Título: Jesus, o Filho de Deus — Os sinais e ensinos de Cristo no Evangelho de João
Comentarista: Silas Queiroz
Lição 6: O terceiro sinal: O paralítico de Betesda
Data: 06 de Fevereiro de 2022
“Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma tua cama e anda. Logo, aquele homem ficou são, e tomou a sua cama, e partiu. E aquele dia era sábado.” (Jo 5.8,9).
A cura do paralítico de Betesda nos mostra que o Filho de Deus não tinha, e não tem, limitação de qualquer natureza para realizar milagres.
SEGUNDA — Jo 5.5
Enfermo há 38 anos
TERÇA — Jo 5.6
A pergunta de Jesus
QUARTA — Jo 5.7
A resposta do paralítico
QUINTA — Jo 5.10
Os judeus repudiam a cura do paralítico de Betesda
SEXTA — Jo 5.19,20
Jesus mantém comunhão e autoridade com Deus
SÁBADO — Jo 5.21
Jesus tem poder de dar a vida
Com a graça de Deus chegamos à sexta lição. Estudaremos mais um dos sinais realizados por Jesus e relatados no Evangelho de João. Este sinal trouxe um grande impacto para os judeus que na época viviam uma grande cegueira espiritual.
Professor(a), no decorrer da lição, enfatize para seus alunos que o milagre de Betesda é uma das manifestações da misericórdia de Jesus para com um homem que há 38 anos sofria de uma enfermidade.
Ao lermos o texto bíblico, podemos perceber que o tempo de espera, a solidão e o fato de ter que conviver com outros doentes que foram curados, podem ter ferido e deixado marcas na alma do paralítico. A Palavra de Deus nos afirma em Provérbios 13.12 que “a esperança demorada enfraquece o coração, mas o desejo chegado é árvore de vida”.
Não era só o corpo do paralítico que precisava de uma cura. Mas graças a Deus, pois o Senhor Jesus tem poder e pode curar o corpo, a alma e o espírito.
João 5.1-9.
1 — Depois disso, havia uma festa entre os judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
2 — Ora, em Jerusalém há, próximo à Porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres.
3 — Nestes jazia grande multidão de enfermos: cegos, coxos e paralíticos, esperando o movimento das águas.
4 — Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque e agitava a água: e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.
5 — E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo.
6 — E Jesus, vendo este deitado e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?
7 — O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me coloque no tanque: mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
8 — Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma tua cama e anda.
9 — Logo, aquele homem ficou são, e tomou a sua cama, e partiu. E aquele dia era sábado.
INTRODUÇÃO
Já estamos na sexta lição. Esperamos que você esteja sendo edificado, crescendo ainda mais na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, através da comunhão com Ele e do estudo de sua Palavra. Afinal, o Evangelho de João nos revela, de modo especial, a deidade de Jesus, o Filho de Deus encarnado, permitindo que tenhamos um maior conhecimento da Pessoa de Cristo.
O conhecimento sobre Jesus Cristo é progressivo, pois o nosso entendimento foi profundamente afetado pela Queda. Dependemos totalmente do Espírito Santo para que nos revele, pela Palavra, o significado da encarnação do Senhor em toda sua completude, a fim de que possamos compreender o “mistério de Cristo” (Ef 3.4) e tê-lo, pela fé, habitando em nosso coração (Ef 3.17).
I. DE VOLTA A JERUSALÉM
1. No centro do judaísmo. João noticia várias viagens de Jesus à Judeia, que não são narradas pelos Evangelhos Sinóticos. Eram ocasiões relacionadas às festas judaicas. Isso serve para demonstrar o empenho de Jesus para se revelar à elite do sistema religioso judaico e a toda Jerusalém.
Quando João afirma que o Filho de Deus “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11), está se referindo primeiro à rejeição de Israel: “os seus não o receberam”. Isso fica bastante evidente principalmente nas muitas rejeições que Jesus teve, especialmente no centro do judaísmo. Depois se refere à humanidade como um todo.
Ao mesmo tempo em que Jesus precisava manifestar-se aos judeus, realizando sinais e pregando, era necessário que se ocultasse, para que a ira judaica não precipitasse o ápice de seu ministério terreno, com a crucificação. O crescente ódio dos judeus, que desde o princípio procuravam matá-lo (Jo 5.16), não poderia frustrar parte alguma do plano divino quanto à inteira revelação do Filho Encarnado.
2. O tanque de Betesda. Localizado próximo da Porta das Ovelhas, ali se concentrava uma grande multidão o qual esperava pela descida de um anjo, que agitava a água e fazia com que o primeiro que ali descesse, sarasse de qualquer enfermidade (Jo 5.2-4).
Não há uma definição única para o significado de Betesda. A mais comum é “casa de misericórdia”, local que havia se transformado em um centro de peregrinação (Jo 5.3). Podemos imaginar a expectativa dos doentes e como cada um se apressava para ser o primeiro a descer à água quando agitada.
3. A crença no milagre. Os milagres realizados no tanque de Betesda podem ser perfeitamente compreendidos como uma manifestação da misericórdia de Deus com a multidão de enfermos daquele tempo. Agora, contudo, estava ali o Filho de Deus, que não tinha limitação de qualquer natureza para realizar milagres. Esse, aliás, é um dos aspectos do sinal realizado, mostrando sua superioridade em relação a qualquer tradição.
Professor(a), explique aos alunos que “todos os homens judeus eram solicitados a ir até Jerusalém para participar de três festas: (1) a Festa da Páscoa e dos Pães Asmos, (2) a Festa das Semanas (também chamada de Pentecostes), e (3) a Festa dos Tabernáculos. Embora este dia santo em particular não seja especificado, a frase explica por que Jesus estava em Jerusalém.
Os leitores familiarizados com Jerusalém teriam conhecimento da Porta das Ovelhas (ela é mencionada em Neemias 12.39). Escavações recentes mostram que este local tinha dois tanques com cinco pórticos cobertos. Estes eram estruturas abertas com telhados que permitiam alguma proteção das intempéries. Uma multidão de enfermos ficava nos pórticos. As pessoas faziam peregrinações ao tanque de Betesda para receberem o benefício de cura das águas”.
II. UMA LONGA ESPERA
1. Um conhecido de Jesus. Junto ao tanque, Jesus encontrou esse homem anônimo, que estava enfermo havia 38 anos. João inclui em sua narrativa uma informação relevante para o propósito de sua obra, ao dizer que Jesus sabia que aquele homem estava enfermo havia muito tempo (Jo 5.6). Como Deus, Jesus o conhecia bem e sabia de suas dificuldades.
Com Deus não há acasos. Ele nos conhece por inteiro, sabe tudo sobre nós, conhece nossos pensamentos, sentimentos, dúvidas e frustrações. Apesar de nossos defeitos e debilidades, Ele se interessa por nós e sempre quer nos ajudar. Contudo, quer ouvir de nós o que realmente queremos: “Queres ficar são?” (Jo 5.6).
Depreendemos do texto que aquele paralítico não tinha amigos, nem mesmo alguém da família que pudesse ajudá-lo descer às águas. Talvez a própria conduta daquele homem o tivesse levado a esse estado de abandono.
Depois de curado Jesus o adverte: “Eis que já estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior” (Jo 5.14). Todos nós, pecadores, precisamos da misericórdia de Deus, pela qual Ele afasta de nós o mal que merecemos e, por sua graça, nos dá o bem que não merecemos: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9).
2. No dia de sábado. Embora aquele homem estivesse enfermo há 38 anos, para os líderes judeus ele teria que permanecer nesse estado, porque, naquele dia, um sábado, não poderia ter sido curado. É impressionante o mal que uma religiosidade fria e cega pode produzir. Os judeus interceptaram o ex-paralítico e lhe disseram: “É sábado, não te é lícito levar a cama” (Jo 5.10).
A ira dos judeus não era apenas pelo ato de levar a cama no dia de sábado, mas também pela cura: “E, por essa causa, os judeus perseguiram Jesus e procuravam matá-lo, porque fazia essas coisas no sábado” (Jo 5.16).
Em nossos dias também existem muitos que insistem em viver na prática de antigas tradições judaicas, como a guarda do dia de sábado, a despeito da clareza bíblica acerca da inexistência da aplicação desse e de tantos outros preceitos cerimoniais no Novo Testamento (Rm 14.6; Gl 4.9-11).
3. Vivendo a graça de Deus. Depois de tanto tempo esperando por um milagre, o ex-paralítico recebe a censura dos judeus e simplesmente responde: “Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma a tua cama e anda” (Jo 5.11). Ou seja, ele entendeu que a autoridade espiritual de Jesus estava acima de qualquer limitação formal da religião judaica. Isso é, sem dúvida, um vislumbre importante do que é viver a graça de Deus.
Se o ex-paralítico tivesse se intimidado, teria, na prática, permanecido imóvel, mesmo diante do grande milagre que havia recebido. Mas ele não fez assim, porque a virtude que recebera era maior que a restrição religiosa do judaísmo.
Professor(a), ao comentar o subtópico 3 diga aos alunos que “não havia nada na Lei de Deus que tornasse ilícito ao homem que fora curado levar a cama no sábado. Mas o homem violou a aplicação legalista dos fariseus do mandamento de Deus para se honrar o sábado. A ordenança contra carregar algo no sábado era a última de trinta e nove regras na ‘tradição dos anciãos’ que estipulavam os tipos de trabalho que eram proibidos no sábado. Esta era apenas uma das centenas de regras que os líderes judeus haviam acrescentado à lei do Antigo Testamento.”
III. REVELANDO-SE A UMA GERAÇÃO INÍQUA
1. O quadro espiritual dos judeus. A cegueira judaica era realmente muito grande. Mais que isso, havia muita maldade em seus corações.
É importante destacar isso para que entendamos as razões de não terem recebido Jesus. Nós cremos que Jesus Cristo, o “Verbo de Deus”; veio para salvar todos, judeus e gentios, embora os judeus tenham rejeitado Cristo, seus milagres, sua pregação e seu ensino.
Os sinais realizados por Jesus contribuíram para a salvação de muitos. Mas o que é a salvação? Segundo a nossa Declaração de Fé “cremos que a salvação é o livramento do poder da maldição do pecado, e a restituição do homem à plena comunhão com Deus, a todos os que confessam Jesus Cristo como seu único Salvador pessoal”.
Jesus Cristo, o Filho de Deus anunciado no Evangelho de João, veio para nos reconciliar com Deus, restaurando nosso corpo, alma e espírito, como aconteceu com o paralítico no tanque de Betesda.
2. O desencadear das perseguições. O sinal miraculoso realizado por Jesus no dia de sábado despertou a ira dos judeus e levou ao desencadeamento de uma forte e implacável perseguição. O objetivo não era apenas confrontar o Mestre, mas matá-lo (Jo 5.16). O ódio dos judeus era tão grande que eles quebravam os próprios mandamentos que tanto defendiam. Estavam presos a formalidades da Lei, enquanto quebrantavam o mais importante dela: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas” (Mt 23.23).
Eram “condutores cegos”, que coavam um mosquito e engoliam um camelo (Mt 23.24). Cheios de hipocrisia e de iniquidade, eles eram como sepulcros caiados (Mt 23.27,28). Justamente por isso se encheram de ódio contra Jesus, porque Ele fazia milagres e atraía para si as multidões, sem em nada poder ser contestado.
3. Igual ao Pai. Apesar da fúria dos judeus em relação a Jesus e do desejo de matá-lo, a hora de sua morte ainda não havia chegado. Na verdade, abria-se ali mais uma oportunidade para que o Messias revelasse sua divindade, sua identidade como o Filho de Deus, igual ao Pai (Jo 5.16-18).
Essa expressão (igual ao Pai) suscitaria muitos debates nos primeiros séculos da cristandade. O arianismo era uma das seitas que negava a divindade de Cristo, heresia que foi refutada definitivamente no ano 325 d. C., no Concílio de Niceia, cujo credo consolidou o entendimento de que a expressão “igual ao Pai” quer dizer da mesma substância do Pai; homoousios, no grego.
Glorifiquemos ao Pai, por nos ter enviado o Filho. Glorifiquemos ao Filho, por ter nos reconciliado com o Pai e nos dado a vida eterna: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24).
CONCLUSÃO
A cura do paralítico de Betesda foi um sinal de grande impacto para o judaísmo. Serviu não somente para apresentar a divindade do Messias, mas também para mostrar a superioridade de sua obra frente às tradições judaicas. O registro serve ainda para transmitir a todas as gerações uma profunda mensagem da deidade de Cristo, como Filho de Deus, incriado. da mesma espécie, em plena igualdade com o Pai.
Comentário do Novo Testamento, Aplicação Pessoal. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
1. Onde estava localizado o Tanque de Betesda?
Estava localizado próximo da Porta das Ovelhas.
2. Qual o significado de Betesda?
“Casa de Misericórdia”.
3. Quantos anos o paralítico de Betesda estava enfermo?
Estava enfermo há 38 anos.
4. Qual a resposta do paralítico a censura dos judeus?
“Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma a tua cama e anda” (Jo 5.11).
5. Qual era o quadro espiritual dos judeus quando o paralítico de Betesda foi curado?
A cegueira dos judeus era realmente muito grande.