Título: Ensina-nos a orar — Exemplos de pessoas e orações que marcaram as Escrituras
Comentarista: Marcos Tedesco
Lição 3: Moisés: Um líder de oração
Data: 17 de Janeiro de 2021
“E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo; depois, tornava ao arraial; mas o moço Josué, filho de Num, seu servidor, nunca se apartava do meio da tenda” (Êx 33.11).
Moisés foi um líder que se destacou pela forma como se relacionava com Deus.
SEGUNDA — 1Ts 5.16-18
Orai sem cessar
TERÇA — Jo 10.14
Somos conhecidos pelo Bom Pastor
QUARTA — Jr 1.5
Deus nos conhece antes mesmo de nascermos
QUINTA — Mt 6.21
O nosso tesouro
SEXTA — Sl 3.4
Deus nos ouve
SÁBADO — Jo 4.23
Deus procura os verdadeiros adoradores
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Olá! Que bom estarmos juntos para mais uma aula. Quando falamos do grande líder Moisés, nos deparamos com alguém que teve a sua vida marcada por um relacionamento íntimo com Deus. Por intermédio dessa lição, você terá a honra de poder apresentar esse personagem bíblico aos seus jovens. Faça desse um momento inesquecível para que seus alunos venham para a sala de aula com o coração ardendo, desejosos de sentir a presença de Deus, assim como Moisés. Peça para que eles falem acerca da forma como sentem Deus em suas vidas e incentive-os a narrarem suas experiências. Seja mais do que um professor(a), seja alguém que, através da docência conduz os jovens alunos a sentirem com intensidade o desejo de estarem, a cada dia, mais perto de Deus. Para as novas gerações, um professor(a) é muito mais do que alguém que lhes apresenta um novo conteúdo, é uma inspiração que desperta neles o desejo de fazer a diferença. Professor(a), parabéns! Você foi escolhido(a) para ser uma inspiração para os seus jovens.
Uma estratégia interessante para propor aos seus alunos é a formação de um grupo de oração onde todos se conectam em um mesmo horário e intercedem juntos. Para os jovens se comunicarem nos momentos que antecedem a oração, ou até durante o momento onde estarão intercedendo, as redes sociais como WhatsApp, Skype e o Zoom, podem ser utilizadas. Durante a aula você pode explicar ao grupo como funcionará a estratégia e até pedir aos alunos ideias para enriquecer o projeto. Escolham um ou mais horários e elejam os temas que conduzirão a oração. Algumas sugestões de intercessão são: família, igreja, relacionamento, alguns colegas em específico, um projeto, entre outros. Também separem um momento para orações de adoração e busca pela presença de Deus. Combinem a dinâmica dos encontros de oração, como por exemplo: Quem chamará o pessoal? Estarão online durante o período de oração ou não? Lembrem-se: Novos tempos, novas demandas, novas estratégias. Porém, sempre a mesma essência!
Êxodo 33.11,17-18,20-23.
11 — E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo; depois, tomava ao arraial; mas o moço Josué, filho de Num, seu servidor, nunca se apartava do meio da tenda.
17 — Então, disse o SENHOR a Moisés: Farei também isto, que tens dito; porquanto achaste graça aos meus olhos; e te conheço por nome.
18 — Então, ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória.
20 — E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá.
21 — Disse mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto a mim; ali te porás sobre a penha.
22 — E acontecerá que, quando a minha glória passar, te porei numa fenda da penha e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado.
23 — E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos que o nível de intimidade de Moisés com Deus era ímpar. Desde menino, Moisés viveu momentos marcantes: de salvo das águas foi ao palácio viver como um príncipe; do luxo de uma monarquia escolheu abrandar o sofrimento do seu povo, e da simplicidade do pastoreio de ovelhas tornou-se um dos maiores estadistas da história da humanidade! Este é Moisés, o homem que falava com Deus, face a face! Reflita acerca do exemplo de Moisés, busque um relacionamento mais íntimo com Deus e descubra um dos segredos das grandes vitórias.
I. MOISÉS FALA COM DEUS
1. Um homem experimentado. Quando nos referimos a Moisés, falamos sobre um homem com uma vasta experiência nas mais diversas áreas da vida humana. Nascido escravo (Êx 2.2), foi adotado por uma princesa egípcia (Êx 2.10) e morou no palácio por muitos anos como um membro da realeza. Estudou com os maiores mestres da antiguidade e ainda jovem, já era um erudito e muito talentoso. Vivendo no palácio, sentiu o coração apertar ao constatar o sofrimento do seu verdadeiro povo. Após um triste episódio (Êx 2.12), retirou-se para o deserto e, com as ovelhas e as cabras (Êx 3.1) aprendeu sobre cuidado, mansidão, paciência e simplicidade. Achava que sua vida tinha chegado ao ápice, mas estava equivocado.
Do meio da sarça que ardia (Êx 3.4), o grande Eu Sou o chamou para uma missão de grande relevância (Êx 3.10): Conduzir o povo de Israel em liberdade e segurança até a terra prometida! O início da grande história começa entre as pragas no Egito (Êx 7.20) e as constantes negativas do Faraó (Êx 8.15). Ele vivencia com temor o abrir do Mar Vermelho (Êx 14.21), a água brotar da rocha (Êx 17.5), as vitórias bélicas de um povo fraco sobre experimentados guerreiros do deserto (Êx 17.13), o pão que caia do céu (Êx 16.4) e a nuvem que os cobria dia e noite pelo desafiador deserto (Êx 13.21). Esse foi Moisés, um homem que mesmo vivendo tantas histórias, teve a ousadia e o privilégio de falar com Deus, face a face (Êx 33.11).
2. Um povo obstinado. Na oração que estamos estudando nesta lição. Deus fala algo a Moisés que descrevia uma grande dificuldade para a missão de levar os israelitas até a Terra Prometida: “[…] porque eu não subirei no meio de ti, porquanto és povo obstinado, para que te não consuma eu no caminho” (Êx 33.3). O que significa a palavra obstinado? Por um lado, obstinado denota alguém perseverante e determinado. Mas não é esse o sentido que o texto busca transmitir. Deus apresenta a Moisés uma característica extremamente negativa acerca dos hebreus, que os descrevem como porfiadores, inflexíveis, intolerantes, teimosos e relutantes.
Assim que saíram do Egito, os recém-libertos já iniciaram suas rotinas de reclamações (Êx 14.11) e murmurações acerca das maravilhas que haviam experimentado de forma miraculosa. Os israelitas formavam um povo que, mesmo em meio a tantas bênçãos literalmente caídas dos céus, apenas viam o lado negativo da vida, muitas vezes inexistentes, valorizando as adversidades exageradamente e de forma injusta (Êx 15.24). Esse era o povo conduzido por Moisés. Imaginem os desafios diários enfrentados pelo grande líder. Só com muita oração mesmo!
3. Um líder de oração. Nos dois primeiros tópicos estudamos acerca do perfil de Moisés e sobre uma das características mais marcantes do povo de Israel. Se analisarmos essa combinação e a grandiosa tarefa dada por Deus ao grande líder, perceberemos o grau de dificuldade de sua missão.
Diante de tal desafio, somente com uma vida intensa de oração e total dependência divina tornou-se possível o êxito da empreitada de Moisés. O grande líder tinha muitas habilidades e possuía uma experiência admirável, porém essas características não lhe garantiam o sucesso.
Os momentos em que Moisés buscava a Deus representavam um verdadeiro refúgio frente ao clima escaldante das insatisfações do povo mal-agradecido e murmurador. Nesses momentos Deus o consolava, fortalecia, direcionava e apresentava as soluções para as mais diversas dificuldades. A oração tem esse maravilhoso papel: É no diálogo diário que Deus nos ouve e aquieta nossa alma aflita. Desafios colossais não resistem aos efeitos de uma vida de oração aos pés do nosso Amado Pai.
II. DEUS FALA COM MOISÉS FACE A FACE
1. Como a um amigo! A forma como Moisés se relacionava com Deus era impressionante. O texto bíblico nos revela que o Senhor falava com Moisés face a face, da mesma forma como nos dirigimos aos amigos mais chegados.
É esse o relacionamento que Deus quer ter com cada um de nós: Uma relação onde possamos conversar abertamente e, convictos de que o Pai ali está, o percebamos pronto a ouvir-nos e também a tocar os nossos corações, com sua vontade.
Um grande impeditivo para que isso ocorra é o fato de formalizarmos em excesso os momentos em que nos dirigimos a Deus em oração. Tentamos criar rituais e usamos palavras difíceis e mecânicas que com pouca clareza expressam o que desejamos falar. Também criamos momentos fixos e pré-determinados para as orações, tirando assim a espontaneidade que poderíamos ter. Oramos formalmente em alguns horários e assim corremos o risco de nos esquecermos de que devemos “orar sem cessar” (1Ts 5.17).
Não podemos deixar de lado os momentos fixos de oração, como, por exemplo, no amanhecer, antes das refeições, nos horários de culto e devocionais e também antes de dormirmos, porém enfatizamos a necessidade de orarmos a todo o tempo e amarmos a Deus com todas as nossas forças (Dt 6.5). O mesmo princípio se aplica também para com a linguagem utilizada.
Não há problema em usarmos palavras rebuscadas e cultas, mas devemos cuidar para que elas não nos deixem tão distante do real sentido de nossos sentimentos. Use as palavras que melhor expressam o que sente a sua alma!
2. “Conheço-te por teu nome” (Êx 33.12). Moisés, em seu diálogo na busca pela presença divina, faz menção da expressão “Conheço-te por teu nome”. Essa é uma fala que faz referência a algumas passagens bíblicas (Gn 18.19; Jr 1.5; Jo 10.14; 2Tm 2.19) e nos revela um fato de grande relevância: Deus conhece os seus! O termo “conheço-te” utilizado nessa chave bíblica tem um significado diferente do verbo “conhecer”. Enquanto o verbo nos remete ao ato de perceber ou identificar a existência de algo, a chave bíblica nos impele a uma compreensão mais profunda acerca de alguém.
O texto bíblico nos permite visualizar um processo contínuo de conhecimento onde Deus se inclina e percebe na vida de alguém sentidos, intenções, práticas, desejos e comprometimentos. No Evangelho de João, há um texto que ilustra bem esse entendimento: “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido” (Jo 10.14). Jesus, nessa passagem, deixa claro que o “conhecimento” se dá através de um processo que envolve “relacionamento” e “troca” entre aquele que conhece e o que é conhecido. Assim como Moisés, será que podemos nos dirigir a Deus e clamar: “[…] tu disseste: Conheço-te pelo teu nome”? Amados jovens, almejemos intensamente essa bênção em nossas vidas.
3. Nos inspira ou nos constrange? Quando estudamos a vida de Moisés e o seu relacionamento com Deus somos impactados com o nível de intimidade alcançado. A narrativa bíblica nos diz que Deus falava com Moisés face a face, como qualquer um fala com o seu amigo.
Todo cristão deve almejar tal relacionamento e buscar insistentemente essa bênção. Essa é a vontade de Deus: também foi assim com Adão (Gn 3.8), com Abraão (Gn 12.1), com Josué (Js 1.1-9), com Samuel (1Sm 3.10) e tantos personagens que encontramos nas páginas da Bíblia.
Esse relacionamento nos inspira ou nos constrange? Nos alegra e motiva-nos a orar e buscar ainda mais a presença de Deus? Ou deixa-nos constrangidos pelo pouco que fazemos em nosso dia a dia para alcançarmos um relacionamento mais íntimo com Deus? Desejamos ardentemente que a resposta dada por cada um de nós seja sempre: Inspira e constrange, ao mesmo tempo.
III. MOISÉS ROGA A DEUS A SUA PRESENÇA
1. Sede por Deus! Prioridade. Na oração que encontramos no texto estudado, encontramos um momento que nos ajuda a entender a própria essência do líder israelita: “Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui” (Êx 33.15). Essa fala mostra alguém que tinha clareza de suas prioridades!
Moisés já havia conquistado uma nova oportunidade para o povo murmurador e teimoso, mas não estava satisfeito. Deus lhe afirmara que não iria mais junto deles, mas que enviaria um anjo para tal feito (Êx 33.2,3). Porém, o “líder que orava” tinha uma prioridade inegociável: A presença de Deus! Ele clamou ao grande Eu Sou: “Rogo-te que me mostres a tua glória” (Êx 33.18).
Caro jovem, quais são as suas prioridades? Qual o “tesouro” da sua vida? A Bíblia nos afirma que “onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21).
O povo apenas queria ter uma vida confortável e, por isso, quase perdeu a promessa. Moisés queria a presença vivida de Deus por completo em sua vida e experimentou um relacionamento com Deus que jamais foi superado na história de Israel (Dt 34.10-12). O povo queria a bênção, o “líder que orava” queria o próprio Deus. Qual é a sua escolha?
2. “[…] me verás pelas costas […]” (Êx 33.23). A expressão “me verás pelas costas” nesse enunciado revela um significado totalmente diferente do “dito popular”. Um “pouquinho” das costas foi muito superior ao que Moisés suportaria acerca da glória de Deus, mas já foi o suficiente para nos ensinar uma maravilhosa lição acerca da verdadeira adoração e o desejo pela presença de Deus! Vamos entender melhor essa história nas linhas a seguir.
Deus deseja que tenhamos um relacionamento íntimo com Ele! São várias as passagens bíblicas que nos demonstram essa verdade (Jo 4.23; 10.27; Jr 33.3; Sl 3.4) e precisamos estar atentos à voz divina.
Moisés pede ao Pai que lhe mostre a sua glória num sinal destemido, porém respeitoso, de profundo anseio pela presença divina. Rapidamente, o líder é advertido sobre a dimensão da glória de Deus e os seus efeitos caso fossem contempladas por Ele. Mas, o falível homem tocou de forma tremenda o maravilhoso Deus. Moisés havia pedido algo que se tornara precioso aos olhos do grande Eu Sou: Ele queria sentir Jeová em toda a sua magnitude. Deus, movido por tamanha ousadia, buscou uma forma de permitir-se ser visto pelo líder (Êx 33.21-23). É agradável a Deus que os seus o desejem e o busquem em espírito e em verdade (Jo 4.23). Viva essa verdade na sua vida.
CONCLUSÃO
Nessa lição pudemos aprender acerca da vida de oração de um grande líder, Moisés. Um dos grandes segredos deste homem repousava em sua rotina de oração e extrema dependência divina. Juntamente com os seus colegas de classe, busquem por momentos cada vez mais significativos de oração e se permitam experimentar tudo o que Deus tem a nos oferecer. Façam com que seus relacionamentos com o Pai Amado sejam prioridade em suas vidas! Os frutos dessa decisão serão incalculáveis.
BORGES, Jonas. Jejum e Oração: As Armas Infalíveis. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
1. Por que podemos afirmar que Moisés era um homem experimentado?
Porque ele viveu as mais diversas condições que podem ser experimentadas por alguém: de filho de escravos a nobre, de pastor de rebanhos a grande estadista, viveu muitas realidades em sua vida.
2. O que significa a palavra “obstinado” usada por Deus para descrever o povo de Israel?
Significa que eram porfiadores, inflexíveis, intolerantes, teimosos e relutantes.
3. O que acontecia quando Moisés orava ao Senhor?
Deus o consolava, fortalecia, direcionava e apresentava as soluções para as mais diversas dificuldades.
4. Por que o exemplo de Êxodo 33 no inspira e nos constrange ao mesmo tempo?
Porque por mais que nos motivemos e busquemos a presença de Deus, jamais a alcançaremos em plenitude, pois somos falhos e limitados.
5. Quando Moisés preferiu a presença de Deus e não apenas a conquista da Terra Prometida, que lição que podemos aprender?
A importância em estabelecemos as prioridades certas em nossas vidas.
“Moisés viu-se face a face com a maior crise de sua vida. Ele voltou ao monte com a disposição em sua alma de que não comeria, nem beberia, até que Deus resolvesse a situação, porque sabia que um grande mal iria acontecer, a não ser que ele prevalecesse com Deus. ‘E esteve ali com o Senhor quarenta dias e quarenta noites, não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas a palavras do concerto, os Dez Mandamentos’ (Êx 34.28). Neste momento, Deus deu a Moisés a oportunidade de se tornar progenitor de uma grande nação. Para outro qualquer, seria uma grande tentação, e sem dúvida aceitaria essa posição de identificação, ou posição de destaque, mas não para Moisés. Ele não estava pensando em uma ambição pessoal, mas sim em milhões de pessoas que estavam sob o julgamento de Deus. É interessante observar que, antes de o povo pecar, Deus tratava-os como sua ‘propriedade peculiar’, e ‘este é o meu povo que tirei da terra do Egito com a minha poderosa mão’ etc. Mas, quando o povo pecou, adorando outros deuses, diz-nos o versículo 7 do capítulo 32: ‘[…] vai, desce; porque o teu povo, que fizeste subir do Egito, se tem corrompido’. Deus empregou a segunda pessoa do pronome: ‘teu’ povo. Antes Deus dizia: ‘O meu povo’, mas depois do pecado, ‘o teu povo’” (BORGES, Jonas. Jejum e Oração: As Armas Infalíveis. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. pp.49,50).