Título: Ensina-nos a orar — Exemplos de pessoas e orações que marcaram as Escrituras
Comentarista: Marcos Tedesco
Lição 6: Jeremias: A oração e o lamento de um profeta
Data: 07 de Fevereiro de 2021
“E estendeu o SENHOR a mão, tocou-me na boca e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca” (Jr 1.9).
Devemos buscar a vontade de Deus para nossas vidas diariamente, pois a vontade do Senhor é boa, agradável e perfeita.
SEGUNDA — Jr 1.4-10
Alguém com um chamado
TERÇA — Gl 1.15
Chamado desde o ventre materno
QUARTA — Is 55.6
Busquemos enquanto podemos achá-lo
QUINTA — Rm 10.9
Confessar e crer
SEXTA — At 4.12
Em Jesus somos salvos
SÁBADO — At 2.38
Busquemos o arrependimento
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Olá professor(a), como é bom estarmos mais uma vez juntos para estudarmos a Palavra de Deus com nossos alunos. Com o passar das aulas e dos encontros vamos construindo laços afetivos. Vamos conquistando não só as mentes dos alunos, mas, principalmente seus corações. As aulas um dia passarão, mas você, educador(a) cristão(ã), ficará marcado por todos os dias na vida dos seus alunos. Diante dessa realidade, cultive essa linda relação. Interaja com eles de forma mais próxima, seja também amigo ativo nas redes sociais e se permita ser uma referência na vida deles. Prepare momentos especiais onde essas relações humanas são trabalhadas com mais ênfase: Um lanche especial, a preparação de um “mimo” surpresa ou ainda aulas em ambientes diferenciados. Essa relação que se constrói de forma tão linda é um presente de Deus para você, educador(a) cristão(ã)! Viva intensamente essa bênção!
Uma das ênfases dada a essa lição é a questão do “chamado de Deus” na vida do jovem. Todas as pessoas que se comprometem com o Reino de Deus e se permitem serem guiadas pelo Espírito Santo, já protagonizaram momentos como esse. Abaixo seguem duas possibilidades pedagógicas interessantes para ser realizadas em sua sala de aula: Primeiro, você pode convidar para participar de sua aula alguém que tenha um testemunho interessante nessa área para conversar com seus alunos e contar um pouco da sua experiência e como esse chamado é determinante a longo da vida cristã. O pastor da igreja seria um bom convidado, não é mesmo? Segundo, faça uma “mesa redonda” com eles e debata acerca dessa questão do “chamado” e “promessa”. Deixe-os falarem, depois de alguns minutos, busque sintetizar e organizar as ideias. Finalmente inicie o estudo da lição falando justamente acerca de Jeremias, um jovem com um chamado.
Jeremias 14.7-12.
7 — Posto que as nossas maldades testifiquem contra nós, ó SENHOR, opera tu por amor do teu nome; porque as nossas rebeldias se multiplicaram; contra ti pecamos.
8 — Oh! Esperança de Israel. Redentor seu no tempo da angústia! Por que serias como um estrangeiro na terra e como o viandante que se retira a passar a noite?
9 — Por que serias como homem cansado, como valoroso que não pode livrar? Mas tu estás no meio de nós, ó SENHOR, e nós somos chamados pelo teu nome; não nos desampares.
10 — Assim diz o SENHOR acerca deste povo: Pois que tanto amaram o afastar-se e não detiveram os pés; por isso, o SENHOR se não agrada deles, mas agora se lembrará da maldade deles e visitará os seus pecados.
11 — Disse-me mais o SENHOR: Não rogues por este povo para bem.
12 — Quando jejuarem. não ouvirei o seu clamor e quando oferecerem holocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei deles; antes, eu os consumirei pela espada, e pela fome, e pela peste.
INTRODUÇÃO
Essa semana estudaremos acerca de um profeta que viveu um dos momentos mais difíceis do povo judeu. Vamos aprender valiosas lições por intermédio da vida desse homem que dedicou a sua vida à obra de Deus. Nascido em uma pequena vila próxima a Jerusalém, foi filho de um sacerdote e nunca veio a se casar, dedicando-se de forma intensa ao ministério profético por quatro décadas.
I. A VOCAÇÃO E A PRIMEIRA VISÃO DE JEREMIAS
1. Um jovem com uma vocação. Jeremias foi chamado por Deus ainda muito jovem, provavelmente, aos vinte e cinco anos de idade. Esse fato, em um primeiro momento o deixou muito surpreso. Imagine, um moço tímido que ainda se considerava uma criança (Jr 1.6) sendo chamado diretamente pelo Altíssimo para ser um profeta levando a mensagem sagrada às nações. Sem dúvida, um grande desafio!
O chamado desse jovem moço é registrado na Bíblia Sagrada com belíssimas e inspiradoras palavras: “Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta. […] Eis que ponho as minhas palavras na tua boca. Olha, ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares” (Jr 1.4-10). Essas são palavras de grande poder proferidas pelo Senhor a um moço surpreso, porém, a partir de então, convicto de sua missão.
2. Vejo uma vara de amendoeira. Há uma peculiaridade nas amendoeiras que nasciam nas terras de Israel e Judá. As flores roseadas, bem clarinhas, cobriam as pequenas árvores quase que por completo quando era chegado o mês de janeiro. Esse fato sinalizava o final do inverno e o início da primavera. Era um sinal da planta vigilante de que um novo ciclo começara: Talvez seja esse o motivo do nome em hebraico para a amendoeira ser “ shoked ”, ou seja, “vigilante”.
O que significa essa primeira visão (Jr 1.11,12)? Uma maravilhosa constatação: Deus é fiel e cumpre a sua palavra! No tempo certo a resposta do Senhor se fará presente. Assim como a amendoeira anuncia a chegada da primavera, as profecias de Jeremias anunciavam a proximidade do juízo do Senhor. A Palavra de Deus iria se cumprir. O profeta era apenas aquele que anunciaria o juízo, já a obra seria realizada pelo Altíssimo.
3. Há um chamado para você! O chamado é algo muito relevante em nossas vidas. Foi através de seus chamados que grandes personagens da Bíblia entenderam os propósitos de Deus em suas vidas, vejamos: Sansão (Jz 13.5), Isaías (Is 6.1), Paulo (Gl 1.15), entre tantos outros. Também encontramos muitos personagens da história da igreja que dedicaram suas vidas de forma intensa a uma causa, e tudo começou com um chamado. Vejamos os exemplos de Lutero, Finney, Wesley, Moody, Vingren e Berg.
Só uma coisa pode trazer paz ao coração de quem tem um chamado: Atender prontamente ao convite de Deus para colocar as mãos no arado! Comprometa-se com a vontade de Deus e permita-se ser uma bênção aonde for, O Pai Amado nos chama e coloca em nossas mãos uma grande obra a ser feita (Ne 6.3).
II. A REBELIÃO DO POVO E A INVASÃO ESTRANGEIRA ANUNCIADA
1. Um povo rebelde. Deus sempre buscou derramar bênçãos sobre seus filhos, mas para tudo há limite. Uma história que tinha tudo para ser repleta das bênçãos de um Pai Amoroso sobre um povo escolhido encaminhava-se para um desfecho trágico. Deus esperava do povo fidelidade, gratidão e um compromisso de obediência. O povo deu ao Senhor o contrário: infidelidade, ingratidão e uma total rebeldia.
Um grande exemplo dessa rebeldia vinha dos próprios reis. Vejamos o caso de Jeoaquim. Certa vez, quando Nabucodonosor já iniciava sua campanha de dominação, Jeremias profetizou condenando os atos praticados e pregou o arrependimento embora o juízo já se mostrasse iminente. Jeremias alertara o rei que todos os eventos que estavam acontecendo representavam um exílio que duraria 70 anos (Jr 25.1-14). Todas essas palavras foram escritas e entregues nas mãos do rei. Sabe qual foi a postura real? Será que o Jeoaquim se arrependera e buscou o perdão? Não, ele simplesmente picou em pedaços a profecia e a jogou no fogo (Jr 36.9-26)! O resultado, todos sabemos.
O povo era rebelde porque seus líderes eram rebeldes. Como esperar fidelidade de uma nação cujos reis haviam se afastado tanto dos caminhos de Deus? Poucas eram as vozes que pregavam uma conversão e o retorno a comunhão com Deus. A consequência desse afastamento se concretizou nos tempos de Jeremias, um profeta menosprezado.
2. O profeta menosprezado. Jeremias tinha um chamado muito especial: As mensagens que Deus lhe dera eram tanto de destruição quanto de edificação (Jr 1.10). Tudo dependeria de como suas profecias seriam recebidas nos corações das pessoas a que se destinavam.
O profeta anunciava a necessidade de arrependimento e conversão, mas sabia o fim que estava determinado aquele povo. Constantemente apontava os graves pecados cometidos pelo povo (Jr 6.1-30; 13.15-27; 16.10-13), mas era hostilizado e desprezado. Restou-lhe a profunda dor de ver a sentença ser cumprida: Viveu para assistir toda à destruição que se seguira levada a termo pelos exércitos babilônicos. Iniciava-se ali os tristes anos do exílio de Judá na Babilônia. Restava, ao profeta menosprezado, o choro e o lamento.
A vida do profeta Jeremias era marcada por muito sofrimento. Tudo isso lhe causou uma série de lutas interiores e tormentos.
Porém, era um homem profundamente comprometido com Deus e a com a ousadia necessária para proferir suas profecias, apesar das grandes resistências e perseguições.
O custo pessoal a Jeremias foi grande. Nascido em meio a muita alegria (Jr 20.15) em pleno ministério chegou a amaldiçoar o dia do seu nascimento (Jr 20.14). Em outro momento de profunda dor chegou a declarar: “Ai de mim, minha mãe! Por que me deste à luz […]” (Jr 15.10). Grande é o preço pago, mas vale a pena dizer sim ao chamado e cumprir a missão dada pelo nosso Amado Deus.
3. Deus usa quem Ele quer. O povo de Judá acreditava que nada poderia acontecer com eles, pois nenhum povo pagão entraria em Jerusalém, a cidade santa. Mas, não foi isso que aconteceu: O juízo veio pelas mãos dos babilônicos. Mas será que o poder de Deus não foi suficiente para protegera cidade sagrada? Nada disso! Deus é soberano e usa de sua soberania para comandar quem Ele quer. Da mesma forma que endureceu o coração do Faraó (Êx 9.12) e lançou os Assírios para levarem juízo a Israel (2Rs 17.5,6), agora estava levantando os babilônicos para disciplinarem o povo de Judá (2Cr 36.6). Igualmente, anos mais tarde, usaria os persas para viabilizarem a reconstrução dos muros de Jerusalém através de Neemias (Ne 2.6). Deus é soberano e usa quem Ele quer. Quem Deus usou como instrumento para realizar a sua obra? Um povo que não o adorava e ainda mais envolvido com pecados e injustiças do que Judá. Isso nos mostra que Ele está no controle absoluto da história. Ele levanta reis e os faz cair (Dn 2.21). Vamos dar ouvidos a essa verdade e sempre estarmos prontos a dizer: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8).
III. JEREMIAS, EM VÃO, INTERCEDE PELO POVO (Jr 14)
1. O profeta intercede pelo povo. Jeremias mais uma vez intercedeu pelo povo (Jr 14)! Era chegada uma época de grande calamidade e o juízo estava próximo. Mas uma intercessão por quem não se arrepende gera poucos efeitos.
Além do mal que se aproximava, uma grande seca assolava a todos e, aqueles que rejeitaram a Deus, a fonte de água viva, agora estavam também sem a água natural Os poços se secaram e os céus não mais enviaram as chuvas. A erva secou, as plantações não geraram seus mantimentos. A fome e a sede desafiaram aqueles que escarneceram a Deus e ofenderam a sua santidade.
Deus esperava do povo o arrependimento e o desejo de buscar a santidade. O povo, porém, apenas expôs o desespero pelos confortos que já não encontravam mais. Também a miséria, a violência, a fome e as práticas pecaminosas foram intensificadas, levando as pessoas ao lamento, porém sem arrependimento. As maldades do povo de Judá testificavam contra eles. Era chegado o tempo, a amendoeira floresceu.
Jeremias chorou e intercedeu. Mas não há salvação sem arrependimento e uma total transformação de vida! Que os nossos dias possam aprender com os episódios do ocaso de Judá, que nossa geração possa buscar o Senhor enquanto se pode achar (Is 55.6).
2. Um Deus de fidelidade e de promessas. Mesmo em meio à caótica situação, havia uma firme esperança. Deus é fiel e cumpre suas promessas (Dt 4.31). Jeremias proclamara uma esperança futura para o povo de Israel e um tempo de vitória (Jr 30 a 33): Israel e Judá voltariam à Terra Prometida, para tempos de renovo e uma nova aliança (Jr 31.31).
Desde os tempos dos primeiros seres humanos, a vontade do Senhor era clara: Ver pessoas criadas a sua imagem e semelhança gozando de plena comunhão com o Criador. Porém, com a queda do homem e da mulher essa realidade foi radicalmente alterada (Gn 3). Mas, o Pai Amado desenhou uma estratégia infalível O Plano Divino para Redenção da Humanidade (Jo 3.16). Mediante o sacrifício de Jesus Cristo na cruz do calvário (Lc 23.33-43), uma nova realidade se descortinava aos seres humanos e a porta da salvação finalmente estava aberta (Rm 10.9).
3. A oração que Deus não ouve. Muitos são os motivos que impedem que as orações sejam atendidas por Deus. Um claro exemplo disso encontramos nas orações de intercessão feitas em prol do povo. Por mais que Jeremias intercedesse, o juízo se cumpriu e o Império Babilônico foi o instrumento usado por Deus nesse momento lamentável da história humana.
Veja a seguir alguns dos motivos para que Deus não ouça as orações (lembremos que há muitos outros motivos, aqui destacaremos os que encontramos no contexto de Jeremias): Por pedir mal ou movido por razões egoístas (Tg 4.3); por não ter chegado o tempo de Deus (Ec 8.6); por orarmos sem fé (Tg 1.6-8); por mesmo orando, permanecer no pecado (Jo 9.31); por orarmos de forma indigna (Ml 1.7-9); entre tantos outros.
O Pai deseja atender ao clamor de seus filhos, mas é preciso que estejamos envolvidos pela sua presença. Deus não quer apenas dar uma bênção, Ele quer que gozemos de sua presença e vivamos cheios do Santo Espírito. Assim como nos dias de Moisés (Êx 33), a presença de Deus continua sendo infinitamente melhor do que todas as bênçãos que Ele pode nos conceder. Precisamos ter essa verdade sempre vivida em nossas mentes: O melhor de Deus é a sua presença aconchegante em nossas vidas!
CONCLUSÃO
Nesta lição estudamos acerca de um momento lamentável para o povo de Judá: O juízo de Deus havia chegado. As orações não eram mais ouvidas e tudo o que restava era o esperar o dia da chegada daqueles que empunhavam as espadas. Mas grandes aprendizados também podem ser obtidos com o estudo desses episódios, lembremos: Deus nos ama e deseja que gozemos de sua maravilhosa presença; devemos sempre estar atentos ao chamado de Deus; confiemos nas promessas de Senhor, Ele é fiel e justo!
SWINDOLL, Charles. Ouve-me Quando Clamo. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
1. Qual a desculpa que Jeremias deu quando foi chamado por Deus?
Que ele era uma criança e não sabia como falar.
2. Qual a primeira visão de Jeremias e o que significava?
Ele viu uma amendoeira que significava que no tempo certo, os propósitos e o juízo de Deus se cumprem.
3. Qual a reação dos reis de Judá e do povo quando ouviram as palavras de Jeremias?
O hostilizaram e rejeitaram sua palavra. Inclusive um dos reis jogou seus escritos no fogo desprezando-o.
4. O que aprendemos com a invasão babilônica em Judá?
Que Deus é soberano e usa quem Ele quer.
5. Deus ouve todas as nossas orações?
Não, há muitas orações que o Senhor não ouve por diversos motivos, normalmente por estarem fora da vontade divina ou serem feitas por pessoas que não buscam a presença de Deus.
“O povo chorava, mas era melhor o pranto do seu transtorno e do seu pecado do que o da sua oração. Sejamos agradecidos pela misericórdia da água, para que não aprendamos a valorizá-la somente ao sentir a sua escassez. […] O povo não é dado a orar, mas o profeta ora por eles, e estes confessam o pecado com humildade. Os nossos pecados não só nos acusam como falam contra nós. Nossas melhores alegações em oração são aquelas tomadas da glória de Deus. Devemos temer mais que Deus se retire, do que a perda do consolo que temos por parte das criaturas. Ele deu a sua Palavra a Israel para que tivessem esperança nela. Na oração devemos nos mostrar mais interessados pela glória de Deus do que por nosso próprio consolo. E, se agora nos voltamos para o Senhor, Ele nos salvará para a glória da sua graça. […] O Senhor chama aos judeus de ‘este povo’. Eles haviam abandonado o seu serviço, portanto, os castigaria conforme os seus pecados, e proibiu que Jeremias os defendesse. Os falsos profetas eram os mais criminosos. O Senhor pronuncia a condenação contra eles, mas como o povo se agradava de agir assim, não escapariam dos juízos. Os falsos mestres alentam os homens a terem expectativas de paz e salvação sem arrependimento, fé, conversão nem santidade de vida” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. p.621).