Título: O cuidado de Deus com o Corpo de Cristo — Lições da Carta do apóstolo Paulo aos coríntios para os nossos dias
Comentarista: Natalino das Neves
Lição 12: Da circuncisão e dos alimentos sacrificados aos ídolos
Data: 20 de Junho de 2021
“Ora, no tocante às coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que todos temos ciência. A ciência incha, mas o amor edifica.” (1Co 8.1).
O que salva o ser humano não são os rituais religiosos, mas a fé no sacrifício vicário de Cristo Jesus.
SEGUNDA — Lv 12.1-3
Deus ordena a circuncisão no Antigo Testamento
TERÇA — Dt 10.16
A circuncisão que agrada a Deus
QUARTA — Jr 4.4
A circuncisão do coração
QUINTA — At 15.29
“Que vós abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos”
SEXTA — 1Co 8.9
Que não venhamos escandalizar ninguém
SÁBADO — 1Co 8.4
Só há um Deus
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor(a), na lição de hoje estudaremos a respeito da ilustração que Paulo fez sobre a circuncisão e os alimentos sacrificados aos ídolos.
Tudo indica que alguns crentes estavam dando ouvidos aos judaizantes, que desejavam que o novo convertido se tornasse primeiro um judeu, tendo que se circuncidar. Então Paulo os ensina que ser humano algum jamais será salvo por intermédio dos rituais religiosos, principalmente a circuncisão. Só há salvação mediante a fé no sacrifício vicário de Jesus Cristo.
Prezado(a) professor(a), uma das ênfases da lição desse domingo é a circuncisão. Por isso, sugerimos que para a aula de hoje, você faça uma “mesa redonda” com seus alunos e debata a seguinte questão; “Abraão foi justificado diante de Deus pelas obras ou por sua fé?”. Conclua o debate mostrando que Abraão não tinha porque se gloriar diante de Deus por seus feitos, pois a Palavra de Deus nos diz: “Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça”. Em que ele creu? Na promessa de Deus de Gênesis 15.5. O homem não será justificado diante de Deus por algum tipo de rito, mas unicamente mediante a fé em Cristo (Rm 4.1-8).
1 Coríntios 7.18,19; 1 Coríntios 8.2-5.
1 Coríntios 7
18 — É alguém chamado, estando circuncidado? Fique circuncidado. É alguém chamado, estando incircuncidado? Não se circuncide.
19 — A circuncisão é nada, e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus.
1 Coríntios 8
2 — E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.
3 — Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido dele.
4 — Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo e que não há outro Deus, senão um só.
5 — Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores).
INTRODUÇÃO
Na igreja em Corinto havia alguns judeus convertidos a Jesus Cristo. Alguns deles eram influentes e mantinham ainda regras e costumes do judaísmo. Muitos desses costumes contrariavam a mensagem do Evangelho. Por isso, o embate entre os judeus convertidos a Jesus e o apóstolo Paulo foi constante durante todo o seu ministério.
Na lição desta semana veremos dois assuntos que se destacam entre os coríntios que haviam deixado o judaísmo: A circuncisão e os alimentos sacrificados aos ídolos.
I. A CIRCUNCISÃO NO ANTIGO TESTAMENTO
1. A circuncisão teve sua origem em Abraão. A circuncisão é a remoção do prepúcio, uma pele que cobre o órgão sexual masculino. Deus estabeleceu a circuncisão como um sinal para sua aliança com o patriarca Abraão. O Senhor prometeu que faria de Abraão uma grande nação (Gn 12.1-3; 17.2,10-14). A partir dele, todos os seus descendentes, do sexo masculino, deveriam fazer a circuncisão como um sinal externo e visível da aliança com Deus.
O ritual da circuncisão deveria ser realizado no oitavo dia de vida e simbolizava a inserção do indivíduo no povo eleito pelo Senhor, segundo a promessa feita a Abraão. A desobediência a essa ordenança divina resultaria na expulsão da comunidade, e isso poderia significar vagar pelo deserto, ser transformado em escravo e até mesmo morrer.
A circuncisão também tinha uma função em relação à saúde do homem e da mulher, considerando as condições de vida dentro de um ambiente nômade, como de Abraão e seus descendentes.
2. A circuncisão passou a ser um ritual obrigatório na Lei de Moisés. A prática da circuncisão, iniciada por Abraão, com o tempo passou a ser um requisito obrigatório na Lei Mosaica (Lv 12.2,3). A não observância dessa regra poderia ser punida com a morte. Sua importância também era evidenciada com a obrigatoriedade de ser feita no oitavo dia, mesmo que coincidisse com o dia de sábado.
No Novo Testamento, Paulo mostra aos coríntios a importância da “circuncisão espiritual”, alcançada mediante a fé em Jesus Cristo. Todavia, o Pentateuco (Dt 10.16; 30.6) e os profetas do Antigo Testamento, como em Jeremias, já davam destaque a circuncisão do coração, não feita pela mão do homem (Jr 4.4; Jr 9.25).
3. A lei e a circuncisão não libertaram o povo judeu da escravidão do pecado. Os judeus se achavam superiores aos gentios por serem herdeiros da promessa feita por Deus a Abraão e por serem os receptores da Lei. Eles mantinham sua identidade e exclusivismo por meio do ritual da circuncisão, que apenas aumentava mais a arrogância e a hipocrisia. Eles buscavam a Deus, mas de maneira equivocada. Os rituais e as práticas de purificação e pretensa santificação não foram suficientes para alcançarem a tão sonhada justificação diante de Deus. A justificação do homem se dá mediante a fé no Filho de Deus.
II. A CIRCUNCISÃO E O CRISTIANISMO
1. O concílio de Jerusalém deliberou a respeito da questão da circuncisão. A expansão do Evangelho para os territórios gentílicos por meio da evangelização fez com que muitos conflitos com relação à circuncisão surgissem. O assunto se tornou tão incômodo que por volta dos anos 50 d. C. foi realizado um concílio em Jerusalém com a participação de Paulo, Barnabé e alguns apoiadores da igreja em Antioquia, juntamente com os apóstolos e anciãos da igreja em Jerusalém (At 15.1-29; Gl 2.1-10).
O concílio teve como principal atribuição definir o que deveria ser observado pelos cristãos gentílicos e quais seriam as práticas exclusivas dos judeus. A decisão foi de que a circuncisão seria observada somente pelos judeus. Todavia. infelizmente o concílio não extinguiu os conflitos entre os judeus convertidos e os cristãos gentílicos.
2. Na igreja em Corinto não se deveria fazer distinção entre circuncisos e incircuncisos (1Co 7.18). Paulo demonstra em algumas de suas cartas, em especial em Romanos, que Abraão não foi justificado por meio da circuncisão, mas sim pela sua fé no Todo-Poderoso. Ele afirma que tanto os judeus quanto os cristãos são descendentes espirituais de Abraão. Então, aos coríntios ele orienta: Quem está circuncidado, continue circuncidado; quem não está circuncidado, continue incircunciso. Ele deixa bem claro que a circuncisão é apenas um sinal externo para os judeus e não implica diretamente a salvação.
3. A verdadeira circuncisão é a do coração. Os judeus ensinavam, mas não praticavam a Lei. Portanto, de nada valeria um sinal externo se as práticas não condiziam com o que ensinavam.
Paulo afirma que a verdadeira circuncisão é a que ocorrer no interior do ser humano, em seu coração, que só pode ser realizada pelo Senhor (Rm 2.25-29). Entretanto, isso não significa que o exterior não é importante, mas sim que a verdadeira transformação deve acontecer de dentro para fora.
III. ALIMENTOS SACRIFICADOS AOS ÍDOLOS
1. Os “açougues” em Corinto nos dias de Paulo. No primeiro século, os mercados da cidade de Corinto vendiam as sobras das carnes dos animais que eram sacrificados aos ídolos nos templos pagãos. Comprar nesses açougues era uma rotina normal na cidade, não era problema para os seus habitantes, com exceção da comunidade judaica. Naquela época aconteciam também algumas festas nos pátios dos templos dos ídolos dos quais todas as pessoas podiam participar livremente (8.10). Em Corinto, para uma grande maioria, essa era praticamente quase a única oportunidade de comer carne.
2. Comprar carne sacrificada aos ídolos? Com a chegada do Evangelho na cidade de Corinto, as práticas idólatras, como a compra de carne que foi sacrificada aos ídolos e que eram vendidas nos açougues começou a gerar conflitos entre os crentes. Alguns membros continuaram comprando desses açougues e comendo essas carnes sem preocupação, enquanto outros, influenciados pela crença judaica que tinha certa influência nas comunidades cristãs, deixaram de comprar desses açougues por serem carnes sacrificadas aos ídolos. Comer alimentos sacrificados aos ídolos também foi um dos principais assuntos, junto com a circuncisão, na assembleia que aconteceu em Jerusalém (At 15.22-29). Para os cristãos de origem judaica, comer da carne sacrificada aos ídolos era ser semelhante ao que fazia os sacrifícios. Essa foi uma das questões levadas pelos irmãos até Paulo, solicitando a orientações dele a respeito de como deveriam proceder.
3. Orientações e conselhos a respeito de alimentos sacrificados aos ídolos. Paulo traz duas orientações importantes aos crentes de Corinto quanto às coisas sacrificadas aos ídolos: A primeira orientação era para os crentes mais maduros e que não acreditavam em outros deuses além do único Deus Criador. Para estes ele recomenda que continuem no mesmo procedimento de sempre: Vá e compre o que tiver no mercado (8.4-6). A segunda orientação é para aqueles crentes mais fracos, que acreditam em um único Deus, mas na prática temem os falsos deuses. Porém, o mais importante é o fato de que Paulo recomenda que a nossa “liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos” (v.9). Ele é bem enfático ao afirmar: “Pelo que, se o manjar escandalizar a meu irmão, nunca mais comerá carne, para que meu irmão não se escandalize”. Os crentes maduros deveriam evitar comer a carne oferecida aos ídolos se isso fosse prejudicar de alguma forma a fé, a consciência dos irmãos mais fracos.
CONCLUSÃO
Na lição de hoje vimos que havia vários conflitos entre os judeus convertidos a Jesus Cristo e os crentes gentios em Corinto. Quanto à circuncisão Paulo é bem claro em suas orientações: Cada um fique como está, pois a circuncisão não passa de um ritual externo com significado para os judeus. Quanto à carne sacrificada a ídolos ele esclarece que os ídolos nada são e que só existe um Deus, mas para evitar conflitos entre os irmãos, não se comesse a carne sacrificada e que eram vendidas nos mercados da cidade.
BAKER, David W.; ARNOLD, Bill (Ed.). Faces do Antigo Testamento. Rio de Janeiro. CPAD, 2017.
1. Segundo a lição a circuncisão começou com qual patriarca?
A circuncisão teve sua origem em Abraão
2. O que é circuncisão?
A circuncisão é a remoção do prepúcio, uma pele que cobre o órgão sexual masculino.
3. Quando deveria ser realizado o ritual da circuncisão?
O ritual da circuncisão deveria ser realizado no oitavo dia de vida e simbolizava a inserção do indivíduo no povo eleito pelo Senhor, segundo a promessa feita a Abraão.
4. O que a assembleia de Jerusalém deliberou a respeito da circuncisão?
A decisão foi de que a circuncisão seria observada somente pelos judeus.
5. O que a assembleia de Jerusalém deliberou a respeito das coisas sacrificadas a ídolos?
Que os crentes deveriam evitar os alimentos sacrificados aos ídolos.
“Paulo reconheceu que nem todos os cristãos tinham alcançado um estágio de conhecimento intelectual ou de vigor espiritual que permitisse, sem ofender a si próprios, assistir a uma festa impregnada de uma atmosfera idólatra. Quando essas pessoas se tornaram cristãs elas aceitaram o Deus da fé cristã como o único Deus. Mas esse conceito era limitado. Um estudioso escreveu: ‘Este conceito monoteísta que todos possuíam… ainda não havia desabrochado na consciência de todos em sua plenitude’. Alguns talvez ainda guardassem dentro de si remanescentes de sua antiga superstição, e tivessem medo do poder dos ídolos. Tais pessoas não iriam considerares ídolos iguais a Deus, mas ‘seres intermediários, anjos bons ou maus, e era melhor procurar o seu favor ou evitar a sua ira’. Dessa maneira, havia alguns que comiam… no seu costume para com o ídolo: ‘havia algo que, em tais pessoas, sobreviveu à sua conversão’. Não tendo ainda amadurecido a ponto de chegar a uma completa rejeição da realidade dos falsos deuses. Esses cristãos iriam sentir uma sensação de culpa de comessem a carne oferecida aos ídolos” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 8. Rio de Janeiro. CPAD, 2006, p.309).
“No capítulo 8, o apóstolo Paulo responde a mais uma pergunta dos coríntios, referente ao consumo de carne oferecida aos ídolos. Antes da sua conversão, muitos crentes em Corinto eram pagãos, adoravam ídolos e sacrificavam animais aos deuses. Nesses sacrifícios, juravam sua devoção às respectivas deidades, invocavam a bênção dos deuses representados pelos ídolos e se comunicavam com as forças diabólicas, enquanto comiam uma parte da carne sacrificada (1Co 10.18). Tudo isso era um ato de louvor pagão. O restante da carne era consumido pelos sacerdotes ou vendida no mercado. Após a sua conversão os crentes coríntios desejavam saber se ainda seria lícito comer daquela carne oferecida aos ídolos ou se deviam se abster de tal consumo” (HOOVER, Thomas Reginald. Comentário Bíblico 1 e 2 Coríntios. Rio de Janeiro. CPAD, 1999, p.64).