Título: Ensina-nos a orar — Exemplos de pessoas e orações que marcaram as Escrituras
Comentarista: Marcos Tedesco
Lição 13: A oração de Paulo em favor do seu espinho
Data: 28 de Março de 2021
“E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não me exaltar” (2Co 12.7).
Paulo ao orar para se ver livre de seu espinho recebe de Deus uma resposta diferente, porém mais excelsa do que imaginava.
SEGUNDA — Rm 8.26
O Espírito Santo nos ajuda diante de nossas fraquezas
TERÇA — At 1.5
O batismo no Espírito Santo
QUARTA — Hb 12.10
A boa correção
QUINTA — At 4.5-8
Cheios do Espírito
SEXTA — Jl 2.22,28
O derramar do Espírito Santo
SÁBADO — Pv 12.1
O valor da correção
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Olá, professor(a), chegamos ao final de mais um trimestre. Todos os aprendizados vividos nesse período serão cada vez mais reverberados nos corações e mentes dos nossos alunos, os jovens. Porém, muitos dos nossos alunos tendem, ao final de ciclos, se dispersarem e vão perdendo o contato conosco e com os colegas. Uma boa forma de evitarmos que isso ocorra é buscarmos um perfil conectado para o professor de Escola Dominical, ainda mais nas classes da “Geração Z”. Esta é uma geração que já nasceu em um mundo hiperconectado onde tudo no universo deles se traduz em bytes e curtidas.
Conecte-se também! Seja um assíduo usuário das redes que os seus alunos usam e interaja com eles nesses ambientes. Construa laços permanentes e sempre tenha uma palavra de edificação. No ambiente virtual você também pode propor extensões das atividades vividas e assim motivá-los a um comprometimento ainda maior com a Escola Dominical e o Reino de Deus.
Chegamos ao final de mais um trimestre e vamos a mais uma “orientação pedagógica”. Novamente faça o grande círculo. Em seguida, peça que cada um compartilhe o que esse trimestre representou para eles, como viam a oração e como a veem hoje. Incentive-os a testemunhar algo que tenham vivenciado ou que os tenha impactado nessa área. Finalmente, faça uma síntese com as suas observações acerca da experiência, agradeça-os, incentive-os a fazerem um momento de louvor (com um hino que fale de oração) e orem em gratidão a Deus.
Para tornar essa aula ainda mais especial, faça um momento de confraternização com os seus jovens promovendo uma refeição coletiva ou ainda um retiro, por exemplo.
2 Coríntios 12.7-10,15.
7 — E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não me exaltar.
8 — Acerca do qual três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de mim.
9 — E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
10 — Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte.
15 — Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado.
INTRODUÇÃO
Nesta última aula do trimestre, estudaremos importantes Lições aprendidas com Paulo em uma curiosa petição e seu contexto. Quando escreveu sua Segunda Carta aos cristãos da igreja em Corinto, o apóstolo fez referência a uma sequência de três orações que fizera acerca de um espinho na carne. Sobre esse momento e seu contexto, preciosos ensinamentos nos foram deixados: Primeiro, sobre a importância em testemunharmos acerca das maravilhas de Deus em nossas vidas; segundo, sobre o espinho na carne e seus efeitos; terceiro, que também há orações sinceras cujas respostas divinas são negativas; quarto, que a graça de Deus é suficiente em nossas vidas.
I. AS VISÕES CELESTIAIS
1. O valor de um testemunho. No início do texto, Paulo dá um valioso testemunho de um momento muito especial vivido por ele em sua caminhada espiritual. Ele tem o cuidado de deixar bem claro que não vê mérito em viver tal experiência, mas faz o relato para que os demais sejam acrescentados em sua fé.
Deus permitiu que o apóstolo tivesse visões e revelações e, nessa Carta, elas são apresentadas de forma restrita. Já de início, ele deixa muito claro que não poderá dar muitos detalhes acerca das palavras que ouvira, que por serem inefáveis, não podem ser explicadas, apenas sentidas. Essa experiência aconteceu, provavelmente, em Tarso, pouco antes da primeira viagem missionária (At 13). Paulo foi levado ao terceiro céu onde está Deus e durante esse momento ouviu palavras inefáveis. Possivelmente, foram revelações a respeito do evangelho de Cristo e das glórias indescritíveis os céus que estão reservados aos cristãos (Rm 8.18; 2Tm 4.8). Esse breve testemunho da experiência sobrenatural de Paulo nos serve de grande incentivo à importância de compartilharmos com nossos irmãos e irmãs as bênçãos de Deus em nossas vidas. Muitas das histórias que vivemos em nossa trajetória cristã podem servir de incentivo aos irmãos que também atravessam por grandes dificuldades. Ouvir que Jesus abriu uma vaga de trabalho ou curou um doente pode ser um bálsamo a alguém que vive a realidade do desemprego ou sofre uma doença debilitadora. Esse testemunho o levará a orar com mais fé em busca da sua vitória.
2. O inefável na vida do crente. Paulo conta em seu testemunho que ouviu palavras inefáveis, que com vocábulos humanos não se consegue descrever (2Co 12.4). Mas, o que é “inefável”? Segundo o Dicionário Houaiss, é “algo que não se pode descrever por causa da sua grandeza, poder, beleza”. Possivelmente as visões e revelações que o apóstolo teve foram tão magníficas e impressionantes que qualquer definição humana jamais conseguiria descrever. Muitas vezes, os conceitos, por si só, são insuficientes para que possamos conhecê-los em total abrangência. Para melhor percebê-los, se faz necessário experimentá-los. São momentos onde as palavras faltam, mas o espírito humano alimenta-se e vai além do poder da linguagem. O inefável produz o seu efeito através da experiência, sem o auxílio das chaves linguísticas. Como explicar o inefável a quem não se permite sentir Deus? Torna-se muito complicado, pois tal conhecimento não faz sentido aos que não se permitem crer. Vejamos o exemplo do Batismo no Espírito Santo. O batismo no Espírito Santo, dado por Jesus Cristo, é algo que pode até ser conhecido enquanto conceito e ter sua complexidade estudada por teóricos, mas só a experiência poderá realmente trazer a compreensão do que é esse batismo, uma experiência inefável e tão necessária nos dias atuais (At 1.5; 2.4).
3. Experiências que edificam. Muitas vezes, passamos por experiências que marcam a nossa história e nos fazem refletir acerca de importantes ações. Um exemplo disso está no texto que estamos estudando. Não há uma descrição acerca da visão, nem sobre o que foi revelado muito menos uma maior clareza acerca das palavras inefáveis. Mas esse evento marcou profundamente a caminhada de Paulo, bem como as vidas dos incontáveis cristãos que tiveram acesso a esse relato ao Longo da história. Esse evento encorajou o apóstolo a aceitar com serenidade os sofrimentos que enfrentaria ao longo dos seus anos de trabalho ministerial (Fp 1.20-23). E o espinho recebido não o permitiu jamais se ensoberbecer com a grandeza do que experimentara. Foram experiências edificantes! Quais episódios temos vivido? Que experiências com Deus estamos colecionando? Elas nos edificam ou nos frustram? Lembremos sempre de que tudo o que vivemos é envolvido em um processo, um trabalhar diário, um constante aprendizado em uma íntima relação com o Espírito Santo de Deus. Invista nesse relacionamento!
II. O ESPINHO NA CARNE
1. O espinho. Muito se tem perguntado acerca da natureza do “espinho na carne” (2Co 12.7), mas há apenas suposições. Muitos acreditam ser algo de natureza física, como um problema nos olhos (Gl 4.15), ou uma doença (Gl 4.13). Também há especulações quanto às perseguições dos judeus a quem tanto amava (Rm 9.3) ou ainda sobre a ação constante de inimigos (Fp 3.4-7).
Quando falamos em “espinho na carne” temos imediatamente a ideia de sofrimento e dor, já usando o termo como figura de linguagem. Também podemos perceber como uma aflição, humilhação, doença, entre outras possibilidades.
Paulo deixa claro que esse “espinho” lhe fora enviado como um agente para lhe trazer crescimento e lembrá-lo da importância de evitar certas quedas tão comuns ao ego humano. Sem dúvidas, muitos são os efeitos positivos do “espinho” na narrativa do apóstolo: A suficiência da graça; a fraqueza sendo dissipada frente ao poder de Deus e o orgulho cedendo para a humildade.
E quanto a cada um de nós? Temos ideia de qual é o nosso “espinho na carne”? Será que ele é motivo de reclamação e insatisfação, ou somos gratos por nossas limitações? Que possamos depender de Deus e, com sabedoria, lidar com nossos limites sempre declarando com o coração dilatado: Senhor, dependo de ti, preciso da tua graça!
2. O crescimento. O “espinho na carne” do apóstolo o fez ser mais dependente de Deus e, em tudo, buscar a orientação do Espírito (Hb 12.10). Sempre que os desafios se apresentavam, ele saia mais fortalecido. Chegou ao ponto de. com serenidade, afirmar que sentia prazer em suas fraquezas, suas dificuldades e suas perseguições, tudo por amor a Cristo (2Co 12.10). Esse prazer era fruto da certeza de que tudo contribuiria para o bem (Rm 8.28). Quando a fraqueza assolava o seu corpo, sentia-se forte em Deus (Fp 4.13) e triunfante cumpria a sua missão. É na fraqueza, que o Espírito Santo nos encontra abertos ao seu pleno agir! Quando estamos cheios de nós mesmos, não há espaço para a dependência divina e o orgulho nos impede de ver cristalinamente os reais desafios de nossas vidas. Mas quando nos colocamos totalmente nas mãos do Espírito de Deus, Ele age em nós. Vejamos alguns exemplos: Quem era Neemias (Ne 1.6)? Um simples copeiro na corte de um rei pagão. Mas nas mãos de Deus, Neemias foi tremendamente usado para a reconstrução, não só dos muros de Jerusalém, mas da identidade de um povo que já não tinha esperança.
3. As correções. Uma das formas de Deus nos aperfeiçoar é trabalhando as nossas falhas. Em nossa limitação, o Espírito vai nos formando e criando novas maneiras de percebermos e Lidarmos com os desafios diários. Muitas vezes, diante de nossas fragilidades, recuamos em nossa missão e pensamos em desistir. Mas, não é isso que o Pai tem preparado para nós! Quando Ele nos chama para uma missão, também nos dá as condições para tal (Jr 1.6-9). Porém, há uma questão central nessa dinâmica: Será que nos permitimos ser trabalhados por Deus em nossas imperfeições, incapacidades, limitações, inexperiências e erros? Em meio aos “espinhos na carne” como reagimos?
CONCLUSÃO
Como é precioso saber que nunca estamos sós quando servimos ao precioso Deus! Mesmo em meio às mais assustadoras dificuldades e intensas dores, 0 Espírito Santo nos consola, conduz e fortalece no amor de Cristo. Lembrem-se sempre do que Paulo disse: “Porque, quando estou fraco, então, sou forte” (2Co 12.10b). É o amor de Cristo em nossos corações que nos move e nos permite doarmo-nos em prol do Reino de Deus. Façam isso e permitam-se ser bênçãos nas vidas das multidões que clamam por socorro!
LIMA, Elinaldo Renovato de. As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
1. O que é algo inefável?
É aquilo que não se pode descrever por causa da sua grandeza, poder, beleza.
2. Qual a ideia que temos quando pensamos em “espinho na carne”?
Pensamos em sofrimento, dor, aflição, humilhação, doença etc.
3. O que acontecia quando a fraqueza assolava a Paulo?
Ele sentia-se forte em Deus e triunfante no cumprimento da sua missão.
4. Qual a importância da correção na vida do cristão?
É uma das formas de Deus nos aperfeiçoar e trabalhar as nossas falhas.
5. Qual a resposta de Deus para as orações de Paulo acerca do seu “espinho”?
Deus desejou cobri-lo com a sua graça.
“Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos […] foi arrebatado até ao terceiro céu (12.2). Esta passagem tem causado especulação incalculável. Por que Paulo, obviamente falando de si mesmo, usa a terceira pessoa? O que é este ‘terceiro céu’? O que ele quer dizer com ‘se no corpo’, se fora do corpo? (12.3) E o que, mais tarde, foi este ‘espinho na carne?’ (12.7) A menção ao ‘terceiro céu’, normalmente, é compreendida como assumindo uma cosmologia que encara a atmosfera da terra como um primeiro céu; o campo dos corpos celestiais como um segundo; e o campo espiritual, habitado por Deus e seus anjos, como o terceiro. Paulo simplesmente está dizendo que. embora a visão fosse real, não sabe se esteve ou não fisicamente presente naquele paraíso, onde vivenciou tais maravilhas, e ouviu coisas que até aquele momento era incapaz de revelar. A essa altura, Paulo, rapidamente, apresenta seu ‘espinho na carne’ (12.7). Deus permitiu que Satanás enviasse este ‘mensageiro’, que, no final, ao invés de conseguir prejudicar Paulo, acabou cumprindo os propósitos do Senhor. Depois de implorar a Deus três vezes para sua remoção, percebeu que o ‘espinho’ era um presente, que pretendia fazê-lo fraco aos olhos humanos, para que o poder de Deus pudesse ser ‘aperfeiçoado’ (12.9) em sua fraqueza” (RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. pp.391).
“Certo comerciante, ao visitar a abadia de Westminster, em Londres, onde se acham sepultados os reis e vultos eminentes da Inglaterra, inquiriu qual o túmulo, excluindo o do ‘soldado desconhecido’, que é mais visitado. O porteiro respondeu que era o de Davi Livingstone. São poucos os humildes e fiéis servos de Deus que o mundo distingue e honra assim. […] Livingstone podia voltar a descansar entre amigos, com todo o conforto, mas preferiu ficar e realizar seu anelo de abrir o continente africano ao Evangelho. A sua última viagem foi feita para explorar o Luapula, […]. Nessa região chovia incessantemente. Livingstone sofria dores atrozes; dia após dia tornava-se lhe mais e mais difícil caminhar. Foi então carregado, pela primeira vez, pelos fiéis companheiros: Susi, Chuman e Jacó Wainwright, todos indígenas. No seu diário, as últimas notas que escreveu dizem: ‘Cansadíssimo, fico… Recuperada a saúde… Estamos nas margens do Mililamo’. Chegaram à aldeia de Chitambo, em Ilala onde Susi fez uma cabana para ele. Nessa cabana, a 1 de maio de 1873. fiel Susi achou seu bondoso mestre de joelhos, ao lado da cama — morto. Orou enquanto viveu e partiu deste mundo orando” (BOYER, Orlando. Heróis da Fé: Vinte Homens Extraordinários que Incendiaram o Mundo. Rio de Janeiro: CPAD, 1996. pp.153,167).