Título: O cuidado de Deus com o Corpo de Cristo — Lições da Carta do apóstolo Paulo aos coríntios para os nossos dias
Comentarista: Natalino das Neves
Lição 6: A imaturidade espiritual dos coríntios
Data: 09 de Maio de 2021
“E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.” (1Co 3.1).
A imaturidade espiritual traz muitos prejuízos para a Igreja, como as dissensões.
SEGUNDA — Hb 5.13
O que se alimenta de leite é menino
TERÇA — Hb 5.14
O mantimento sólido é para os maduros
QUARTA — Hb 6.1
Prosseguindo até a perfeição
QUINTA — 1Pe 2.2
O leite racional que nos faz crescer
SEXTA — Os 6.3
Prosseguindo em conhecer a Deus para continuar crescendo
SÁBADO — Pv 4.18
O crescimento dos justos
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor(a), inicie a lição fazendo as seguintes indagações: “Quais são as características de uma pessoa imatura na fé cristã?”. “O que demonstrava a imaturidade cristã dos coríntios?”. Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Diga aos alunos que uma pessoa imatura, cuja fé não está alicerçada na Palavra de Deus, em geral é levada por qualquer vento de doutrinas. Explique que precisamos crescer na fé cristã e que o nosso crescimento também é demonstrado mediante os nossos frutos, atitudes. Nosso modo de falar, pensar e agir deve ser coerente com os ensinos de Jesus, pois somos seus discípulos. Depois, comente que a imaturidade espiritual dos crentes traz muitos prejuízos para a Igreja. No caso da igreja em Corinto, havia muitas dissensões, e tais contendas estavam impedindo o avanço da obra de Deus.
Prezado(a) professor(a), uma das ênfases da lição deste domingo é a questão da imaturidade espiritual dos coríntios. Paulo, com amor, mas de modo firme, chama a atenção dos crentes enfatizando que eles ainda se comportavam como crianças, meninos na fé. Os membros da igreja em corinto não estavam saudáveis na fé. Uma prova de tal afirmação é o fato de que havia constantes discussões, partidarismos e disputas entre eles. Por isso, sugerimos que para a aula de hoje, você faça uma “mesa redonda” com seus alunos e debata acerca do que pode impedir o crescimento do crente na fé cristã. Discuta também as consequências para o Reino de Deus quando uma igreja tem muitos crentes imaturos e raquíticos espiritualmente. Deixe-os falar, incentivando a participação de todos. Contudo, depois de alguns minutos, busque sintetizar e organizar as ideias do primeiro tópico da lição.
1 Coríntios 3.1-5.
1 — E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.
2 — Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis.
3 — Porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens?
4 — Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu, de Apolo; porventura, não sois carnais?
5 — Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um?
INTRODUÇÃO
A Igreja foi edificada para dar continuidade à missão de Cristo, de pregar o Evangelho à toda criatura. No entanto, algumas pessoas da igreja em Corinto estavam na contramão desse propósito divino, pois ainda eram imaturos, vivendo de acordo com as obras da carne. Paulo afirma que a imaturidade de alguns era um empecilho para o cumprimento da Grande Comissão.
Nesta lição, veremos por que os irmãos da igreja em Corinto tinham uma vida cristã imatura. Observaremos que a imaturidade deles estava impedindo o crescimento e o avanço da obra de Deus, prejudicando a comunhão com o Senhor e entre os membros da igreja.
I. OS CORÍNTIOS ERAM IMATUROS NA VIDA CRISTÃ
1. Os cristãos em Corinto ainda eram carnais (v.1). Os crentes de Corinto tinham pouco tempo de conversão. Eles saíram do paganismo e do judaísmo, mas o paganismo e o judaísmo ainda não haviam saído deles. Estavam há pouco tempo na difícil caminhada cristã e muitos dos desejos carnais ainda dominavam suas vidas.
Paulo ressalta que a igreja ainda possuía muitos comportamentos carnais e, como consequência, tinha uma fé exclusivista, fechada e egoísta. O apóstolo critica essa fragilidade da fé dos coríntios e os exorta a deixarem a infantilidade espiritual para alcançarem a maturidade cristã. Como os coríntios daquela época, atualmente, muitos se comportam da mesma maneira. Sem uma base sólida de fé, alicerçada na Palavra de Deus, são levados por qualquer vento de doutrina.
2. Os coríntios são chamados de crianças espirituais. Toda analogia é incompleta e precisa ser tratada com cuidado. Por exemplo, Pedro também usa a figura da criança, mas no sentido positivo: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que, por ele, vades crescendo” (1Pe 2.2). Jesus também a usou no sentido positivo: “Em verdade vos digo que qualquer que não receber o Reino de Deus como uma criança não entrará nele” (Lc 18.17).
Pedro destaca o apetite saudável pelo leite racional, ou seja, o alimentar-se da Palavra de Deus. Enquanto Jesus destaca a simplicidade e a humildade de uma criança. Mas diferente de Pedro e de Jesus, Paulo compara os coríntios com uma criança no sentido negativo, na sua incapacidade de compreender a seriedade do Evangelho.
3. O cristão infantil não pode se alimentar de alimento sólido (v.2). Paulo afirma que devido à imaturidade dos coríntios, ele teve de alimentá-los com leite. O autor da Carta aos Hebreus afirma que “qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino” (Hb 5.13). O alimento sólido é somente para os adultos que “tém os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5.14).
Os coríntios estavam em um processo lento de crescimento, mas se achavam adultos e prontos. No entanto, estavam equivocados. Paulo os chama de crianças na fé. Para uma criança não se pode dar algo mais forte do que ela seja capaz de ingerir. Por isso, sempre há necessidade de cuidados especiais. A maneira como Paulo fala na carta demonstra esse cuidado. Pessoas espiritualmente imaturas não suportam ser corrigidas e, geralmente, distorcem as palavras e os ensinos recebidos.
Pense!
Como você reage diante de uma repreensão?
Ponto Importante
Pessoas espiritualmente imaturas não suportam ser corrigidas.
II. O QUE PODE NOS IMPEDIR DE CRESCER NA FÉ
1. Alimentar o sentimento de inveja (v.3). Uma das principais paixões humanas que os crentes imaturos e carnais não conseguem controlar é a inveja. A inveja produz contendas e dissensões na igreja. Infelizmente, esse sentimento predominava entre os membros da igreja em Corinto. A inveja é uma paixão humana, obra da carne, que interfere no julgamento do indivíduo, causando-lhe um peso diante do sucesso dos outros.
A palavra “inveja” é formada pelos vocábulos latinos in (dentro de) + videre (olhar), que indicam um olhar maléfico que penetra no outro de forma destrutiva. O invejoso vive em função do que o outro tem. Não importa que ele não tenha o objeto desejado, desde que o outro também não possua. O cristão deve ser capaz de identificar esse sentimento e, por meio do Espírito Santo, mantê-lo sobre controle. Isso é um exemplo de maturidade cristã.
2. Promover contendas e dissensões (v.3). Nem sempre as contendas e dissensões são geradas pela inveja, podem ser suscitadas também pela ambição, desejo de prestígio, soberba, dentre outros desejos, todos presentes na igreja de Corinto. Em geral a inveja promove contendas e dissensões, não permitindo que venhamos andar de maneira honesta e sincera diante de Deus e dos irmãos em Cristo (Rm 13.13).
As pessoas que costumam promover contendas e dissensões são consideradas crianças espirituais e crentes carnais.
3. A falta de unidade. Paulo via cada pessoa como parte de uma grande unidade, o Corpo de Cristo, por isso ele partia do pessoal para o comunitário. Os coríntios se moviam no sentido contrário, eles criavam divisões e enfraqueciam a unidade fraternal. A proposta de Paulo era o trabalho em equipe, a igreja unida como um só corpo para a superação das divisões e partidarismos.
O apóstolo comenta a respeito do fato de algumas pessoas dizerem: “Eu sou de Paulo” e outras afirmarem: “Eu sou de Apolo”. Paulo assevera que ele e Apolo eram apenas ministros a serviço do Reino de Deus, por isso faziam um trabalho de cooperação. Os coríntios, que não sabiam trabalhar em unidade defendiam o que achavam ser o mérito de cada um dos líderes, enquanto estes apenas queriam unir suas forças em prol de um objetivo comum: A expansão do Reino de Deus.
Pense!
A divisão e a contenda impedem o avanço do Reino de Deus.
Ponto Importante
A unidade promove o crescimento qualitativo e quantitativo da igreja.
III. O PERIGO DA ESTAGNAÇÃO NA FÉ
1. Substituir o verdadeiro fundamento imobiliza a fé (3.10,11). Paulo usa a figura do fundamento de um edifício para mostrar a importância de estarmos edificados sobre a Rocha Eterna. Se o fundamento não for bom e sólido, acaba por comprometer toda a construção.
O que Paulo combate em Corinto é o mau uso da razão com intenções orgulhosas para obter resultados facciosos. Alguns membros, erroneamente, utilizavam ensinos e preceitos fundamentados em valores da sociedade secular, que não levavam em conta o Evangelho da cruz, e acabavam por gerar divisões e contendas na igreja.
Paulo tomava como base a própria Escritura para demonstrar que não se pode ir além da verdade do Evangelho, a salvação por meio da cruz de Cristo. Alguns coríntios, por substituírem o fundamento lançado por Paulo, estavam estagnados na fé. Por isso, o apóstolo faz uma séria advertência aos crentes de Corinto e a todos os cristãos: “[…] Ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (v.11).
2. Ignorar o juízo divino pode comprometer a vida eterna com Deus. Paulo adverte aos crentes de que todas as pessoas terão que prestar contas de suas obras diante de Deus (vv.13-15). Provavelmente, ele traz à lembrança desse dia porque os coríntios viviam como se esse dia não existisse. Eles estavam ignorando o julgamento divino. Paulo declara que quem realiza a obra de Deus de forma fraudulenta não ficará para sempre encoberto (1Co 4.1-5).
3. O perigo de se gloriar na sabedoria humana (vv.18-23). Os coríntios tinham aparência de piedade, mas eram guiados pelo elevado conceito que possuíam acerca de si mesmo. Paulo os adverte para não serem sábios aos próprios olhos, pois Deus apanha os sábios em sua própria astúcia (vv.18,19). O problema aqui não é a capacidade intelectual e cultura, mas em usá-los para sobrepor o próximo.
Como os coríntios, algumas pessoas se vangloriam por terem sido influenciadas por pessoas que são consideradas grandes intelectuais. No entanto, ignoram e menosprezam os que têm fé em Deus e no sacrifício de Cristo. Em alguns ambientes intelectuais a fé tem sido alvo de deboche e as pessoas que se apresentam como cristãos e tementes a Deus têm sido humilhadas. Paulo exorta os coríntios para que não se gloriem na sabedoria deste mundo, pois é loucura diante de Deus (vv.19-23).
Pense!
Você tem realizado a obra do Senhor com zelo e temor?
Ponto Importante
Quem realiza a obra de Deus de forma fraudulenta não ficará para sempre encoberto.
CONCLUSÃO
A imaturidade dos coríntios evidencia o perigo da fragilidade da fé infantil e a necessidade do crescimento espiritual. Eles ainda eram carnais, pois alimentavam o sentimento de inveja e promoviam contendas e dissensões na igreja. Portanto, precisamos nos manter firmados em Jesus Cristo, buscar a sabedoria divina e cultivar uma vida de comunhão para continuarmos a crescer até o Dia do Senhor.
FEE, Gordon D. Exegese? Para quê? 21 Estudos Textuais, Exegéticos e Teológicos do Novo Testamento. Rio de Janeiro, CPAD, 2019.
1. Quais as consequências do comportamento carnal dos coríntios?
Uma das consequências era o fato de se tornarem um empecilho para o cumprimento da Grande Comissão.
2. O crente imaturo pode experimentar o alimento sólido?
Não. O cristão infantil não pode se alimentar de alimento sólido (v.2).
3. Segundo a lição, o que pode nos impedir de crescer na fé?
Alimentar o sentimento de inveja (v.3); promover contendas e dissensões (v.3) e a falta de unidade.
4. De acordo com a lição, defina inveja.
A palavra “inveja” é formada pelos vocábulos latinos in (dentro de) + videre (olhar), que indicam um olhar maléfico que penetra no outro de forma destrutiva.
5. O que a inveja produzia na igreja em Corinto?
Inveja na igreja em Corinto promoveu contendas, partidarismo e falta de unidade.
“Em sua primeira visita, Paulo não pôde ensinar aos crentes coríntios a verdadeira sabedoria espiritual. Embora eles fossem batizados com o Espírito e exercessem os dons do Espírito, Paulo não pôde tratá-los como ‘a espirituais’, isto é, como crentes plenamente dominados e dirigidos pelo Espírito. Como as pessoas comuns, eles ainda eram muito carnais, muito mundanos, dominados pelos desejos da carne e mente humana. Estavam agindo como bebês espirituais que não tinham crescido nas coisas de Cristo. Eles não tinham se desenvolvido espiritualmente ao ponto em que pudessem entender a verdadeira sabedoria que ele quis ensiná-los.
Hebreus 5.13,14 identifica que os bebês espirituais que se alimentam de leite não estão experimentados na Palavra da justiça. Eles não alcançaram uma maturidade em que exercitaram ‘para discernir tanto o bem como o mal’. Estão familiarizados com ‘os rudimentos da doutrina de Cristo, […] o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno’ (Hb 6.1,2). Estas doutrinas são importantes. Porém, os coríntios precisavam experimentar os alimentos sólidos dos ensinos mais profundos da Bíblia, ensinos que têm a ver com a justiça e a santidade” (HORTON, Stanley M. I e II Coríntios: Os problemas da Igreja e suas Soluções. Rio de Janeiro, CPAD. 1999, p.40).
“A inveja, contendas e dissensões (implicando rivalidade) entre os crentes coríntios provavam que eles ainda eram carnais (gr. sarkikoi ), dominados pelos desejos da carne e da mente, exatamente como os incrédulos (cf. 1Jo 2.16). Eles estavam agindo como ‘meros homens’ — como seres humanos comuns, egocêntricos, não renascidos e sem uma relação com Deus —, em vez de agirem como indivíduos que são verdadeiramente guiados pelo Espírito de Deus. Além disso, o fato de focalizarem os homens, discutindo se deveriam seguir Paulo ou Apolo, ‘indicava que havia confusão acerca da mensagem central do Evangelho’. Eles não viam a importância da cruz no plano de Deus. Aparentemente, não eram muitos os que seguiram Paulo, como o tom geral de 1 Coríntios indica. Do capítulo 5 em diante, Paulo não mais argumenta acerca dos líderes humanos e lida com a assembleia coríntia como um todo, grande parte da qual tinham se afastado dele” (HORTON, Stanley M. I e II Coríntios: Os problemas da Igreja e suas Soluções. Rio de Janeiro, CPAD, 1999. pp.40,41).