LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

1º Trimestre de 2022

 

Título: Jesus, o Filho de Deus — Os sinais e ensinos de Cristo no Evangelho de João

Comentarista: Silas Queiroz

 

 

Lição 5: O segundo sinal: A cura do filho do oficial

Data: 30 de Janeiro de 2022

 

 

TEXTO PRINCIPAL

 

Entendeu, pois, o pai que era aquela hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive; e creu ele, e toda a sua casa.(Jo 4.53).

 

RESUMO DA LIÇÃO

 

A falta de fé nos impede de receber mais da graça, do poder e dos milagres de Jesus Cristo.

 

LEITURA DA SEMANA

 

SEGUNDA — Jo 4.48

Nossa fé não deve se concentrar apenas nos milagres

 

 

TERÇA — Jo 4.47

O oficial foi conduzido a Jesus através da fé

 

 

QUARTA — Hb 1.1

O que é a fé

 

 

QUINTA — Jo 4.53

Um milagre salvou uma família

 

 

SEXTA — Jo 4.50

É preciso crer na palavra de Jesus

 

 

SÁBADO — Mt 13.58

A incredulidade impede os milagres

 

OBJETIVOS

 

  • APRESENTAR o contexto do milagre realizado por Jesus na vida do filho do oficial;
  • MOSTRAR que a confiança em Jesus contribuiu para a operação do milagre;
  • SABER que fé, convicção e atitudes nos levam a experimentar o poder de Deus.

 

INTERAÇÃO

 

Na lição deste domingo estudaremos a respeito do segundo sinal operado por Jesus e registrado por João: a cura do filho do oficial. Veremos que o oficial teve fé, convicção e atitude. Ele retornou para sua casa crendo e obedecendo a voz de Jesus.

Professor(a), no decorrer da aula, procure mostrar aos seus alunos que a verdadeira fé é manifestada em ações. Como filhos (as) de Deus precisamos ter fé e atitude.

Explique que a fé é uma virtude essencial para o cristão. Em um mundo de tanta incredulidade, precisamos viver em devoção a Deus, para que nossa confiança nEle cresça e com ela vençamos o mundo (1Jo 5.4).

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor(a), você sabia que um dos métodos mais atrativos para a classe de jovens é o trabalho em grupo? Contudo, para que ele seja eficiente você precisa observar os seguintes aspectos: saber a quantidade exata de alunos e separar os grupos conforme o número deles; conhecer o tamanho do espaço físico disponível e o tempo para a ministração da aula, já incluindo a apresentação dos grupos.

Para a aula de hoje sugerimos que você divida a turma em dois grupos. Cada grupo deverá discutir as seguintes questões: “O que é essencial para que vejamos os milagres de Jesus em nossas vidas?”; “A fé do cristão pode ser estática?”; “Por quê?”.

Depois que os alunos terminarem de discutir as questões, faça um único grupo e peça a eles que respondam as perguntas propostas. Conclua explicando que para que haja milagres é necessário fé, convicção e atitude. A fé em Jesus deve ser sempre dinâmica e progressiva. Ela inicia como um grão de mostarda, mas deve crescer.

 

TEXTO BÍBLICO

 

João 4.46-54.

 

46 — Segunda vez foi Jesus a Caná da Galileia, onde da água fizera vinho. E havia ali um oficial do rei, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum.

47 — Ouvindo este que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com ele e rogou-lhe que descesse e curasse o seu filho, porque já estava à morte.

48 — Então, Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis.

49 — Disse-lhe o oficial: Senhor, desce, antes que meu filho morra,

50 — Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe disse e foi-se.

51 — E, descendo ele logo, saíram-lhe ao encontro os seus servos e lhe anunciaram, dizendo: O teu filho vive.

52 — Perguntou-lhes, pois, a que hora se achara melhor; e disseram: Ontem, às sete horas, a febre o deixou.

53 — Entendeu, pois, o pai que era aquela hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive; e creu ele, e toda a sua casa.

54 — Jesus fez este segundo milagre quando ia da Judeia para a Galileia.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Vamos prosseguir com o estudo de mais um dos textos narrativos dos sete sinais da deidade de Cristo, registrados por João. O livro de João é essencialmente apologético, diante da necessidade que o apóstolo e outros líderes das igrejas da Ásia Menor sentiram no final do primeiro século, pelo perigo de misturas da doutrina cristã com filosofias gnósticas e o judaísmo helenizado. Enquanto o primeiro sinal foi dirigido especialmente aos discípulos, agora vemos Jesus realizando um milagre que levaria um oficial do rei e sua família a crerem nEle. Ou seja, a revelação de sua divindade vai ganhando maior abrangência.

 

 

I. O CONTEXTO DO MILAGRE

 

1. De volta à Galileia. Como já enfatizamos, João é o único dos evangelistas que registra eventos ocorridos no primeiro ano do ministério de Jesus, especialmente suas idas a Jerusalém por ocasião das festas judaicas. Isso é relevante para compreendermos o contexto do milagre em estudo, que se deu justamente durante uma viagem de volta — da Judeia para a Galileia —, depois de Jesus haver purificado o Templo (Jo 2.13-25), dialogado com Nicodemos (3.1-21) e percorrido a região da Judeia onde João Batista batizava (3.22,23).

2. Passando por Samaria. Ali, Jesus teve um encontro com a mulher samaritana (Jo 4.1-28) e prosseguiu para a Galileia (Jo 4.43), indo a Caná, onde recebeu o pedido de um oficial do rei, para que descesse a Cafarnaum e curasse seu filho (Jo 4.46,47). É de Caná, portanto, lugar do primeiro milagre, que também será realizado este segundo sinal — dentre os registrados por João —, com efeito em Cafarnaum, onde estava o enfermo.

 

SUBSÍDIO I

 

Professor(a), explique aos alunos que “a palavra traduzida como oficial poderia se referira ‘um parente da família real (de Herodes)’, mas provavelmente se refere a ‘um oficial real’. As narrativas dos milagres de Jesus em Jerusalém (Jo 2.23) tinham evidentemente chegado antes dele à Galileia, e o primeiro milagre em Caná sem dúvida fora o assunto de muitas conversas em Cafarnaum, que ficava a somente 24 quilômetros […]. Assim, este oficial, ouvindo que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com Ele e rogou-lhe que descesse e curasse o seu filho, porque já estava à morte (47). O verbo rogou está no imperfeito no texto grego, indicando um pedido repetido e continuado”.

 

 

II. CONFIANÇA EM JESUS

 

1. A fé do oficial. Estudiosos debatem a respeito da identidade do “oficial do rei” já que o texto sagrado não nos fornece mais informações sobre ele. Estudiosos debatem sobre sua identidade. Para Matthew Henry, era “assim chamado, ou pela grandeza de suas propriedades, ou pela extensão de seu poder, ou pelos direitos pertencentes à sua casa”. Há praticamente um consenso de que servisse a Herodes Antipas, tetrarca da Galileia de 4 a.C. a 39 d.C., mas há afirmações distintas sobre sua nacionalidade; se gentio ou judeu. Pode-se afirmar que não pertencia ao clero judaico e que não era um judeu devoto.

Justamente por isso, chama-nos a atenção a fé que demonstra esse nobre, ainda nos primórdios do ministério de Jesus — e na Galileia, onde muitos dentre os próprios judeus resistiam em crer nEle, Jesus “testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria” (Jo 4.44).

Jesus realizou poucos milagres em Nazaré, justamente pela incredulidade de seus compatriotas. Mateus registra o espanto deles diante de sua sabedoria e dos atos miraculosos que realizava, apontando para o fato de ser “o filho do carpinteiro” e estar entre eles sua mãe, Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas (Mt 13.54,55). O evangelista termina informando: “E não fez ali muitas maravilhas, por causa da incredulidade deles” (Mt 13.58).

2. Ouviu falar de Jesus. O oficial ouviu que Jesus vinha da Judeia para Galileia e foi ter com Ele. Certamente estava em Cafarnaum e se deslocou para Caná em busca de socorro para seu filho. Percorreu aproximadamente 24 quilômetros, grande parte em montanhas, considerando a posição geográfica de Caná em relação a Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia.

Tudo indica que a fama de Jesus como operador de milagres já era grande na região, ao ponto de alcançar uma alta autoridade da dinastia herodiana. João nos informa, também, que muitos galileus haviam estado em Jerusalém e presenciado o que lá realizara (Jo 4.45).

Isso nos fala da importância de testemunhar de Jesus; falar de quem Ele é e do que fez e faz por nós. Isso tem fenecido bastante nos últimos tempos. Precisamos orar para que o Espírito Santo nos dê ousadia para testemunhar (At 1.8), sem nos esquecer, jamais, de que o principal e maior testemunho é nossa vida (Mt 5.14-16).

3. Um obstáculo aos milagres. O escritor aos Hebreus afirma que “Jesus é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13.8). Contudo, a falta de fé nos impede de receber mais de sua graça, poder e milagres. O racionalismo solapou a fé de muitos cristãos no século XIX, com o surgimento do liberalismo teológico, um movimento que negava o sobrenatural, procurava explicar racionalmente os milagres e enfatizava a historicidade de Jesus, em detrimento de sua divindade.

Segundo o Dicionário Teológico do pastor Claudionor de Andrade, o liberalismo teológico “tinha como objetivo extirpar da Bíblia todo elemento sobrenatural, submetendo as Escrituras a uma crítica científica e humanista. No liberalismo teológico, via de regra, não há lugar para os milagres, profecias e a divindade de Cristo Jesus”. Precisamos ter cuidado e não ceder a nenhum extremo: nem ao racionalismo, que gera incredulidade, nem ao emocionalismo ou ao sensorialismo, que abandonam a maturidade e a centralidade da fé nas Escrituras e se guiam apenas por emoções ou sensações. Nossas experiências são importantes e necessárias, mas devem, sempre, ser submetidas ao crivo da Palavra de Deus. O verdadeiro Pentecostalismo está firmado nas Escrituras e no poder de Deus (Mt 22.29). Toda emoção religiosa é bem-vinda, quando originada nessas fontes por ação do Espírito Santo.

 

SUBSÍDIO II

 

Professor(a), “em João as duas palavras, sinais e milagres, combinadas assinalam os dois principais aspectos do milagre: o aspecto espiritual, pois sugerem alguma verdade mais profunda do que aquela que o olho vê, para o qual eles são, de alguma maneira símbolos e garantias; e o aspecto esterno, pois a sua estranheza arrebata a atenção”.

 

 

III. FÉ, CONVICÇÃO E ATITUDE

 

1. O oficial creu e foi. Sempre que recebemos uma palavra vinda de Deus precisamos agir pela fé para que experimentemos o poder divino. A verdadeira fé produz em nós convicção e disposição para atitudes que não tenham explicações racionais ou cartesianas. Para o que a lógica explica não é necessário ter fé. Agir pela fé é fazer como o oficial: “[…] creu na palavra que Jesus lhe disse e foi-se” (4.50). O oficial não tinha evidência alguma de que o milagre havia ocorrido, porque estava em Caná e seu filho em Cafarnaum, distante 24 quilômetros, como já anotamos. Jesus não foi com ele à sua cidade, como lhe pedira, apenas disse que seu filho vivia, ou seja, que não morreria, como imaginava o pai (Jo 4.47). Bastou para que o oficial tomasse a atitude de empreender viagem em busca do filho e do milagre que havia pedido a Jesus. Quando chegou em casa, encontrou o filho curado, comprovando que a cura se dera no mesmo momento em que estivera com Jesus, creu nEle, juntamente com toda sua casa (Jo 4.51-54). Esse e outros exemplos da Bíblia nos ensinam que sempre que pedirmos alguma coisa ao Senhor Jesus, precisamos confiar nEle e estar prontos para atitudes que desafiem nossa lógica. Isso é fé.

2. Os heróis da fé. No registro dos heróis da fé (Hb 1.1) vemos que eles foram assim chamados porque agiram em obediência à ordem de Deus, confiando em sua palavra. Por isso, afirmamos que a fé não é um mero assentimento mental, mas uma convicção firme, gerada em nosso coração, e que nos leva a atitudes condizentes com ela. Não é fácil elaborar uma definição formal para “fé”. Do grego pistis, a palavra aparece no Novo Testamento como “confiança” (Mc 11.22; Rm 3.22,28), mas também como “fidelidade” (Rm 3.3; Gl 5.22). Para defini-la, geralmente recorremos a Hebreus 11.1, que diz: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem”. Fé não é incerteza ou dúvida, mas uma virtude espiritual que gera prontidão de espírito e nos leva a agir de acordo com a vontade de Deus. A fé produz entendimento do que não podemos compreender pela razão (Hb 11.3) e nos impulsiona a agir para além dos limites de nossa própria visão (Hb 11.8).

Todos os heróis da fé são identificados pelas atitudes que tomaram: Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim; Noé preparou a arca; Abraão saiu sem saber para onde ia e ofereceu Isaque quando foi provado; Moisés recusou ser chamado filho da filha de Faraó (Hb 11.4,7,8,17,24). Há sempre um verbo de ação.

3. Crescendo na fé. A fé não é estática. Ela é dinâmica e progressiva. Jesus falou algumas vezes sobre fé referindo-se a tamanho: “pequena fé” (Mt 8.26; 17.20); “grande fé” (Mt 15.28). Este sentido é reforçado, ainda, pela comparação que Jesus fez com o grão de mostarda: “[…] se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passe daqui para acolá — e há de passar; e nada vos será impossível” (Mt 17.20). Jesus falou assim diante do insucesso dos discípulos no episódio do pai que tinha um filho lunático (alucinado, louco). No caso bíblico, era em decorrência de um espírito mudo, que açoitava o jovem (Mc 9.17,18). Lucas narra que o espírito tomava o rapaz e só o largava “depois de o ter quebrantado” (Lc 9.39). Marcos diz que o jovem era agitado com violência, se revolvia na terra e espumava (Mc 9.20). Ou seja, o demônio lhe impunha um terrível sofrimento espiritual, psicoemocional e físico. E isso era desde sua infância (Mc 9.21). Os discípulos não puderam expulsar o espírito maligno e Jesus falou-lhes da necessidade da oração e do jejum para obter a fé que nos dá autoridade para expulsar demônios (Mt 17.20,21). De igual modo, precisamos e podemos crescer na fé que produz uma confiança cada vez maior na pessoa de Jesus quanto ao aspecto salvífico e em seu poder de providência em nosso cotidiano, como o supridor de todas as nossas necessidades (Fp 4.19). A fé, que nos é repartida por Deus (Rm 12.3), pode crescer muito (2Ts 1.3) à medida que o buscamos em oração, meditamos em sua Palavra e nos exercitamos no caminho da confiança nEle. Agindo por fé, essa virtude vai sendo aperfeiçoada em nós (Tg 2.22).

 

SUBSÍDIO III

 

“O apelo renovado do oficial baseou-se na questão da vida e da morte. Ele não estava preparado para entrar em uma discussão teológica quando a sua necessidade imediata parecia tão grande. Senhor, desce, antes que meu filho morra. A resposta de Jesus foi um teste ainda maior à fé do homem. Vai. o teu filho vive. O oficial viera buscar Jesus; agora tudo o que ele obtinha era a promessa de vida para o seu filho. Ele poderia crer, não tendo visto? (cf. 20.29). É possível confiar na Palavra de Deus sem hesitação? Este homem fez isso!”.

 

 

CONCLUSÃO

 

Estudamos a respeito do segundo sinal da deidade de Jesus registrado por João. Vimos como é importante ouvir a Palavra de Deus, pois é ela que produz fé em nosso coração (Rm 10.17) e nos leva a ter atitudes em busca de conquistas espirituais.

Não somente sinais ou maravilhas, mas especialmente profundas dádivas do Espírito estão à disposição de todos nós, através da fé no Filho de Deus.

Busquemo-lo mais!

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

 

McKnight, Scot; OSBORNE, Grant R. Faces do Novo Testamento: Um Exame das Pesquisas mais Recentes. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. Por que Jesus realizou poucos milagres em Nazaré?

Jesus realizou poucos milagres em Nazaré, justamente pela incredulidade de seus compatriotas.

 

2. O que nos impede de receber mais, da graça, poder e milagres de Jesus?

A falta de fé nos impede de receber mais de sua graça, poder e milagres.

 

3. Qual era o objetivo do liberalismo teológico?

O objetivo era extirpar da Bíblia todo elemento sobrenatural, submetendo as Escrituras a uma crítica cientifica e humanista.

 

4. Em que está firmado o verdadeiro Pentecostalismo?

Está firmado nas Escrituras e no poder de Deus.

 

5. Defina fé de acordo com a lição.

Não é fácil elaborar uma definição formal para fé. Do grego pistis, a palavra aparece no Novo Testamento como “confiança”, mas também como “fidelidade”.