Título: A Supremacia das Escrituras — A inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus
Comentarista: Douglas Baptista
Lição 11: Lucas-Atos: O modelo pentecostal para hoje
Data: 13 de Março de 2022
“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (At 2.4).
A atividade do Espírito Santo e suas implicações na vida cristã são o padrão bíblico adotado pelo crente pentecostal.
Segunda — Lc 3.16
O poder de Cristo em batizar no Espírito Santo e com fogo
Terça — Lc 3.21,22
O Espírito Santo em forma de pomba e uma voz do céu identificam o Messias
Quarta — At 1.8
A virtude do Espírito capacita o crente para a obra de evangelização
Quinta — At 2.2,3
Sinais sobrenaturais marcaram o advento do Espírito Santo
Sexta — At 2.4; 10.46; 19.6
O “falar em línguas” é a evidência física inicial do Batismo no Espírito Santo
Sábado — At 2.17-20
O derramamento do Espírito Santo permanecerá até o Dia do Senhor
Lucas 1.21,22; Atos 2.1-4.
Lucas 1
21 — E o povo estava esperando a Zacarias e maravilhava-se de que tanto se demorasse no templo.
22 — E, saindo ele, não lhes podia falar; e entenderam que tivera alguma visão no templo. E falava por acenos e ficou mudo.
Atos 2
1 — Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;
2 — E, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
3 — E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
4 — E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
5, 85 e 290 da Harpa Cristã.
1. INTRODUÇÃO
Nesta lição, temos como propósito destacar que a ação do Espírito Santo na vida de Jesus em Lucas e da igreja em Atos com a finalidade de capacitá-la para a proclamação do Evangelho em continuidade ao ministério de Jesus. Veremos que esse modo de viver serve de modelo para a igreja dos dias atuais. Assim como no início da igreja, os crentes atuais precisam buscar o Batismo no Espírito Santo como revestimento de poder do Alto para realizar a obra de Deus e alcançar uma vida cristã vitoriosa.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Enfatizar a ação do Espírito Santo na vida e ministério de Jesus em Lucas; II) Ressaltar que a manifestação do Espírito Santo no ministério da igreja em Atos é cumprimento da promessa de Deus revelada por intermédio do profeta Joel; III) Apontar que o Batismo no Espírito Santo é uma promessa atual e deve ser buscado por todos os crentes como capacitação para o serviço cristão.
B) Motivação: O Espírito Santo é a fonte inspiradora e capacitadora da igreja. Os crentes são intrinsecamente dependentes do Espírito Santo tanto no que diz respeito ao serviço prestado na obra de Deus quanto a uma vida íntegra e testemunhante das verdades bíblicas. É preciso buscar continuamente o revestimento do Espírito.
C) Sugestão de Método: Com a ajuda de seus alunos, realize um mapa conceituai. Anote no centro do quadro a palavra “Espírito Santo”, e com a ajuda dos alunos, relacione em torno desta palavra quais as manifestações do Espírito Santo encontradas no livro de Atos dos Apóstolos que confirmam o cumprimento da promessa de Deus anunciada pelo profeta Joel (cf. Jl 2.28-31).
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Converse com seus alunos sobre a experiência do Batismo no Espírito Santo. Reforce que o Espírito Santo habita o crente quando este aceita Jesus como Salvador. No entanto, o crente deve buscar o revestimento de poder para realizar a obra de Deus com afinco. Aproveite para ouvir as experiências daqueles que foram batizados no Espírito Santo.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão: Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios às Lições Bíblicas. Na edição 88, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará um auxílio que dará suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “O Propósito do Batismo no Espírito Santo”, ao final do primeiro tópico, ressalta que o Batismo no Espírito Santo é a porta de entrada para vários dons do Espírito; 2) O texto “Línguas como evidência do Batismo no Espírito Santo”, localizado no final do terceiro tópico, aprofunda a questão das línguas como evidência física e inicial do Batismo no Espírito Santo.
INTRODUÇÃO
Lucas-Atos são dois volumes de autoria do médico amado (Cl 4.14). Os relatos são escritos a partir de premissas históricas e teológicas. Registram que a unção do Espírito que repousava em Jesus, também foi concedida à Igreja (At 2.33). Desde o Pentecostes, o derramar do Espírito Santo permanece como modelo para a Igreja de Cristo.
Palavra-Chave:
ESPÍRITO
I. O EVANGELHO DE LUCAS: O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DE CRISTO
1. O Espírito Santo no Evangelho. Lucas registra os fatos acerca da vida e obra de Cristo (Lc 1.1-3). O evangelista enfatiza o papel do Espírito no advento do Messias. A ação do Espírito é percebida na vida do precursor de Cristo, João Batista (Lc 1.13,15); na vida de Isabel e Zacarias - seus pais (Lc 1.13,67); na concepção virginal de Maria (Lc 1.35); e na vida de Simeão ao conhecer o Messias antes de morrer (Lc 2.25-32). O Evangelho ainda ressalta o poder de Cristo em batizar no Espírito Santo e com fogo (Lc 3.16).
2. O Espírito Santo e o batismo de Cristo. Ao descrever o batismo de Jesus no Jordão, Lucas informa que estando o Senhor orando, o céu se abriu (Lc 3.21), o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba (Lc 3.22a); e uma voz do céu dizia: “Tu és o meu Filho amado” (Lc 3.22). O evento da descida do Espírito e a voz que o identificava como Filho de Deus tinham como propósito marcar o início do ministério público de Jesus (Lc 4.1,14,18). Também serviram como sinal para João Batista confirmar que Jesus era o Cristo (Jo 1.32,33).
3. O Espírito Santo e a tentação de Cristo. Após o batismo nas águas, e cheio do Espírito Santo (Lc 4.1a). Jesus foi impelido pelo Espírito ao deserto, e lá foi tentado pelo Diabo durante quarenta dias (Lc 4.1b; 4.2a). Nesse período, manteve a comunhão com o Pai, e se fortaleceu por meio da oração e do jejum (Lc 4.2b). A vitória do Senhor sobre a tentação demonstra que Ele estava capacitado para cumprir o seu ministério. Cristo venceu o Diabo pelo poder do Espírito e da Palavra de Deus (Lc 4.4,8,12,13).
4. O Espírito Santo e a missão de Cristo. Vencida a tentação no deserto, Jesus voltou à Galileia, conduzido pelo Espírito (Lc 4.14). Após ministrar em alguns lugares, dirigiu-se para Nazaré (Lc 4.15,16). Na sinagoga, ao abrir o rolo de Isaías, leu a passagem que dizia: “O Espírito do Senhor é sobre mim” (Lc 4.18; cf. Is 61.1,2). Ao terminar a leitura, o Senhor afirmou: “hoje se cumpriu esta Escritura” (Lc 4.21). Aqui, o Senhor declara que a unção do Espírito qualifica seu ministério para evangelizar, curar, libertar e restaurar os pecadores (Lc 4.18,19).
SINOPSE I
A unção do Espírito Santo esteve presente na vida e ministério do Senhor Jesus, capacitando-o a cumprir a missão para a qual Deus Pai o havia enviado.
“O Propósito do Batismo no Espírito Santo
Em adição ao poder para servir, através do qual o indivíduo se torna canal de testemunho para o mundo, o batismo no Espírito transforma-se na entrada para um tipo de adoração que abençoa os santos reunidos de Deus. O batismo é a porta de entrada dos vários ministérios espirituais, chamados dons do Espírito. Visto que tais dons visam a edificação da igreja local […]. Os que se converteram foram batizados em águas e no Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Mostraram novas evidências da obra do Espírito em suas vidas, conforme Atos 2.42,46,47: ‘E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão e nas orações. E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor aqueles que se haviam de salvar’. Temos aqui a descrição de uma obra contínua do Espírito, que aprofundou a experiência dos crentes e seu amor a Deus e à sua Palavra, uns pelos outros e pelos perdidos. […] Assim também o batismo no Espírito Santo é apenas uma porta para uma relação crescente entre Ele mesmo e os crentes. Essa relação leva a uma vida de serviço, onde os dons do Espírito proveem poder e sabedoria para divulgação do evangelho e o crescimento da Igreja, como evidenciado pela sua rápida propagação em muitas áreas do mundo atual” (HORTON, Stanley M.; MENZIES, Willian W. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Fé Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, pp.105,106).
II. ATOS DOS APÓSTOLOS: O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DA IGREJA
1. O Espírito Santo em Atos. Ao concluir o Evangelho, Lucas anota que Jesus instruiu os discípulos a esperarem o revestimento de poder do alto (Lc 24.49). Após o Senhor ter sido elevado aos céus, o livro de Atos dá prosseguimento a essa narrativa (At 1.1-4). O autor ratifica que o derramamento do Espírito era a capacitação necessária para a evangelização dos povos (At 1.8). Relata que cerca de 120 discípulos voltaram a Jerusalém e, em oração, aguardaram o revestimento de poder (At 1.12-15). Portanto, Atos registra a ação do Espírito na inauguração histórica da Igreja como agência de Cristo. Trata-se da continuação da obra de Jesus por meio dos discípulos capacitados pelo Espírito Santo (At 2.38).
2. A promessa cumprida no Pentecostes. O batismo no Espírito Santo remonta a profecia de Joel (Jl 2.28). Cristo a ratificou como sendo “a promessa do Pai” (At 1.4). O cumprimento se deu no dia de Pentecostes (At 2.1). Os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas (At 2.4). Sinais sobrenaturais marcaram o advento do Espírito Santo: o “som como de um vento” (At 2.2); as “línguas como que de fogo” (At 2.3). Desses fenômenos, somente o falar em línguas se repetiria nos demais registros de Atos. Desse modo, a partir do Pentecostes, os discípulos começaram a pregar pelo poder do Espírito. Muitas maravilhas e sinais eram operados, e as almas eram alcançadas (At 2.43,47).
3. A expansão da Igreja Primitiva. O poder do Espírito capacitou os crentes para o serviço cristão. Já no primeiro sermão, Pedro anunciou Cristo com intrepidez, e quase 3.000 almas se converteram (At 2.36,38,41). Após a cura do coxo à porta do Templo, e a ministração da Palavra, quase 5.000 se renderam ao Senhor (At 3.8,19; 4.4). Felipe, na virtude do Espírito, pregou em Samaria, e vidas foram salvas (At 8.5-13). Cornélio e sua casa receberam o Evangelho pelo mover do Espírito (At 10.24-29). Paulo, cheio do Espírito, alvoroçou o mundo, e milhares de almas foram salvas e curadas pela pregação do Evangelho (At 9.15,17; 17.6; 19.10; 24.5). Esses relatos demonstram a ação do Espírito Santo na propagação do Reino de Deus.
SINOPSE II
A manifestação do Espírito Santo em Atos dos Apóstolos revela a inauguração da história da Igreja como agência de Cristo.
III. UM MODELO PENTECOSTAL PARA A IGREJA DE NOSSOS DIAS
1. O revestimento de poder do alto. Pedro ensina que essa promessa está em vigor para todos os salvos, em todas as épocas (At 2.38,39). A experiência pode ocorrer junto ou após à regeneração (At 8.15-17; 10.44-46). Ressalta-se que, no Pentecostes, os discípulos já tinham o Espírito Santo (Jo 20.22). Todo salvo em Jesus recebe o Espírito Santo na conversão (Gl 3.2). Porém, o batismo no Espírito Santo é algo distinto do Novo Nascimento; significa o recebimento de poder espiritual para realizar a obra da expansão do Evangelho (At 1.8), para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e adoração mais profunda (1Co 14.26). Em vista disso, a exemplo dos primeiros cristãos, a igreja hodierna deve buscar o revestimento de poder (Lc 11.13).
2. As línguas como evidência inicial. A palavra “glossolalia”, de origem grega, indica que as “línguas” concedidas pelo Espírito podem ser humanas ou celestiais (1Co 13.1). No Pentecostes, os discípulos falaram “línguas” (At 2.4). Em Cesareia, o centurião e a família falaram “línguas” (At 10.46). Os irmãos em Éfeso falaram “línguas” (At 19.6). Em Samaria, e na vida de Paulo, as “línguas” estão implícitas (At 8.17,18; 9.17). Assim sendo, o “falar em línguas” é a evidência inicial do Batismo no Espírito Santo. As línguas só cessarão quando Cristo voltar (1Co 13.8-10). Por isso, a instrução bíblica diz: “procurai, com zelo, profetizar e não proibais falar línguas” (1Co 14.39).
3. A plenitude do Espírito Santo. A experiência pentecostal não ficou restrita ao tempo dos Apóstolos (At 2.39). A expressão “do meu Espírito derramarei” (At 2.17) aponta para o início da dispensação do Espírito, e mostra que a efusão será contínua até “o grande e glorioso dia do Senhor” (At 2.20). A plenitude abrange o “fruto do Espírito” (Gl 5.22) e as manifestações espirituais, tais como: as profecias, sonhos, visões, prodígios e sinais (At 2.17,19). Assim, o Espírito permanece em ação na vida da Igreja. Ele é que capacita e conduz o povo de Deus (Jo 16.13,14). Em razão disso, a Bíblia ensina “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).
SINOPSE III
A experiência pentecostal permanece atual na igreja, mostrando-se evidente na manifestação dos dons espirituais.
[Línguas como evidência do Batismo no Espírito Santo]
“Dos quatro casos no livro de Atos em que Lucas descreve a vinda inicial do Espírito, três citam explicitamente a glossolalia como resultado imediato (At 2.4; 10.46; 19.6) e outro (8.14-19) a deixa implícita. […] Lucas considerava as línguas como sinal do recebimento do dom pentecostal. Lucas apresenta as línguas como evidência da vinda do Espírito. No dia de Pentecostes, Pedro declara que as línguas dos discípulos serviram de sinal. As línguas estabeleceram o fato de que eles, os discípulos de Jesus, eram profetas do fim dos tempos, sobre os quais Joel profetizou. As línguas também marcaram a chegada dos últimos dias (At 2.17-21) e serviram para estabelecer o fato de que Jesus ressuscitara e é o Senhor (At 2.33-36). Em Atos 10.44-48, ‘falar em línguas’ é mais uma vez ‘retratado como evidência positiva e suficiente para convencer os companheiros de Pedro’ de que o Espírito fora derramado sobre os gentios. Em Atos 19.6, línguas e profecia são citadas como resultados imediatos da vinda do Espírito, a evidência incontestável da resposta afirmativa à pergunta de Paulo feita no início da narrativa: ‘Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?’. É interessante observar que Lucas não toma parte na angústia de muitos cristãos hoje em dia sobre a possibilidade de falsas línguas. Lucas não oferece orientações para discernir se as línguas são verdadeiras ou falsas, de Deus ou de outra fonte. Pelo contrário, Lucas presume que a comunidade cristã conhecerá e experimentará o que for necessário e bom” (MENZIES, Robert P. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.74,75).
CONCLUSÃO
Lucas descreve a capacitação do Espírito Santo no ministério de Jesus, e no ministério da Igreja. Esse revestimento de poder na vida do crente não é apresentado como dom para salvação, mas como a unção dos salvos para o testemunho e o serviço cristão. Esse é o padrão bíblico adotado pelo pentecostal submisso ao ensino das Escrituras Sagradas.
Advento: aparecimento, chegada. Aquilo que começa ou se institui.
Intrepidez: qualidade de intrépido; arrojo, bravura, coragem, intrepideza. Que ou aquele que não receia o perigo, que não tem medo; arrojado, corajoso.
Hodierna: que existe ou ocorre atualmente; atual, moderno, dos dias de hoje.
Efusão: manifestação expansiva de sentimentos amistosos, de afeto, de alegria (sentido figurado).
O que Lucas enfatiza em seu Evangelho a respeito do Espírito Santo?
Lucas registra os fatos acerca da vida e obra de Cristo (Lc 1.1-3). O evangelista enfatiza o papel do Espírito no advento do Messias.
O que a vitória do Senhor sobre a tentação demonstra?
A vitória do Senhor sobre a tentação demonstra que Ele estava capacitado para cumprir o seu ministério.
O que o livro de Atos dos Apóstolos registra?
Atos registra a ação do Espírito na inauguração histórica da igreja como agência de Cristo.
O que Pedro ensina a respeito do revestimento do alto?
Pedro ensina que essa promessa está em vigor para todos os salvos em todas as épocas (At 2.38,39).
O que aponta a expressão “do meu Espírito derramarei” (At 2.17)?
A expressão “do meu Espírito derramarei” (At 2.17) aponta para o início da dispensação do Espírito, e mostra que a efusão será contínua até “o grande e glorioso dia do Senhor” (At 2.20).
LUCAS-ATOS: O MODELO PENTECOSTAL PARA HOJE
Muitos estudiosos sérios das Escrituras consideram que os livros de Lucas e Atos são uma unidade, elaborados numa perspectiva de continuidade. Lucas deixa isso claro em Atos 1.1: “Escrevi o primeiro livro [Evangelho de Lucas] […]”. Agora ele escreve o segundo: Atos dos Apóstolos. Esse entendimento já se faz presente na Hermenêutica Pentecostal. O estudioso Craig Keenner escreve o seguinte: “Muitos estudiosos argumentam, de modo persuasivo a meu ver, que Lucas escreve uma obra em dois volumes que inclui tanto biografia quanto historiografia. Assim, tratar os dois livros em conjunto requer uma breve exploração do caráter da historiagrafia antiga e de onde Lucas-Atos situa-se no âmbito maior de seu gênero” (Entre a História e o Espírito, CPAD, p.30). Por isso, o título da lição aparece como Lucas-Atos, pois com base em investigação de livros de gênero história, os livros do evangelista Lucas certamente reproduzem um gênero comum do tempo em que vivia. Da mesma forma que encontramos um gênero comum à literatura Antiga como a poesia, a narrativa etc.
Um importante entendimento
Perceber Lucas-Atos como uma unidade traz uma compreensão acurada de que o autor sagrado, tanto do Evangelho como de Atos, tem mais do que história para dizer: tem doutrina. E a doutrina pentecostal a respeito do Batismo no Espírito Santo, e mais especificamente das línguas como evidência inicial do Batismo no Espírito, está assentada no desenvolvimento dos fatos doutrinários iniciados no Evangelho de Lucas, em Jesus; e desdobrado em Atos dos apóstolos, na Igreja. Note este exemplo que o teólogo Robert Menzies mostra: “Lucas apresenta a experiência de Jesus relacionada ao Espírito e sua vida de oração como modelos importantes para os leitores. Lucas 10.21, que descreve Jesus em linguagem que lembra o falar em línguas [como vemos em Atos — acréscimo nosso], irrompendo em louvores exuberantes e alegres inspirados pelo Espírito, não é exceção” (Pentecostes: Essa História é a Nossa História, CPAD, p.70).
Fundamento Doutrinário
Ler e entender a estrutura narrativa presente em Lucas-Atos é fundamental para compreender bem a nossa doutrina do Espírito Santo e vivê-la de maneira que sejamos cheios do Santo Espírito. Em Lucas-Atos podemos explorar bastante a doutrina do Espírito Santo.