estendia ao longo da bem irrigada planície na porção do sul do Vale do Jordão (Gn 13.10-11). Em um dos relatos mais memoráveis da Bíblia, lemos que uma destruição cataclísmica cobriu duas destas cidades — Sodoma e Gomorra (Gn 19.24-29). De acordo com a Bíblia, os habitantes eram tão ímpios (Gn 18.20; 19.1-13) que uma chuva de ‘fogo e enxofre’ foi enviada por Deus em juízo. Como resultado, a reputação das cidades como ‘cidades de pecado’ tornou-se um exemplo na Bíblia; os profetas e Jesus frequentemente usando a frase ‘como Sodoma e Gomorra’ em advertências de castigo divino. Se as evidências para estas cidades continuarem a se avolumar conforme espera-se nas futuras escavações, então finalmente possuímos confirmação arqueológica da historicidade das cidades pecaminosas da Bíblia. Isso, é claro, é encorajador para aqueles cujas vidas são vividas em fé e não tem nada a temer de um Deus que uma vez julgou um grupo de cidades com fogo do céu. Mas para aqueles que têm vivido pecaminosamente à vista dos céus, conforme o povo de Sodoma e Gomorra fizeram, pode haver pouco alívio. Essas cidades servem de aviso de que o Deus que puniu pecados no passado já marcou uma realização parecida” (PRICE, Randall. Pedras que Clamam: O Que as Últimas Descobertas da Arqueologia Revelam Sobre as Verdades Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 2001. pp.97,109).