Título: Os ataques contra a Igreja de Cristo — As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo
Comentarista: José Gonçalves
Lição 2: A sutileza da banalização da Graça
Data: 10 de Julho de 2022
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.” (Ef 2.8).
A graça de Deus não é barata. Ela requer arrependimento, novo comportamento, ou seja, nova vida em Cristo.
Segunda — 1Co 1.21
Deus achou por bem salvar
Terça — Rm 3.10
Não há um só justo diante de Deus
Quarta — Gn 3.17
A responsabilidade humana
Quinta — Rm 5.12b; Gn 3.23
A nefasta consequência do pecado
Sexta — 1Tm 2.5; Jo 3.16
A graça de Deus é oferecida a todos
Sábado — Mc 16.16; Jo 6.47
A graça de Deus é eficaz para quem crer
Efésios 2.4-10.
4 — Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
5 — estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
6 — e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
7 — para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.
8 — Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
9 — Não vem das obras, para que ninguém se glorie.
10 — Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.
37, 79 e 205 da Harpa Cristã.
1. INTRODUÇÃO
É preciso compreender de maneira bíblica o conceito da graça de Deus. Dessa compreensão os crentes dependem para não banalizar um bem tão precioso. Nesta lição, temos o propósito de analisar a graça de Deus no seu sentido bíblico, histórico e contemporâneo. Que seus alunos se conscientizem de que a graça é um bem precioso de Deus para a nossa vida e, por isso, não pode ser banalizada.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Explicar a natureza da graça; II) Apresentar a graça no contexto bíblico; III) Classificá-la no contexto histórico da Reforma Protestante; IV) Pontuá-la no contexto contemporâneo.
B) Motivação: Não há salvação sem a graça de Deus. Esse favor imerecido prova que o ser humano não tem capacidade em si mesmo para salvar-se. Entretanto, a graça também não é uma licença para pecar, como, infelizmente, muitos fazem pensar. Atentemos para o ensino da Bíblia a respeito de tão importante assunto.
C) Sugestão de Método: Na lição, há uma indicação de que a expressão “‘graça barata’ foi introduzida na literatura para expressar a vida cristã nominal ou mundanizada”. A partir desse conceito, ao introduzir o último tópico da lição, solicite aos alunos que citem exemplos em que a graça tenha sido banalizada. Em seguida, mostre que a graça de Deus compreende arrependimento, novo comportamento e nova vida em Cristo como bem expressa a verdade prática de nossa lição.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: O advento da graça é a maior prova do amor de Deus pela humanidade. Ela é preciosa porque é uma iniciativa de Deus para salvar o homem pecador. Por isso, não podemos banalizá-la. Ela revela um alto preço que foi pago pelo nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 91, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “Deus Tem Todo Direito de Estar Irado” é uma reflexão a respeito da necessidade da graça agir no mundo; 2) O texto “Sobre a Culpa” traz uma reflexão a respeito da culpa dentro do contexto contemporâneo da graça.
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a graça de Deus. Não há dúvidas de que nos últimos anos os cristãos têm demonstrado maior interesse em conhecer melhor a doutrina da graça. Nesse sentido, pode-se dizer que há um despertar da graça. Contudo, para muitos, esse ensino continua ainda ofuscado. Nesse aspecto, pode se dizer que a doutrina da graça tem sido mal compreendida e, portanto, mal assimilada e, consequentemente, desvirtuada. Muito do que se prega e se ensina como sendo o Evangelho da graça, nada mais é do que uma forma deturpada da graça. É a graça barateada.
Palavra-Chave:
BANALIZAÇÃO
I. COMPREENDENDO A GRAÇA
1. A graça é divina. Ao se afirmar que a graça é divina, se quer dizer com isso que a sua origem está inteiramente em Deus. Foi Ele quem quis agir com graça. O testemunho bíblico é que “aprouve a Deus salvar” os homens (1Co 1.21). Isso significa que a origem da graça, bem como a iniciativa da salvação, é ato de Deus. A graça, portanto, tem origem no céu. Ninguém pode salvar a si mesmo.
2. A graça é imerecida. A graça é um favor imerecido. Isso significa que ninguém a merecia e nem tinha como merecê-la. De fato, a Escritura diz que “não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10). Nossa justiça própria é como trapo da imundícia (Is 64.6). A nossa condição antes de conhecermos a graça se assemelhava a de alguém que deve uma grande quantia e não tem com que pagar (Lc 7.42; Ef 2.4,5).
SINOPSE I
Deus quis agir com graça para com todos os homens sem que eles merecessem e, por isso, essa graça é um favor imerecido.
II. A GRAÇA NO CONTEXTO BÍBLICO
1. A necessidade da graça. Uma das doutrinas mais bem definidas e claras nas Escrituras é a referente à queda do homem. O primeiro fato a ser observado é que Adão, o primeiro homem, foi criado como um ser moralmente livre, podendo escolher o que fazer. A Escritura diz que Adão foi tentado (Gn 3.6), mas não coagido a pecar (Gn 2.16,17). Deus o responsabilizou por sua desobediência (Gn 3.17). O primeiro homem, portanto, de forma livre e voluntária, desobedeceu e pecou (Rm 5.12a).
O segundo fato é que a queda do homem produziu consequências, tanto para ele como para sua posteridade. Adão era o cabeça da raça e como tal todos os homens estavam sob seus lombos (Rm 5.12b; Gn 3.23). Ninguém, portanto, ficou fora da esfera do pecado. Tendo caído no pecado, o homem não podia por si mesmo se libertar. Uma das consequências advindas da Queda foi a necessidade da satisfação da justiça divina. Por isso, a justiça de Deus exige a punição do pecado. Isso porque Deus sendo justo e santo não deixaria o pecado impune. Contudo, assim como Deus é justo, da mesma forma, Ele é amor. Isso é denominado pelos teólogos como a doutrina do “duplo amor de Deus” - O amor de Deus à justiça e o amor de Deus à humanidade. Se por um lado, a justiça divina exige a punição do pecado, por outro lado, o amor de Deus pela humanidade levou-o a prover a cruz como o meio de justificação (1Tm 2.5; Jo 3.16). Em Cristo Jesus, portanto, Deus manifesta o seu grande amor pela humanidade e vê nEle sua justiça satisfeita.
2. A extensão da graça. As Escrituras afirmam que Deus quer salvar a todos (1Tm 2.4). Deus ama todos os homens. Logo, o mais vil pecador, no lugar onde estiver, é amado por Deus e, por isso, deve ser alcançado. O alcoólatra, o adúltero, o homicida etc., todos serão aceitos por Deus se receberem a graça divina, Cristo Jesus. Essa graça é extensiva a todos os homens. Ela é universal. Contudo, essa graça não é universalista. Uma coisa não tem relação com a outra. O universalismo prega que todos, independente de credo, religião ou arrependimento, ou comportamento, serão salvos. Ao contrário, a graça é universal porque é estendida a todos os homens. Todos os que se arrependerem e confessarem a Cristo podem ser salvos. A graça é oferecida a todos (Tt 2.11). Contudo, só se torna eficaz na vida daquele que crê (Mc 16.16; Jo 6.47).
SINOPSE II
No contexto bíblico, a graça é uma necessidade de todos os homens. Por isso, ela é estendida a toda a humanidade.
“DEUS TEM TODO DIREITO DE ESTAR IRADO
Muitos não entendem, porque confundem ira divina com raiva humana. Ambas têm pouca coisa em comum. A ira dos homens é tipicamente auto acionada, e inclinada a explosões de tempestades e atos violentos. Ficamos irados por havermos sido passados para trás, negligenciados ou enganados. Esta é a ira dos homens, não de Deus. Deus [ ] se ira porque a desobediência sempre resulta em autodestruição. Que tipo de pai se sentaria e assistiria seu filho ferindo-se a si próprio. Que espécie de Deus faria o mesmo? Você acha que Ele dá risadinhas quando vê um adultério, ou ri em silêncio de um assassinato? Pensa que Ele olha para o outro lado, quando produzimos programas de entrevistas baseados em prazeres perversos? Imagina que Ele balança a cabeça e diz ‘Humanos são humanos’? Eu não acho. Anote e sublinhe em vermelho: Deus está legitimamente irado. Deus é santo. Nossos pecados são uma afronta à sua santidade” (LUCADO, Max. Nas Garras da Graça: Você não pode escapar do seu amor. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, pp.30-32).
III. A GRAÇA NO CONTEXTO DA REFORMA
1. A corrupção da doutrina da graça. O contexto da Reforma Protestante do século XVI é muito diversificado. Contudo, é possível identificar alguns fatores que contribuíram para o surgimento da Reforma: o catolicismo perdia influência e, por isso, surgiu uma reação contra os líderes religiosos por conta de seu baixo nível moral; a rejeição da doutrina católica como válida; um maior interesse pela educação, que deixa de ser um privilégio dos líderes católicos; e uma maior diversidade doutrinária. De uma forma direta, pode-se afirmar que a Reforma surge como uma resposta ao enfraquecimento, deturpação e negação da doutrina da graça, que no período medieval, havia sido totalmente desconfigurada. A salvação pelas obras havia substituído a salvação pela fé somente (Rm 1.17). Em outras palavras, a salvação havia se tornado meritória.
2. A restauração da doutrina graça. Como foi observada, a Reforma, portanto, surge como uma reação à corrupção da doutrina da graça. Lutero, monge alemão agostiniano, se torna o principal porta-voz da doutrina “pela fé somente”. Posteriormente, o lema luterano seria conhecido como uma das cinco solas: sola gratia (só a graça). Os reformadores estavam também convictos de que somente através do retorno às Escrituras a doutrina da graça poderia ser restaurada. Foi por isso que lutaram. Foi por isso que sofreram e, até mesmo, morreram. A doutrina da graça não aceita misturas. É pela graça somente que somos salvos.
SINOPSE III
A graça no contexto da Reforma revela duas realidades: a corrupção da doutrina da graça; e a restauração da doutrina da graça.
IV. A GRAÇA NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO
1. A graça barateada. Há muito a expressão “graça barata” foi introduzida na literatura para expressar a vida cristã nominal ou mundanizada. De fato, o evangelho expresso por alguns ensinadores não reflete mais a graça. Parece que quanto mais crescem, menos influência os evangélicos estão causando na sociedade. Urge voltar para o Evangelho da genuína graça de Deus.
2. O valor da graça. Escrevendo aos coríntios, o apóstolo da graça afirmou: “Vocês foram comprados por preço” (1Co 7.23 — NAA). Paulo foi um defensor do Evangelho da graça. Em seu tempo ele não aceitou de forma alguma os penduricalhos que alguns cristãos quiseram por ao Evangelho. O apóstolo sabia do alto preço que custou a nossa salvação — o sangue de Cristo. A salvação é de graça, mas o seu preço custou caro. Duas coisas precisam ser observadas neste texto. Primeiramente, a voz passiva do verbo grego indica que outra pessoa fez a transação por nós e o tempo verbal (aoristo) diz que essa transação foi completa. Não há mérito humano, Cristo pagou o preço e fez tudo por nós. Nada mais precisa ser acrescentado a nossa salvação. Isso é graça!
SINOPSE IV
No contexto contemporâneo é preciso tomar cuidado com o barateamento da graça, e priorizarmos o valor de tão grande doutrina cristã.
SOBRE A CULPA
“Algum tempo atrás, li a história de um menino que estava atirando pedras com um estilingue. Ele nunca conseguia acertar o alvo. Quando retornou ao quintal da vovó, avistou o pato de estimação da velha senhora. Num impulso, fez pontaria e mandou ver. A pedra atingiu o pato, e este morreu. Apavorado, o menino escondeu a ave na pilha de lenha, apenas para levantar os olhos e descobrir que sua irmã estava observando. [ ] A cada momento de sua vida, seu acusador está arquivando acusações contra você. Ele tem anotado cada erro, e marcado cada escorregão. Negligencie suas prioridades, e ele [o acusador] tomará nota disso. Abandone suas promessas, e ele registrará tudo. Tente esquecer seu passado; ele o lembrará. Tente desfazer seus erros; ele o frustrará” (LUCADO, Max. Nas Garras da Graça: Você não pode escapar do seu amor. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.170).
CONCLUSÃO
Nesta lição, partimos da necessidade de se compreender corretamente o que é a graça de Deus. Vimos como a graça de Deus foi entendida em diferentes contextos. A Bíblia é sempre a régua através da qual qualquer entendimento da doutrina da graça precisa ser medido. Como verberou na Reforma, a Escritura continua ecoando em nossos dias — a salvação é somente pela graça.
Lombo: Cada uma das regiões simétricas situadas de um lado e do outro da coluna vertebral, abaixo ou após as costelas.
1. O que se quer dizer com a expressão “a graça é divina”?
Ao se afirmar que a graça é divina, se quer dizer com isso que a sua origem está inteiramente em Deus.
2. Qual é a diferença entre a graça universal e a “graça universalista”?
A graça é extensiva a todos os homens. Ela é universal. Contudo, por ser universal, não significa dizer que ela é universalista, que quer dizer que todos independente de credo, religião ou arrependimento, serão salvos.
3. Segundo a lição, como surge a Reforma Protestante?
A Reforma Protestante surge como uma reação à corrupção da doutrina da graça.
4. O que quer dizer a expressão “graça barata”?
A expressão “graça barata” diz respeito à vida cristã nominal ou mundanizada.
5. O que o apóstolo Paulo afirmou ao escrever aos coríntios?
Escrevendo aos coríntios, o apóstolo da graça afirmou: “Vocês foram comprados por preço” (1Co 7.23 — NAA).
A SUTILEZA DA BANALIZAÇÃO DA GRAÇA
O conhecimento bíblico sobre a graça é imprescindível aos crentes, haja vista que a razão pela qual temos acesso à salvação é a própria graça. Este importante ensinamento muitas vezes enfrenta dificuldades em ser aceito em alguns segmentos que se dizem cristãos devido à falta de compreensão o que é a graça. Por outra lado, há aqueles que banalizam a graça divina como pretexto para justificarem a conduta pecaminosa e ausente de temor a Deus.
Compreender o conceito da “graça” é o primeiro passo para aceitá-la conforme a sua finalidade. De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe (CPAD, 2006), o termo “graça” no Antigo Testamento é “hen”, que significa favor imerecido de um superior em relação ao seu subalterno. Na relação de Deus para com o homem, “hen” é demonstrada por meio das bênçãos temporais, bem como das espirituais e livramentos. No Novo Testamento, a palavra grega “charis” descreve a graça na aparência ou na fala. Significava também a consideração favorável em relação a uma pessoa. Em seu sentido mais específico, a graça manifestada no sacrifício de Jesus produz nova vida no crente que passa a ser conduzido, capacitado e fortalecido por ela (2Co 8.6,7,9; Cl 4.6; 2Ts 2.16; 2Tm 2.1).
Há quem diga que a graça foi manifestada a partir do advento do Messias neste mundo. Entretanto, se observarmos bem a história bíblica, a graça sempre existiu. Ela se fez presente no anúncio de que a semente da mulher prevaleceria contra a semente pecaminosa da serpente (Gn 3.15). Ali estava a primeira promessa implícita do plano de Deus para salvação da humanidade mediante a graça.
Semelhantemente, a provisão do cordeiro sem mancha para o sacrifício, tão comum na aliança mosaica, tinha como finalidade a remoção da culpa do pecador, o que é uma representação clara da graça divina que se manifestaria corporalmente ao mundo na pessoa de Cristo (Jo 1.29). Isto posto, torna-se indispensável que a maravilhosa graça não seja banalizada. O “barateamento” da graça ocorre em razão de muitos já não desfrutarem da graça para permitir que suas vidas sejam conduzidas pela ação do Espírito Santo. Antes, a ausência de temor e o desprezo pelo sagrado reflete em uma vida cristã vazia, nominal e mundanizada. Para estes, já não há mais arrependimento quando cometem algum pecado, seja qual for sua ordem, moral ou espiritual. E assim ocorre o embrutecimento da alma e os homens tornam-se insensíveis à voz do Espírito (2Pe 1.3-11). Oremos para que Deus renove em nossos corações o temor do Seu Espírito e o comprometimento com o Evangelho da graça de Deus.