Título: Ensina-nos a orar — Exemplos de pessoas e orações que marcaram as Escrituras
Comentarista: Marcos Tedesco
Lição 9: A oração do fariseu e do publicano
Data: 28 de Fevereiro de 2021
“[…] Qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado” (Lc 18.14).
Na parábola do fariseu e do publicano, Jesus nos ensina preciosas lições através das orações desses personagens. Justificação, misericórdia divina, coração sincero e o valor da humildade são alguns dos temas abordados.
SEGUNDA — 1Tm 1.15
Devemos reconhecer que somos pecadores
TERÇA — 1Pe 1.16
Deus é santo
QUARTA — Dn 4.29-33
Quando o orgulhoso é humilhado
QUINTA — Sl 46.1
Deus é o nosso refúgio e fortaleza
SEXTA — Jo 1.12
Somos filhos de Deus
SÁBADO — Sl 23.1
O Senhor nos basta
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Vamos interagir? O tema de hoje é “criar problemas”! Como assim? Vejamos: Quando levamos para a sala de aula “problemas” (questões) e desafios a serem superados, os alunos têm a oportunidade de usarem na prática os conceitos que estão aprendendo. Você passa a ser um mediador entre o aluno e a resolução dos questionamentos centrais na vida deles. Estimule seus alunos a criarem projetos e buscarem soluções que promovam o alcance de metas ousadas. Provoque seus alunos a construírem as perguntas que refletem os desafios que fazem parte dos seus cotidianos. Elabore questões para serem solucionadas por seus alunos e participe com eles nessa caminhada. Todos serão vitoriosos e desejosos de novos desafios. Dessa forma, os objetivos de cada lição estudada serão alcançados de forma mais eficaz e aprofundada. Vamos criar “problemas”?
Uma possibilidade bem interessante para iniciar a abordagem desta lição com os seus alunos é a promoção de uma “mesa redonda”. Mas, o que é isso?
A “mesa redonda” é uma estratégia onde o professor faz um grande círculo com alunos e organiza um debate sobre um tema específico. O professor deve promover, no máximo, um direcionamento para que não se perca o foco, porém é necessário respeitar o desenvolvimento crítico dos alunos acerca do que está sendo debatido. Ao final, ele faz uma síntese com os principais pontos e apresenta para a classe.
Sugerimos que sejam feitas duas “mesas redondas” ao mesmo tempo, uma para debater o “orgulho” e seus efeitos na sociedade e outra para argumentar sobre a “humildade” e sua relevância. Ao final, reúna os apontamentos das duas “mesas” e apresente aos alunos.
Lucas 18.9-14.
9 — E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
10 — Dois homens subiram ao templo, a orar; um, fariseu, e o outro, publicano.
11 — O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou. porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
12 — Jejuo duas vezes na semana dou os dízimos de tudo quanto possuo.
13 — O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantares olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!
14 — Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
INTRODUÇÃO
As parábolas eram amplamente utilizadas por Jesus para ensinar as verdades acerca do Reino de Deus. Vamos estudar a do fariseu e do publicano. Trata-se de dois homens que foram ao templo orar. Cada um revelou uma postura completamente distinta da do outro. Um saiu ainda mais imerso em pecado, ou outro, justificado voltou para a sua casa. Cada oração proferida revelou um perfil completamente distinto do outro: O primeiro, adorador de si mesmo e descomprometido com Deus; o segundo, consciente de sua condição pecaminosa e não merecedora da misericórdia, porém profundamente desejoso de ser alcançado pela salvação.
I. A ORAÇAO DO FARISEU
1. A aparência da santidade. Assim que o fariseu chegou ao templo, permaneceu em pé e sozinho justamente para não se misturar com as demais pessoas, que não eram dignas de sua presença. Também buscou estar em uma posição que lhe conferisse um destaque. Logo no início, falou: “não sou como os demais homens”, e começou a apontar as falhas dos outros a fim de diminuí-los. Foi buscando ficar sozinho, se exaltando por uma pretensa santidade.
O foco do fariseu não estava em mostrar as suas imperfeições diante da perfeição divina, mas sim em evidenciar o quanto era mais perfeito que a maioria dos homens. Ele orgulhava-se de ter, ao seu ver, poucos pecados permitindo-se mostrar mais santo do que todos os demais. Um contraste com a ardente fala do apóstolo Paulo, que confessou ser o principal dos pecadores (1Tm 1.15).
No prefácio dessa parábola, Jesus usa uma palavra para revelar uma grande falha no caráter do fariseu: Desprezar (Lc 18.9b). Esse verbo revela um egoísmo religioso repulsivo protagonizado por pessoas como o fariseu. Nesse momento. dois pecados são condenados pelo Senhor: Uma confiança indevida em si mesmo e o orgulho em desprezar os outros.
2. A glorificação do eu. Ao passo que o publicano buscava a misericórdia de Deus e assumia sua condição de pecador, o fariseu cometia uma falta de considerável gravidade: A glorificação do seu próprio “eu”.
Com uma postura inflada e excessivamente confiante, buscava adorar a um deus chamado “orgulho próprio”. Em sua oração de aproximadamente três dezenas de palavras, se autopromove sete vezes: Não sou como os demais, não roubo, não sou injusto, não adultero, não sou como o publicano, jejuo e dou os dízimos. Não há espaço ao Deus amoroso em sua fala, apenas para a promoção de suas próprias “supostas” qualidades.
É importante destacarmos que quando nos inflamos de autoconfiança, desrespeitamos o nosso próprio Deus e desprezamos o seu cuidado para conosco. A ação e o cuidado de Deus para as nossas vidas requerem uma postura de completa renúncia de nós mesmos e uma dependência de sua bondade e misericórdia. Uma oração tão cheia de orgulho jamais alcançaria os ouvidos do nosso Pai.
3. Será humilhado. A oração do fariseu foi, se considerarmos o número de palavras, sete vezes mais extensa do que a do publicano. Além disso, foi construída com a finalidade de apresentar alguém que, aos olhos do autor, deveria ser exaltado. Tal exaltação iniciara já quando o homem procurou estar de pé à frente. Era uma “ode” a si mesmo.
Essa oração é fruto de uma postura que jamais poderemos aceitar em nossas vidas. Muitas histórias bíblicas nos revelam momentos onde essa prática trouxe consequências lamentáveis para seus protagonistas: Nabucodonosor (Dn 4.29-33), Hamã (Et 6.1-12), Absalão (2Sm 18.30-33), entre tantos outros.
Em nossas trajetórias e experiências, fujamos dessa armadilha terrível que é o “orgulho” e sejamos sempre conscientes de que Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza (Sl 46.1). Descansemos nEle.
O Mestre finaliza a parábola enfatizando uma grande verdade: “[…] qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado” (Lc 18.14).
II. A ORAÇÃO DO PUBLICANO
1. Sou um pecador. Os publicanos eram indesejados pelos judeus, pois eram os responsáveis pelo recolhimento dos impostos. Entre alguns conhecidos do Novo Testamento podemos citar os publicanos Mateus e Zaqueu. Muitas vezes eram impedidos de entrar nas sinagogas e no templo e tinham poucas amizades, já que ninguém queria ser visto em companhia de tais pessoas. Porém, o publicano da parábola se encontrava no templo buscando uma experiência com Deus e sentindo a profunda distância entre o sagrado e a sua vida, envolta em falhas e pecados. Assim como o fariseu, o publicano também orava sozinho, porém por um motivo muito diferente. Enquanto o fariseu buscava a solidão para não ser contaminado com as imperfeições dos demais, o publicano se distanciava dos outros por reconhecer sua pecaminosidade e indignidade de estar ali. Sua postura era de vergonha e humildade aceitando publicamente a sua condição de pecador e culpado por suas falhas.
O pobre homem nem conseguia erguer a cabeça e apenas pronunciou sete palavras carregadas de significado: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lc 18.13) Uma oração que dava ênfase em três grandes verdades: Sou pecador: mereço o castigo e imploro o perdão.
2. Justificados por Deus. O publicano, ao ouvir falar das verdades divinas, sentiu o seu coração arder. A sua consciência acusava os seus pecados e o levava a um incômodo crescente. Era preciso fazer algo! Enfim, para onde ir? Não havia para onde fugir nem onde se esconder, só havia uma possibilidade: Deus!
Quando o homem se percebe pecador, tem início o processo que o deixará pronto para ser finalmente salvo. O pecado implica separação de Deus, mas quando confessamos o nosso pecado, vivemos uma ação que nos prepara para a libertação e real transformação. Nesse momento, estamos prontos para confessar nossas faltas e aceitar o sacrifício de Jesus. E no Filho de Deus, nos tornamos filhos de Deus.
Todos os que reconhecem a sua condição pecaminosa e aceitam o sacrifício vicário de Cristo, recebem o poder de serem feitos filhos de Deus, adotados na celeste família (Jo 1.12). Quando somos adotados, passamos a ter em Cristo o nosso referencial em todas as áreas da vida, das mais simples as mais complexas. Enfim, passamos a fazer as coisas do mesmo jeito que Jesus faria.
Aquele desprezado e humilhado publicano, ao fazer sua oração, se derramou diante de Deus: Poucas palavras que foram suficientes para expressar sua real condição e um grande desejo de regenerar-se. Uma bela transformação: De um perdido pecador a um homem justificado por Deus.
3. Será exaltado. O pobre homem chegou diante de Deus com humildade e reconheceu a sua condição pecaminosa. Não havia espaço para orgulho nem para sentimentos altivos, apenas para o reconhecimento de sua condição pecaminosa e o profundo desejo de ser libertado e transformado, e assim foi. Segundo Jesus, esse foi justificado (Lc 18.14). Era o dia de iniciar uma nova vida.
Ele humilhou-se, porém Jesus o valorizou e o exaltou. Ao que se exaltara, restou a reprovação por parte dos que entenderam a mensagem da parábola. É na humildade que nos permitimos desenvolver a nossa dependência da ação divina. Não há maior exaltação do ser humano do que gozar da íntima comunhão com Deus. A glória não deve repousar no homem, mas sim, a todo o tempo, emanar do Pai e assim ser bênção sobre todos. Enfim, o Senhor é o nosso pastor, basta (Sl 23.1).
CONCLUSÃO
Ao estudarmos as orações presentes na parábola do fariseu e do publicano podemos perceber duas grandes verdades: o quanto as aparências enganam e quão maravilhosa é a misericórdia de Deus por nossas vidas. Que possamos, ao orar, buscar o Senhor com integridade e sinceridade confessando nossas falhas, aceitando o sacrifício de Cristo e com alegria celebrar a oportunidade que nos é dada em ser chamados filhos de Deus.
SILVA, Ubiratan. Oração: Um Ministério Fundamental. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
1. O que o ser humano revela na prática da oração?
Revela a sua visão acerca do mundo, de si mesmo e de sua espiritualidade.
2. Que palavra usada por Jesus revela uma grande falha de caráter no fariseu?
Desprezavam.
3. Como foi a atitude do fariseu no templo?
Ficou sozinho evitando os pecadores, exaltou a sua santidade e promoveu a sua própria glorificação.
4. Como foi a atitude do publicano no templo?
Reconheceu sua condição de pecador e com humildade pediu a misericórdia divina.
5. Quem foi verdadeiramente justificado?
O publicano.
“É importante lembrar que o publicano era considerado pela sociedade como um todo, da mesma forma como era visto pelo fariseu — uma companhia que só era adequada aos trapaceiros, vigaristas e adúlteros. Hoje mal podemos imaginar o impacto do pronunciamento de Jesus de que o publicano voltou do templo justificado diante de Deus, enquanto o fariseu não. Não há nenhuma dúvida de que na mente de cada ouvinte havia uma pergunta predominante: Como pode ser isto? Lucas responde esta pergunta quando apresenta a parábola de Jesus. As palavras de Cristo foram dirigidas a ‘uns que confiam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros’ (18.9). Muitos dos ouvintes avaliavam sua condição espiritual comparando-se com os outros seres humanos. De acordo com essa medida, alguns de nós podem parecer muito bons! Sua descrição do publicano era também facilmente reconhecível. Ninguém esperaria que um publicano entrasse no templo de forma confiante. Ciente de seus muitos defeitos, tal pessoa ficaria ‘em pé, de longe’ (18.13). Normalmente o israelita adorador levantava suas mãos quando orava (Sl 28.2; 63.4). Em vez disso, o publicano batia em seu peito, um ato simbólico que expressava pesar e culpa, e pronunciava apenas uma palavra de apelo: ‘Ó Deus, tem misericórdia de mim. pecador!’ (18.13)” (RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. pp.181,182).
“Esta parábola tinha a finalidade de convencer alguns que confiavam em si mesmos como justos, e que desprezavam ao próximo. Deus vê com que disposição e propósito vamos a Ele nas santas ordenanças. Aquilo que foi dito pelo fariseu demonstra que ele tinha confiança em si mesmo de ser justo. Podemos supor que estava isento de pecados grosseiros e escandalosos. Tudo isto era muito bom e recomendável. A condição daqueles que não alcançam a justiça deste fariseu é miserável, ainda que este não tenha sido aceito. E por que não foi aceito? Ia ao templo para orar, mas estava cheio de si mesmo e de sua própria bondade; não pensava que valeria a pena pedir o favor e a graça de Deus. Tomemos o cuidado de não apresentarmos orações orgulhosas ao Senhor, e de desprezarmos o próximo. A oração do publicano estava cheia de humildade e de arrependimento por causa do pecado, e desejo de Deus. A sua oração foi breve, porém, com um objetivo: Que Deus fosse propício a ele, que era um pecador. Bendito seja Deus, por termos esta breve oração registrada, como uma oração respondida. E que tenhamos a segurança de que aquele que fez esta oração voltou justificado para a sua casa; assim será conosco se orarmos como ele por meio de Jesus Cristo” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. p.838).