Título: Vigilância, justiça e o culto a Deus — Um chamado para a Igreja nos escritos dos profetas menores
Comentarista: Israel Trota
Lição 8: Naum: Até onde vai a paciência de Deus
Data: 22 de Agosto de 2021
“O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em força e ao culpado não tem por inocente […].” (Na 1.3).
A misericórdia de Deus nos oferece novas oportunidades, porém, há um momento em que a paciência de Deus cede lugar a sua justiça, pois o culpado jamais será tratado como inocente na hora do juízo.
SEGUNDA — Sl 18.25,26
A justiça de Deus é benigna para o justo e indomável para o perverso
TERÇA — Rm 2.4-6
Não devemos abusar da misericórdia divina
QUARTA — Lv 26.27,28
A desobediência acende a ira de Deus
QUINTA — Sf 3.5
A justiça de Deus não comete iniquidade
SEXTA — Rm 12.19
A retribuição pertence a Deus
SÁBADO — Is 59.17,18
A retribuição divina será conforme os nossos atos
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor(a), como você avalia o interesse e o aprendizado dos seus alunos a respeito do assunto dos Profetas Menores? Procure incentivar a participação dos alunos em classe, tornando suas aulas mais interativas, mais dinâmicas. É importante que você não apenas transmita informações a respeito dos livros e dos profetas que estão sendo estudados, mas que mostre a atualidade da mensagem deles para os nossos dias, fazendo sempre uma “ponte” entre o texto bíblico e a vida do aluno.
Naum foi um profeta de Judá e sua mensagem apresenta uma promessa divina: A punição da Assíria por sua crueldade (11). A leitura do livro de Naum enfatiza a misericórdia divina e o seu juízo. Infelizmente, muitos erroneamente, veem a misericórdia e a bondade de Deus como uma licença, um consentimento para o pecado. Não podemos nos esquecer de que Deus é misericordioso e tardio em irar-se, contudo Ele é justo e “ao culpado não tem por inocente” (1.3).
Naum 1.1-3.
1 — Peso de Nínive. Livro da visão de Naum, o elcosita.
2 — O SENHOR é um Deus zeloso e que toma vingança; o Senhor toma vingança e é cheio de furor; o SENHOR toma vingança contra os seus adversários e guarda a ira contra os seus inimigos.
3 — O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em força e ao culpado não tem por inocente; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.
INTRODUÇÃO
Até onde vai a paciência de Deus? Deus concede aos seres humanos tempo e oportunidades para o arrependimento. Infelizmente, há aqueles que abusam da paciência divina tratando com leviandade a graça recebida. Pensam que sempre terão oportunidades, mas uma hora o juízo chega. Naum nos ensina que em sua infinita sabedoria Deus estipula um tempo específico para o julgamento. Nínive havia provado da graça de Deus na pregação de Jonas. Com o arrependimento dos ninivitas, o Senhor suspendeu o juízo. O tempo passou e após um pouco mais de um século uma nova geração preferiu a iniquidade ao invés da retidão. Suas obras foram cruéis, perversas e infectadas de malignidade. Tal comportamento acendeu a ira de Deus. Não podemos esquecer que o amor de Deus caminha ao lado de sua justiça. Naum anunciou a Nínive o juízo divino. Deus estava cheio de furor e não trataria o culpado como inocente.
I. NAUM
1. O consolador. Naum significa “consolador”. Seu nome é mencionado na Bíblia uma única vez, justamente na introdução de seu livro (Na 1.1). Sua profecia não apresentou julgamento para Israel, apenas transmitiu consolação. Ele consolou seus compatriotas ao profetizar o fim da Assíria, o grande inimigo oriental do povo de Deus em sua época. Com isto, aprendemos que a justiça de Deus apresenta uma duplicidade no seu efeito, pois é uma ferramenta de consolo para o justo e um instrumento de terror para o ímpio (2Sm 22.27; Sl 18.25,26). Enquanto Jonas testemunhou a suspensão do juízo para os ninivitas, Naum previu a destruição deles. Ele viu e antecipou o que Jonas gostaria de ter visto. O livro de Naum tem um único tema: O juízo divino contra a Assíria. Naum anunciou a soberania de Deus sobre todas as nações e ensinou a Judá que a nação que os aterrorizava em breve receberia o juízo divino por suas obras más e seus atos de barbarismos entre os povos. Diferente de Jonas, ele não agiu motivado pelo nacionalismo exacerbado, mas profetizou impulsionado pela defesa humanitária. Ele se posicionou contra a tirania e o militarismo da Assíria. Não devemos agir motivados por valores ideológicos. Não é a filosofia do mundo que deve nos guiar, mas sim os valores bíblicos.
2. Data da profecia. As informações históricas de que dispomos sobre Naum são insuficientes, portanto, não são conclusivas em relação a datas. O livro não menciona reis. O foco da mensagem não era Judá, mas a Assíria, uma potência estrangeira que durante longos anos oprimiu o povo de Deus. O texto bíblico se refere à Nínive como uma grande cidade (Jn 1.2; 3.2). Tratava-se de uma cidade pós-diluviana fundada por Ninrode (Gn 10.8-11) que nos tempos de Senaqueribe, rei da Assíria, (705 a 681 a.C.) foi fortificada e atingiu o seu período de maior glória e poder. O livro foi escrito provavelmente um pouco antes da destruição da cidade de Nínive em 612 a.C. O profeta chegou a citar o cativeiro de Tebas (Nô-Amom), a capital do Egito superior (Na 3.8). Estudiosos acreditam que Naum estivesse se referindo a tomada da cidade pelos assírios em 663 a.C., comandados por Assurbanipal. Assim sendo, o livro poderia ter sido escrito de 663 a.C. a 612 a.C., em um espaço de aproximadamente meio século.
3. Estrutura e mensagem do livro. O livro possui três capítulos. O primeiro capítulo é composto de apresentação da profecia (Na 1.1), salmo de louvor sobre a natureza de Deus (Na 1.2-8) e anúncio — em forma poética — do juízo divino sobre os ninivitas (Na 1.9-15). O segundo capítulo minudencia a queda de Nínive (Na 2.1), pois descreve o invasor (Na 2.3), a forma do ataque (Na 2.4,5), e a queda da cidade (Na 2.6-8). Os tesouros seriam saqueados (Na 2.9) provocando uma grande desolação (Na 2.10-13). O terceiro capítulo do livro informa os motivos que determinaram a queda de Nínive (Na 3.1-19). O tom do livro é severo. A mensagem constitui um peso, ou seja, é uma sentença judicial austera da parte de Deus (Na 1.2). É possível vermos que não há mais misericórdia sobre os assírios. Eles aboliram o arrependimento original na época do profeta Jonas e se voltaram para a iniquidade, por isto, o tempo da retribuição divina havia chegado. Eles já conheciam a misericórdia divina, agora provariam da ira de um Deus vingador (Na 1.2). Precisamos entender que o juízo divino sobre o pecador não é uma vingança arbitrária, mas o devido processo da providência moral e da lei da semeadura.
II. A NATUREZA DE DEUS
1. A longanimidade de Deus. Naum louva a Deus por sua natureza divina (Na 1.2-8). Ele é “zeloso”, “toma a vingança”, é “cheio de furor”, “guarda a ira contra os inimigos”, é “tardio em irar-se”, “grande em força”, é “bom” e “conhece os que confiam nele”. Na natureza divina, bondade e ira, longanimidade e vingança não são atributos excludentes, mas inter-relacionáveis. Deus é tão perfeito que tem a medida certa e o tempo preciso para cada ação. Ele está no controle de todas as coisas. É infinito em poder e sabedoria. As “nuvens são o pó dos seus pés” (Na 1.3) e “a terra se levanta na sua presença” (Na 1.5). É soberano. Quando a Bíblia diz que é “tardio em irar-se” está afirmando que Ele se ira, mas antes, por ser compassivo, concede chances para o arrependimento (Rm 2.4-6; 2Pe 3.9). Todavia, a longanimidade de Deus não pode ser vista como impunidade, pois uma hora o fluxo da misericórdia é interrompido e os reservatórios da ira são abertos (Rm 1.18). A aplicação da ira divina não é precipitada. Deus não comete injustiças. Sua ira é derramada sobre o “culpado” e jamais penalizará o “inocente” (Êx 23.7; Na 1.3).
2. Deus amoroso e vingador. O livro de Naum nos ensina que Deus além de ser amoroso, também é vingador (Jr 50.15; Mq 5.15; Na 1.2). Sua graça não pode ser utilizada de forma leviana. A despeito de ser misericordioso, Deus não poupa o ímpio, antes confere à injustiça o devido tratamento (Rm 3.5). Os assírios pensavam que poderiam afligir novamente o povo de Deus, todavia, o Senhor dos Exércitos não permitiria que isso acontecesse de novo (Na 1.9). Deus prometeu destruir a Assíria e consolar Judá (Na 1.12). O povo de Deus não seria afligido novamente. O consolo de Judá não se fundamentava no sofrimento alheio (da Assíria), mas em perceber que Deus executa sua justiça no mundo. Muitos concebem, erroneamente, o amor de Deus como uma bondade natural permissiva, porém, o amor de Deus é rigidamente justiça e foi por esse motivo que Cristo morreu (Jo 3.16). Judá estava sempre debaixo de constantes ameaças da parte dos assírios, tendo a obrigação de pagar altas somas de dinheiro, todavia essa opressão findaria e o povo ficaria livre deste jugo que seria quebrado por Deus (Na 1.13). O que representa vingança para uns, simboliza justiça para outros. Na cátedra do julgamento está o Senhor, o Justo Juiz de toda a terra (Gn 18.25; Rm 9.14).
3. O Senhor é bom. O retrato pintado por Naum, do temor que a natureza nutre de Deus, poderia a princípio apresentar uma ideia errada sobre o Criador (Na 1.4-6), por isso, o profeta tratou de atestar que “O Senhor é bom” e não pode ser associado ao atributo oposto (Na 1.7). A bondade, nesse caso, não está apenas em contraste com o mal, mas também contra o mal. Se não fosse assim, a bondade resultaria em omissão e seria falha. A benevolência divina não deixa Deus vulnerável ou fragilizado na hora de executar os seus juízos, pelo contrário, quando necessário, persegue os seus inimigos com trevas (Is 42.13; 66.15). O juízo sobre Nínive foi comparado à metáfora da inundação transbordante que a tudo destrói (Na 1.8). No livro de Naum temos o braço da vingança judicial de Deus em favor do seu povo estendido contra uma nação implacável e aterrorizante. As ações horríveis da Assíria não ficariam impunes diante da justiça divina (Sl 97.2). Como sabemos a hora em que a misericórdia será trocada pela ira divina na aplicação da justiça? Não sabemos. Por isto, devemos sempre andar em retidão.
III. OS PECADOS DA ASSÍRIA: ATÉ ONDE VAI A PACIÊNCIA DE DEUS
1. Ganância e injustiça. A palavra de Naum era muito dura, mas operava em conformidade com os pecados daquele povo. Nínive era uma cidade cheia de mentiras e roubos. Os acordos e tréguas com as nações próximas eram quebrados e as palavras descumpridas. A cidade foi comparada a figura de uma meretriz que engoda suas vítimas à ruína mediante exibições de poder e argumentos persuasivos (Na 3.4). Todavia, os gracejos “aparentemente vantajosos” na verdade eram ardilosos e, quando as nações respondiam favoravelmente aos seus encantos, eram destruídas por este império. A Assíria praticava o mal pela força e pela persuasão. A mentira servia à injustiça na consecução da maldade. A nação também estava sendo condenada pelos pecados da idolatria e feitiçaria (Na 3.4; 2Rs 16.10; Is 47.9,12; Ez 23.5,7,11). Na busca pela ganância, muitas pessoas se apostataram da fé atraindo maldições sobre si. Quando se cultua o materialismo, os princípios espirituais e os valores morais são ignorados. É a ganância que dá luz a injustiça, agenciando a exploração e a tirania em nosso mundo.
2. A violência e a soberba. Nínive era uma cidade sanguinária que massacrou diversos povos, derramando sangue em inúmeras guerras (Na 3.1). Ela despojou muitas nações de suas riquezas e saqueou muitas cidades em sua busca pelo poder. Na profecia de Naum. Nínive (a cidade), é usada como símbolo da Assíria (o país). Os assírios eram mestres do terror. Essa reputação foi conquistada por todas as crueldades cometidas ao longo dos anos. Eles decepavam as mãos, os pés, orelhas e narizes, como também esfolavam os cativos vivos, além de muitos outros atos abjetos de tortura. Seus deuses eram retratados como guerreiros. O comportamento cruel daquele povo era temido por todas as nações da época. Ai daquele que trata com violência o próximo! Na Bíblia, Deus se contrapõe à violência combatendo-a com a justiça e protegendo dela, o justo que nEle confia (2Sm 22.3,49; Sl 72.14; Jl 3.19). Além da violência, a Assíria tornou-se altiva por causa de sua elevação diante das nações. A queda desta nação foi resultado de sua soberba (2Rs 18.28; 19.23; Is 8.7; 36.4).
3. Egoísmo. O profeta anunciou que Nínive não era melhor que Nô-Amom (Tebas), uma cidade de grande influência no Egito, capital do Egito Superior. Essa cidade ficava localizada sobre as duas margens do Rio Nilo e era cercada pelas águas (Na 3.8). Mesmo com tanto prestígio e glória, Tebas foi tomada pelos assírios em 663 a.C. e muitas atrocidades foram cometidas ali. Ao contrário de Nínive, Tebas possuía alianças políticas com vários povos e mesmo assim foi levada cativa (Na 3.9,10). O que diríamos de Nínive que se alienou e se encastelou em seu próprio egoísmo? Naum apresenta um evento histórico que era de conhecimento dos assírios para que eles entendessem a mensagem de juízo. O egoísmo daquele povo o destruiu. Naum descreveu a destruição como um ataque de gafanhotos (Na 3.15,16) e terminou sua profecia dizendo que não havia mais cura para a ferida de Nínive (Na 3.19). A sentença judicial divina já tinha sido expedida. A mensagem se cumpriu. Nínive foi destruída em 612 a.C.; e o exército assírio foi aniquilado em 605 a.C. na batalha de Carquemis. A destruição da cidade foi tão completa — conforme profetizado por Naum — que a cidade só foi redescoberta pela arqueologia em 1842, estando completamente em ruínas.
CONCLUSÃO
O livro de Naum traz uma séria advertência para todos nós, pois devemos aproveitar as oportunidades que Deus nos dá. A misericórdia divina deve gerar em nós quebrantamento e piedade. Não devemos abusar da paciência de Deus tentando testar o limite de sua longanimidade. Brincar com a misericórdia é o mesmo que rejeitá-la, optando pelo pecado. No tempo estabelecido por Deus, todos aqueles que perseveraram na prática do mal experimentarão a sua ira.
GILBERTO, Antonio, at al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
1. Considerando que Naum significa “consolador”, como podemos concluir que sua mensagem trouxe consolação para Judá se ele tão somente profetizou a destruição da Assíria?
O consolo está na confirmação que Deus faz justiça.
2. Enquanto Jonas testemunhou a suspensão do juízo para os ninivitas, Naum previu a destruição deles. Sabemos que Jonas agia motivado por um forte nacionalismo, sendo assim, o que motivou a profecia de Naum?
Naum profetizou impulsionado pela defesa humanitária. Ele se posicionou contra a tirania e o militarismo da Assíria. Ele aspirava por justiça, não apenas para Judá, mas para todos os povos explorados, humilhados e injustiçados pela Assíria.
3. Qual o propósito da longanimidade de Deus no trato com o pecador?
Deus é “tardio em irar-se” porque concede chances para o arrependimento (Jó 22. 23; Rm 2.4-6; 2Pe 3.9).
4. Quais foram os principais pecados de Nínive?
Ganância, injustiça, violência, orgulho e egoísmo.
5. A profecia de Naum a respeito de Nínive se cumpriu?
Sim. Nínive foi destruída em 612 a.C.; e o exército assírio foi aniquilado em 605 a.C., na batalha de Carquemis. A destruição desta cidade foi total.
“O juízo contra Nínive
Enquanto a maioria dos livros proféticos do Antigo Testamento prediz o juízo de Deus contra Israel e Judá, em Naum a profecia é dirigida contra Nínive, a capital e representante da nação da Assíria. Como a Assíria era uma nação ímpia, conhecida, especialmente, pela sua crueldade na guerra, o profeta não apresenta nenhuma defesa por predizer a sua destruição. Ele se lança na sua denúncia contra Nínive com entusiasmo e um tom provocador.
O que Naum profere contra Nínive é a mensagem de Deus a todas as nações perversas.
Naum quer dizer ‘consolo’ ou ‘consolação’ (de Deus). Isso dá o que pensar, uma vez que toda a mensagem de Naum diz respeito à destruição de Nínive.
Naum profetizou por volta de 620 a.C., mais ou menos a mesma época de Habacuque, Sofonias e a primeira parte do ministério de Jeremias.
O livro de Naum ofereceu respostas para as perguntas do povo de Deus: ‘Deus nos abandonou? Por que os assírios estão prosperando? As promessas de Deus são promessas vazias?’. Naum afirma que Deus pode ser ‘tardio em irar-se, mas ao culpado não tem por inocente’ (1.3). Além disso, Deus é ‘uma fortaleza no dia da angústia’ (1.7)” (Profetas Menores: Livro de Estudo. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p.145).