Título: Os valores do Reino de Deus — A relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo
Comentarista: Osiel Gomes
Lição 1: O Sermão do Monte: o caráter do Reino de Deus
Data: 03 de Abril de 2022
“Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.” (Mt 5.11).
O Sermão do Monte revela a ética do Reino de Deus que forma o caráter do cristão. Para quem deseja ser chamado discípulo de Jesus, não há alternativa senão praticá-lo.
Segunda — Mt 7.28; Lc 6.17
Um sermão para quem segue Jesus com sinceridade
Terça — 2Co 5.17
Um sermão para quem nasceu de novo
Quarta — Ap 13; 14.13; 22.17
Um sermão que nos permite desfrutar da felicidade divina
Quinta — Mt 5.3; 12.28; Mt 7.21,22
Aspectos presentes e futuros do Reino de Deus
Sexta — Mt 3.8-10
É preciso viver as beatitudes espirituais na vida cristã
Sábado — Gl 2.20; Fp 3.7,8; Rm 12.2
É preciso renunciar o “eu carnal” e acolher o “eu espiritual”
Mateus 5.1-12.
1 — Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;
2 — e, abrindo a boca, os ensinava, dizendo:
3 — Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;
4 — bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
5 — bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
6 — bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
7 — bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
8 — bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9 — bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
10 — bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;
11 — bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.
12 — Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
126, 131 e 232 da Harpa Cristã.
1. INTRODUÇÃO
Vivemos uma degradação de valores em nossa sociedade. Por isso, neste trimestre, temos o privilégio de estudar os valores do Reino de Deus revelados no Sermão do Monte. O pastor Osiel Gomes, escritor, conferencista e líder da AD em Tirirical (São Luís/MA) é o comentarista deste trimestre. Ele nos ajudará a compreender a relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo nos dias atuais.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Analisar a estrutura do Sermão do Monte; II) Correlacionar as bem-aventuranças com o caráter cristão; III) Afirmar a bem-aventurança do cristão.
B) Motivação: Qual é a visão de mundo que fundamenta a vida do seu aluno? Ele toma decisões no mundo com base em qual ética? Uma ética materialista, mundana? Ou com base na ética do Reino de Deus, conforme revelada no Sermão do Monte?
C) Sugestão de Método: Sugerimos que enriqueça a aula por meio de exemplos positivos de cristãos que buscaram viver pelo menos uma das oito bem-aventuranças do Sermão do Monte. O exemplo pode ser dado por meio de uma pessoa da própria igreja local, ou de notícias, livros etc.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Sugerimos que ao final da aula, você faça um momento de meditação e oração. À luz das bem-aventuranças estudadas em aula, leve os alunos a meditar sobre a própria conduta e a suplicar a Deus a graça de viver as bem-aventuranças do Sermão do Monte.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão: Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas. Na edição 89, p.36, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará dois auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “O Segredo da Felicidade” é uma reflexão ampliada pelo teólogo Myer Pearman acerca do conceito de Bem-Aventurança; 2) O texto “Dono da Maneira como Pensamos”, do pastor Stan Toler, traz uma proposta de aplicação a respeito do impacto que o ensino de Jesus pode trazer para a vida cristã.
INTRODUÇÃO
O tema deste trimestre é o Sermão do Monte, ou Sermão da Montanha. Considerado a alma do Evangelho, o ensino que Jesus transmitiu no monte se destaca pela sua dimensão prática e revela a essência de um verdadeiro seguidor de Cristo. Ao longo do trimestre, veremos que o Sermão do Monte traz um ensinamento que, em um primeiro instante, volta-se plenamente para Deus; e, noutro, revela o lado ético do divino reino: amar o próximo. Esses dois momentos perfazem os pilares da vida cristã (Mt 22.37,39). Assim, o Sermão do Monte é um convite para praticar o que Jesus ensinou.
Palavra-Chave:
BEATITUDE
I. A ESTRUTURA DO SERMÃO DO MONTE
1. Por que Sermão do Monte? A introdução do capítulo 5 de Mateus (os dois primeiros versículos) anuncia o título do Sermão do Monte. De acordo com Mateus 8.1,5 e Lucas 7.1 é admissível que esse monte estivesse perto de Cafarnaum. Geograficamente, diz-se que ele estava situado a 6,5 quilômetros a oeste do Mar da Galileia e 13 quilômetros a sudeste de Cafarnaum. No monte do sermão, nosso Senhor se assentou e ensinou aos seus discípulos.
2. A estrutura do Sermão do Monte. Para alguns estudiosos, o Sermão do Monte se fundamenta na narrativa que começa em Mateus 1.4-16. O desdobramento dela envolve a genealogia de Jesus e os sete cumprimentos proféticos que aparecem nesse Evangelho: 1) Emanuel (1.23); 2) Nascimento em Belém (2.6); 3) O chamado do Egito (2.15); 4) O choro de Raquel (2.18); 5) Chamado de Nazareno (2.23); 6) João Batista: uma voz no deserto (3.3); 7) Uma grande luz (4.14-16). Assim, toda essa estrutura precede os cinco grandes discursos do Sermão do Monte: 1) As Bem-Aventuranças (5.3-12); 2) Sal e luz (5.13-16); 3) Jesus é o cumprimento da Lei (5.17-48); 4) Os atos de justiça (6.1-18); 5) Declarações de sabedoria (6.19 — 7.27). Como um desdobramento da narrativa messiânica do evangelista Mateus, o Sermão do Monte deve ser compreendido e valorizado a partir da autoridade messiânica de Jesus para chamar pessoas a viver uma vida nova no Reino de Deus.
3. A quem se destina o Sermão do Monte? Os ensinos do Sermão do Monte podem ser considerados princípios esboçados por Cristo, que revelam a verdadeira característica do seu reino messiânico. A princípio, podemos dizer que o Sermão do Monte foi direcionado aos discípulos (Lc 6.20), mas também à boa parte da multidão que o ouvia (Mt 7.28; Lc 6.17). Portanto, o Sermão do Monte é destinado a todo crente que nasceu de novo (2Co 5.17).
SINOPSE I
O Sermão do Monte está estruturado em cinco grandes discursos proferidos por Jesus Cristo e tem como público-alvo todo crente que nasceu de novo.
II. AS BEM-AVENTURANÇAS E O CARÁTER DOS FILHOS DE DEUS
1. O que são as bem-aventuranças? A expressão “bem-aventurados” é um adjetivo plural grego, makarioi, que significa “felizes”. Essa expressão trata das qualidades presentes na vida dos que dependem de Deus, que estão sob seu domínio e soberania e seguem a Jesus com sinceridade. Ela ainda se refere tanto ao presente quanto ao futuro. Nesse sentido, o salvo está consciente das promessas divinas para o futuro, a fim de que viva piedosamente em Cristo e desenvolva as virtudes presentes no Sermão do Monte. Assim, nas palavras de nosso Senhor (Mt 5.1-11), as bem-aventuranças são o resultado da fidelidade do crente a Deus que, em qualquer circunstância, persevera no caminho e, com isso, participa das bênçãos divinas da salvação (Ap 1.3; 14.13; 22.17).
2. O Reino de Deus e seu caráter. No Evangelho de Mateus identificamos a chegada do Reino de Deus e a pregação de Jesus a respeito do Evangelho do Reino (3.2; 4.17,23). Mas o que seria o Reino de Deus? Na Bíblia, o Reino de Deus é comparado a uma semente, a qual se desenvolve ao longo do tempo (Mc 4.26-29), de modo que podemos falar a respeito de um Reino presente (Mt 5.3; 12.28; 19.14) e de um futuro (Mt 7.21,22; 25.34). A expressão Reino de Deus declara a soberania, reinado e governo de Deus atuando em tudo. Podemos ainda destacar pelo menos quatro conceitos que se referem a essa expressão na Bíblia:
a) O Reino no coração. Um reinado que ocorre dentro do coração da pessoa que se rende à soberania de Deus (Lc 17.21).
b) A chegada do Reino como salvação. Quando a pessoa passa pela experiência salvífica, desfruta de bênçãos, tanto espirituais quanto materiais, reconhece e obedece ao grande Rei (Mc 10.25,26).
c) Igreja: a expressão do Reino de Deus. Constituída de pessoas com o coração regenerado e transformado e que, por isso, reconhecem Deus como o soberano, a Igreja é vista como a expressão do Reino de Deus (Mt 16.17-19).
d) Toda a Criação e a volta do Senhor. A imagem bíblica do governo de nosso Senhor, em que o universo será redimido e, posteriormente, haverá novo céu e nova terra, traz consigo a dimensão do Reino de Deus (Rm 8.22,23; Ap 20.6; 21.1).
3. Os súditos do Reino de Deus. A primeira seção do Sermão do Monte (5.1-12) destaca oito qualidades que formam o caráter dos súditos do Reino de Deus: 1) o quebrantamento; 2) o choro; 3) a mansidão; 4) a retidão (justiça); 5) a misericórdia; 6) a pureza; 7) a pacificação; 8) a perseguição por causa dos valores do Reino. Logo, espera-se que os filhos de Deus manifestem essas qualidades espirituais na vida cristã pois, sem elas, não poderemos participar do reinado divino (Mt 3.8-10). Portanto, ao praticar essas qualidades do Reino, seremos chamados de “bem-aventurados”, isto é, verdadeiramente felizes.
SINOPSE II
Cada bem-aventurança é um traço do caráter de quem vive os valores do Reino de Deus.
O Segredo da Felicidade
“A expressão ‘bem-aventurado’ oferece a chave para a verdadeira felicidade oferecida pelo Mestre. A palavra, no original grego, significa a bênção divina em contraste com a felicidade humana. Esta bem-aventurança descreve o estado de vidas em retidão: aqueles humildes, mansos, misericordiosos, puros de coração e pacíficos. Jesus ensina não depender a felicidade por Ele oferecida do que temos ou fazemos, mas do que somos; e não pode ser importada, mas precisa nascer da alma.
O mundo tem o seu próprio conceito de bem-aventurança, onde feliz é o homem forte, rico, popular e satisfeito consigo mesmo. Quando Jesus anunciou seu segredo, aquelas palavras soaram de forma estranha a muitas pessoas, pois descreviam um modo de viver que lhes parecia impraticável” (PEARLMAN, Myer. Mateus: O Evangelho do Grande Rei. 5ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.30).
III. SOMOS BEM-AVENTURADOS
1. A beatitude na vida dos salvos. Salvo em Cristo, o seguidor de Jesus vive a beatitude (isto é, estado permanente de perfeita satisfação e plenitude; estado de felicidade e serenidade) do Sermão do Monte de maneira bem-aventurada. Isso ocorre porque o discípulo de Jesus desfruta do favor de Deus e manifesta atitudes que mostram coerência com a ética do Reino de Deus: humildade, mansidão, retidão, misericórdia, pureza, pacificação, disposição para o perdão (Mt 5.1-12). É possível todo crente agir por meio dessas atitudes, pois quem passou pela experiência da salvação é transformado interiormente pela Palavra de Deus (Hb 4.12).
2. A prova de que o cristão é bem-aventurado. O cristão que pratica as oito beatitudes do Sermão do Monte domina o “eu carnal”, vive em Cristo, entra numa nova dimensão espiritual e vive a bondade de Deus (Gl 2.20; Fp 3.7,8; Rm 12.2). Assim, no Sermão do Monte, Jesus Cristo ensina que a verdadeira felicidade nada tem a ver com o que o homem moderno deseja: dinheiro, ambição e poder. A felicidade bíblica se revela em quem ama o seu inimigo, bendiz o que maldiz, faz o bem ao que o odeia e ora pelos que o maltratam e perseguem (Mt 5.44).
SINOPSE III
O Sermão do Monte esclarece que as bem-aventuranças são a verdadeira felicidade para quem nasceu de novo.
“DONO DA MANEIRA COMO PENSAMOS
Como cristãos, temos de entregar a mente de forma que Jesus se torne o dono do modo como pensamos. Mas entregar a mente não significa que paramos de pensar. Nada disso. Os cristãos podem e devem estar entre as pessoas mais lógicas, racionais e intelectualmente curiosas do mundo. Lembre-se de que Deus criou a mente, e ele espera que a usemos no máximo das nossas habilidades!
[…] Entregar a mente para Cristo significa escolher Jesus como mentor ou mestre. Significa confiar na sua sabedoria como guia para a vida. Significa confiar que o modo como Ele entende e torna entendível o mundo é verdade, preciso e suficiente. Se você escolhe crer no que Jesus crê, ordenar a vida de acordo com os princípios que Ele ensina e oferecer a vida a serviço dEle, você está entregando a mente a Cristo” (TOLER, Stan. Repense a Vida: Uma Dieta Incomparável para Renovar a Mente. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.26).
CONCLUSÃO
O Sermão do Monte é a base ética do Reino de Deus. Nele, constatamos o lado divino de uma atitude amorosa do cristão para com Deus, bem como para com o próximo. Se cada crente fizesse do Sermão do Monte o seu norte ético de vida, as polêmicas não teriam lugar entre nós, não haveria espaço para meras opiniões intelectivas, visto que o propósito desse sermão é que cada crente seja como Deus quer que ele seja.
Intelectiva: relativo ao intelecto, à inteligência; intelectual, mental.
1. O que a introdução do capítulo 5 de Mateus anuncia?
A introdução do capítulo 5 de Mateus (os dois primeiros versículos) anuncia o título do Sermão do Monte.
2. Como podemos considerar os ensinos do Sermão do Monte?
Os ensinos do Sermão do Monte podem ser considerados princípios esboçados por Cristo que revelam a verdadeira característica do seu reino messiânico.
3. Qual o significado da expressão “Bem-aventurados”?
A expressão “bem-aventurados” é um adjetivo plural grego, makarioi, que significa “felizes”. Essa expressão trata das qualidades presentes na vida dos que dependem de Deus, estão sob seu domínio e soberania e seguem a Jesus com sinceridade.
4. O que podemos identificar no Evangelho de Mateus?
No Evangelho de Mateus identificamos a chegada do Reino de Deus e a pregação de Jesus a respeito do Evangelho do Reino (3.2; 4.17,23).
5. Com o que o Reino de Deus é comparado na Bíblia?
Na Bíblia, o Reino de Deus é comparado a uma semente, a qual se desenvolve ao longo do tempo (Mc 4.26-29), de modo que podemos falar a respeito de um Reino presente (Mt 5.3; 12.28; 19.14) e de um futuro (Mt 7.21,22; 25.34).
O SERMÃO DO MONTE: O CARÁTER DO REINO DE DEUS
Nos dias atuais, as sociedades vivem uma degradação de valores morais. Há os que dizem que as questões morais são de ordem religiosa e de caráter individual. Portanto, opiniões a respeito devem ser guardadas de maneira privada. Outros divorciam a moral da ética, objetivando uma perspectiva mais moderna a respeito do tema. Na Ética Moderna, muitos consideram determinados valores como questões religiosas. Por isso, há distorções graves no convívio social. Nesse ambiente social conturbado, estudaremos o Sermão do Monte. Perceberemos que os valores do Reino de Deus estão patentes nele e, por isso, é relevante para a Igreja de Cristo nos dias atuais.
A visão cristã de mundo
Há seguimentos diversos na sociedade que apresentam diferentes visões de mundo. Os cristãos, estamos diante dessa diversidade de visões. Por isso se torna imperativo ter a consciência clara do que somos, a quem pertencemos e o que rege a nossa vida. Nesse sentido, o Sermão do Monte apresenta uma ética, valores caros aos seguidores de Jesus no mundo. Ele refina o nosso modo de lidar com o próximo, com as grandes questões de nosso tempo, tanto da pessoa humana como outros aspectos da Criação.
O Sermão do Monte, bem como toda a Bíblia, é a fonte do nosso modo de olhar e viver a vida. Por isso, nesta primeira aula estudaremos a estrutura do Sermão do Monte e sua parte introdutória — As Bem-Aventuranças.
O que é felicidade?
A felicidade apresentada no Sermão é muito diferente da dos dias atuais; bem como da época em que o Evangelho de Mateus foi escrito. As oito beatitudes que mostram a verdadeira felicidade são virtudes rejeitadas por um público materialista, cuja felicidade se resume nos prazeres ou no uso da força. A singeleza do Sermão do Monte nos lembra de que, no Reino de Deus, quem chora é feliz, quem deseja a retidão é feliz, o manso é feliz, o pacífico é feliz. O que é a felicidade para nós hoje?
Uma aplicação
É muito importante que você faça uma reflexão com a classe, levando-a a ter consciência do tipo de valores cultivados no dia a dia. Esses valores que configuram a nossa visão de mundo estão em coerência com os valores ensinados do Sermão do Monte? Comportamo-nos segundo a justiça, a mansidão e a humildade ensinadas pelo nosso Senhor? Essa primeira lição é uma excelente oportunidade para mapear nossas verdadeiras motivações.